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História Preciosa Liberdade - Toques.


Escrita por: coldweather

Notas do Autor


Meus amores, tudo bem com vocês? Tudo na paz??? Que saudadinha que eu estava de postar e de conversar com vocês nos comentários!
E aí, como passaram o aniversário do nosso ma-ra-vi-lho-so Jeongguk que fez dois aninhos? Eu nem acredito que a nossa criança está crescendo tanto AAA.

Okay, sobre este capítulo, gostaria de dizer que amei escrevê-lo, e hum, preparem os coraçãozinhos de vocês, certo? E boa leitura <3

Capítulo 16 - Toques.


Fanfic / Fanfiction Preciosa Liberdade - Toques.

A sensação de pintar era indescritível.

Jeongguk estava longe de ser um profissional, precisava se aprimorar, mas ele pintava com devoção. Era o que realmente importava; seguia o coração ao estar em contato com a arte.

Com as tintas espalhadas na paleta, mergulhava o pincel na cor desejada e deslizava as cerdas do pincel sobre a tela, observando a tinta espalhar-se à vontade na textura. Havia um sentimento gostoso durante o processo inteiro. Ele jamais conseguiria explicar como se sentia bem.

Observava as cores, todas tão bonitas à sua maneira, tão significativas e intensas. Ele não tinha uma favorita, apenas admirava a maneira como elas ficavam juntas.

Perguntava-se como ficou tanto tempo sem se entregar àquela atividade prazerosa. Parecia uma verdadeira perda de tempo ter tirado a pintura da vida.

Quando era apenas uma criança com o desejo de ser um pintor famoso, usava folhas finas que rasgavam com facilidade caso o pincel estivesse molhado demais. Precisava tomar muito cuidado para não fazer bagunça ou poderia sofrer as consequências.

Se Yoona encontrasse alguma sujeira, ele com certeza receberia algum castigo que deixaria marcas feias em sua pele. Porém, agora, após passar por tantas situações ruins, ele tinha telas de pintura e um espaço reservado apenas para ele. Quem diria?

Com a janela aberta, a claridade em seu ateliê se tornava ainda mais aconchegante, o Sol se abrigava atrás de nuvens rechonchudas algumas vezes, o que fazia com que sombras surgissem no cômodo.

O garoto tinha um verdadeiro motivo para se levantar bem cedo da cama; sentia a necessidade de pintar quando ficava sozinho no apartamento, e não gostava da sensação de estar longe da arte. Por isso, tomava banho, comia qualquer coisa e colocava os pés em seu ateliê sem pensar em deixá-lo tão cedo.

A falta de ruído era apropriada para pensar e se concentrar como deveria na atividade, sua criatividade apenas crescia. Era aquilo que deixava o seu coração sossegado. Talvez as pessoas precisassem realizar atividades que proporcionassem prazer, provavelmente o mundo seria menos caótico.

Jeongguk se viu perguntando o que trazia paz a Kwan. Precisava haver alguma coisa, certo?

O tempo corria mil vezes mais rápido quando Jeongguk estava no ateliê; pelo menos, a sua mente não se enchia de problemas desnecessários que faziam a consciência pesar a ponto de deixá-lo sem ar. Se algo estivesse saindo do controle, a real impressão era de que tudo se resolveria quando ele segurasse um pincel e deixasse a arte falar mais alto.

Enquanto as horas passavam, o Sol deixou o céu e deu espaço para que a lua tímida enfeitasse a noite. Jimin chegou pouco tempo depois, os ombros tensos, olheiras perceptíveis e um olhar cansado. Ser destaque do mês era ótimo, tinha seus privilégios, mas o trabalho triplicou. Os clientes desejavam que Jimin fosse o responsável pelo atendimento.

Ele se direcionou ao ateliê e deixou um beijo rápido e carinhoso nos lábios do amigo.

Finalmente, Jimin conseguiria descansar. Era muito grato por ter um trabalho, por ser útil e ajudar com as despesas, mas nada se comparava à sensação quase mágica de chegar ao apartamento depois de um dia exaustivo.

