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História Prelúdio das Cinzas - 3


Escrita por: rubiconvenus

Notas do Autor


Oi! Finalmente o Imperador tirou a Criatura e sua irmã daquele inferno. Vamos esperar que a nova casa seja melhor ❤

Capítulo 4 - 3


Fanfic / Fanfiction Prelúdio das Cinzas - 3

Capítulo 03: Cidade Suspensa


Saímos do carro para uma fragata de três mastros e casco impecavelmente pintado de verde escuro, suspensa por um balão prateado e oval. Eu nunca tinha visto um barco dos ares tão grande, o que Senhor tinha em sua casa e usava para pilhar os navegantes era tão pequeno que cabia ele, seus filhos e ninguém mais.

Logo que embarcamos o Imperador nos deixou no quarto. Era o único alojamento da fragata e devia pertencer ao capitão do navio. Trouxeram leite e biscoitos, com os quais matamos um pouco de fome.

A viagem foi relativamente rápida. Os vampiros e todas as outras espécies nos mostram como são superiores a nós vivendo no céu em grandes cidades flutuantes movidas a magia. Nós, humanos, vivemos no que sobrou do mundo no firmamento, entregues à poluição e ao lixo das almas dos que nos governam. Pela janela da fragata, vi aquele pedaço de terra como um desenho feito por uma criança sem talento e desprezei. Eu estava indo para outro lugar agora e torcia para que fosse melhor, para mim e para minha irmã.

Sorella. Eu gostava desse nome.

Ainda era noite quando chegamos ao Castelo. A cidade erguia-se ao redor daquela majestosa construção branca como os de contos de fadas, com telhados azuis pontiagudos e bandeiras do Império Vorsery; rodeada de verde e azul, com muita floresta e lagos suspensos. Há um dragão cuspidor de fogo empoleirado em cada torre, fazendo a vigília. Apenas os que voam vêem essas criaturas em sua forma original, os dragões da Casa de Ingwor dominam os céus sem precisar de uma aeronave, considero sorte que eu possa vê-los.

Sinto uma espécie de eletricidade diferente no ar quando atravessamos os campos magnéticos que protege a cidade, eles são invisíveis, mas é possível ver como nem mesmo a mais tenra nuvem o atravessa. O céu brilha branco, iluminando a rede de tensão do campo. Ele não é exatamente físico, dizem.

A fragata pousa na extremidade de uma grande pista feita de mármore. Uma fila de funcionários e soldados espera pelo Imperador na outra ponta, embaixo de um grande arco de pedra e ouro, que dá acesso a um grande pátio. Das pilastras do arco duas estátuas gigantes se desprendem e tornam-se pessoas em tamanho normal, segurando grandes lanças. São os majestosos gárgulas da Casa de Daruste.

Ao atingirmos o grande pátio, o Imperador anuncia:

-- Odette, cuide do banho dessas crianças. Providencie que o garoto seja levado para os meus aposentos e leve a menina para um dos quartos do alojamento após servir-lhe uma refeição. - Ele segura as luvas nas mãos, enquanto os soldados descarregam a fragata, tirando dela muitos baús de madeira, enchendo o pátio. -- E diga que não quero ser incomodado por ninguém.

-- Claro, majestade. - A mulher tem as bochechas bem cheias de carne como todo o seu corpo e um simpático sorriso de mãe. Seus cabelos cobertos por uma touca branca e sua túnica marrom coberta adornada por um avental claro.

Os vampiros vivem como se fosse a Era Medieval, mas pelo menos até seus escravos vestem roupas de verdade enquanto no Chão, nós temos que agradecer pela chance de cobrir o corpo.

O Imperador se afasta de nós, adentrando o Castelo pelo portão principal, dourado e com uma árvore entalhada, cujas pontas dos galhos são medalhas com o símbolo de todas as espécies que dominam os ares.

