História Precisa-se de um submisso - Volay

Não tinha certeza do lugar aonde estava indo, mas ao avistar a fachada do restaurante eu não sei se respirava de alívio ou de ansiedade.

Assim que a porta do carro se abriu engoli em seco ao que o alfa estendia a mão para mim, peguei meio temeroso enquanto ele cedia a chave do carro para o chofer.

— Fique calado e só faça o que eu mandar — era tudo o que ele falava desde o começo da viagem até o tal restaurante, e para me manter formal e me adaptar ao ambiente -por que pela fachada, o restaurante era para classes altas- eu tive que me contentar em apenas revirar os olhos no meu pensamento.

Assim que adentramos eu pude perceber o quando as pessoas de classe alta são ridiculamente comportadas, tão auto-controladoras e refinadas ao ponto de você apenas admirá-las por sua beleza ou elegância, nunca pelo seu verdadeiro jeito de ser, me perguntava se elas não extravasavam de alguma forma.

Uma beta de sorriso gentil logo veio nos atender pedindo reservas, fitei o alfa vasculhar o próprio bolso e depois mostrar um papel em branco com um brilho diferente para a mulher que adotou uma postura diferente da anterior, ficando invejavelmente formal e fazendo um leve sinal com a cabeça para que a seguisse-mos.

Passamos -quase- despercebidos pelo interior do restaurante já que o senhor alfa lúpus estava impondo a sua presença fazendo outras pessoas nos encarar atiçadas.

A beta nos direcionou a um corredor e quanto mais andávamos mas o som das pessoas que ficaram na outra parte do restaurante de dissipar, a mulher parou em frente a uma porta de de madeira maciça, parecia uma daquelas relíquias com variados detalhes em sua extensão mas não deixava de ser grande.

Tirou uma chave do bolso e abriu a porta dando passagem para seguirmos.

O alfa vai em direção a porta, revelando uma cortina grossa em tons de vinho, com sua mão esquerda abriu a cortina, descendo alguns degraus comigo junto a si me levando a uma espécie de subsolo, eu estava como uma criança curiosa num lugar totalmente desconhecido, no total eram três degraus finos que também eram de madeira, levantei minha cabeça para poder fitar o lugar.

Estávamos em uma pequena sala, as paredes eram cobertas por um papel de parede vermelho forte, continha no lado direito um sofá de estilo vitoriano de couro preto, logo a frente havia outra porta idêntica a anterior, e a esquerda uma ômega de cabelos ruivos  cacheados e olhos azuis, não era coreana, fiquei impressionado por sua diferença de raça, confesso que nunca tinha visto uma antes, ela inclinou um pouco a cabeça para poder fitar meu rosto, já que eu estava com a mesma baixa, olhei de lado e recebi um sorriso gentil da mesma que logo voltou para sua postura ereta.

— Volay — Park falou com sua voz autoritária, a ruiva logo pareceu entender e  se curvou em comprimento para o alfa, nos direcionando a porta à nossa frente e abrindo a mesma.

Park retirou o cruzamento entre nossos braços no mesmo instante em que segurou meu pulso esquerdo me conduzindo a entrar primeiro.

Assim que entrei no local, pude notar que não era um simples jantar de negócios, havia várias pessoas vestidas elegantemente como nós, mas todas elas estavam em duplas, haviam tantos casais que não pude contar com os olhos.

Um grande salão era o lugar onde estávamos, pensei profundamente no restaurante em que poucos minutos eu estava, e nunca iria imaginar um lugar tão grande como esse em seu subsolo, tinha garçons servindo champanhe indo de um lado para o outro, a decoração não era diferente da pequena sala em que antes estávamos, todos os móveis eram novos mas em um estilo vitoriano de classe, as paredes eram cobertas pelo vermelho vinho, e um grande lustre de cristais fazia a fraca iluminação do lugar, o que fazia com que o mesmo fosse ainda mais misterioso com sua música ambiente e vozes espalhadas.

Sair dos meus devaneios quando ouço vozes chamando pelo alfa ao meu lado...

—Oh, Sr. Park! — era um alfa acompanhado de uma ômega vindo em direção a Jimin que estava ao meu lado.

— A quanto tempo não nos víamos, uh?!- o alfa de cabelos vermelhos apertou a mão do alfa em um comprimento que para mim parecia levemente forçado.

— Como vai Ji-Yong? — Park o cumprimenta sorrindo amarelo e pela primeira vez vejo meu cliente sorrir.

Notei que estava sendo fitado pela ômega do Ji-Yong, uma loira com vestido prata em renda siciliana e um colar de brilhantes que exibia com orgulho como troféu, não me sentir confortável sobre o seu foco, ela não me parecia ser amigável e me olhava com desdém, com certeza se sentia superior a mim, e eu não aturava esse tipo de gente.

