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História Predestinados - Preto


Escrita por: Yume-ni

Notas do Autor


Oooooi
Então
Eu vou só jogar a bomba e deixar vcs se recuperarem. Adeux.

Capítulo 2 - Preto


Kyungsoo não conseguia enxergar nada a sua volta, tudo estava embaçado e os sons pareciam estranhos aos seus ouvidos. Todo o seu corpo fervia, queimava pelo desejo não saciado.

Alfa.

Alfa.

Alfa.

Alfa.

Alfa.

Em sua mente a petição ecoava e sua voz arranhada e sôfrega mal era escutada no quarto. O alfa não viria. Ele não iria satisfazer seu ômega. Kyungsoo chorou mais uma vez naqueles catorze dias de cio. Normalmente o cio de um ômega dura uma semana, mas se ele não tem um alfa o período de cio vai se estendendo até no máximo vinte dias, variando de ômega para ômega. 

No caso de Kyungsoo, já havia chego a quase 28 dias de cio. Por algum motivo desconhecido, Jaejoong sempre tinha algum trabalho importante, viagem de negócios, reuniões, deixando o esposo sozinho nos ciclos torturantes do período fértil. Algumas vezes ele aparecia nos últimos dias, saciando a sede do ômega por sexo, dando seu nó e se aproveitando do insano ômega que implorava por ele.

Era assim que ele gostava.

Gostava de ver Kyungsoo implorar por ele.

No fim de tudo, o lobo de Kyungsoo sempre terminava ferido, sentindo-se um ômega rejeitado e inútil para seu esposo que nem no seu período fértil se sentia atraído pelo seu cheiro. Quando o cio finalmente acabava, ele chorava no quarto, nu e sujo, no escuro do quarto expunha sua dor em um choro doloroso e sofrido. Jaejoong, no quarto ao lado, fingia não escutar.

Kyungsoo finalmente se ergueu da cama e foi até o banheiro. Encheu a banheira e colocou alguns sais para poder relaxar. Entrar na água foi um pouco dolorido, sua entrada estava sensível e dilatada e seu sexo ainda rígido. Um pouco febril e mole, mergulhou o corpo até os ombros na água e ali ficou por algumas horas.

Parou um pouco para pensar sobre sua vida até ali. Quais eram os seus desejos? Algum dia teve sonhos? Kyungsoo não se lembrava de algum momento em sua vida ter feito algo para ele mesmo, ter se esforçado por alguém que não fosse Jaejoong. Porque será que seus pais o haviam abandonado? 

A pergunta queimava em sua mente desde que passou a entender melhor as coisas a sua volta. Eles tiveram vergonha de ter um filho ômega? Se pegou pensando se tinha um irmão. Será que era Beta ou era Alfa? Kyungsoo riu, pensando em como seria ter um irmão alfa. Ele seria protetor? Ciumento? Ou o desprezaria?

O ômega saiu da água finalmente, quando percebeu seus dedos enrugados. Eram tantas perguntas. Tantas que não tinha coragem de as exprimir para o alfa. Tinha medo de ser castigado. Ele sabia que Jaejoong odiava suas perguntas, havia aprendido isso muito cedo. Ele se vestiu devagar com suas roupas escuras habituais e caminhou calmamente até a cozinha. Já havia anoitecido. Olhou para o relógio em cima da geladeira e já passava das oito horas da noite. Estava tudo um caos. Jaejoong deixava toda a bagunça que fazia para o esposo ajeitar ao fim de seu cio. Kyungsoo sempre se perguntava como ele tinha tempo de sujar tudo aquilo e nunca satisfazer seu ômega.

Ele fechou os olhos e tentou afastar tais pensamentos. Era errado. Seu alfa sabia o que fazia. Ele apenas pensava no melhor para os dois. Kyungsoo tentava se convencer disso. Balançou a cabeça quando ouviu no recôndito de sua mente seu lobo sussurrar.

O alfa, mente.

O alfa, mente.

O alfa, mente.

Companheiro.

Fuja.

Kyungsoo gemeu de dor e segurou a cabeça com as duas mãos. Ele não parava. Ele não parava de sussurrar para fugir. A marca em seu ombro queimou e ele gritou caindo na entrada da cozinha. Sua mente estava uma bagunça, os sussurros do lobo, os ensinamentos de Jaejoong. Tudo tomou sua mente com força fazendo com que não conseguisse mais tomar controle de si mesmo. Agora quem comandava era o lobo. Ele via tudo pelo olhar dele.