Eu conheço todos os símbolos, todos nós que vivemos no Chão aprendemos a viver como se fôssemos o cocô dessas espécies. A Casa de Vorsery é formada pelos vampiros bebedores de sangue, você reconhece um de longe por sua pele pálida e olhos brilhantes, além de um par de dentes a mais, em cima dos caninos, que são suas presas. A Casa de Ingwor são os dragões de tamanho colossal, com escamas tão duras que as melhores armaduras e escudos só poderiam ser deles; eles possuem grande asas e podem cuspir rajadas de fogo e raios congelantes ou elétricos, além de poder se moldar para uma forma humana, que difere-se de nós apenas pelas pupilas elípticas em seus olhos. A Casa de Daruste, os gigantes de pedra ou gárgulas, são também guerreiros muito fortes, dizem que podem transformar qualquer um em pedra com um simples olhar, também possuem forma humana e a habilidade de moldar-se em pedra, paredes, que usam como uma camuflagem. Além desses, há Casa de Enahru, conhecidos como inccubu e succubus, eles se alimentam de uma energia sexual liberada no orgasmo e em sua forma plena possuem asas de morcego, chifres majestosos e rabo. Seus olhos brilham com um tom dourado ou verde, quando estão bem alimentados. Outra é a Casa de Nesveluth, as fadas da floresta, ninfas aladas com pequenas asas brilhantes e que soltam um pólem venenosos pelo nariz. Elas também se alimentam de sangue humano e são como abelhas, possuindo uma Rainha e todas as outras, operárias. Nasce apenas um zangão por vez entre elas. A Casa de Adrawor é de sereias e tritões, mais precisamente, Ondinas. São ninfas das águas, extremamente belos e com vozes capazes de encantar a todos os homens, antigamente atraíam navegantes, naufragavam navios, mas foram expulsos dos mares com a grande poluição. A Casa de Renwora são bruxos, alquimistas, feiticeiros, eles se parecem muito com humanos e é quase impossível de diferenciá-los, mas quando usam sua magia, envelhecem, precisando sugar a juventude de outras pessoas. A Casa de Mosvka são os lobisomens, mas eles também podem se tornar lobos ou humanos - e também é quase impossível de diferenciá-los. E por fim, a Casa de Ezuuta, os amorfos, entidades ultra poderosas que assombravam as casas, como poltergeist, mas que agora, com o advento da tecnologia, dominam essas “cascas” mecânicas que os deixam parecidos com os ciborgues. São Nove Casas, noves espécies e juntos, formam o Conselho dos Nove.

-- Fernanda, vem aqui filha. - Odette chama uma garota de cabelos pretos que estava  olhando de canto para o oficial de cabelos raspados, Gavril, ele, que apesar de trazer um baú no ombro, a segue com os olhos brancos quando a moça se aproxima de nós. -- Leve essa menina e faça como Sua Majestade ordenou. - Odette diz, segurando no meu braço. -- Você vem comigo.

-- Nãoooo! - Sorella protesta, arranhando a carne do meu braço.

-- Aiii!

-- Venha comigo, menina, você ficará bem. Não quer um prato de comida? - Fernanda mostra um sorriso simpático. Sorella para de arranhar, mas não me solta.

-- Vá com ela, Sorella.

-- Sorella? Esse é o seu nome? - Fernanda segura nos cabelos dela, tirando sem querer do rosto. Sorella dá um berro e Fernanda abre bem os olhos castanhos escuros surpresa com a costura em S na sua face. Ela rapidamente cobre o rosto de minha irmã com os cabelos enrolados e sujos, abaixando-se de frente para ela. -- Eu tenho dois irmãos da sua idade, não quer brincar com os brinquedos deles? Se vier comigo, deixo você levar o brinquedo para o banho.

Sorella se acalma e me solta. Fernanda, que é uma moça jovem de cabelos compridos e ondulados, presos com uma tiara de flores de tecido, sorri e elas dão as mãos, tomando um caminho pela direita, atravessando mais um daqueles arcos com estátuas. Os olhos das estátuas as acompanham, quando elas passam.


