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História Prelúdio das Cinzas - 20


Escrita por: rubiconvenus

Notas do Autor


;)

Capítulo 21 - 20


Capítulo 20: Festival de Renwora

 

Uma fileira de tochas seguradas por soldados se acendeu, iluminando a rua que dava acesso ao pátio principal do castelo, pelo jardim. O som forte de um shofar soprado por uma succubus anunciando a chegada dos nobres. Os dragões das torres soltaram uma bola de fogo cada um e o bater de suas asas formava o som de um tambor.

As pessoas tentavam erguer suas cabeças e crianças corriam por trás dos soldados para ver os carros passarem. Dois grandes dragões vieram voando, entrelaçando-se no céu e pousaram já na forma de dois homens, uma garota aparentemente jovem de cabelos incrivelmente loiros e um rapaz de dreads compridos castanhos. Eles usavam um traje caramelo diferente, que lembrava dos índios americanos de filmes.

-- Lady Johana e Lorde Halger da Casa de Ingwor! - Um cerimonialista gritou.

Atrás deles, outros dragões de várias cores e tamanhos foram aterrisando e transformando-se em homens e mulheres com roupas cremes e cabelos soltos, com tiaras de penas na cabeça. O pátio, cheio de vampiros e súcubos aplaudiram. Eu vi o Imperador entre eles, na cadeira de maior destaque e com sua coroa na cabeça, Lady Lannah ao seu lado enquanto Lorde Mikah, Lorde Gavril e Lady Aysla cuidavam do desfile e da chegada, coordenando os soldados. Os dragões foram entrando para o pátio e ocupando a parte que lhes cabia.

Tudo era muito bem organizado na Sociedade Sobrenatural. O pátio tinha sido repartido em nove triângulos, contornando um círculo, e cada um desses triângulos estavam ocupados com inúmeras cadeiras dos nobres convidados e suas famílias, sendo as cadeiras da ponta aquelas ocupadas pelos líderes, os membros do Conselho dos Noves.

Os vampiros já estavam lá, a Casa de Vorsery estava cheia e todos os nobres que eu nem tinha visto enquanto estava no castelo, a cadeira da ponta era ocupada por Lorde Kaiser, em um terno bonito todo preto e muitas joias douradas. Logo ao lado estava a Casa de Enahru, com Lady Raiane na ponta, usando um vestido comprido e rendado tão transparente que era possível ver a cor de sua pele, as súcubos sempre as mais sensuais. O vestido tinha uma fenda nas costas, para suas asas serem invocadas. Lorde Henri estava exatamente atrás dela, ladeado por seus outros familiares, um deles, o soldado de cabelos castanhos e olhos azuis, Lorde Milan, irmão de Lady Raiane.

A Casa de Daruste também já estava presente, não apenas com seus inúmeros guardas, mas a princesa Beatriz, que guardava o lugar para seus pais, que ainda chegariam com mais da metade dos membros da casa. Beatriz era a garota branca que vi com Lorde Milan e tive certeza que eles viviam um romance proibido já que os membros de uma Casa não podem se misturar com os de outra. Lady Beatriz era incrivelmente jovem e de cabelos bem compridos, castanhos e lisos, com olhos grandes azuis e rostinho de boneca, ela, como todos os nobres e soldados de Daruste, trajava roupa cinza, com sua coroa de ouro e brilhantes na cabeça.

-- Lady Brianna e Lorde Borys, da Casa Daruste! - Anunciaram. Olhei rapidamente para a entrada, em tempo de ver um homem de porte forte, com barba e cabelos bem ruivos, lisos, ao lado de uma mulher bonita de cabelos castanhos ondulados e os dois de olhos bem azuis. -- Lorde Vladimir, da Casa de Daruste! - Anunciaram outro que foi chegando e seguindo de nomes de outros que não gravei.

Os nobres da Casa Daruste foram se sentar e outros nobres foram chegando. Alguns vampiros de Vorsery que ainda foram apresentados, como as quatro outras irmãs de Lorde Kaiser e seus respectivos maridos: Lady Jade e seu marido Lorde Devon, Lady Abigail que veio sozinha, Lady Amberly e seu marido Lorde Adair, Lady Gladwyn e seu marido Lorde Friede. Todos foram muito bem aplaudidos.

-- Lorde Sonan, da Casa de Ezuuta! - Foi anunciado.

Lorde Sonan era um Ezuuta e portanto, nunca podemos enxergá-lo em sua forma original já que era invisível, mas sua armadura o fazia ficar parecido com um ciborgue de filme de ficção-científica, mas ainda mais perfeita e com uma locomoção mais ágil e mais forte que um humano. A armadura brilhava uma luz azulada, indicando que eles gostavam de se mostrar, afinal, um Ezuuta mesmo que não tinha olhos e sua interação com o mundo exterior era de uma percepção bem distinta da nossa.