Sentindo um leve formigamento nos lábios devido ao beijo, Jeongguk recebeu um sorriso de Jimin. O coração dele se agitou. Nunca se acostumaria com os efeitos do sorriso dele; nunca estaria preparado para lidar com toda a intensidade daquela simples ação. Jeongguk viu que ele estava carregando uma sacola.

— Você está pintando desde que eu saí? — perguntou Jimin, olhando o ateliê. Havia um pouco de tinta azul respingada no piso, os dedos de Jeongguk estavam manchados com a mesma cor, e o sorriso do garoto se abriu como se tivesse sido pego no flagra.

— Preciso recuperar o tempo perdido. Quanto mais eu praticar, melhor eu ficarei.

— Falando nisso, trouxe algumas coisas pra você — falou simplista, aproveitando o momento e tirou tintas da sacola.

— Mais presentes? — perguntou o outro, os olhos se arregalando de leve.

— Olha, me falaram que esses tons são metálicos! Acho que você vai gostar.

Porém, antes de Jeongguk agradecer, viu que Jimin tirou da sacola uma plaquinha de madeira para a porta. Era personalizada. Estava escrito: "Ateliê do Jeongguk" com uma fonte artística. Havia um desenho de uma paleta com cores vivas. Jimin se apressou em colocá-la na maçaneta do lado de fora da porta, visualizando o resultado. Ele se virou para o pintor, e disse:

— Agora o ateliê está do jeito que eu imaginei. Você gostou?

Jeongguk moveu os ombros para cima, abrindo os braços como se a resposta fosse óbvia.

— Continue sorrindo e eu estarei feliz. — Jimin concluiu.

— Estou sendo mimado! — Jeongguk falou, o sorriso ainda enorme. — Tudo bem, eu gosto disso.

Jimin soltou uma risada graciosa e disse:

— Você está diferente.

— Diferente como? — perguntou Jeongguk, que esfregou uma mão na outra, como se pudesse se livrar dos vestígios de tinta. Ele era uma linda bagunça artística.

— Está sorrindo mais.

Com a pintura, era muito mais fácil encarar a vida. Nem tudo precisava ser ruim, certo? Jeongguk tinha seus pincéis que faziam mágica com o seu humor, as tintas que, além de dar vida às telas, também arrancavam o ar de seus pulmões. Ainda havia o principal e que não trocaria por nada: Park Jimin, a pessoa responsável por trazer clareza e sentido à sua vida.

Jeongguk nunca tinha se sentido tão querido por alguém, Jimin era o único que transmitia essa sensação tão reconfortante. Fazia com que ele se sentisse valorizado e especial.

— Eu me sinto melhor agora. — A verdade pulou dos lábios de Jeongguk.

— Isso é ótimo — Jimin sorriu e dobrou a sacola vazia. — Você não tem noção de como é bom te ver pintando de novo.

— E você não tem noção de como é bom ter você ao meu lado — confessou Jeongguk.

A sinceridade estava lá, explícita. Seu coração vibrou com a confissão, porque era bom ser transparente e demonstrar seus sentimentos. Ele já estava guardando tantos segredos, mas precisava deixar claro ao amigo o quanto prezava a relação deles.

Jimin se aproximou, um pouco sem jeito, esticando os dedos até que tocassem os cabelos escuros. Os dedos deslizaram pausadamente, quase como um cafuné. Como se, de alguma forma, pudesse gravar todos os detalhes do amigo com a ponta dos dedos. Jeongguk se sentiu mais relaxado diante da presença de Jimin.

— Jeongguk, você é lindo.

Devido a pouca distância, foi perceptível o jeito como Jimin continuava prestando atenção em cada detalhe da fisionomia de Jeongguk como se estivesse em transe. O elogio de Jimin era sincero.

Em contrapartida, Jeongguk acreditava que Jimin ganhava todo o destaque quando se tratava da aparência. Ele retribuiu o carinho com as costas da mão, não queria que Jimin ficasse manchado de tinta azul.

— Deixa eu te falar uma coisa — disse Jeongguk.

— O quê?

O pintor continuou olhando nos olhos do amigo ao dizer:

— A sua beleza é que precisa ser estudada.

