História Precious bae. - Pernico. - Oitavo. (Don't let me go, cause I'm tired of feeling alone.)

“Desperdice todo o seu tempo e dinheiro só para descobrir que o meu amor era de graça, e não aja como se fosse uma coisa ruim se apaixonar por mim.” Not a Bad Thing, Justin Timberlake.

Percy abriu a porta de seu quarto a tempo de ver Nico passar a jeans pela metade da bunda e erguer a camiseta – que ficou gigante nele – para fechar o zíper e os botões. Ele assoviou um ‘’fiufiu’’ alto e abriu um sorriso largo ao que Nico abaixou a camiseta e olhou para ele, o lábio inferior entre os dedos.

- Bom dia. – Ele falou baixinho.

- Bom dia. – Percy respondeu. - Posso conversar com você? – Percy entrou no quarto e fechou a porta, mesmo que seus pais não estivessem.

- Claro. – Nico disse e sentou na ponta da cama, os pezinhos ficando suspensos no ar. Percy sentou ao seu lado. – Mas não seria eu que tinha que falar isso? – Nico disse, obviamente brincando.

- Nico.

- Okay, desculpe. O que quer perguntar? – Nico esfregou a mão na jeans. – Sendo que era eu quem tinha que fazer as perguntas.

- Nico...

- Eu falei sério. – Nico o encarou, o rosto sem expressão alguma. – Bem sério. Tipo, qual o problema de me contar que você iria sair com Sophia? Antes de tudo somos amigos, certo? Sem contar que não estamos namorando e nem ao menos teve um pedido para a gente ‘’ficar’’. – Ele riscou as aspas no ar.

- Quem era o cara que estava com você?

- Você só quer conversar comigo porque está com ciúmes? – Nico soltou uma risada incrédula. – Brian. E antes que você continue com essa palhaçada, eu o conheci ontem e não tenho nem o número dele. Não que eu quisesse, mas tudo bem...

- Sério? Você não o conhece e fez todo aquele show? Ou simplesmente vai negar e dizer que não lembra?

Nico riu novamente e se levantou.

- Sério? Você realmente quer me cobrar alguma coisa? Você mentiu pra mim dizendo que ia a um ‘’compromisso de família’’ e quer me falar tudo isso?

- E o que você queria que eu fizesse? Que eu esquecesse o nosso jantar na quarta, de como você me ignorou na quinta e agiu como se nada tivesse acontecido ontem?

- Por que diabos você não me perguntou nada, Percy? Que merda! Eu cheguei atrasado quarta, no intervalo eu estava fazendo o teste que eu perdi na terça e na saída a diretora me chamou na sala dela; imbecil! Você poderia ter me perguntado! – Eles já estavam gritando. Sorte que estavam sozinhos.

- Ah, eu deveria? Como se você não agisse como se quisesse tudo isso em uma hora e na outra mal fala comigo. Isso enche o saco, sabia?

- Ah enche o saco? Porque simplesmente não desistiu, se te enche tanto o saco? – Nico o encarou, os olhos marejados e a voz pouco embargada.

- Porque eu me importo! – Percy vociferou. Ele se levantou e se colocou a frente do menor – Já pensou nisso? Já pensou no porquê de todo mundo se afastar de você? Ou já pensou no porquê de você não deixar ninguém se aproximar?

Uma lágrima silenciosa escorreu pelo rosto alvo de Nico e ele desviou do corpo alto de Percy, indo em direção à porta e apenas esticando o braço para pegar seu celular. Percy puxou sua mão e colou seus peitorais, atacando os lábios de Nico. Ele tentou se afastar espalmando as mãos no peito de Percy, mas acabou agarrando seu pescoço com força. Percy espalmou as mãos na bunda do menor e o impulsionou para cima, que fechou os pés às suas costas em seguida. Ele deu passos grandes até a parede e colou o corpo de Nico a ela, ainda o beijando com força. Nico chupava sua língua e Percy se concentrava em apertar sua bunda e suas coxas. Percy se virou e andou até a cama, deitando Nico entre os travesseiros enquanto apertava suas coxas com força e chupava seus lábios. Nico movimentava seu quadril lentamente contra o de Percy, mal percebendo seus movimentos. Até que Percy apertou sua bunda com uma força desnecessária e um choque de realidade o atingiu. Sem quebrar o beijo, virou seu corpo e colocou Percy entre os travesseiros, apenas para sair da cama praticamente correndo e pegar seu celular em cima da cômoda. Percy fora atrás dele, segurando seu pulso quando ele tentou passar pela porta.

