História Predestinados - Shawmila - PCA - The Ellen DeGeneres Show

           Sofia saltitava no banco de trás no trajeto de volta para casa. Eu ria sem parar enquanto a pequena não parava de tagarelar sobre como o dia havia sido incrível e que ela queria fazer aquilo mais vezes, e fez Shawn prometer que levaria Aaliyah juntamente.

         Paramos no meio do caminho para comer alguma coisa e tirar algumas fotos. Três meninas se aproximaram e também tiraram fotos comigo e Sofi, mas não chegaram a ver o Shawn, pois ele tinha ido ao banheiro. Assim que voltamos para Miami minha mãe fez questão que o garoto ficasse para o almoço.

- Foi muito engraçado, Mama. Você tinha que ter visto – Sofia disse animada.

- Imagino que tenha sido. E vocês, se divertiram? – Ela perguntou à mim e a Shawn enquanto colocava um pouco de salada no prato do meu pai, que só prestava atenção em tudo.

         Meu pai, que, estava tratando Shawn muito bem. Bem demais até, eu diria e não que aquilo fosse ruim, de maneira alguma, era apenas estranho. Até cerveja ele tinha oferecido para o garoto, que havia recusado dizendo que teria que voltar para o hotel depois.

- Sim, foi bem legal. O Shawn foi naquele brinquedo que eu tenho trauma. Junto com Sofia.

         Ela riu e me fitou com as bochechas um pouquinho vermelhas, estava com vergonha, tadinho.

- Trauma? – Ele perguntou baixo.

- Quando a Camila era menor ela foi num brinquedo desses, e quando saiu...

- PAI! – Tentei fazer ele calar a boca.

- Alejandro, não diga essas coisas na hora da comida – minha mãe interviu no assunto e ele deu de ombros de antes de falar.

- Enfim, passou mal.

          Eu ri completamente sem graça e Shawn olhou na minha direção também prendendo o riso.

- Você volta quando, querido? – Minha mãe perguntou e ele fez cara de dúvida – Pro Canadá.

- Ah, era pra eu ter voltado no dia primeiro mesmo, mas já que estou aqui vou esperar passar o People's Choice Awards.

- Verdade – concordei antes de levar uma garfada a boca.

          O People's Choice Awards aconteceria no dia 06 de Janeiro, no Microsoft Theater, em Los Angeles, California. De certa forma seria meio que contra-mão pra ele, ficar indo e vindo acaba sendo desgastante, mas ele estava adiantando um projetos juntamente com Andrew naquele meio tempo.

          Nós iriamos nos apresentar. Quer dizer, ele iria se apresentar e havia me convidado para cantarmos a música que estávamos promovendo, e eu havia aceitado, obviamente.

- Falando nisso. Você vai querer ensaiar?

         Perguntei quando já havia engolido a comida e estava preparando outra garfada. Eu achava que não precisávamos, pois já sabíamos tudo certinho. Se ele fosse só pra fazer o teste de som já adiantaria bastante.

- Acho que não precisa. Só vamos ver o tempo certo, digo, eu vou ter que começar com Stitches e depois você entra. Acho que nós temos quatro ou cinco minutos.

- Uhum – Assenti com a boca cheia e um pequeno silêncio se fez, então meu pai começou a conversar sobre algum assunto aleatório chamando a atenção do rapaz.

*

         Aquela cena merecia uma foto, fato. Estávamos todos esticados no grande sofá da sala. Do lado direito minha mãe e meu pai estavam abraçadinhos prestando atenção ao filme que passava na TV. Após o almoço resolvemos assistir a algum – qualquer - filme. Sofia deitada do meu lado direito – também ao lado dos meus pais – e Shawn deitado do meu lado esquerdo.

        O garoto tinha uma respiração tranquila e suas pálpebras pareciam pesadas, pois toda hora ele tinha que esfregar os olhos tentando afastar o sono que se aproximava, mas também né, depois de uma comida gostosa e um cafuné da namorada, quem não iria dormir? Mas ele não dormiu.

       Quando o filme acabou, isso quer dizer, por volta das seis e meia da tarde. Ele se levantou despedindo-se de meus pais e dando um beijinho na cabeça de Sofia que dormia esparramada pelo sofá. Ele agradeceu por meus pais terem nos deixado sair com ele (sim, eu ainda precisava das aprovações - ou não - dos meus pais, afinal, morava na casa deles e respeito é e sempre foi tudo para nossa família), pelo almoço e pelo filme. Essa parte eu não havia entendido, já que eu que havia pedido pra ele ficar conosco, risos.

- Te levo até a porta.

       Eu me levantei preguiçosamente calçando os chinelos enquanto o mesmo me espera já em pé na ponta do sofá. Passei por ele e suas mãos pousaram nos meus ombros, ele meio que me guiando diante da minha preguiça. Paramos diante da porta, já do lado de fora. A noite caindo e as luzes das casas acesas.

- Tem certeza que não quer dormir aqui?

        Ele soltou meus ombros dando a volta e parando na minha frente. Minhas mãos ficaram espalmadas sobre seu peito enquanto ele enlaçava seus braços em minha cintura, mas sem me apertar.