Jimin sorriu. Foi assim que Jeongguk se deu conta de que precisava falar a verdade mais vezes. Era por uma ótima causa.

— Quer que eu prepare algo para você comer antes de sair? — Jimin perguntou com carinho e se afastou, caminhando devagar pelo ateliê, os pés descalços contra o piso gelado.

— Comi frutas — respondeu, voltando a olhar para a tela que ganhava vida.

Ele estava indeciso sobre a tonalidade do tronco da árvore. Fez uma nota mental de que talvez fosse preciso escurecê-lo mais.

— Frutas? Seu hábito alimentar é ótimo — riu.

Jeongguk brincou com o pincel entre os dedos, os olhos atentos nos detalhes de sua pintura.

— Eu não posso ganhar peso — falou sem pensar.

Ele estava tão atento na pintura que não se deu conta do peso de suas palavras, assim como também não se deu conta de que se tornou alvo de um olhar curioso.

— E por quê?

Se Jeongguk ganhasse peso, Kwan não iria gostar nada da ideia. Os dançarinos (sem exceção) precisavam manter uma alimentação equilibrada, embora, naquele exato momento, Jeongguk estivesse com muita vontade de comer qualquer porcaria.

Ainda em silêncio, o garoto saiu da frente da tela para limpar o pincel. Foi aí que Jimin reparou na pintura. Ela não estava completa, mas viu uma árvore enorme com galhos fortes e amarronzados, e as folhas esverdeadas demonstravam que a natureza era o tema que o garoto queria explorar.

Jimin se aproximou ainda mais da tela, e murmurou:

— Isso está... — Os olhos arregalados confirmavam a sua surpresa. Ele não conseguiu completar.

— Eu nem terminei! Não vale! — Jeongguk falou, aliviado pelo fato de a conversa ter mudado de rumo, assim não precisaria inventar outra mentira.

— Ué, e eu já percebi que é um quadro incrível antes de você terminar. Pra mim, está óbvio.

Jeongguk cruzou os braços, balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Nah, ainda preciso treinar muito para conseguir pintar algo digno de aplausos.

Jimin estalou a língua, saindo do torpor que a pintura lhe proporcionou. Ele se espreguiçou, moveu os ombros, e depois olhou para o amigo.

— Eu já estou te aplaudindo.

O pintor tirou os olhos do amigo e observou o quadro durante instantes, para voltar a encarar Jimin de novo. Embora soubesse ser bom quando se dedicava à arte, ainda não via nada impressionante na tela. Mas, ele era tão crítico que chegava a irritar.

— Você tinha que conseguir enxergar essa pintura com os meus olhos! — Jimin falou, parecendo não acreditar que Jeongguk ainda duvidava da autenticidade do seu elogio. Ele apontou para o quadro, piscando três vezes. — Se eu tentasse pintar, bem, eu seria motivo de chacota para sempre.

Jeongguk manteve a seriedade durante os primeiros segundos, mas o riso frouxo escapou, fazendo Jimin rir também.

— Então, você se lembra dos meus desenhos horríveis, né? — Jimin perguntou enquanto ria. — Tudo tão desproporcional... Lembra quando desenhei o Hercule Poirot?

Foi aí que a risada de Jeongguk aumentou. Ah, ele se lembrava bem do bigode gigante e desproporcional, as sobrancelhas tão grossas como dois pássaros desesperados para fugir, e as mãos desenhadas em forma de gravetos.

— Como eu poderia esquecer? — Ele gargalhou.

A barriga de Jeongguk começou a doer e Jimin limpou o cantinho dos olhos, tentando livrar-se das lágrimas de tanto rir.

— É uma pena que a gente não tenha esses desenhos icônicos! — Jimin se lamentou, apoiando o ombro no batente da porta. — Se eu dependesse do meu talento artístico para viver...

Jeongguk não conseguia parar de rir. E Jimin ficou ali, rindo, olhando o garoto se divertir às suas custas.

O som das risadas preencheu o apartamento.