— Não vai me apresentar o seu omega?— a voz de Ji-Yong me tirou da troca de olhares fulminante que trocada com a ômega dele.

— Esse é Jeon Jungkook, meu mais novo ômega — Park me apresentou formalmente e eu simplesmente acenei dando um leve sorriso, eu podia ser bem adorável quando queria.

—Prazer em conhecê-lo Jeon, chamou a atenção de todos aqui inclusive a minha, espero ansiosamente sua apresentação — me olhava de um jeito nada discreto e senti meu pulso sendo apertado com força por Jimin, sabia que ele não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.

E eu me perguntava de que diabos de apresentação ele estava falando.

O alfa e a infância saíram andando e comprimentando outras pessoas presentes de forma amistosa, de repente Park virou em minha direção com a cara de poucos amigos.

—Não quero que dirija a palavra a esse alfa em hipótese alguma, só sub a minha autorização— disse arisco.

—Ta.

—Tá não é resposta— apertou mais meu pulso para doer — fale direito, sim senhor!

— tá apertado…— murmurei começando a fazer uma careta de dor, mas o alfa parecia impassível.

— Eu não ouvi.

—S-sim senhor…— ao me ouvir dizer as palavras ele afrouxou o aperto, sem largar meu pulso, se ele soubesse o quanto eu o xinguei mentalmente por aquilo, com certeza eu não estaria vivo.

De repente a música ambiente mudou de ritmo se tornando um pouco mais alta e excitante, todos os casais começaram a andar em direção a uma grande passagem.

Assim como todos eu vi o alfa seguiu para a passagem consequentemente me levando junto, assim que passamos eu pode vislumbrar um grande salão em que havia um palco central só com dois degraus de elevação para o resto do ambiente, dando a visão panorâmica do que aconteceria ali, assentos de dois lugares estavam em volta do palco.

Não vou mentir, estava curioso para ver o que aconteceria ali.

No meio dele havia uma estrutura de madeira que formavam um 'x' mal iluminada, com cintos de couro preto em cada ponta, eu franzir o cenho ao constatar que já tinha visto aquela coisa em algum lugar, mas não me lembrava.

Todos os casais estavam se sentando progressivamente o que não demorou de acontecer comigo e com o alfa ao meu lado, aos poucos todos estavam sentados e se mantendo na postura em que ficava mais confortável para si, fazendo o silêncio reinar no espaço fechado.

De repente todas as luzes foram apagadas, tive um sobressalto de leve, mas me contive em ficar mudo e fingir que nada aconteceu, visto que o silêncio ainda pairava no ambiente.

Depois de alguns minutos de curiosidade da minha parte é batidas aceleradas de coração, uma luz se acendeu, focando unicamente no centro 'x' do palco, meus olhos se arregalaram e meu coração parecia ter parado ao ver uma ômega mulher na estrutura de madeira.

Vendada e totalmente nua!

Olhei rapidamente para Jimin indignado e o mesmo estava impassível, parecia acostumando com esse tipo coisa, não sabia o que me deixava mais surpreso, a garota nua amarrada no palco ou a simplicidade de Jimin ao observar aquilo.

Olhei em volta e constatei que não só Jimin como outros alfas olhavam atentamente a ômega, alguns faziam gestos maliciosos outros olhavam seu parceiro, eu parecia o único que achava aquilo sobrenatural, meus olhos percorreram todo o local em busca de uma alma abençoada, mas todos estavam observando a garota, entretanto notei um par de olhos me observando do outro lado da sala, era Jiyong e seu olhar era difícil de decifrar, me senti intimidado de certa forma então desviei meu foco para o palco novamente.

Passos foram ouvidos, observei um alfa subir os dois degraus e andando em passos lentos em direção a ômega, que virou a cabeça ao sentir o alfa perto de si.

Totalmente exposta.

O alfa desconhecido andou em volta da omega em passos lentos e tortuosos observando o corpo da mulher nos mínimos detalhes, eu via admiração em seu olhar, ele a desejava e o jeito como ele praticamente salivava deixava isso bem nítido.

Um arrepio percorreu a minha espinha em um breve pensamento de como era ser observado daquele jeito, é claro que eu recebia olhares, principalmente os maliciosos, mas o desejo e admiração que aquele alfa transpassa era tentador.

Me concertei no lugar, observando o que aconteceria no palco, cada vez mais curioso é um pouco intimidado como aquilo tudo, me perguntava como a omega se sentia ao passar por aquilo, me parecia constrangedor.

Após admirar a ômega desnuda, o alfa começou a provocá-la de várias formas com beijos selvagens, chupões, e toques em lugares ousados que fazia os pelos da ômega se eriçarem e em alguns casos se contorcer sobre a estrutura.

