História Preencha o vazio ( Reescrevendo) - Tsunami de sensações

O tempo fechava cada vez mais.

Se olhasse com atenção, ao longe, poderia se ver resquícios de raios iluminado o céu noturno, as nuvens aderiram uma tonalidade agressiva e o vento ficava progressivamente mais forte, as poucas árvores daquela rua tinham os seus galhos curvados bruscamente pelos vento deixando assim algumas folhas ainda verdes serem arrancadas e levadas para Deus sabe aonde, tudo isso era em si indícios claros de uma aproximada tempestade.

Entretanto, dentro daquele pequeno comodo, na casa do nosso adorado loiro, a futura tempestade não era nem ao menos notada, a temperatura que antes parecia ser capaz de derreter corações, agora, fazia o nosso amado protagonista suar frio.

O som dos passos da inocente Sarada se aproximava daquele minúsculo cômodo, esse no qual o nosso casal favorito havia acabado de fazer coisas promíscuas, eles mal haviam se recuperado quando ouviram o som dos seus pequenos pés indo de encontro com o assoalho de madeira que liberava suaves rangidos, sendo esse acompanhado pelo murmurar de uma música infantil, consequentemente deixando, para o casal, o clima muito mais assustador e tenso do que deveria ser.

Eles trocaram olhares, neles havia um significado indecifrável para qualquer um que olhasse, menos para os donos do mesmo.

Era como uma conversa muda, magnética, única, somente para eles dois, se o momento não fosse tão tenso, poderia até mesmo ser poético.

Mas infelizmente, pela atual circunstância em que eles se encontravam, foram forçados a afastar qualquer pensamento ou pergunta que não fosse um modo de sair dessa enrascada que atualmente se meteram.

Após chegar a uma conclusão, sem palavras os dois "amantes", simultaneamente se moveram e em total harmônia, quase como se em um primitivo instinto de sobrevivência, botaram o plano em prática, internamente rezando para que desse certo.

A Sarada já estava cansada, andava mais lentamente que o normal, quase arrastado, de pouco em pouco tempo soltava um discreto bocejo, estava um pouco aborrecida, para ela aquela brincadeira já havia perdido a graça a deveras tempo, dessa vez os responsáveis por ela esconderam-se no lugar mais distante do pique, e como uma garota legitimamente cautelosa, até demais para a sua idade, ela procurou em cada canto que possivelmente pudesse haver um corpo escondido, e não eram poucos.

Mas depois de um tempo, ela simplesmente se cansou e decidiu ser um pouco mais rápida, punido-se internamente por ter alongado tanto a contagem, agora, faltava somente um cômodo da casa.

Enquanto andava, para dissipar com um pouco do tédio e do sono, ela passou a cantarolar uma musiquinha infantil qualquer, pouco se importando se os seus "alvos" fossem ouvir, já havia decidido acabar com aquela brincadeira de qualquer modo.

Encontrava-se no momento, a poucos metros da lavanderia, quando subitamente ouviu o som de algo batendo, acelerou o passo, determinada a acabar com aquilo tudo o mais rápido possível, adentrou a lavanderia e sem nem ao menos olhar ao redor, foi em direção daquela porta de madeira que se encontrava discretamente em um canto oposto a entrada, de onde o som de batida residia agora acompanhado por um sútil gemido.

Apressadamente ela se aproximou da porta, e sem nem ao menos hesitar, agarrou a maçaneta abrindo a porta abruptamente arregalando os olhos como a visão.

- mas o que? O que vocês estão fazendo?- a voz infantil da pequena atraiu a atenção dos dois seres lá dentro.

O moreno abriu um sorriso envergonhado enquanto soltava o Naruto.

_ era esse o plano de vocês? Pular a janela?- a pequena pediu em um tom estranhamente irônico para a sua idade - achei que você fosse um pouco mais inteligente Suke- ela se dirigiu ao irmão que ficou um pouco corado pela menção de sua inteligência, principalmente vindo de uma criança que não tinha nem ao menos metade da sua idade, mas no fundo ele agradecia pela irmã não ter notado o estado bagunçado dos dois indivíduos e nem a coloração suspeita de suas peles.