-

Era um grande absurdo o fato de os garotos nunca terem saído juntos durante a noite. Adultos sempre fazem planos para que a noite seja aproveitada ao máximo e, justamente por isso, Jimin e Jeongguk chamaram um táxi e decidiram conhecer uma pizzaria no centro da cidade.

Escolheram a mesa próxima à parede cinza recheada de posters de bandas antigas, e uma música agradável tocava através das caixas de som acopladas no teto de gesso, contribuindo para que a sonoridade fosse, no mínimo, completa. Eles não conheciam a banda, mas a música era boa o suficiente para que ambos balançassem os pés debaixo da mesa.

Um homem, próximo à mesa deles, riu de algo enquanto encarava a tela do celular, e, na direção oposta, uma família levantou os copos para brindar.

Quando o funcionário da pizzaria deixou o cardápio sobre a mesa dos garotos, eles ficaram impressionados com a variedade disponível, o que explicava a fama que a pizzaria estava ganhando.

— É até difícil de escolher — Jeongguk falou, uma das sobrancelhas arqueadas enquanto lia o cardápio. — Margherita? — Ele pergunta, formando um bico indeciso. — Pepperoni?

— América? Napolitana? — Jimin narrou com um sorriso, sabendo que seria difícil escolher dessa forma. — Eles ainda têm pizza doce! — Os olhos se arregalaram um pouco quando ele descobriu a outra parte do cardápio. — Eu nem sabia que poderiam combinar chocolate com queijo. — O cenho se franziu de leve, atento. — Mas, a pizza de bombom parece boa, olha aí.

No fim das contas, pediram metade Pepperoni e metade Napolitana, refrigerante com limão e gelo. E o ar parecia leve. A música continuava tocando, os clientes pareciam satisfeitos; havia algo diferente, uma energia gostosa no ar.

Foi a primeira vez depois de muito tempo que Jeongguk viu a noite de uma forma diferente.

Desde que começou a trabalhar, a noite se tornou pesada para ele. O escuro, de alguma forma, o ligava ao segredo e a Kwan.

Mas, não ali, não naquele momento.

Com Jimin à sua frente, tamborilando os dedos curtos sobre a mesa brilhante enquanto aguardavam o pedido, ele manteve a postura relaxada.

Quando a pizza chegou — enorme, cheirosa e muito apetitosa —, se perguntaram como nunca pensaram em conhecer o local antes.

— A gente precisa fazer mais coisas assim. — Jeongguk comentou após beber um longo gole do refrigerante. Os olhos lacrimejaram de leve devido ao gás. — Sabe, aproveitar, conhecer lugares diferentes, ter novas experiências... A gente queria liberdade, e às vezes sinto que trabalhamos muito.

— Isso me lembra da conversa que tivemos uma vez. — Jimin comentou, a voz meio aérea.

— Sobre o quê?

— Que não deveríamos crescer nem nos tornarmos adultos que não conseguem ter tempo para nada além do trabalho.

Jeongguk fez que sim. Foi uma conversa que pareceu acontecer há séculos. Eram nesses momentos que eles percebiam o quanto as coisas mudaram.

— Eu me lembro disso. — Os cantinhos dos lábios arquearam para baixo. — O problema é que foi mais fácil falar. Chega um momento que a gente percebe que... bom, estamos seguindo a manada. Talvez seja inevitável mesmo.

Jimin olhou para baixo rapidamente e limpou a ponta dos dedos no guardanapo.

— Ou seja, o mundo dos adultos é uma grande porcaria — concluiu.

O outro pensou por um segundo ou dois, e um sorrisinho pequeno apareceu no canto dos lábios engordurados.

— Bom, não está sendo hoje. — Jeongguk disse, e moveu a cabeça devagar no ritmo da música. — Estamos quebrando o sistema.

— Oh sim! Estamos quebrando o sistema por sentarmos numa pizzaria! — exclamou Jimin.

— A rebeldia sempre correu em nossas veias mesmo.

Eles riram.

Acontece que, conforme os minutos passavam, uma pizza não pareceu o suficiente, então fizeram questão de experimentar a pizza de bombom com mais uma rodada de refrigerante.