No ombro de Kyungsoo não havia mais marca. Com os olhos vermelhos, o lobo se levantou e correu até a porta para sair da casa. Era sua chance. Anos sendo subjugado por um alfa estranho que dizia ser seu companheiro, mas ele sabia que não era seu companheiro coisa nenhuma. A marca inibia suas forças e sua comunicação com seu lado humano, o que permitiu ser enganado por tanto tempo. Ele tinha apenas doze anos quando a primeira marca foi colocada, antes que a ligação ômega e lobo fosse consolidada. Antes do primeiro cio. Os períodos pós-cio sempre foram os momentos mais propícios para que o lobo se manifestasse, mas durante todos esses anos ele se manteve recluso, buscando forças para fugir.

Havia finalmente chegado o momento certo.

A presença de Jaejoong estava distante, já que estava viajando. A marca estava fraca, fazia quase um mês desde que ela havia sido renovada, e Kyungsoo estava finalmente questionando as ações do alfa. O lobo regozijou animado ao se ver fora da casa. Seus pés estavam descalços, mas ele não se importava com isso, não se importava com nada. Estava livre. Finalmente livre. Ele girou os pés no asfalto frio, rindo e uivando de alegria.

O ar frio da noite passou por ele, deixando-o extasiado pela sensação de liberdade, de desprendimento. Caminhou pela calçada sem se importar com os olhares questionadores dos transeuntes. Ômegas afastavam seus filhotes da presença daquele Lycan estranho, alfas cheiravam em busca de algum sinal de marca. Kyungsoo apenas rosnava para eles mostrando seus olhos vermelhos alertando que ele não aceitaria uma aproximação. Os betas apenas o fitavam curiosos, para logo depois voltarem a seus afazeres. 

Repassou as memórias, tentando encontrar algum amigo de Kyungsoo que, talvez, pudesse ajuda-lo.

Byun Baekhyun.

O nome lhe veio instantaneamente.

O beta de conversa agradável e educado com quem ele vinha se encontrando nos últimos meses. Eram amigos! O lobo começou a correr, perseguindo o cheiro da colônia para ômegas que o beta usava. Não parou para se perguntar se ele iria o acolher, se era certo ou qualquer coisa do tipo, apenas queria um lugar para dormir e pedir algum dinheiro para sair da cidade. Ficar próximo ao território de Jaejoong era perigoso demais.

 

 

 

 

 

 

Baekhyun estava no meio de uma foda muito louca. Luhan estava em cima dele pronto para consumar o ato, cheios de luxúria, se beijavam afoitos e desejosos para terminar logo com aquilo. Até que a campainha tocou. Nenhum dos dois pareceu disposto a parar o que estava fazendo, eram mestres em ignorar intrusos e inconvenientes apertadores de campainha. 

O problema começou quando o som irritante não parou de tocar. O intervalo entre cada toque era apenas de alguns segundos. Baekhyun grunhiu irritado, tirando Luhan de cima de si. O alfa rosnou irritado e pulou da cama, vestindo uma cueca qualquer e apressadamente foi atender a porta e espantar quem quer que estivesse interrompendo seu momento com Baekhyun.

— Baek! – Gritou – É melhor você vir aqui ver isso.

Baekhyun franziu o cenho sem entender. O que era complicado demais que Luhan não pudesse resolver sozinho? Vestiu uma camiseta e uma cueca, andou ainda desconfortável com os resquícios de lubrificante e esperma do alfa em sua pele.

Quando chegou na entrada do apartamento, se assustou ao encontrar Kyungsoo recostado na parede do corredor rosnando para Luhan, os olhos vermelhos denunciavam que não era o costumeiro ômega que estava ali, mas seu lobo.

— Calma, Soo. – Ele se aproximou com cautela – Sou eu, o Baek. Lembra? – Os olhos vermelhos de Kyungsoo se puseram sob o beta. Ele o encarou por alguns minutos antes de correr até Baekhyun usando o corpo dele como escudo contra o alfa. Luhan ergueu uma sobrancelha, ainda confuso com as atitudes do ômega. Normalmente eles buscavam um alfa para proteção e ignoravam betas, ainda mais seus lobos.

