História Predestinados - Shawmila - Para sempre.

        Dois meses depois.

        Um frio gostoso percorreu a minha espinha e eu senti minhas mãos se umidificarem por conta do nervosismo. Eu nunca tinha ficado tão ansioso daquele jeito na minha vida inteira, nem mesmo para pedir a mão dela. As coisas simplesmente estavam fluindo.

        Minha mãe parou na minha frente fitando-me com os olhos marejados enquanto arrumava perfeitamente o nó em minha gravata.

- Estou tão orgulhosa do homem que você se tornou.

- Mãe, não precisa chorar.

- Não vou. Só estou... emocionada.

        Eu sorri e ela me abraçou de forma apertada, como fazia quando eu era mais novo e chegava de minhas turnês. Por alguns segundos esqueci o real motivo de estar ali, com aquela roupa e aquelas pessoas e me deixei relaxar por alguns segundos. Um abraço aconchegante pode te tranquilizar, te levar de volta pra casa. O abraço da minha mãe naquele momento me transmitia tranquilidade, carinho e amor.  

        Meu pai entrou no quarto também de terno. Um sorriso estampado no rosto, cheio de orgulho de mim.

- E aí filho, pronto pra ser mandado pro resto da sua vida?

- Manoel! – Minha mãe o repreendeu e ele riu daquele jeito.

        Eu sorri e minha mãe segurou nos meus ombros virando-me para um grande espelho preso em uma dar portas do guarda-roupa embutido que havia ali. E o nervoso mais uma vez bateu na minha porta, escancarando a ansiedade dentro de mim e eu me lembrei de como aquilo havia se tornado real.

FLASHBACK ON

– Karla Camila Cabello Estrabão, você aceita se casar comigo e me deixar te fazer a mulher mais feliz do mundo pelo resto das nossas vidas?      

        Os olhos castanhos da garota na minha frente quase saltaram. Eu podia ver seu peito subir e descer rapidamente por debaixo do grande casaco. O vento que batia em seu rosto fazia seus cabelos voarem e se não estivéssemos naquelas circunstancias eu provavelmente estaria vendo aquela cena em câmera lenta com uma bela musica no fundo.

        Camila havia travado, simplesmente. Ela não falava e nem se mexia. As mãos sobre a boca não me deixaram ver realmente sua expressão. Será que ela estava chocada? Assustada? Com medo? Eu realmente não conseguia distinguir as reações que a garota mais velha estava tendo.

- Por favor, responde alguma coisa – Eu disse bem baixinho para que só ela ouvisse.

          As pessoas ainda estavam ao redor, assistindo aquele pedido de casamento de camarote, mas a sensação que eu tinha é de que só havia nós dois ali naquele momento, só havia nós dois no mundo. Eu estava na nossa bolha particular, e acredito que ela também.

          Os olhos castanhos piscaram fortemente e eu pude vê-la emocionada. Me tremi inteiro, da cabeça aos pés, e se não estivesse ajoelhado provavelmente estaria desfalecido. O nervosismo e a ansiedade me corroendo de dentro pra fora. Será que eu ia tomar um não na frente de todo mundo? Em plena Central Park?

        Sentimentos esganiçados e esquecidos. Postos de lado a partir do momento em que minha pequena estendeu suas mãos em minha direção passando uma das mãos pelo meu cabelo enquanto a outra me incentivava a levantar e sair daquela posição, mas eu não faria aquilo sem minha resposta.

- E então, você quer passar o resto dos seus dias ao meu lado, meu amor?

- Sim – um sorriso apossou-se de seus lábios e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha – É claro que eu quero. Eu aceito.

        Eu respirei profundamente aliviado sentindo duzentos quilos de pesos saírem dos meus ombros. Sorri na mesma intensidade com as mãos trêmulas de felicidade, nervoso... tudo misturado. Então me levantei, ficando maior do que a garota e olhando profundamente dentro de seus olhos, quase conseguindo ter a visão de sua alma. Tirei o anel delicadamente de dentro da caixinha e antes de escorregar para seu dedo anelar da mão direita olhei mais uma vez para seus olhos castanhos.

         Intenso, caloroso, afetuoso, emocionado e feliz. Escorreguei o anel por seu dedo e ela sorriu como uma criança ganhando o melhor presente da vida, colocando a língua entre os dentes. Me aproximei selando meus lábios aos seus e pude ouvir palmas e comemoração vindo de todos os lados.