Quando saíram da pizzaria, com duas garrafas de água com gás em mãos, pediram o táxi. 20 minutos depois, estavam no interior do apartamento.

Era ótimo sair, de fato, mas saber que tinham um lugar seguro para voltar trazia uma sensação de conforto.

Jeongguk se jogou no tapete da sala, sentindo a brisa gelada do vento bater contra a sua pele. Eles raramente fechavam a porta da varanda. Jimin observou o amigo, e depois, ocupou o lugar ao lado dele. Os pelos do tapete fizeram cócegas no pescoço quando apoiou as mãos sobre o abdômen.

De onde estavam, conseguiam observar algumas lâmpadas acesas e o céu com escassas estrelas. Os lábios de Jeongguk estavam repuxados em um sorriso miúdo quando Jimin olhou para ele.

Estava consciente demais da presença dele. Alguém tão vivo, enérgico, repleto de devaneios. Foi então que sentiu um toque sutil entre seus dedos. Jeongguk ainda encarava o céu, a expressão calma, conforme os dedos se tocavam de leve sobre o tapete. Foi inacreditável a rapidez do choque que atravessou o corpo de Jimin. Suas pálpebras tremeram diante do contato agradável, e, sem pressa, retribuiu o toque.

Os dedos deslizaram sobre as costas da mão de Jeongguk, que experimentava a quentura da pele macia na ponta dos dedos. E, num determinado momento, quando Jimin estava prestes a prender a respiração, os dedos quentes se entrelaçaram.

Foi quando, como se tivesse calculado, Jeongguk virou a cabeça para olhar diretamente para o amigo.

Não sabia dizer se era impressão, se era por conta do ângulo ou devido à pouca luz, mas os olhos de Jeongguk pareciam mais acesos naquela noite, dois pontos brilhantes com o poder de hipnotizar. Jimin umedeceu os lábios e pressionou os dedos contra os de Jeongguk. Eles se encararam, e uma sensação desigual atingiu em cheio o peito dele. Foi rápido, intenso e verdadeiro.

— Seus olhos são como estrelas. — Jimin cochichou.

Jeongguk sorriu com a declaração e, enquanto se encaravam diretamente, tudo parecia íntimo. Havia algo pairando no ar, e por mais que já tivessem percebido que existia um sentimento maior que a amizade, ali, naquele momento, era impossível controlar.

Jeongguk comprimiu os lábios, pensativo, enquanto a respiração quente e ritmada de Jimin soprava contra seu rosto. Ele pareceu um pouco ansioso, um pouco nervoso, um pouco impotente quando se inclinou para o lado um pouco mais, as bocas quase se tocando, os olhos conectados.

Os dedos ainda estavam juntos quando Jimin resvalou seus lábios contra os do amigo, algo tão leve que pareceu ser apenas fantasia do outro; algo que gostava de imaginar quando ficava sozinho.

Não era como se Jimin não pensasse também; muitas vezes, principalmente quando o movimento na loja diminuía, revivia todos os momentos intensos que compartilhou em segredo com o amigo. Sempre experimentava uma ansiedade ardida e gostosa no estômago, porque queria vê-lo o mais rápido possível.

Embora tentasse entender o que acontecia entre eles, se via completamente perdido em meio às vontades.

E ali, naquele tapete, tão próximo de Jeongguk — a ponto de sentir uma energia intensa atravessando o seu corpo, se deu conta de que era, de fato, real.

Ele assistiu ao corpo de Jeongguk reagir ao roçar dos lábios, a maneira como ele pareceu entregue, os olhos entreabertos agora, a respiração começando a descompensar. O frio na barriga de Jimin aumentou, e foi rápido como ele desgrudou os dedos, para então levar a mão até a nuca de Jeongguk, quebrando a mínima distância entre os lábios. Seu coração que já batia rápido antes, agora parecia estar prestes a explodir em um milhão de pedaços.

O beijo iniciou-se com lentidão, as línguas se entrelaçando, causando estalos baixinhos quando os lábios se resvalaram. As mãos começaram a tocar o corpo um do outro com certo pudor, mas, depois de alguns minutos, o beijo se intensificou e as mãos perderam a timidez.