Outras centenas de armadura foram entrando no pátio e tomando seus assentos, algumas tão pesadas que dobraram a cadeira de madeira como se ela fosse um papel. Lorde Sonan, o líder, sentou-se imediatamente na frente de todos eles, imponente.

Depois vieram os seres da Casa de Nesveluth, com suas asas brilhantes.

-- Lady Raestra, da Casa de Nesveluth! - Anunciaram ela primeiro de todos, mas quando a bela ruiva de peitos grandes sentou-se, ela escolheu um lugar que não era na ponta. De longe, acenou para o Imperador, que não sorriu, despreocupado em esconder o quanto não gostava dela. -- Lady Kimberly! - Anunciaram mais uma ruiva, acho que irmã de Lady Raestra, dez anos mais velha que ela, mas ainda assim, com aquele ar de ex-modelo de catálogo de lingerie, que sentou-se na ponta.

-- Lady Geovanna e Lorde Lenor da Casa de Adrawor! - Anunciaram.

Lady Geovanna era uma linda mulher de corpo estonteante e cabelos loiros compridos, pareada com seu marido, o tritão Lenor, de cabelos compridos e castanhos escuros, de olhos bem escuros e pele incrivelmente branca como uma pérola do mar. Eles vieram acompanhados da família e tomaram suas posições. Lady Geovanna na ponta!

A essa altura eu já tinha reparado que a maioria dos membros do Conselho eram mulheres e poucos homens tinham voz dentro da Sociedade Sobrenatural, o que eu achava de certo modo, interessante!

-- Lorde Leofwine, da Casa de Mosvka e seus três filhos, Lorde Oskar, Lorde Synove e Lady Winifred! - Anunciaram os lobisomens.

Eles eram como guerreiros bárbaros, usando pele de animais, capacete com cabeças de animais, como se estes mordessem-lhes a cabeça, e colares de dentes e outros ossos, como a cabeça de um corvo. Uma matilha de lobos adentrou o pátio com eles, de diversas cores, brancos, cinzentos e marrons.

A Casa de Renwora foi a última a chegar, todos encapuzados e usando grandes túnicas da qual era possível ver apenas seus cabelos brancos e barbas compridas como eremitas.

-- Lady Elwina, Lady Edwena, Lorde Elric e Lorde Dorian. Acompanhados de Lady Sybilla, a rainha da Casa de Renwora! - Anunciaram.

Notei que a Casa de Renwora não veio acompanhada de muitos membros, eram apenas cinco. Eles se posicionaram no triângulo separado a eles e então, tiraram suas túnicas, revelando seus rostos enrugados como o de múmias decrépitas. Meu coração palpitou de susto e uma sonora comoção passeou pela plateia.

-- Ugh! - Sorella fez. Até então ela estava falando com Fernanda das roupas das nobres mulheres, coisa que acho entediante, mas foi a primeira vez que ela reagiu com nojo de alguma coisa. -- Coitados!

-- Calma, você vai ver! - Fernanda cochichou.

Estávamos na arquibancada de onde poderíamos assistir o ritual e meu coração pegava fogo em desespero toda vez que pensava nisso, mas agora, parecia ficar mais sério. O som de aplausos deu lugar ao silêncio.

-- Hoje, meus amigos, celebrados o Ritual da Renovação da Casa de Renwora! - Lorde Kaiser anunciou cortando o silêncio. -- Todos os anos a Casa de Renwora sacrifica-se por toda a Sociedade Sobrenatural, concedendo sua energia vital no preparo de poções e artefatos místicos para o nosso bem estar e uma vez por ano essa energia precisa ser renovada e portanto, oferecemos-lhes uma vida.

Uma criança chorou e eu vi Emanuelle, a mulher grávida, aproximar-se do centro do círculo, onde uma mesa de pedra negra tinha sido montada como um altar, rodeada de outras pedras, formando o símbolo da Casa de Renwora, algo como um sol ou uma estrela brilhante. Emanuelle parecia cansada e tinha chorado tanto que seu rosto estava em lágrimas. Ela beijou a testa de seu bebê recém nascido, ainda com a pele roxa do nascimento e todo enrugado, mas com a cabeça coberta por cabelos bem pretos, como a noite, e soltou-o por ali, por cima da mesa. Em prantos, ela saiu.

-- Vão matar o bebê? - Perguntei com desespero para Fernanda.

-- Vão sugar sua juventude e ele vai envelhecer, dificilmente eles sobrevivem um mês depois disso, pois ficam muito velhos. - Fernanda explicou entristecida. -- Mas precisamos da energia de Renwora e suas poções… Entende?