— Eu não acho que você precise de mim, afinal com essas presas, Luhan já parecia bem impressionado, não é Lu? – Luhan bufou irritado com a voz cheia de escarnio do amigo.

— Eu só achei que o lobinho ficaria mais confortável se você aparecesse. – Se jogou no sofá, analisando Kyungsoo que se encolheu a poltrona aonde Baekhyun o havia conduzido. Os pés dele estavam descalços e sujos, a calça moletom tinha as barras sujas de lama e a camisa negra do ômega parecia molhada de suor. Por quanto tempo ele havia corrido até ali? – Ele parece ameaçado com a minha presença.

Baekhyun, que havia ido até a cozinha – separada da sala pelo balcão – volveu os olhos até Kyungsoo, intrigado. Ele realmente parecia não querer Luhan ali. Ficava rosnando baixinho para o alfa, encolhido na poltrona. O estado do ômega era bem diferente dos usuais encontros dos dois. Kyungsoo vivia se orgulhando de ser um ômega organizado e limpo. Ele odiava desorganização, andar descalço, ficar suado ou se sentir sujo de qualquer maneira. Aquele lobo com certeza não se parecia nem um pouco com ele.

— Tome, Soo. É chocolate quente. – Baekhyun ofereceu a caneca com a bebida. Kyungsoo aceitou com um sorriso agradecido e tratou de beber em pequenos goles, para não se queimar. – Depois você deve ir tomar um banho, acho que minhas roupas devem servir em você.

Ele apenas assentiu. Luhan decidiu fingir que nada daquilo estava acontecendo e voltou para o quarto para tomar um banho. Estava para ter uma ereção ao ficar observando Baekhyun andar pela cozinha com as pernas de fora. Depois de se limpar, vestiu-se para sair. Quando chegou até a cozinha para se despedir de Baekhyun, não o encontrou.

 Ele pode escutar o beta e o ômega no banheiro. Baek estava tentando dar banho em Kyungsoo. Por algum motivo, o lobo se recusava a deixar sua parte humana voltar. Ele apenas grunhia e balançava a cabeça indicando que ainda não era o momento certo. O ruim de tudo isso é que o lobo não estava acostumado a comandar o corpo, o que obrigou Baekhyun a ajuda-lo em tarefas simples como se despir. Ele ligou o chuveiro indicando para que o jovem lobo fizesse tudo sozinho a partir dali. Ouviu a porta do apartamento bater, indicando que Luhan havia ido embora irritado. O beta apenas balançou a cabeça e voltou a vigiar Kyungsoo.

— Não, Soo. Não ponha o pote de sabonete na boca!

 

 

 

 

 

 

Kyungsoo estava aconchegado na cama de Baekhyun, enquanto ele tomava banho. Ele podia sentir o cheiro de resquícios de sexo na cama, mesmo depois dos lençóis trocados. O beta não parecia irritado com Kyungsoo por ter sido interrompido. Na verdade, ele apenas parecia preocupado e confuso.

O lobo sabia que uma hora ou outra, devia dar as cordas para o lado humano, era o certo a se fazer, mas ele sabia o quanto o ômega estava machucado. Dentro de si, estava quebrado, perdido, angustiado ao saber que havia sido traído. Havia sido traído por aquele em quem havia depositado toda a sua confiança desde jovem. Esperaria até a manhã seguinte para lhe dar as rédeas novamente. O ômega precisava daquela noite para descansar do cio não satisfeito e da dor da traição.

— Você ainda não deixou ele voltar, hein lobinho? – Kyungsoo se assustou com a voz repreensiva do beta que vinha do banheiro já vestido adequadamente para dormir. – O que aconteceu para que tomasse uma medida tão drástica? – O lobo ganiu como se pedisse para adiar a conversa. Baekhyun riu e deitou-se na cama, logo sendo abraçado por Kyungsoo. O jovem lobo esfregou o rosto no peito de Baekhyun e grunhiu satisfeito por finalmente se sentir mais seguro.

— Ok, se é assim que você quer. Mas amanhã você não me escapa, ouviu Soo?  – Alertou. Baekhyun riu ao perceber que ele já havia dormido e tratou de tentar descansar também. Já sabia que o dia seguinte seria bem corrido. 


Notas Finais


~ Foge das pedras


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