História Predestinados - Shawmila - Waiting for the next one.

I know a girl
She puts the color inside of my world
But she's just like a maze
Where all of the walls all continually change
And I've done all I can
To stand on her steps with my heart in my hands
Now I'm starting to see
Maybe it's got nothing to do with me

O fone no meu ouvido permanecia no volume mais alto. Eu tinha os olhos fechados enquanto ônibus seguia a caminho de Tampa, Flórida. Eu havia levado Cameron comigo, já que estava sempre “sozinho”.

Fathers, be good to your daughters
           Daughters will love like you do
         Girls become lovers who turn into mothers
       So mothers, be good to your daughters too

John Mayer era um dos meus cantores favoritos, eu sempre citava isso nas entrevistas que perguntavam sobre/quem me inspirava de alguma forma. Ele era um dos melhores cantores, apenas.

Oh, you see that skin?
           It's the same she's been standing in
     Since the day she saw him walking away
Now she's left
Cleaning up the mess he made

A música move o mundo. Sempre moveu. Afinal, o que seria do mundo sem a música? Uma música faz você lembrar-se de situações boas e outras ruins. Ela pode fazer você se lembrar do primeiro namoradinho que teve no colegial ou até mesmo daquele amigo que está sempre com você. Te faz lembrar da sua família. Dos seus amores resolvidos e dos seus amores mal resolvidos.

So fathers, be good to your daughters
            Daughters will love like you do
            Girls become lovers who turn into mothers
             So mothers, be good to your daughters too

A música pode curar a alma. Expressar seus sentimentos, é pra isso que ela serve. Você sente a batida do som combinar com a batida do coração, sente seu sangue correr pelas veias e sente seu corpo mais vivo do que nunca. Você se sacode. Explode. Uma gota de suor escorre por aqui enquanto...

- Mas o que... – Os fones foram retirados com violência do meu ouvido. Eu estava viajando nos meus pensamentos.

- Estou te chamando há horas! – Cameron resmungou.

- Eu ainda não sei por que te trouxe comigo. Você só sabe me pentelhar. – Enrolei os fones nos dedos enquanto pausava a música.

- Ok – Deu de ombros. Cameron era um bom amigo, mas quando ele resolvia ser chato: não tinha pra mais ninguém.

- O que você queria falar?

- Sobre a minha festa. Você vai, não é?

Seu aniversário já havia passado, mas ele não havia comemorado da maneira que queria, então resolveu que daria uma festa, mas não uma festa simples só com a família e os mais chegados. Ele queria uma festa, tipo uma festa mesmo. Eu estava com a vida corrida. O fim do ano se aproximava e com ele eu tinha mil apresentações. A vida estava realmente corrida.

- Cameron...

- Qual é?! Que tipo de amigo é você?! – Ele disse parecendo chateado.

- Tá, eu vou tentar ir – Eu disse e ele me fitou olhando com a cara mais bolada possível – Ok, eu vou.

Cameron sorriu satisfeito com minha resposta e eu levantei do pequeno sofá até o frigobar que ali tinha. Peguei uma garrafinha de água enquanto procurava alguma coisa no pequeno armário para comer.

- A Brooke perguntou de você – Pude ouvi-lo dizer baixo.

- Quê? Quem? – Ele riu da minha cara de dúvida. Eu, por acaso, conhecia alguma Brooke?

- A Brooke. Festinha no condomínio, lembra? – Ele disse sugestivo.

- Vagamente... O que é que tem? – Voltei sentando no mesmo lugar enquanto abria a garrafa d’água.

Brooke era uma garota com quem eu tinha saído, antes de iniciar a turnê do Austin. Exatamente dois dias antes. Tinha sido bom e ela era linda, mas tinha sido só uma ficada e depois daquela noite nós não tivemos nenhum tipo de contato.

- Ela também vai na festa.

- Com amigos como você, quem precisa de inimigo? – Fiz uma cara de desentendido. E ele riu enquanto sacodia os ombros num tanto faz.

- Vou chamar a Camila também. E as meninas. – Assenti com a cabeça sem prestar muito atenção nele. Nesse momento a única coisa que martelava na minha cabeça era o nome Camila e a lembrança da nossa última manhã juntos.

FLASH BACK on

Um sorriso estampado no rosto e um sentimento mais do que gosto espalhada no meu peito. Camila dormia ao meu lado como um anjo, um lindo anjo. Suas madeixas castanhas desgrenhadas sobre o travesseiro branco. Ela tinha um semblante tranquilo e a boca levemente aberta. Sua respiração era tranquila e controlada. Relaxada. Sua posição mostrava o quanto ela estava confortável. De bruços. O lençol cobria até a base de sua coluna, deixando assim suas costas nuas. Ali pude ver alguns sinais espalhados por sua pele branca e macia. Como ela podia ser tão linda?

Me inclinei um pouco em sua direção enquanto apoiava uma de minhas mãos ao lado de seu corpo. Me aproximei depositando singelos beijos pela extensão de suas costas, chegando até sua nuca. Sua pele parecia estar arrepiada e eu não sabia dizer se era por conta do ar ou por conta dos beijos, preferi ficar com a segunda opção.