- Tenho. Eu preciso terminar de resolver as coisas com o Andrew... – suspirou pesadamente – E dormir um pouco, afinal eu não dormi nada na noite passada - Fez cara de malícia que mais parecia um meme.

- Idiota – Eu dei um tapa leve com as duas mãos ainda e seu peito e o som da risada saiu pelo meu nariz, pois eu não queria soltá-la.

      Ele praticamente gargalhou diante do som escroto que havia saído de mim e negou com a cabeça também de forma engraçada. As maçãs do rosto vermelhas e os olhos um pouquinho fechados. Um resquício de barba começava a nascer nele. Ele se aproximou dando um beijo de esquimó.

- Preciso ir, linda. Obrigado pelos dias maravilhosos.

    Ele me abraçou e abaixou um pouco a cabeça, praticamente afundando o rosto entre meus cabelos. Ele sempre fazia isso dizendo que o cheiro do meu shampoo era maravilhoso. E eu amava. Então Shawn se afastou me dando um beijo na testa e me soltando de seus braços.

- Atenção no volante e quando chegar no hotel, me ligue!

- Pode deixar. Fica bem, amor! – Ele me deu um selinho antes de se afastar por completo e entrar no carro. Deu uma buzinada enquanto eu dei um breve tchau com as mãos e pude ver o carro sumir dia das luzes fracas.

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  06/JANEIRO – Los Angeles, Califórnia.

      Mais uma noite e com ela um cenário mais do que comum. Pessoas, artistas, fãs, produção, instrumentos e uma pequena correria de um lado para o outro numa constante troca de informações e ordens. Como combinado eu e Camila não havíamos ensaiado, apenas tínhamos combinado que eu não cantaria a minha parte sozinho e pularíamos logo pro final.

     O backstage se encontrava tumultuado e eu só queria cinco segundo de silêncio para poder buscar minha concentração, que parecia não estar tão longe. Fechei os olhos buscando esvair tudo da minha mente, queria apenas relaxar.

      Talvez eu tenha consigo mais. Uns dez segundos, quem sabe, então uma voz baixinha e elétrica foi inundando meus sentidos e eu abri os olhos já na direção certa e pude ver Camila se aproximar, sem olhar para mim, com um sorriso no rosto cumprimentando as pessoas em seu caminho. Em um determinado momento ela parou para conversar rapidamente com Meghan, que também estava ali.

     Conversaram, tiraram uma foto e ela se despediu por fim olhando para mim e seguindo na minha direção. Estava linda! Usava um vestido preto com detalhes brilhantes que deixavam algumas partes de seu corpo à mostra. Eu podia vê-la flutuar em câmera lenta e não esperei mais do que um abraço quando a mais velha se aproximou observando alguns fotógrafos já posicionados.

       Dito e feito. Ela me abraçou de forma carinhosa porém rápida e nem sequer tivemos tempo de trocar algumas palavras, pois já estavam me chamando para subir ao palco, mas antes, tiraram algumas fotos nossas e eu segui com os meninos da minha banda.

https://www.youtube.com/watch?v=GB-sXaqiyLA - Shawn Mendes & Camila Cabello - Stitches/IKWYDLS (Live at People's Choice Awards 2016)

*

1 MÊS E 10 DIAS DEPOIS...

      Eu senti minhas mãos soadas diante daquelas câmeras, e olha que eu ainda não estava diante delas, mas sim atrás. Dia dezesseis de fevereiro, no programa da Ellen, onde Camila se juntaria a mim para mais uma apresentação. Eu não a via desde o dia seis, pois logo depois disso ela se juntou novamente às meninas para seguir com os projetos do Fifth Harmony.

     Conversávamos por mensagens, e quando dava por Facetime ou Skype, mas basicamente eram mensagens e telefonemas. Eu evita responder sobre perguntas relacionada à ela em minhas entrevistas e pelo que podia acompanhar ela fazia a mesma coisa. Os murmúrios sobre um possível relacionamento nosso ainda rodavam, mas agora de maneira mais leve.

       Esfreguei as mãos uma na outra e virei sobre meu corpo voltando para a pequena sala de onde eu não devia ter saído, mas eu saí e só serviu para me deixar mais ansioso. Quando voltei um perfume diferente foi percebido quando eu ainda estava no corredor. Ela estava ali.

      Não deu outra.

       Abri a porta de forma tranquila e Camila, pra variar, cumprimentava os profissionais ali dentro. Ela era tão humilde quanto eu, e pensava como eu pensava. Eu me sentia profundamente... orgulhoso. Por ela, por mim e por nós.

- Aaaaa – Ela deu um pequeno grito histérico quando me viu e eu ri pela cena.

     Diante de seus saltos ela correu de forma engraçada até me abraçar apertadamente, e eu retribui praticamente esmagando-a entre meus braços. E aquela cena não tinha nada demais, digo, eram apenas dois amigos que não se viam à algum tempo se abraçando. E era verdade.