Em alguns desses momentos me sentia observado, olhei para o lado e engoli em seco ao constatar que Jimin estava me analisando de cima a baixo, e nem se preocupou em desviar o olhar assim que percebi isso.

Instintivamente olhei para uma outra parte de seu corpo, me amaldiçoando mil vezes ao constatar um certo volume em seu ventre, Jimin estava excitado com o que aconteceria ali, mas o jeito como me olhava me deixava mais constrangido do que o casal furnicando no palco.

Era muito estranho e fiquei mil vezes mais intimidado sob seu olhar, preferir focar no casal, estava mais interessante.

Uma movimentação estranha me chamou a atenção ao perceber que alguém entregava algo ao Park, o comprimentando cordialmente e saindo logo em seguida.

Jimin abriu o que parecia um bilhete dobrado com impaciência, e quando leu sua expressão se fechou em uma carranca, e no mesmo segundo voltou seu olhar para mim que desviei no mesmo instante, para não dar na pinta de que eu estava o espiando.

— Eu sei que está olhando— sua voz rouca me pegou desprevenido e constatei que não tem sensação pior do que ser descoberto na cara de pau.

Olhei para o alfa sem focar em seus olhos.

—Assim que eles acabarem, seremos nós. — falou simplista e eu o encarei confuso o alfa mirava atentamente para o palco e demorou alguns segundos para eu processar a informação, pedindo aos deuses que estivesse enganado.

— Como assim nós? — perguntei tentando não passar minha insegurança através da voz, o que não funcionou muito não.

Ele ergueu o braço devagar apontando para o casal no centro, segui seus movimentos e entendi a resposta muda, me desesperando internamente…

…E talvez fora também.

— N-não...— foi automático, nunca pensei que um dia iria fazer sexo um com um alfa totalmente desconhecido, por que Jimin era exatamente isso, um desconhecido, peladão na frente de um monte de gente granfina.

Não mesmo.

—O que disse?— o alfa arqueou as sobrancelhas em descrença olhando diretamente nos meus olhos, como se minha fala fosse um engano.

—Não vou fazer aquilo, não aqui, na frente de todos— falei com mais convicção, minha mente ainda processava a situação horrorosa que eu estava passando, mesmo o Jimin sendo um baita de um ator pornô eu me respeitava, sabia dos meus limites e aquilo ultrapassa mil vezes.

— Oh, você vai fazer sim! — senti sua mão em minha coxa direita e um sorriso malicioso cresceu em sua face — e ainda vai pedir por mais…

—NÃO QUERO!— praticamente gritei chamando a atenção de todos ali, estava confuso sobre a situação em que cheguei mas queria desesperadamente sair dali, praticamente todo mundo focou seu olhar em mim, menos o casal fodelança, pareciam está em uma espécie de casulo próprio.

Meu pânico repentino não agradou em nada o alfa lupus, o próprio segurou firme o meu pulso me arrastando para outro lugar.

Me encolhi quando paramos em uma pequena sala particular e ele me olhou com raiva.

—Escuta aqui ômega— ele disse ríspido ao que apontava seu dedo para mim enfatizando a palavra ômega. — você vai voltar para aquele salão de sentar naquela porcaria de lugar e quando chegar a hora eu vou te tomar naquela mesma Andrew cross, está me ouvindo?— ele praticamente cuspiu as palavras na minha cara como uma ordem, me senti tão rebaixado que segurei com muito esforço as lágrimas que queriam sair, o silêncio era o que predominava agora.

—Agora vamos— dito isso o alfa segurou pela segunda vez os meus pulsos e me arrastando de volta.

Em algum momento da nossa caminhada de volta eu olhei para a porta que dava ao outro salão passando por ela eu poderia sair dali, e sem pensar nas consequências me soltei da mão do alfa e corri para a passagem, pegando todos de surpresa inclusive o alfa lúpus que demorou breve segundo processando o que acabou de acontecer antes de ir atrás de mim.

Meu coração nunca bateu tão rápido, corri como se fosse a salvação da minha vida, e para mim realmente era, eu sei lá o que o alfa iria fazer comigo caso me pegasse?

De repente sinto alguém puxar meu smoke, fazendo desequilibrar e cair de mal jeito.

O alfa parou de correr andando em minha direção passando a mão nos cabelos como se tivesse conseguido o que queria, tentei me levantar mas falhei miseravelmente quando senti uma dor aguda em meu tornozelo, grunhir de dor o que fez o alfa parar e me fitar.

Um misto de emoções poderiam ser vistas se olhassem nos olhos de Jimin como eu o olhei naquele momento, raiva, cansaço, indignação, humilhação e até ódio.

A dor ia se intensificando ainda mais e minha visão foi ficando turva ao que o alfa vinha se aproximando do meu corpo, enquanto eu murmurava em negação, tanto da situação como a presença de Jimin perto de mim.