- Hmmm – Ela balbuciou.

- Está na hora de acordar, bela adormecida.

- Só mais cinco minutinhos. Nós nem dormimos direito. – Ela agora tinha a cara enfiada no travesseiro e sua voz saia abafada.

- Graças a Deus – Sussurrei me lembrando da noite maravilhosa que havia passado com ela. Ela riu diante do meu comentário e virou-se ficando levemente de lado.

Até com cara de sono ela era linda. Estiquei minha mão até chegar à lateral de seu rosto, colocando uma mexa de seu cabelo para trás de sua orelha. Ela abriu um pouco os olhos, levemente incomodados por conta da claridade e pode observar que eu já estava devidamente vestido.

- Por que você está arrumado? – Ela perguntou fazendo um biquinho fofo.

- Eu preciso ir. Andrew já me ligou uma dezena de vezes. – Ri em desgosto, minha real vontade era permanecer ali. Mas eu tinha muitos trabalhos para fazer. – Não queria sair sem me despedir... Muito menos sem dizer que eu amei exatamente tudo sobre a nossa noite - Camila corou - E tomei a liberdade de pedir o seu café da manhã.

Ela estendeu uma de suas mãos até chegar ao meu rosto, passou a mão por ali em forma de carinho e sorriu sem mostrar os dentes. Seus olhos se fecharam com tal ato e ela fez um pequeno esforço para abri-los novamente.

- Eu já te disse que te amo? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça de forma engraçada – E que você é lindo? – Ela se pôs a pensar e eu neguei veemente – Então, você é lindo! – Mais uma vez um sorriso estrondoso tomou conta de seu rosto.

Me aproximei dando um beijo de esquimó e logo em seguida depositando um beijo em sua testa, como forma de respeito e carinho.

- Eu te amo mais! – Por fim selei meus lábios aos seus, mas sem um contato muito intenso. Apenas encostando sua boca à minha. Então me levantei rapidamente antes que aquilo se estendesse para algo que eu queria muito, mas não podia. Já estava atrasado o suficiente!

- Me avisa quando chegar! – Ela disse me vendo se afastar. Assenti com a cabeça antes mandar um beijo no ar e abrir a porta atrás de mim.

FLASH BACK off

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Eu andava de um lado para o outro naquele quarto eternamente bagunçado. Não bastava ter a cabeça e o coração bagunçados. O quarto também tinha que estar. Escutei algumas batidas na porta e pude ver a maçaneta abrir. Era Dinah.

- O que você tá fazendo? – Ela perguntou com a boca levemente aberta observando aquele tumulto de coisas.

- Tô procurando minhas meias de banana – Eu disse um pouquinho desesperada.

Dinah se estendeu alguns metros à frente enquanto se aproximava do criado mudo.

- Serve essa aqui? – Ela perguntou e eu levantei a cabeça. Oh, as meias estavam penduradas sobre o abajour. Sorri sem graça.

- Obrigada, coisa maravilhosa! – Passei por ela dando um beijo estalado em sua bochecha.

- Nós vamos descer pra dar uma volta, você vem?

- Sim. Só me espera um pouquinho – Eu disse enquanto via ela atravessar o quarto mais uma vez enquanto parava próximo à porta.

Havia sido uma manhã tranquila. Tinha tanto tempo que a gente não conseguia sair livremente, que aquilo chegava a ser até mesmo um pouco estranho. Havíamos combinado de aproveitar a manhã da melhor maneira, sem uso de qualquer aparelho eletrônico, tínhamos umas às outras.

Dinah permanecia fazendo suas palhaçadas de sempre, juntamente com Normani. Dinah era, de certa maneira, a mais engraçada do grupo. E a que mais pentelhava também. Mani normalmente era mais reservada do que DJ, mas quando se juntavam só saia coisa engraçada, fosse piada, fofoca, dancinha ou qualquer outro fato. Lauren ria de algumas coisas, mas na maior parte do tempo parecia estar desligada, mas não de uma maneira ruim. Ela sempre foi muito inteligente e sua maneira de pensar era algo simplesmente mágico.

Lauren tinha tendência a ter um lado mais culto e mais fechado, se assim pode-se dizer. Ally ria junto a mim das graças das meninas. Eu a via como uma irmã mais velha, aquela que dá esporros sabe, mas ela era muito tranquila e tinha um coração de manteiga. E eu, bem, sempre havia sido a que falava as coisas sem pensar e fazia piadas sem graça.

A passos lentos passamos perto de um parque. O vento fresco passou pelo meu corpo sacodindo levemente minhas madeixas castanhas. Senti minha barriga roncar.

- Estou com fome.

- Eu também – Ally concordou comigo.

- Vamos parar em algum lugar – Dinah deu a ideia enquanto arrumava os óculos no rosto.

Caminhamos mais alguns metros até chegarmos a uma pequena lanchonete. Era simples, mas parecia ser bem limpinha. Sentamos numa mesa mais ao fundo tentando não ficar em um lugar que pudesse chamar muito a atenção. Umas três meninas, que já estavam ali se aproximaram e pediram para tirar algumas fotos. Nós tiramos e conversamos rapidamente então elas voltaram para seus lugares.

