História Predestinados - Chocolate

Kim Jongin estava acostumado com os holofotes e a fama. Aos quinze anos, entrou no mundo da moda por indicação de Lu Han e rapidamente alcançou um status favorável a seu irmão mais velho, que parou de o importunar com pretendentes. Rico, jovem e bonito, o jovem Kim tinha tudo o que qualquer um poderia querer. Alfas aos seus pés, todos os seus desejos saciados. Bom... pelo menos quase todos.

Desde muito jovem ele adquiriu uma admiração e paixão platônica por seu tutor no mundo da moda. Jongin amava vê-lo falar, se movimentar, costurar. Amava seu cheiro e o jeito que ele o tratava constantemente. Como se Jongin não fosse apenas um pedaço de carne pronto para ser jogado na passarela – como muitos agentes o viam –, ou como apenas uma peça no tabuleiro dos negócios – como seu irmão.

Quando Lu Han olhava para Jongin, ele via apenas um dos garotos mais bonitos, alegres e espontâneos onde já havia posto os olhos e ele fazia questão de lhe repetir isso constantemente. Era quase como se o maior prazer de Lu Han fosse ver Jongin com as bochechas vermelhas e desconcertado com elogios, como sempre.

Kim Jongin estava acostumado com os holofotes e a fama, mas nem por isso deixaria de ser o garoto doce e inocente que sempre foi.

Lu Han fazia questão de garantir isso.

Jongin desceu as escadas do primeiro andar de seu apartamento de maneira afobada, dando pulinhos animados na direção de seu Hyung favorito no meio da sala. Quando ouviu o porteiro falando da visita inesperada do estilista, Jongin sentiu o coração acelerar rapidamente e quase esqueceu de autorizar a subida dele.

— Lu-Hyung! – Abraçou o alfa com força, aspirando o cheiro cítrico dele. – Que surpresa agradável! O que faz aqui? 

— Não posso sentir sua falta, baixinho? – Luhan sorriu, pegando o jovem ômega no colo. – E também trouxe alguns presentes. – E ergueu uma sacolinha de chocolateria, cheia de trufas de vários sabores. 

  Jongin pegou a sacolinha das mãos de Luhan com animação, enquanto o alfa sentava no sofá com ele ainda em seu colo. O modelo pegou uma das trufas e comeu de uma vez, inflando as bochechas de satisfação. Devido a sua dieta, eram poucas as vezes em que se dava ao prazer de saborear um bom e velho chocolate. Melhor ainda quando era seu Lu-Hyung que o trazia. 

— Lu-Hyung, você nunca veio tão tarde até a minha casa. Aconteceu alguma coisa? – Luhan respirou fundo e apertou o corpo de Jongin contra o seu.

— Eu não queria dormir sozinho hoje, Kai. – Murmurou contra os cabelos castanhos de seu Dongsaeng. – Posso dormir com você? 

— Claro, Hyung! – Jongin sorriu de maneira infantil, mostrando fileiras de dentes branquinho. Lu Han se sentiu aliviado por não ter sido rejeitado e continuou a acariciar os cabelos de Jongin enquanto ele comia suas trufas com paixão. Era totalmente contra a esses absurdos moldes impossíveis que o mundo da moda exigia. Por isso sempre escolhia seus modelos a dedo e aquelas criaturas esqueléticas que vivem a base de alface e água estavam sempre fora.

Quando deitou ao lado de Jongin durante a madrugada, sentiu finalmente que teria uma noite boa de sono, como nunca tinha ao lado de ninguém. Muito menos de Baekhyun.

Às vezes Kyungsoo gostava de fechar bem os olhos e desenterrar lembranças que havia guardado no lugar mais profundo de si mesmo. Eram lembranças simples, como a do seu primeiro sorvete ou de pegar conchas na beira do oceano. Sua favorita era a de seu primeiro presente de aniversário.

Tinha visto o boneco em uma vitrine enquanto andava com Jaejoong por Hongdae. Seus olhinhos infantis brilharam com o desejo de ter aquele regalo e ele apenas fez um bico pedinte ao seu Hyung, que apenas ignorou e o puxou para que continuassem a seguir seu caminho. Quando chegou em casa havia uma caixa em seu criado mudo, colorida e com os adesivos da loja por onde haviam passado. Kyungsoo desfez o embrulho com cuidado e ficou maravilhado ao encontrar o boneco que havia desejado há algumas horas ali dentro.

Kyungsoo mantinha aquele presente guardado em seu quarto, assim como a lembrança em sua mente, de tempos que antes julgava felizes.

“Eu lhe dei um presente Kyungsoo-ah, agora deve me retribuir”.

O ômega acordou, confuso e com os olhos já rasos de lágrimas. As lembranças do dia anterior o sufocavam e ele podia ouvir a voz de seu lobo sussurrando um pedido de desculpas, sendo que ele não era o culpado. Kyungsoo esfregou o rosto com as mãos, tentando prender seus soluços. Deuses! Nem sabia quem era o dono da cama onde estava!

— Oh, está acordado! – Kyungsoo se assustou ao ver Baekhyun entrando no quarto, usando uma camiseta larga e mais nada. – Está tudo bem, Soo? Por que está chorando? – O beta subiu na cama, tocando o rosto de Kyungsoo e secando suas lágrimas. – Vai me contar agora o que houve?

— Baek, eu... – soluçou – Eu... Ele... Jae...

— Ei. Está tudo bem querido, pode chorar no meu ombro por hora, hm? – Kyungsoo sentiu Baekhyun apertar sua mão com seus dedos e o ômega se entregou à tristeza, encostando a testa no ombro do amigo e molhando a camisa dele com suas lágrimas.

Chanyeol rosnou irritado diante da face do Alfa mais velho. Seus dedos apertam o colarinho dele com força, enquanto suas presas despontavam prontas para rasgar o rosto de seu oponente. A raiva que o tomou naquele momento era indescritível.

— Eu juro! Ele ainda é seu! Senhor Park, por favor! – O alfa implorou pela vida ao perceber o lobo de Chanyeol se manifestando. 

— De que forma espera que eu me aproxime do meu ômega, se ele nem se lembra de mim? – Chanyeol jogou o alfa contra a mesa, a partindo no meio, então uivou irado. – Eu passo alguns anos fora e você faz uma merda dessas?!

— Eu não sabia que voltaria, Senhor Park... - o lycan gemeu de dor se arrastando para longe de seu agressor. 

— É claro que você pensou. Você pensou que tinha se livrado de mim, não é? Pensou que casaria meu ômega com algum Alfa nojento por pura mesquinharia, não é? Achou que eu deixaria isso acontecer?! Agora olhe para você, Kim Jongdae. CEO de uma das maiores empresas de Telemarketing da Coréia, quase lambendo os pés do "filho da empregada". – Chanyeol disse com sarcasmo. Era realmente um pouco divertido ver a cara de pânico do último Alfa dos Kim. – Você vai encontrar um jeito de reverter isso, está me entendendo? Eu quero soluções, Kim! O casamento vai ser adiado até você resolver isso! – Disse, enquanto se dirigia para fora do escritório na mansão dos Kim –  Ou não vou deixar isso barato. – E bateu a porta com força, deixando Jongdae desesperado para trás. 

 — Merda!