***


-- Aqui está uma toalha para você se secar e um roupão. - Odette largou as coisas em cima de uma mesa de ferro pintada de branca, que tinha o formato artístico como de uma árvore, com um tampão de vidro verde. As cadeiras que a rodeavam, duas, tinham almofadas impermeáveis, também verde.

Tudo naquele recinto era absurdamente frondoso. Não tinha trava na porta, mas era tão limpo e branco que eu nem acreditava poder me banhar lá. A banheira era tão grande que parecia uma piscina e tinha até uma fonte, que expelia água com um chafariz e enchia aos poucos. Odette pegou um vidro com líquido azul e jogou dentro, fazendo a água tingir de cor azulada e borbulhar com uma espuma lilás.

-- Você tem muita sorte de poder se banhar nos aposentos do Imperador, ele deve estar mesmo impressionado com você. - Odette falou guardando o vidro e se aproximando de mim, ela tentou puxar os barbantes da minha roupa, mas eu fugi. -- Ai, está com vergonha? Muito bem, eu deixo você tomar banho sozinho. O sabonete está aqui, lave esse cabelo imundo, ah e passe bem a bucha, que Sua Majestade não pode ver um ponto de sujeira que ficará aborrecido com você... E comigo, que não te limpei direito, trate de fazer um bom trabalho.

-- Certo. - Conformo, acenando. -- Uma pena sujar tanta água...

-- Não se preocupe, o filtro vai deixá-la limpa em alguns minutos, o que é bom, imagine limpar toda essa imundice das paredes! Depois, a água do banho será retulizada no alojamento dos funcionários. - Odette suspira, colocando as mãos na cintura. -- Pobrezinho… Bem, quando terminar enrole-se no roupão e toque aquele sino, um alfaiate será enviado para tirar suas medidas, que Sua Majestade vai te presentear com algumas roupas e uma manicure virá cortar suas unhas das mãos e dos pés… Vamos, vamos, vá já para o banho. Estarei do lado de fora, com os outros, esperando você terminar. - Ela vai andando até a porta, abre e sai, fechando.

Suspiro. Eu nem me lembro a última vez que tomei um banho. Quando cheguei na fazenda Senhor espirrou um ato de água fria em mim e na minha irmã, tirando minimamente a lama de nossos corpos. Ele fazia isso com os porcos e vacas, também, o jato batia dolorido em nossa pele, fiquei com marcas nos braços.

Eu tiro o saco de batatas do meu corpo e me jogo na piscina. A água fica imediatamente marrom e a espuma age com pressa, derretendo as partículas de lama. A água fica novamente limpa, transparente. Lavo os cabelos, o corpo, passando o sabonete e a bucha, esfregando para limpar bem.

O perfume dos produtos de banho me deixam feliz e eu quase me sinto uma criança novamente brincando na água, com a espuma, mas claro, procuro conter essa euforia, não quero abusar da gentileza do Imperador, ou ele pode se ofender e arrancar tudo o que ofereceu de mim.

Aos poucos eu posso ver novamente a cor dos meus cabelos, que depois de três anos sem poder cortar, já está muito maior do que eu costumava usar antes da guerra. Eu nem me lembrava da cor de meus cabelos, castanhos claros, lisos. Estou esfregando mais uma vez shampoo na cabeça quando escuto barulhos e vozes vindo de dentro do quarto. Um estrondo, como a porta abrindo e fechando.

-- Você perdeu a cabeça, meu irmão? Gastou uma fortuna comprando dois escravos? E uma pequena demais para satisfazer as suas vontades, preciso te lembrar? - É a voz de uma mulher.

-- Saiam todos daqui! - O Imperador grita, soando bem revoltado. Fico no meio da banheira sem coragem nem de continuar lavando o cabelo. -- E o que você tem a ver com isso, Lannah?

