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História Present Perfect - 3. Please, just stop


Escrita por: rvolcov

Notas do Autor


Cá estou eu com mais um capítulo! Boa leitura a todos ;*

Capítulo 4 - 3. Please, just stop


Capítulo 3. Please, just stop

22/07/2005

Com cuidado, Justin espremeu-se por entre as tábuas da casa de bonecas em tamanho real, torcendo para não ser visto pelas outras crianças, enquanto deixava que os olhos vagassem pelo parquinho em busca da já conhecida menina de cabelos vermelhos.

- Está começando a ficar tarde. - Alexander comentou, esfregando os olhos verdes com preocupação após checar o horário no relógio de pulso azul e Justin apenas assentiu ao voltar para dentro, sentindo o frio na barriga começar a crescer devido à ansiedade. Poucas coisas o deixavam tão agitado quanto à ideia de colocar um plano em prática.

Tudo bem que a ideia não havia sido inteiramente dele -  para ser sincero, o máximo que o menino fizera havia sido uma pesquisa de duas horas na internet discada depois de receber as mensagens raivosas de Amy pelo MSN, algumas semanas atrás - mas a agitação que o envolvia naquele momento não seria muito diferente caso a mente maquiavélica por trás de tudo fosse outra.

Havia algo de muito incrível em pregar peças nos outros - mesmo que por motivos que não o envolvessem diretamente - e ele gostava muito mais da sensação de estar prestes a aprontar alguma coisa do que provavelmente deveria.

- Ela deve estar chegando. - Respondeu, tentando tranquilizar o menino, apesar dele não achar que estava soando muito convincente.

Em pouco mais de um ano de amizade, Justin conhecia o suficiente de Amy para saber que ela levava a questão da pontualidade com seriedade demais para uma menina de nove anos de idade - mais até do que seria aceitável para os costumes britânicos - E se ele próprio tinha consciência disso, morando em outro continente e a encontrando apenas durante algumas semanas durante as férias, imaginava que o próprio irmão gêmeo dela deveria saber que alguma coisa estava errada.

- Espero que sim, minha mãe chega em vinte minutos. - Alec falou com certo desgosto ao afastar os cabelos escuros da testa. - Ela vai ter um ataque.

Justin apenas assentiu, estava prestes a sentar-se na parede oposta à da entrada quando o silêncio dentro do quartel general improvisado foi interrompido por três batidas rápidas contra a porta. Os dois menino se entreolharam, preocupados.

- Qual é a senha? - Ele perguntou desconfiado, pressionando um dos olhos contra o espaço entre as paredes de plástico do abrigo. Mal conseguia ver o suficiente dos cabelos vermelhos de Amelia para ter certeza de que se tratava dela.

- Justin, sou eu.

O menino suspirou aliviado ao reconhecer o sotaque da amiga. Mas aproveitou a deixa para irritá-la por pura diversão.

- Senha errada.- Respondeu com a voz abafada contra a porta cor de rosa e Amy se aproximou o suficiente para que ele pudesse ver um de seus enormes olhos verdes pela fresta entre as tábuas.

- Justin, abre logo a porta. - Ela rebateu com a impaciência característica, arrancando uma risada do irmão dela, que jamais tivera dúvidas quanto à sua identidade.

- Senha? - Justin indagou uma outra vez para provocá-la e a menina bufou do lado de fora antes de se render.

- Alohomora - Amy respondeu sem vontade e Alec aproveitou para puxá-la para dentro com rapidez após Justin liberar a sua entrada. - Se você não queria que me vissem, não tinha que ter me feito esperar do lado de fora.

- Você sabe que a gente não pode correr riscos. - Ele repetiu pela terceira vez naquele dia. - Não depois daquilo que aconteceu com a sua prima.

- Eu não tenho culpa da Hollie ter atendido o telefone no meu lugar. - A ruiva se defendeu - A gente nem tem o mesmo sotaque, não sei como confundiu.