Sentiu o coração de Jeongguk bater contra o seu, forte e intenso. Era interessante saber que conseguia descontrolar o amigo dessa forma, por isso, não foi possível refrear o sorriso ao mordiscar o lábio dele com um pouco de autoridade. Sentiu um arrepio cruzar sua coluna com rapidez quando os dedos de Jeongguk trilharam um caminho lento, debaixo de sua camisa de forma quase perigosa.

Era evidente que Jeongguk estava cada vez mais instigado com aquele contato e com os beijos que se tornavam mais intensos a cada segundo. Beijos que tiravam o fôlego, que desorganizavam os pensamentos de Jimin por completo. Os corpos se pressionaram.

Jimin teve certeza de que poderia fazer isso o dia inteiro; jamais enjoaria.

A sensação era extasiante. A eletricidade estava por toda a parte. Ficaram assim, juntos, eufóricos e descabelados, numa bagunça em meio ao tapete.

Deixar Jeongguk fora de si era uma das coisas mais incríveis do mundo. Forçou-se um pouco mais contra o corpo do garoto, deixando óbvio que apreciava cada mínimo toque do amigo, sugou o lábio de Jeongguk bem devagar, fazendo com que ele ofegasse extasiado.

— Você está me provocando, Jimin. — Jeongguk revelou com a boca próxima demais da orelha do amigo. A voz soava um pouco mais rouca do que o normal e Jimin simplesmente se viu apaixonado pelo tom.

— Como se você também não me provocasse. — O outro acusou, pressionando os dedos na cintura alheia.

Jeongguk afastou o rosto do pescoço do amigo, para olhá-lo diretamente. Ele estava sorrindo. Havia uma sombra travessa em seus olhos, até que ele rolou para o lado do tapete, o peito subindo e descendo, quase sem fôlego.

A verdade foi que Jimin sentiu falta do calor do corpo dele de imediato, mas conforme o coração batia forte, notou que, mais uma vez, eles se deixaram levar pelos toques e sensações únicas. Como dois garotos que nunca se envolveram com ninguém, tudo era muito especial.

Experimentou o choque percorrendo em todo o corpo, uma vontade meio idiota de sorrir o tempo inteiro, e o anseio de continuar beijando o garoto ao seu lado até não conseguir mais. Jeongguk, que também estava com a respiração afoita, parecia muito extasiado.

Havia um milhão de coisas que ele queria dizer a Jeongguk, embora as palavras parecessem travadas na garganta.

Queria continuar ali, sentindo tudo o que estava sentindo?

Queria ser beijado durante mais tempo?

Queria continuar sendo tocado?

Queria.

Queria muito.

Queria de um jeito que machucava.

Ele observou o céu, mais precisamente, uma pequena estrela que tentava mostrar seu brilho, mesmo diante de tanta poluição luminosa.

Eles não trocaram mais palavras, mas a respiração de Jeongguk ainda era audível.

Foi quando Jimin apoiou as mãos sobre a própria barriga, que percebeu a movimentação repentina ao seu lado.

— Merda — Jeongguk disse antes de se virar e, habilidosamente, deitar-se sobre o corpo de Jimin. Com os rostos próximos, ele confessou: — Eu não consigo parar. Eu não sei o que você faz comigo, eu não sei de nada — confessou, as palavras saindo apressadas da boca. — A única coisa que eu penso é em você, em beijar você... — As palavras se perderam, os olhos de Jeongguk desceram e se focaram nos lábios do amigo.

A confissão fez com que Jimin soltasse um riso nervoso, o corpo inteiro se agitando novamente ao sentir a quentura de Jeongguk.

Estava completamente viciado nele. Naquele olhar tão brilhante e franco, naquele sorriso incandescente, na boca bonita e nos beijos que arrancavam seu fôlego.

— Então, eu não vejo alternativa a não ser você me beijar de novo.

Jeongguk riu, inteiramente entregue.

E os lábios tornaram a se encontrar.

 


Notas Finais


O CLIMA TÁ ESQUENTANDO MUITO [AAAAAAAAAA]


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