-- Eles vão rejuvenescer, não é? - Sorella concluiu surpresa. -- A Casa de Renwora envelhece quando usa seus poderes e essa é a maneira que encontraram de mantê-los eternos!

-- Exatamente. - Fernanda a abraçou. -- O bebê ficara em paz. Vamos rezar por sua alma.

-- Uau. Isso é mesmo incrível. - Sorella colocou a mão em seu rosto deformado. -- Se eu fosse um deles, poderia ficar linda e jovem para sempre!

-- Mesmo que isso significasse matar alguém? Claro que não, Sorella. - Resmunguei.

-- Pensando por esse lado... - Sorella batei o dedo perto da boca, ponderando.

O som dos tambores e chocalhos nos interromperam, parecia uma música cigana, mas era ritualistica. Os membros da Casa de Renwora foram se aproximando da criança, cada um em uma das pontas da estrela o que me fez pensar, se tinham oito pontas, onde estavam os outros três? Tinham morrido de velhos, será?

Eles iam se aproximando conforme a música, batendo ritmicamente em passos. Lady Sybilla, a rainha, começou a sussurrar uma prece e logo, os outros estavam acompanhando. O bebê gritava, com o rostinho todo vermelho. Fernanda e Sorella deram as mãos rezando e na parte humana da arquibancada, vi que boa parte dos escravos faziam o mesmo.

Uma luz esverdeada envolveu o bebê, era a vida saindo de dentro dele. Os membros da Casa de Renwora começaram a sugar essa luz, que comportou-se como uma fumaça. Eles sugavam até onde tinham fôlego e respiravam, depois, sugavam mais, ficando mais jovens enquanto o bebê na pedra, crescia gradativamente diante de nossos olhos.

Enquanto os cabelos brancos tornavam-se coloridos e os sulcos das mãos, braços e rostos dos bruxos ficavam jovens e eles até desencolhiam, daquela posição curvada e corcunda que velhos ficam, rejuvenescendo, o bebê tornou-se uma criança balbuciando, falando, sem nem perceber o que estava acontecendo com ele.

Era horrível. Simplesmente uma das piores coisas que já assisti na minha vida e fiquei em desespero. Era desumano, é claro, era o sobrenatural deteriorando a humanidade como tinha feito por milhões de anos, séculos após séculos, cobrando sacrifícios. Todas aquelas lendas que ouvi quando criança - dragões e princesas, o sacrifício de Pandora, criancinhas sendo engolidas por bruxas, caçadas e transformadas em doces como João e Maria; e outros sacrifícios aos deuses antigos... Todos eles me pareceram, de repente, tão reais e cruéis. Eram histórias e lendas que replicavam exatamente o que eu podia ver com meus próprios olhos agora: como os seres sobrenaturais do submundo nos dominavam e se alimentavam de nós, os humanos. Eles eram os monstros de nossas lendas. Nossos deuses. Nós não éramos nada.

Talvez por isso os Anjos tinham se levantado de seu sono e bradavam suas espadas destruindo as almas dos impuros e contaminados pelo mal. Onde estavam os anjos agora que não vinham salvar esse bebê? Que tipo de pecado a criança recém nascida, uma das poucas nesse apocalipse a poder nascer, tinha cometido para não ser salva? Onde estava Deus?

Um trovão rugiu no céu iluminando a escuridão e nuvens se formavam no alto de nossas cabeças. Mais trovões, ventos fortes, era como se o tempo tão firme tivesse virado e transformado-se em uma iminente tempestade. No centro da mesa, o bebê já era um homem nu, um rapaz de cabelos densos e barba, com o corpo musculoso coberto de pelos.

Um raio caiu entre o bebê e os Renwora os separando e os trovões deram lugares ao gritos da arquibancada e o som do bater de asa dos anjos de luz. Eles vieram voando em alta velocidade com suas armaduras prateadas reluzentes e asas brilhantes bem grandes, o líder, tinha três pares de asas, Serafim.

Eu tive um misto de sensações, primeiro, um alívio por Deus ter enviado seus soldados para salvar aquele bebê, por ver a criança, agora um homem, ser carregada daquela mesa pelos anjos, ser levada embora para o céu. E depois uma sensação terrível de desamparo quando os anjos enfiaram suas espadas nos humanos e outros seres sobrenaturais, tornando-os em pó, que expandia e voavam pelo vento.

Gritaria. Pânico. Todos começaram a correr e comigo, Sorella e Fernanda, não foi diferente. Uma arquibancada cedeu. Eu não sabia por onde começar a correr.

 

(Continua)

 


Notas Finais


Tensão! =(


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