        Ela sorriu entre o beijo, com a boca colada na minha e separou-se com selinhos. Pegou o anel na caixinha e colocou no meu dedo. Segurou minha mão levando-a até sua boca e depositou um beijo sobre o objeto que abria um novo caminho em nossas vidas.

- Eu te amo. Muito!

- Minha noiva.

        A palavra saiu de forma bonita da minha boca e eu fiquei emocionado, mas não me deixei chorar. Queria guardar esse momento para quando visse ela caminhando em direção ao altar. Ela passou os braços pelo meu pescoço me abraçando e meus braços envolveram sua cintura, e como pouco esforço eu tirei a garota do chão girando-a pelo ar.

FLASHBACK OFF

- E então, pronto?

        Eu respirei fundo contando mentalmente até vinte. Se contasse somente até dez não surtiria efeito nenhum e eu sabia muito bem disso, e mesmo assim minha contagem não fez muito efeito. Assenti com a cabeça me observando uma última vez no espelho.

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        Eu estava sentada enquanto a maquiadora tratava de cuidar do meu rosto. Meu cabelo já estava feito, minhas unhas já estavam prontas e o vestido separado. Eu havia passado o dia no SPA do sítio onde aconteceria o nosso casamento e a nossa festa. Nada extravagante demais, apenas famílias e amigos mais próximos. E claro, aqueles que participaram da nossa história de alguma forma.

        Eu estava nervosa, como nunca tinha ficado na vida inteira. Uma prova disso é que eu não conseguia calar a boca, toda hora soltava alguma merda sem nem perceber.

- Mila, fica quieta pelo amor de Deus.

- Desse jeito você só vai ficar pronta amanhã, Chancho.

- Oh, eu estou nervosa... o que posso fazer? Eu vou me casar! Vocês tem noção disso? Cadê a Allyson? Ela não pode se atrasar.

        Dinah, Lauren, Normani, Marielle e Sandra estavam ali comigo, porém já estavam “prontas”. Ally estava cuidando de algumas coisas que eu não soube entender direito o que era.

- A Ally já está chegando, mas quem vai se casar aqui é você. Fica calma, garota!

- Está parecendo uma virgem que vai transar pela primeira vez – Dinah resmungou e rapidamente bateu os olhos em minha mãe – Oh, desculpe-me Mama.

        Ela sorriu completamente sem graça enquanto minha mãe tinha o olhar fixado em mim. Os olhos mais brilhantes do que nunca, então a maquiagem havia ficado pronta e eu só precisava entrar no vestido, escolhido depois de muitas provas.

*

- Oh meu Deus... Camila, você está linda.

        Dinah disse embasbacada e sorridente ao mesmo tempo. As outras meninas, e principalmente minha Mama, me olhavam emocionadas. Girei sobre meu próprio corpo vendo meu reflexo no espelho e meu coração começou a bater desesperadamente dentro do meu peito. Uma sensação muito boa passou por mim, indo do topo da minha cabeça até a ponta dos dedos dos meus pés e eu sorri diante da minha própria imagem.

        Sem que eu controlasse um sorriso gigante caiu sobre meus lábios. Três batidas na porta e meu pai apenas colocou metade do rosto para dentro.

- Kaki... – ficou mudo.

- E então, como estou?

        No mesmo momento em que perguntei pude vê-lo entrar completamente no quarto, fechando a porta atrás de si e ir caminhando lentamente em minha direção. Ele depositou um beijo na minha testa e se afastou deixando com que uma lágrima solitária escorresse por seu rosto, mas tratou de limpa-la rapidamente.

- Olhe só para você... Está parecendo uma princesa. E eu estou tão... Você está maravilhosa, minha filha!

        Meu pai era meu porto seguro. Era ele que me ajudava a levantar quando eu caía, ele que me protegia e cuidava de mim. Ele brigaria com o mundo inteiro simplesmente para me fazer feliz. O amor que eu sentia por ele, assim como sentia por Mama e Sofia era imensurável.

- Então... Acho que agora é o grande momento.

        Esperado pelo grande dia, estávamos ali... Eu estava ali, pronta pra iniciar uma nova fase na minha vida. Assenti com a cabeça tentando controlar minha respiração, começando a ficar nervosa mais uma vez e meu pai segurou fortemente minhas mãos, me dando o suporte que eu precisava.

       Sorriu apaziguando meus sentimentos, meus pensamentos e puxou-me consigo para atravessar aquela porta.

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- Ei cara, fica calmo. Desse jeito parece que você vai furar o chão.