- É tudo britânico pra mim. - Justin deu de ombros com sinceridade e aproveitou para olhar para o lado de fora uma outra vez. Apesar de próximo das dezoito horas, não estava nem perto de começar a escurecer.

- No final, descobriu onde eles estão? - Quem interrompeu foi Alec, chamando a atenção dos dois para o motivo de estarem todos ali, escondidos.

- Sim, a festa está sendo perto da fonte, fica há uns três minutos daqui. - Amy respondeu, tomando das mãos do irmão a embalagem com o líquido vermelho viscoso em mãos. - Me custou cinco libras, mas convenci o Chuck a fingir que o prêmio da caça ao tesouro está aqui.

- A gente devia ter feito mais, não dá pra fingir que aconteceu um massacre aqui com tão pouco sangue falso. - Alexander estava assumindo o modo cético, como sempre. Ele só costumava dar crédito aos planos da irmã depois que ela os concretizava - E eu duvido muito que alguém vá cair nessa.

- A gente não precisa convencer todo mundo. - A menina deu de ombros, abrindo o recipiente e chacoalhando de leve o conteúdo antes de pegar um pouco com os dedos e espirrar pelas paredes do abrigo. - Só a babaca da June.

- Quem tem medo de sangue? - Justin perguntou, confuso, antes de resolver a agir e começar a espalhar o líquido pelo próprio corpo também. - Só é vermelho, não faz sentido.

- Pessoas são estranhas. - Alec se rendeu, tomando para si a embalagem. Ele sujou uma das mãos antes de aproximar-se da irmã e melecar o rosto dela com vontade, fazendo-a rir. - Mas eu ainda acho tudo isso um pouco extremo demais.

- Eu acho bem justo. - Amy disse com sinceridade, gotas vermelhas lhe escorriam pelo pescoço, manchando sua camiseta e ela se aproximou mais de Justin a fim de sujá-lo também. Sua madrasta provavelmente teria um ataque, mas não era como se ele fosse deixar que isso o impedisse de participar da brincadeira.

Ainda restava mais da metade do conteúdo quando os ruídos altos de pessoas se aproximando foram ouvidos. Em pânico - afinal, eles ainda não estavam preparados - as três crianças se apressaram, passando a jogar o sangue falso por todos os lados antes de conseguirem assumir suas posições - com Amelia deitada no meio da casa de bonecas em um ângulo esquisito, Alec debruçado sob seus pés e Justin escorado à parede oposta à porta, como se alguém o tivesse jogado ali. Ele, assim como os outros dois, torcia para que, para quem quer que olhasse de fora, a cena parecesse trágica o suficiente.

~*

- Quantas vezes mais eu vou ter que pedir para vocês pararem com esse tipo de brincadeira? - Georgia perguntou cansada, encarando as três figuras sentadas no banco de madeira. Havia algo na maneira como a matriarca dos McKinnon os repreendia que fazia Justin se arrepiar por inteiro. - Estou falando sério, vocês ainda vão acabar matando alguém.

    - Quanto exagero. - Amy exclamou, rolando os olhos e pela visão periférica, ele notou quando Alec discretamente pousou a mão sobre a dela. Um pequeno alerta de que era melhor não argumentar caso não quisesse piorar o castigo - Foi só uma pegadinha, a gente não tem culpa deles não saberem a diferença entre sangue real e sangue falso.

    - A receita que a gente achou era até comestível. - Justin completou, mas ao sentir o olhar da mulher pesar sobre o seu, foi tomado pelo arrependimento. Talvez chamar a atenção para si não fosse a melhor escolha para o momento.

    - Se eles tivessem chegado mais perto ao invés de sair gritando, teriam até sentido o cheiro do chocolate. - A menina continuou, sem parecer notar todos os sinais de “perigo” que a feição brava de sua mãe indicava.

    - Eu não quero saber o que vocês colocaram na receita do sangue falso. - Georgia rolou os olhos. - Eu quero entender o que vocês pretendiam conseguir com essa bagunça - Apontou para a situação caótica ao seu redor: tudo estava manchado de vermelho e havia um misto de restos de comida, bexigas estouradas e embalagens de presente espalhados por todos os lados.

