História Precious bae. - Pernico. - Primeiro. (colégio)

“Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças

As pirâmides que novamente construíste
          

Não me parecem novas, nem estranhas;
 

Apenas as mesmas com novas vestimentas.”  – William Shakespeare.

O dia de Nico poderia ter começado melhor.

Assim que acordou, sentiu a cabeça latejar com uma dor de cabeça palpável. Então tomou seu banho e vestiu-se colocando uma saia de cintura quadriculada e roxa, um pulôver cinza, suas meias de joelho pretas e seu keds inteiramente preto. Arrumou sua mochila com suas apostilas e desceu as escadas, indo para a cozinha. Sua mãe, Maria, e seu padrasto, Octavian, já tomavam café da manhã. Passou por sua mãe e lhe deu um beijo na bochecha.

- Bom dia, mãe. Bom dia, Octavian.

- Bom dia, filho. – Ele se sentou a mesa de quatro lugares, ao lado da sua mãe.

- Você vai assim para a escola? – Octavian perguntou meio ríspido.

- Vou. – Nico respondeu no mesmo tom, meio áspero.

- Então você vai ir a pé.

- Tanto faz. Na verdade, eu não ligo. – Nico deu de ombros.

- Meninos... – Maria tentou argumentar, mas...

- Perdi a fome. – Octavian empurrou o prato e em seguida afastou a cadeira da mesa, saindo da cozinha a passos largos. Maria suspirou audivelmente.

- Dê mais tempo a ele, Nico. Tenha paciência.

- Tudo bem, mãe. Eu não ligo pra isso. – Ele beijou a bochecha da mãe e deitou a cabeça no ombro da mulher, raspando levemente as unhas compridas por sua mão.

- Eu te amo. – Ela beijou o cabelo de Nico, que já chegava aos ombros e tinha cachinhos se formando nas pontas. – Quer uma carona?

- Eu também te amo, mãe. E não, obrigado. Quero andar um pouco. – Ele se levantou, subindo as escadas para escovar os dentes e pegar a mochila, passou pela cozinha a passos rápidos e gritou “tchau mãe!”.

Quando chegou ao colégio, Nico estava realmente assustado. Era gente demais falando alto demais, correndo demais, gritando demais. E ele não podia deixar de notar os olhares para suas roupas e até mesmo os comentários maldosos – queria não notar, mas não podia.

Estava meio perdido também. Tinha tido uma visita na escola, mas sem aqueles adolescentes selvagens correndo de um lado para o outro. Assim que conseguiu achar sua sala, entrou na mesma de cabeça baixa e se sentou no fundo. Na última carteira na fileira na frente da mesa do professor, para ser exato. Sua primeira aula era filosofia, e ele simpatizou com a professora assim que ela entrou na sala. Baixinha, jeans apertados, casacos coloridos e chamativos e salto alto. Aparentava ter ao menos 30 anos.

- Bom dia, turma. (N/A: lembrei do Lubs PKOASKDPOSAKD desculpa interromper) Meu nome é Leah, sou professora de história e filosofia. Eu acho que pra deveríamos começar como sempre: vocês levantam, falam seus nomes, falam se já estudavam aqui e se são repetentes. Okay? Começando pela fileira da porta.

E eles foram falando um por um. Teve um loiro alto de olhos azuis (que estava sentado ao seu lado) que chamou bastante atenção de Nico. Ele era lindo e seu nome era William, mas – segundo o próprio – Nico poderia chamá-lo de Will.

Quando chegou sua vez, Nico hesitou um pouco, mas levantou. – Nicholas. Cheguei esse ano e não sou repetente. – Em seguida se sentou, na mesma velocidade em que havia levantado. Podia sentir os olhares queimarem sobre si e suas bochechas vermelhas e quentes.

-... Will. – O loiro sorriu para Nico, que corou até suas orelhas ficarem vermelhas.

- Pare de fazê-lo passar vergonha, William. – O outro loiro que sentava atrás de Will deu um tapa no ombro dele. O menino sorriu pequeno para Nico. – Sou Jason, prazer.

- Nicholas. Ou Nico. – Nico retribuiu seu sorrisinho, embolando seus dedinhos no colo e com as bochechas muito vermelhas.

- Okay, Nico. Quer fazer o trabalho com a gente? – Jason perguntou ainda se apoiando pelos cotovelos na mesa.

- Yea, pode ser.

Nas três aulas que passaram Nico pôde perceber que Jason e Wil eram bem próximos e muito carinhosos um com o outro, o que Nico achou fofo. Ele também era carinhoso demais e gostava disso, de certa forma. Ele também percebeu que eles foram os únicos que não perguntaram sobre suas roupas, ou o porquê dele se vestir daquele jeito, pareciam ter gostado mesmo do menino mesmo ele sendo meio fechado e corasse por qualquer coisa. Eles o convidaram para se sentar com eles na mesa deles no intervalo e, mesmo um pouco receoso, Nico aceitou.