        Andrew tentou me tranquilizar. Como trabalhamos muitos anos juntos ele havia se tornado parte da minha família, e além de meu empresário era o meu melhor amigo. Estava sempre ao meu lado e havia acompanhado minha história com Camila desde o começo, dando um incentivo sempre que possível.

- Ela está atrasada – Esfreguei as mãos.

- As noivas sempre atrasam. Relaxe ou você vai desmaiar aqui daqui a pouco.

       Respirei fundo observando os convidados já em seus lugares para o início da cerimônia. Eu ainda não estava no altar, pois Camila não havia chego. Quando ela chegasse eu entraria com minha mãe, depois os padrinhos e madrinhas e por fim... a noiva.

- Ela chegou! – meu pai se aproximou parecendo mais nervoso do que eu – Ela está linda meu filho. Você é um garoto de sorte.

- Vamos começar – um dos responsáveis pelas coisas do casamento se aproximou.

        O casamento não era algo grande que rodava em torno de milhões de dólares, como alguns famosos faziam. Ali presentes estavam apenas os familiares, os amigos e aqueles que haviam participado da nossa história de alguma maneira. Escolhemos fazer tudo em um belo sítio. A cerimonia e a festa.

        O lugar, escolhido por Camila, era lindo. No meio de um jardim com um belo lago e uma cascata ao fundo. Pequenas lâmpadas, acesas de forma fraca, pairavam entre as árvores e havia flores por todos os lugares. Havia toda uma produção para que tudo ficasse perfeito. Ao lado do local onde ocorreria a cerimônia havia um lugar onde alguns músicos seguravam seus instrumentos – um piano, um violão, três violinos, onde tocariam as músicas.

        Num piscar de olhos eu já estava com o braço enroscado ao da minha mãe e estávamos caminhando com todos os olhares sobre a gente. Uma música calma tocava no fundo, mas a única coisa que eu não estava naquele momento era calmo. Eu sorria sentindo meus lábios tremerem de nervoso. Logo depois entraram os padrinhos e madrinhas, com a mesma música. Eu respirei profundamente quando vi que, finalmente só faltava a noiva. Aguardei a marcha nupcial, mas fui surpreendido quando os músicos começaram.

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        De repente o mundo parou.

        Camila estava bem ali, parada a alguns metros de mim, segurando um buquê de flores com uma mão e com o braço entrelaçado ao de seu pai, Alejandro. Ela estava incrivelmente linda.

        Aquele sorriso que eu tanto amava estampado graciosamente sobre seus lábios. Eu senti meu coração errar algumas batidas e então tornar-se a ficar acelerado. Um líquido quente preencheu o meu peito e eu senti uma vontade enorme de chorar de felicidade. Quando seu olhar castanho se fez de encontro ao meu eu sorri tanto quanto ela e vi tudo em câmera lenta. As pessoas ao meu redor se dissiparam e a única coisa que eu conseguia enxergar era a minha noiva, mulher da minha vida, caminhando na minha direção.

E ali, naquele instante eu percebi que aquilo era o meu sonho. Ter ela pra sempre comigo, ao meu lado. E então eu vi que estava fazendo a coisa mais certa de toda a minha vida.

        Os momentos começaram a chegar até a minha cabeça, os flashes de todos os momentos que eu havia passado com a garota, bons e ruins. Todas as entrevistas, todas as apresentações, tudo. Eu conseguia me lembrar perfeitamente da primeira troca de olhares, da primeira troca de palavras e dos sorrisos. Era impossível esquecer o primeiro beijo e a primeira vez que nos permitimos sermos uma só pessoa.

        A conexão que existia entre a gente. A ligação entre dois amigos que se apaixonaram perdidamente um pelo outro e apesar de muitos tombos ainda permaneciam juntos, mas o sorriso não saia da minha cara e meu coração sacodia desesperadamente dentro de mim. Minhas mãos trêmulas e minha garganta seca.

        Eu vi então que queria passar pra sempre o resto da minha vida ao lado da latina. Acordar ao seu lado e a observar por horas a fio dormir, o que fazia com que meu coração se sentisse vivo. Velar pelo seu sono durante a noite. Vê-la usando uma das minhas roupas depois de nos amarmos intensamente.

        Eu só queria poder chegar em casa, depois de um dia cansativo no trabalho e enchê-la de beijos. Levar café da manhã na cama e planejar um passeio em família no final de semana. Antes de dormir ir no quarto das crianças e contar uma história para que pudessem dormir, a história de como eu havia me apaixonado pela mãe delas.