    Sendo bastante sincero, a visão do resultado fazia tudo parecer muito pior do que de fato havia sido. Mas é claro que não seria ele o responsável por explicar aquilo à mãe dos gêmeos.

    - A gente só queria assustar a June. - Amy disse dando de ombros, como se aquele fosse um simples fato da vida e não uma confissão que a deixaria de castigo por semanas.

    - A filha dos Hyde? - Georgia franziu o cenho antes de deixar escapar um suspiro. - O que ela fez agora?

    Ao que parecia, aquela era uma rivalidade tão antiga que nem a própria mãe dela estava inteiramente surpresa.

- Ela não me convidou para a festa dela!

- Amelia! - A mulher agora parecia muito mais cansada do que irritada. Justin torcia para que aquilo fosse um sinal de que ela não sairia sugerindo punições a seu pai quando os dois se encontrassem mais tarde. - Você não pode sair se vingando dos outros só porque eles não agem do jeito que você quer.

- Mas mãe, ela entregou o convite do Alec na minha frente! - A ruiva exclamou exasperada. - Eu fui a única que ela não chamou e foi de propósito! Isso não é justo.

- O que ela fez foi errado. - Georgia concordou e um sorriso vitorioso ameaçou brotar no rosto da menina. - Mas isso não torna o que você fez certo. Por acaso vocês pararam para olhar a baderna que fizeram?

- A culpa foi do Justin. - Amy disse com sinceridade e o menino arregalou os olhos, surpreso com a acusação e o foco que, mais uma vez, estava ganhando. - Ele que pirou quando o Chuck abriu a porta.

    - Eu não sabia que o “Chuck” era um palhaço! - Tentou se defender, sentindo-se ofendido. Não conseguia acreditar que havia ajudado com o plano apenas para receber a culpa por tudo ter dado errado depois.

    - Quem tem medo de palhaços? - Amy perguntou  e então prosseguiu com uma ridícula imitação de seu sotaque. -  É só um cara fantasiado, não faz sentido.

    - Essa discussão acaba aqui. - Georgia interferiu, fazendo com que os dois se calassem. - Vocês vão começar recolhendo a sujeira que fizeram enquanto eu converso com a gerência do parque e mais tarde nós vamos falar sobre os termos do castigo.

    Apesar de os três terem concordado, Alec foi o primeiro a tomar ação. Ele ergueu-se do banco de madeira e andou em direção aos banheiros, saindo de lá com as mãos carregadas de papel toalha - provavelmente para tentar diminuir as manchas de sangue falso espalhadas pelo parquinho.

Justin, no entanto, ainda estava irritado demais por ter servido de bode espiatório para ter vontade de ajudar os irmãos.

    - Pode desfazer a cara de bravo, eu estava te fazendo um favor. - Amelia se pronunciou alguns segundos depois de se levantar e ele se virou na direção dela, sem entender.

    - Desde quando jogar a culpa em mim é um favor?

    - Se ela achar que você me ajudou e a gente ainda brigou, vai ficar com dó de você e seus pais vão te dar um castigo menor. - A menina explicou com uma sinceridade que o surpreendeu. Jamais teria pensado na situação por esse lado.

    - Você me assusta. - Justin admitiu, erguendo-se do banco também.

    - Eu sei, sou um gênio do mal. - Amy respondeu com uma piscadela e tudo o que ele conseguiu fazer foi rir, antes de se juntar aos irmãos McKinnon no processo de limpeza.

 

01/07/2017

    Justin tentava não demonstrar, mas a mudança de fuso-horário estava realmente o matando. Aparentemente, seu corpo não se importava com o fato de que ele fazia o trajeto de Chicago a Manchester ao menos duas vezes por ano desde os cinco anos de idade, já que o enjôo e a fadiga que sentia eram os mesmos toda maldita vez em que saía do avião e colocava os pés na terra da rainha - e das pessoas estranhas que colocavam leite no chá.