- Hey galera, esse é Nicholas. Ele é novato então não o assustem, animais. Just kidding, amo vocês.  – Jason chegou à mesa acompanhado de Nico e Will, que tinha os braços em cima dos ombros de Nico que agarrava o tecido da sua saia com força. Will sentou-se ao lado de uma menina ruiva bonita e Jason ao lado de uma menina de tranças e ele puxou Nico para se sentar também. – Nico, essa aqui ao meu lado é Piper.  Esse – ele apontou para o menino ao lado de Nico. Ele tinha cabelos pretos, olhos verdes lindos e pele bronzeada que continha um sorriso largo no rosto. – é o Percy. Aquele ali do lado dele é o Leo, Calipso sua namorada – eles deram um oizinho para Nico. A loira é Annabeth e a meio feia do cabelo curto é Thalia, minha irmã.

- Ei! – Thalia reclamou e Nico soltou uma risadinha.

- Oi Nico. – Percy disse, o olhando de lado.

- Oi... Percy? – Nico disse totalmente corado.

- Yea. – Percy riu. Achara Nico extremamente adorável, ainda mais corado. Eles conversaram o intervalo inteiro, por mais que Nico travasse em alguns momentos e ficasse corado rapidamente.

As duas últimas passaram rápido para Nico, que fora obrigado a se levantar para falar seu nome mais duas vezes. Saíra da sala acompanhando Jason e levando suas apostilas no braço, apertando-as contra o corpo. Eles iam encontrar Percy e Piper na sala deles, mas havia muita gente nos corredores e Nico já tinha sido empurrado umas três vezes, então saíram do prédio e ficaram ao lado do carro de Jason.

- Onde você mora? – Ele analisou Nico que corria os pezinhos pelas pedrinhas soltas do estacionamento.

- Perto do Kash bar. Por quê? – Nico o encarou, as mãos sumindo na manga do pulôver.

- Poderia te dar uma carona, mas minha casa é muito longe.

- Ah. – Nico abaixou a cabeça novamente.

- Hey, chegamos. – Percy chegou junto de Piper que logo enlaçou o pescoço de Jason e o beijou. Nico desviou o olhar totalmente corado e Percy riu baixinho, fingindo tossir um tempo depois.

- Hey, lovebirds. Eu e Nico estamos aqui. – Eles se separam, riram e voltaram a se beijar. – Ugh. Seus nojentos. – Ele se virou para Nico. – Onde você mora?

- Perto da Kash.

- Ah, eu passo por lá. Quer uma carona? – Percy observou o pequeno corpo a sua frente. Ele gostava do jeito que Nico ficava naquela saia. Adorável.

- Pode ser. – Nico sorriu.

- Vou levar Nico para casa, pombinhos. Jay, ás seis? – Percy perguntou, abrindo a porta para Nico que sorriu e corou.

- Yep. – Jason confirmou. – Não assuste o menino, Jackson.

- Cale a boca. – Percy murmurou, entrando no carro.

- Tchau Nico. – Nico deu um tchauzinho de dentro do carro.

O caminho até a Kash foi silencioso, Percy olhando de relance para Nico a toda hora. Mas Nico estava distraído e envergonhado demais para notar.

- À direita. – a voz de Nico se fez presente, baixinha e melodiosa.

- Hum... – Percy limpou a garganta. – Eu queria te fazer uma pergunta, mas não sei como fazê-la. – Nico deu uma risadinha. – E eu estou me sentindo ridículo.

- Diga, ué. A Direita de novo. – Percy corou.

- Sem querer ofender nem nada, mas... – Percy travou e Nico soltou mais uma de suas risadinhas adoráveis.

- Minhas roupas? – Percy soltou o ar. – Na casa bege, 313.

- É. – Percy parou o carro e puxou o freio.

Nico virou o rosto para poder olhar em seus olhos verdes intensos.

- Eu tenho gênero fluído. Que é quando a pessoa se reconhece por dois ou mais gêneros, mas muda a intensidade disso constantemente, ou quando a pessoa é barra tem vários gêneros ao mesmo tempo. Eu, por exemplo, não sou trans, mas minha expressão de gênero é feminina, na maior parte do tempo. Intergênero. –Percy tirou as mãos do volante.

- Me sinto um idiota. Mais ainda, depois disso. – Percy riu, junto de Nico.

- Está tudo bem, acho que ninguém tem obrigação de saber disso. (N/A:MENTIRA, TEM OBRIGAÇÃO DE SABER DISSO SIM!)

Percy desviou o olhar para a casa com um jardim extenso.

- Sua casa é gigante.

Nico fez uma careta a seguiu o olhar de Percy.

- É não é como se eu me orgulhasse disso. Tenho que entrar Percy, obrigado pela carona.

- Por nada, sempre que precisar. – Nico sorriu para ele, mostrando a covinha funda na bochecha e os dentes alinhados. Ele se esticou até Percy e beijou sua bochecha. O dia de Nico começou mal, mas havia terminado bem. Havia feito amigos, finalmente. É mais do que ele esperava do ano inteiro, de qualquer jeito.