- Nico, por favor... – Nico o encarou com os olhos cheios de lágrimas.

- Não, Percy. Não fale e não prometa se não sabe se pode ou ao menos quer cumprir. – Ele puxou o pulso do aperto fraco da mão de Percy e passou pelo portão esfregando os olhos furiosamente.

Percy poderia ir atrás dele, Percy queria ir atrás dele, mas apenas ficou observando por cima do muro alto o pequeno ser de cabelos pretos se distanciar a passos rápidos, parado na porta como um idiota.

O pior para Nico foi achar o caminho de casa com as lágrimas borrando sua visão. Seu celular vibrava com as ligações que ele sabia que eram de sua mãe, porque Percy não iria lhe ligar. Ao menos, não hoje.  

Quando chegou em casa, atravessou o jardim a passos rápidos e entrou como um furacão em casa. Passou por Maria e Octavian deitados na sala praticamente correndo.

- Nico! – Maria exclamou, mas ele subiu as escadas de dois em dois degraus entrou em seu quarto, batendo a porta. Ele não queria conversar com ninguém, só queria um pouco de paz para arrumar os pensamentos. Ele tirou os sapatos e desligou o celular, se jogando na cama.

Chorar, na visão de Nico, é algo bom. É como se matasse todas as coisas tristes por dentro, mas é ruim quando se está chorando sozinho e porque ninguém te entende. É difícil querer sem compreendido quando nem você se compreende.

Sentiu um par de mãos delicadas segurarem seus ombros e o levantarem do travesseiro. Em dois segundo estava com a cabeça deitada no colo de Maria, com seus dedos esguios mexendo em seu cabelo.

- Sou toda ouvidos, meu amor. – Ela disse baixinho, lhe fitando com aquele olhar carinhoso de sempre.

- Eu... Eu... – Ele tentou dizer algo, mas sua língua se embolou e ele desatou a chorar novamente, agarrando com os dedos curtinhos a malha do suéter que a mãe usava.

- Você tem todo o tempo do mundo, Boo. Não se preocupe com isso agora, pode me falar quando conseguir. – Aos poucos, enquanto as lágrimas paravam de cair e apenas os soluços restavam, Nico contou o que aconteceu. Omitindo, é claro, a parte do cigarro.

- De mãe para filho, eu posso ser sincera, Boo?

- P-Pode mãe. – Ele murmurou com a bochecha pressionada na coxa da mulher.

- Esqueça tudo o que já aconteceu, Pequeno. Esqueça. Dê a si mesmo uma chance, yeh? Ninguém pode fazer isso por você. – Nico fechou os olhos com força, não querendo deixar mais lágrimas caírem. – Eu sei que é difícil, meu amor, mas se você não tentar nunca vai saber se vai dar certo.

- Mas e se não der certo, mãe? – Nico a fitou com os olhinhos vermelhos e fundos.

- Eu vou estar aqui por você. – Ela sorriu para ele. – Eu, seu pai, a pequena Hazel. E até mesmo Bianca. - Nico fechou os olhos ao ouvir o nome da irmã mais velha. Esse era um assunto delicado. – Quem sabe você não passa a semana com seu pai e Hazel, hum? Amanhã é um novo dia, pequeno. E mesmo se você tiver oitenta anos, caduco e corcunda – a comparação o fez sorrir, fazendo-a sorrir de volta -, você vai poder recomeçar. Nunca é tarde para nada, Mio Soldatino. Já ouviu aquele poema? ‘’hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. ’’ – Nico sorriu novamente, preferindo não falar nada. - Agora durma yeh?

Nico não se lembra de quando tinha dormido, só sabia que acordou já de noite e com o cheiro de Percy em todos os cantos, só agora lembrando que ainda estava com a camiseta do The XX que ele havia lhe emprestado. Uma sacola lilás com uma cartinha presa a ela estava no travesseiro a sua frente. Seu nome estava escrito em letras garrafais no papel azul claro e ele logo reconheceu a letra de Percy.