    Sem realmente prestar atenção no assunto, concordou com algo que a mãe havia dito na esperança de que tudo logo terminasse. Era claro que estava feliz pelo noivado da irmã - apesar de achar a decisão de casar aos vinte anos de idade bastante contrária às tendências contemporâneas - mas ele também não podia fingir estar cem por cento disposto física e psicologicamente para enfrentar uma reunião famíliar e ainda ser simpático depois de passar dez horas viajando.

    Isso, é claro, sem mencionar o fator Amelia McKinnon.

    De alguma forma, no fundo de seu âmago, ele ainda tinha esperanças de que depois de tanto tempo sem vê-la, o efeito que a ruiva de um metro e sessenta e cinco tinha sobre a sua pessoa teria diminuído. Mas ao contemplar sua figura sentada há algumas cadeiras de distância - inteiramente distraída pela taça de vinho à sua frente, ao roçar a ponta dos dedos pelas bordas do material de vidro - o rapaz sabia que não poderia estar mais errado.

    Quem quer que tenha sido o idiota que disse que o tempo cura todas as feridas realmente merecia levar um tiro. Talvez até mesmo sofrer algum tipo de morte lenta e dolorosa sendo vítima de Hannibal Lecter ou Dexter Morgan.

    Por Darth Vader, Justin ficaria ainda mais satisfeito se o assassinato fosse uma ação conjunta dos dois e contasse com uma participação especial de Norman Bates.

    Ela havia voltado para a cor natural dos cabelos. Aquela havia sido a primeira coisa que Justin reparara ao entrar no salão e ter seu olhar involuntariamente atraído para o amontoado de fios do conhecido tom de vermelho alaranjado. E agora, fitando de longe a garota, ele não conseguia deixar de se perguntar que raios aquilo significava - ou quais eram as implicações daquela mudança em especial.

    A curiosidade matara o gato e, aparentemente, ele seria o próximo.

    Como se o seu estado de espírito já não estivesse ruim o suficiente, ele ainda fora despertado para a realidade por um chute na canela. O rapaz reprimiu um gemido alto de dor ao olhar para a direita e fitar o filho da puta que o havia agredido.

    - Porra, enlouqueceu, foi? - Perguntou a Connor em voz baixa, sem tentar esconder a irritação.

    Seu melhor amigo - e em momentos como aquele Justin realmente se perguntava porquê diabos mantinha relações com um desgraçado desses - apenas riu, dando de ombros antes de responder.

- Eu tentei te chamar antes, não me culpe pelos seus problemas de audição.

- O que você quer? - Ele indagou segundos depois, perdendo a paciência ao notar o silêncio do outro.

- Te avisar que, se você pretendia ser discreto, não está fazendo um bom trabalho. - Connor murmurou, fazendo-o franzir o cenho e arquear as sobrancelhas, sem entender. Ele assistiu enquanto o amigo colocava um pedaço particularmente grande da lagosta na boca, aguardando uma explicação. - Você vai acabar desidratando a garota se continuar secando ela desse jeito.

- Eu não estou secando ninguém. - Defendeu-se rápido demais para que ele o levasse a sério. - Só analisando os efeitos do tempo, isso não é nenhum crime.

- Só bizarramente contraditório. - Connor apontou, voltando a comer e ele aproveitou para tomar um pouco mais do próprio whisky, disfarçando um novo olhar na direção da ruiva. - Principalmente se levar em consideração todo o esforço que você teve para ignorá-la nos últimos anos.

Justin deixou escapar um suspiro ao pousar o copo na mesa, sabendo que o amigo tinha razão, mas  não querendo realmente dar o braço a torcer. Não estava com um mísero pingo de vontade de refletir sobre as desgraças que envolviam aquele assunto e, para ajudar, sua canela ainda latejava por conta da agressão física da qual havia sido vítima um pouco antes.