- O que vocês vão querer? – Lauren perguntou olhando no pequeno cardápio.

- Não sei como não inventaram suco de banana – Reclamei baixinho enquanto tirava o celular do bolso.

- Não existe isso, mas tem algo de banana aqui sim – Ela disse colocando-o sobre a mesa, pude ver Dinah pega-lo para escolher o que iria querer.

Desbloqueei a tela do celular observando uma ligação perdida de um número desconhecido e muitas notificações nas minhas redes sociais. Também havia algumas mensagens.

- Camila? – Normani me chamou estalando os dedos.

- Ok, pode ser isso mesmo. – Levantei a cabeça rapidamente e então voltei minha atenção para o aparelho.

- Nós combinamos que ninguém ia mexer no celular agora de manhã – Dinah resmungou, mas provavelmente ela era a que estava sentindo mais falta, pois era a mais viciada naquilo.

- É rapidinho, espera aí – respondi abrindo a caixa de mensagens.

- Só o tempo das coisas chegarem – Dinah sentenciou enquanto chamava alguém que trabalhava ali para anotar nossos pedidos.

Algumas mensagens do Roger, uma mensagem da Mama, Marielle e uma do Shawn. Cliquei no nome do último enquanto descia um pouco a página.

“Preferia mil vezes que você estivesse aqui comigo.”

Sorri diante daquilo. Era uma mensagem bem simples, mas fazia meu coração acelerar de maneira engraçada. Quando eu havia namorado com Austin nada disso havia se passado. Digo, não essas sensações tão fortes. Rolava uma conexão de outro mundo entre a gente.

“Eu também! <3”

- Chegooouuuu – Ally disse animada observando o garoto trazer os pedidos.

“O que me conforta é que seu cheiro ainda está na minha camiseta!”

Senti meu celular ser tirado brutalmente da minha mão e levantei a cabeça procurando pela pessoa que havia feito isso.

- Heeeeey.

- Depois você fala com ele. Agora foca aqui! - Dinah me olhava com cara de brava enquanto depositava o celular em cima da mesa – Lauren, vou ter que pegar o seu também? – Ela continuou e pude ver Lauren mais do que rapidamente guardar o seu aparelho.

Ficamos ali por uns vinte minutos até finalmente sairmos e voltarmos para o hotel. Teríamos algum tempo vago e após o almoço teríamos um encontro com os fãs. Depois rolaria algumas entrevistas e a noite nosso show, seguindo na manhã seguinte para outro lugar e assim sucessivamente durante mais dois dias ou três dias.

Assim que saímos do Meet and Greet ficaríamos cerca de quinze ou vinte minutos de bobeira e então partiríamos para uma entrevista da radio local. Senti meu celular vibrar no bolso de trás da minha calça jeans, levei à mão até ali para pega-lo e pude ver as meninas procurando seus aparelhos também. Tocaram na mesma hora.

O visor aceso avisava que havia uma nova mensagem de número desconhecido, provavelmente elas também, pois trocamos olhares confusos. Desbloqueei a tela do celular começando a ler a mensagem.

Ei gente, aqui é o Cameron Dallas, meu aniversário já passou e como estava atolado de trabalhos não pude comemorar da melhor maneira. Então, no dia 4 do próximo mês vou comemorar no Supperclub Los Angeles e aguardo sua presença. Endereço: 6675 Hollywood Boulevard, Los Angeles.

- Vocês também... – Comecei dizer, prevendo que aquilo seria uma mensagem não só enviada pra mim, mas também para elas e para outras dezenas ou centenas de pessoas.

- Já quero. Presença confirmada! – Normani comemorou e Dinah se agitou ao seu lado.

- Vocês nem sabem se vão poder – Lauren comentou rindo.

- Não vejo problema nenhum em ir, se a gente estiver na cidade, é claro – Ally também disse enquanto fazia um tanto faz com os ombros.

Bom, Cameron não era nosso amigo íntimo, mas conhecia a gente, da mesma maneira que conhecia outras diversas pessoas e ele podia não ser nosso amigo, mas ele era amigo do Shawn. E se eu bem conhecia Shawn saberia que provavelmente ele não iria, mas era o Cameron, ou seja, ele não tinha escolha. Obviamente ele iria. Voltei a tela para meus contatos e antes de digitar perguntei para ter certeza.

- Então, confirmadas? – Perguntei enquanto passava o olho rapidamente por elas.

- Confirmadíssimas – Dinah disse animada e pude ver Normani concordar com ela. Lauren também assentiu com a cabeça e Ally sorriu positivamente.

Rolei rapidamente o dedo pela tela do aparelho enquanto digitava muito rápido. As meninas ficavam meio doidas comigo nesse quesito, porque eu escrevia muito rápido mesmo. Costume.

Avise para o seu amigo que estamos, todas, mais confirmadas do que ele mesmo.

Espero que você vá também. Love U.

Era só uma festa, digo, nós iriamos sair para se divertir com os amigos... não teria motivos para dar alguma merda. Ou teria?