       Minha vontade era agarrá-la não como um amigo, mas diante das circunstancias apresentadas era o que eu poderia ser e a melhor coisa que eu poderia fazer. Mas eu não me sentia incomodado, muito pelo contrário, nós ainda tínhamos uma forte relação de amigos, isso fazia com que as coisas fossem muito mais fáceis e nós simplesmente não precisávamos mentir. Apenas omitir.

- Saudades Canadá. Como você está?

        Ela afrouxou o aperto sobre meu pescoço e se afastou me encarando com aqueles olhos firmes e penetrantes. Aqueles olhos castanhos que eu tanto amava.

- Bem, e você?

      As pessoas ao nosso redor pareciam se dissipar e eu pude perceber melhor os traços da latina. A pele parecia levemente mais bronzeada do que o normal, seu cabelo preso num rabo de cavalo. A roupa branca num nível hard enquanto um lenço, ou laço, ou qualquer coisa enfeitava seu pescoço descendo como uma gravatinha, mas naquela altura do campeonato não importava mais. Quer dizer, quando meus olhos foram parar em seus lábios nada importava mais.

- Hey, você vai entrar agora. – Alguém me avisou.

- Ãn? – Virei-me e ouvi Camila rir atrás de mim.

- Vamos entrar em dois minutos. Para fazer a entrevista, sabe, com a Ellen.

       Conforme a pessoa ia falando eu parecia mais atordoado, eu já disse que ficava extremamente nervoso/ansioso diante das câmeras? Pois bem, eu não estava nem conseguindo pensar direito. Assenti tragando a saliva que desceu sorrateiramente pela minha garganta seca. Oh Deus, eu odeio ficar na frente das câmeras. Pensei sentindo minhas mãos ficarem úmidas mais uma vez.

https://www.youtube.com/watch?v=iycmKgOMdKs - Shawn Mendes & Camila Cabello Perform 'I Know What You Did Last Summer

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- Isso é sério?

- Seríssimo.

- Nem dez minutos?

- Nem cinco, Camila.

         Bufei começando a ficar estressada. Após a apresentação eu já estava mais do convicta de que teria um tempo para passar com meu amigo/namorado, nada mais junto, afinal eu estava há mais de um vez sem ter contato direto com o mais novo, mas não estava sendo do jeito que eu havia planejado.

       Diante da correria minha agenda estava apertada e eu não teria mais do que cinco minutos para me despedir de Shawn.

- Roger, mas se eu não conseguir... Sabe-se lá quando vou vê-lo novamente. Vamos entrar em turnê! – Tentei reclamar e provocar uma aceitação por parte de meu empresário.

- Camila, querida... O voo está marcado para daqui há meia hora, nós realmente não temos tempo. Me desculpe! – Ajeitou os óculos sobre o rosto – Você sabe que por mim não teria problemas, não é? Mas já estão o suficientemente no teu pé, não quer dar mais motivos para reclamarem, não é?

      Realmente, as gravadoras estavam começando a fazer uma pequena pressão por conta dos caminhos tomados. Meu contrato era com o grupo e o fato de eu estar fazer outros projetos não ligados à Fifth Harmony estava começando a incomodá-los demasiadamente. Suspirei dada por vencida.

- Ok, só vou me despedir.

- Te espero aqui. Não demore!

       Voltei para sair do camarim e quando rodei a maçaneta Mendes estava entrando acompanhando de Andrew e mais alguém, que eu não soube identificar. Aquele sorriso certinho e escancarado no meio da cara.

- Vem comigo!

     Passei por ele numa velocidade assustadora, mas o mesmo me ouviu e me seguiu. Eu não tinha muito tempo para ficar escolhendo, então entrei na primeira porta que apareceu na minha frente. Ok. Escadas. Saída de emergência.

- O que foi? – Ele perguntou entrando em seguida e fechando a porta. Minhas mãos voaram sobre seus ombros enquanto minha boca chocava-se contra a sua, de forma desesperada. Eu estava com tantas saudades e nem sequer poderia mata-las, merda. Suspirei entre seus lábios e me afastei percebendo Shawn um pouco... atordoado.

- Nossa!

- Eu não vou poder ficar, me desculpe. – Ele tentou reclamar - Eu sei que a gente tinha combinado de ir jantar, mas eu não vou poder, mesmo. Perdão.

        Shawn fechou o semblante mostrando-se chateado, e ele nunca fazia isso, porém assentiu positivamente mostrando-me que apesar de não gostar ele iria entender. Ele precisava entender.

- Então eu só vou te ver...?

- Eu não sei, não quero pensar nisso – Diminui nossa distância apertando o garoto pela cintura, como se eu não quisesse o soltar. Seu semblante ainda chateado. – Não temos muito tempo, apenas... me beije, por favor. – As últimas palavras saíram arrastadas e sussurradas.

      Então a resposta veio junto com o calor de seu corpo e a saudade que emanava tanto por sua parte quanto por minha. Sabíamos que desde o início coisas assim aconteceriam, tanto para ele como para mim, afinal, nossas vidas eram de certa forma tumultuadas, então, só nos restava unicamente aceitar, respeitar e esperar.