       Leva-los ao parque, ao estádio de futebol, ensina-los a andar de bicicleta e acoberta-los das besteiras que fizessem, porque, provavelmente eu seria o pai puxa saco e Camila seria a mãe que briga. Ela iria brigar comigo, por fazer a vontade das crianças e eu diria algo como “amor, não foi nada demais, elas só querem se divertir um pouco” ela então iria rir do meu jeito bobo, me beijaria e terminaríamos fazendo amor.

        Quando me dei por si ela estava ali, bem na minha frente. Os olhos brilhantes e marejados e ela tentava manter sua respiração controlada. Alejandro se aproximou, beijando-lhe a testa e se dirigiu até mim.

- Estou lhe entregando tudo que tenho de mais sagrado. Cuide bem da minha menina!

        Apertei fortemente sua mão antes de segurar as mãos de Camila, levemente trêmulas. Alejandro foi para o lado de Sinu e eu me aproximei beijando o rosto da latina.

- Você está linda.

        Ela sorriu daquele jeito e demos início à cerimonia. Eu prestava atenção em tudo, sem soltar um instante sequer da mão de Camila e sempre que possível eu olhava e sua direção e percebia que a garota tinha os olhos cravados em mim da mesma maneira. Então chegou a hora dos votos, e eu começaria. Tinha os votos tradicionais, mas eu havia preparado algo exatamente para ela.

         Mas antes de tudo, Zav, com seus dois aninhos desfilou pelo tapete trazendo consigo as alianças. A cena mais fofa do mundo. Ally e Troy haviam terminado, mas tempos depois voltaram e após três anos ela havia dado luz ao Zav, o pequeno membro da família Fifth Harmony.

        Ele parou na nossa frente e eu soltei a mão de Camila para pega-lo no colo. Depositei um beijo em seu rosto e Camila do outro lado, coloquei o pequeno no chão que correu para os braços de seus avós, já que Ally estava como madrinha. A baixinha assistia a cena completamente emocionada, debruçando-se em lágrimas.

        Segurando a caixinha em mãos tirei a primeira aliança, com as nossas iniciais e a data do casamento gravadas no interior da mesma. Uma mão segurando as mãos de Camila enquanto com a outra segurei a aliança com minhas mãos trêmulas.

- Camila, meu amor, hoje iniciaremos uma nova vida juntos e, de agora em diante, estarei ao seu lado para confortá-la nos momentos de angústia e dividir com você os momentos felizes. Me comprometo a manter este sorriso no seu rosto por todos os dias de sua vida. E depois de três anos e meio juntos, você ainda me faz contar cada minuto esperando você chegar. Eu, Shawn Peter Raul Mendes, te recebo Karla Camila Cabello Estrabão, como minha esposa e te prometo ser fiel, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe.

        Escorreguei a aliança por seu dedo anelar da mão esquerda. Ela sorriu docemente com os olhos marejados. Ainda segurando sua mão, a levantei um pouco depositando um beijo ali. Dessa vez suas mãos trêmulas seguraram a caixinha e ela retirou a outra aliança.

- Shawn, amor... Eu vejo esses votos não como promessas, mas como privilégios. De agora em diante eu vou poder rir e chorar com você, cuidar de você e compartilhar tudo com você. Começar uma nova etapa da vida com você ao meu lado. Você que é a pessoa por quem o meu coração bate mais forte, dono do sorriso que ilumina o meu dia, você que eu amo hoje e vou amar pra sempre. Eu, Karla Camila Cabello Estrabão, te recebo Shawn Peter Raul Mendes, como meu marido e te prometo ser fiel, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe.

        Escorregou a aliança no meu dedo anelar da mão esquerda e eu sorri me tremendo de felicidade. O celebrante disse mais algumas palavras e por fim decretou.

- Pode beijar a noiva.

       Escutei uma comemoração discreta vindo dos padrinhos e madrinhas e quis rir. Camila pareceu escutar também, mas não se importou. Ficamos um de frente para o outro nos olhando fixamente. Minha mulher, minha esposa. Depositei uma mão em sua cintura e a outra em seu rosto e me aproximei selando nossos lábios num beijo singelo.

        Palmas e comemorações se fizeram presentes e ela se afastou rindo, daquele jeito maravilhoso. Eu fiz uma pequena comemoração com as mãos no que resultou em algumas risadas, então o celebrante encerrou a cerimônia nos parabenizando e nos abençoando. Saímos recebendo chuvas de arroz e os padrinhos vieram logo atrás, agora seria a hora da comemoração.

Enfim casados.