-- Perdeu a cabeça! - A voz feminina continua. -- Espere, por que estavam todos aqui dentro? Por acaso? Oh… Meu irmão! - E passos na direção da porta do banheiro, se aproximando.

-- Lannah!

-- Você trouxe a escrava para seus aposentos? - A porta se abre bruscamente. Uma mulher jovem, de cabelos ondulados, compridos e castanhos escuros me encara com seus olhos dourados brilhantes. Ela é baixa, com um corpo voluptuoso e apesar de ter um corpo delicado, seu olhar é forte e suas feições são duras, como uma mulher de muito poder e força. -- Ahhhhh! Eu não acredito! - Ela berra, arregalando os olhos. -- É um garoto! Um garoto! - Ela volta para dentro do quarto. -- Oh, meu irmão, o que os nobres irão dizer!

-- Lannah!

-- Quer dizer… Já há muito desconfiam disso, mas agora… Oh, foi por isso que meu marido estava abalado quando chegou em nossos aposentos, balbuciando sobre o que você teve que fazer para comprá-lo!

O Imperador toma uma grande respiração como precisasse se acalmar, ele me encara firme:

-- Vista-se e saia logo daí. - E por fim, fecha a porta, voltando para o quarto. -- Lannah, se você abrir a sua boca sobre o que seu marido te contou…

-- Ah, não se preocupe, meu querido irmão, que isso não vou fazer. Você é o Imperador, faz o que quiser da sua vida, mas tente ser discreto, você está noivo!

-- Não por escolha.

-- Sim, eu sei, o Conselho se decidiu por um casamento e você não pode fazer nada senão obedecer… Mas viajar até o Chão para comprar um escravo para se satisfazer e ainda despejar sacos e sacos de dinheiro por um garoto…!

-- Não havia nenhum dinheiro nos sacos, Lannah, era uma ilusão.

-- Oh. Sim, mas…

-- E sabe que estou fazendo esforços para encontrar a Criança Prometida.

-- Eu sei, mas… Ah, não me diga Kaiser, que você acredita que aquele garoto pelado na sua banheira é essa criança. - A vampira soa descrente.

Ops! Ainda estou mesmo sem roupa. Saio da piscina pela escadinha de pedras, segurando no corrimão para não escorregar.

-- Era uma possibilidade, mas quando chegamos lá, ficou claro que não era ele. - O Imperador diz.

-- Mas você o trouxe mesmo assim! - A princesa continua.

Passo a toalha com pressa pelo meu corpo, enrolo-me no roupão e sento na cadeira, esperando.

-- Sim, mas…

-- Oh, você é impossível, meu irmão. Mas quer saber, ótimo, divirta-se com seu novo brinquedinho. - A princesa grita e segue-se mais um estrondo, o que eu acredito ser a porta batendo.

Há um curto momento de silêncio no qual eu continuo na cadeira, com as mãos nos joelhos, sem me mexer. A porta do banheiro abre novamente e o Imperador me encara, sem dizer nada. Ele mantém a porta aberta e vai até a porta de seu quarto, abrindo.

-- Odette, não lhe falei para cuidar do banho do garoto? Veja a situação que me colocou, mulher!

-- Sinto muito majestade, mas o menino estava com vergonha de se despir diante de mim. - Ela abaixa todo o corpo para frente, em submissão. -- Perdoe-me.

-- Hm. Leve ele para o quarto ao lado e termine o serviço, depois, mande virem preparar meu banho. - Ele ordena sério. -- E mande que não cortem o cabelo dele.

-- Claro, meu Imperador. - Odette ergue-se e passa rapidinho para dentro do banheiro. -- Vem, menino, vem. - Ela me tira da mesa e corre comigo para fora do quarto do Imperador. Ele nem me olha enquanto dirige-se para o segundo aposento em seu quarto, onde acredito que fique sua cama.


(Continua)


Notas Finais


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