Soltando um discreto suspiro o loiro agradeçeu mentalmente pela ingenuidade da pequena, trocou um rápido olhar como o rapaz ao seu lado e riu envergonhado com a mão atrás da nuca, inconscientemente se afastando um pouco mais do outro, já seguindo em direção a porta, precisava, não, necessitava urgentemente sair daquele quarto, queria correr o menor risco possível de ser atacado pelas lembranças do recém ocorrido.

Enquanto andava para fora do cômodo, jogava qualquer desculpa para a " ideia " de pular a janela, enquanto ao mesmo tempo bajulava a pequena falando que ela era muito inteligente e a melhor jogadora de esconder, tentando o máximo para que ela esqueça de reparar no ambiente ou no estado em que os dois se encontravam, estado esse que era muito suspeito.

Entretanto o nosso loirinho subestimou a capacidade de observação da nossa pequena gêniazinha.

_ porque está andando tão estranho Suke? Se machucou?- a pequena pediu inocente, sem perceber a tensão que se instalou entra os dois adolescentes.

Naruto não sabia se ria ou chorava, se ria pelo estado que o outro se encontrava, ou se chorava pela perspicácia da pequena, claro, mesmo tentando se controlar não pode deixar de desviar, por um momento, o olhar para o meio das pernas do moreno, constando o claro volume que havia alí, sendo esse disfarçado pelas mãos do mesmo que se encontravam no bolso da calça preta de moletom.

Também não pode evitar de ficar corado, envergonhado e até mesmo minimamente exitado, quando a sua mente parou de colaborar e a sua imaginação correu solta por caminhos completamente impróprios.

Travou alguns segundos observando o local fixamente, até ouvir o moreno limpar a garganta, trazendo-o de volta a realidade lembrando-o da sua atual situação.

Virou o rosto por alguns segundos envergonhado antes de voltar o olhar, dessa vez para o rosto do moreno, esperando a sua resposta.

_ há, isso é culpa do Dobe ser tão pesado que quando fui levantar ele para sair pela janela acabei por causar uma leve torção no meu tornozelo, mas não se preocupe baixinha que logo a dor passa- ele respondeu a pequena entretanto não desviou o olhar do outro em momento algum, e quando frisou de quem era a culpa, adorou o tom avermelhado que as bochechas do loiro tomaram para si quando apercebeu-se do duplo sentido contido na frase, não podia negar que amava fazer o outro morrer de vergonha, principalmente suas reações inusitadas quando se encontrava em tal estado nunca deixando de surpreender.

Naruto não pode deixar de se sentir...bem ele não entendia direito o que sentia, não sabia descrever a sensação que ele teve ao perceber que ele pode causar tal reação no Teme, que ele o desajeitado Naruto fez o normalmente frio e indiferente Sasuke perder o controle.

Podia traduzir o seu sentimento em talvez uma mistura entre orgulho de si mesmo, desejo, curiosidade para saber até que ponto o Uchiha podia aguentar antes de se entregar para si , felicidade, e também um pouco de receio e medo, medo de estar enganado ou de ser somente uma distração, medo de ser somente uma brincadeira de mau gosto do moreno, medo de si mesmo, de não entender esses sentimentos, essas sensações que mesmo inconsciente (ou não) o moreno trás consigo.

A simples presença do moreno de olhos onix é para si como um tsunami de sentimentos que o acerta e o afunda, deixando-o completamente perdido e sem reação, ele sente receio de uma hora se esquecer de nadar e acabar por ser afogar no meio de tudo isso.

Riu nervoso pelo olhar desconfiado da pequena lançado sobre si, ela havia puxado para o irmão no quesito " olhar que lê a alma" pois era exatamente isso que o olhar dela transparecia, era um olhar que não condizia com o corpo da pequena e suas feições infantis, mas isso não impidia o loiro de sentir um leve calafrio na espinha.

Pensando rápido, até demais para ele que era normalmente lerdo, Naruto, tentando ser o mais natural possível, lê-se praticamente gritando e gaguejando ao mesmo tempo que gesticulava exagerado, ele convidou a pequena para armar a barraca e assistir o filme, praticamente arrastando ela para a sala.

Ele estava tão concentrado em distrair a Sarada que ficou alheio a careta divertida estampada na face do moreno, perdendo até mesmo o sorriso que, arisco dizer, era acima de tudo apaixonado.

Com toda certeza, pensou o mesmo, o loiro nunca deixava de surpreender.