Definitivamente não era um bom dia.

- Eu ainda acho que a senhora deveria dar uma chance à Kingbee Records. - Alexander aconselhava à sua frente. - Não importa o quão incrível a década de vinte seja para o Jazz, eles tem vinis incríveis dos anos sessenta, vale à pena conhecer.

Sua mãe soltou uma risada leve antes de responder e Justin aproveitou a deixa para embarcar em uma discussão sobre os melhores pontos turísticos para levá-la ao longo da semana. Ele sabia que Connor ainda não havia se dado por vencido, mas ao observar a troca de olhares entre o amigo e a morena ao lado dele, Justin tinha certeza de que o assunto não voltaria a surgir tão cedo.

 

~*

    Ainda sentindo-se atordoado, Justin encarou a própria imagem refletida pelo espelho, tentando decidir o que fazer com a própria vida em seguida. Ele sempre gostara da relação amigável e aberta que existia entre os membros de sua família - afinal, mesmo com o divórcio, sua mãe estava hospedada na casa de seu pai à convite da atual mulher dele. - então era de se supor que, caso alguém tivesse alguma proposta importante a fazer - como por exemplo, sugerir colocar em prática uma viagem de dois meses que ele planejara cinco anos atrás - ele ao menos estaria devidamente informado quanto ao assunto e não precisaria fingir uma cara de paisagem enquanto seu melhor amigo escandaloso comemorava a oportunidade de passar mais tempo perto de seu caso de verão.

    Aparentemente, ninguém havia pensado em consultá-lo ou sequer mandar um aviso prévio para que ele pudesse praticar melhor as desculpas que poderia dar para não ter de agraciar a todos com a sua presença e bom humor

    Ao menos ele tinha a vantagem de trabalhar para o próprio pai, então não era como se tivesse que se preocupar em convencer o chefe a liberá-lo do expediente para turistar quando a própria ideia havia partido dele.

    Ele terminou de secar as mãos, ainda pensando em planos alternativos para aqueles próximos meses e estava prestes a sair do banheiro quando o som de vozes o fez congelar no lugar.

    - Pai, será que podemos conversar? - Amy perguntou e ele recuou alguns passos para evitar que o vissem.

    - Eu já sei o que você vai falar. - Charles disse com certo desânimo. - E a resposta é não.

    - Mas pai, o meu mestrado… Eu tenho um zilhão de artigos para ler antes dele começar, além de terminar o meu projeto para entrar com o pedido de bolsa.

    - Impressoras existem e arquivos de PDF também, caso a sua próxima desculpa seja o meio ambiente. - Ele rebateu e o próprio Justin tentou não rir ao lembrar das tendências ecológicas da ruiva. - E existe internet nos Estados Unidos, você pode enviar por email.

    - Pai, a doutora Farr…

    - Sua orientadora te adora, Amelia. - Charles a interrompeu e ele sabia que a menina deveria estar se controlando para não rolar os olhos ao ouvir o próprio nome. - Você passou mais tempo naquele laboratório no último ano do que qualquer outro graduando. Tenho certeza de que ela não só vai entender, como também vai concordar que você precisa de uma pausa antes do mestrado.

    - E o Mochaccino? - A garota parecia realmente decidida a encontrar um motivo para ficar e Justin não a julgou, estava se sentindo tão disposto a participar daquela viagem quanto ela.

    Isso, é claro, não o impediu de franzir o cenho, já que não fazia ideia do que ela falava.

    - Mason é dono dos hoteis, ele não vai te proibir de levar o buldogue.

           Justin - que ainda franzia o cenho por não ter entendido os motivos da menina ter citado um tipo de café no meio da conversa - não pôde deixar de concordar. Seu pai tinha um fraco enorme por animais e, apesar de não costumar permitir a presença deles em seus estabelecimentos, certamente abriria uma exceção para os McKinnon.

           - Você vai mesmo me forçar a ir, não vai? – O tom de derrota na voz de Amy deixava claro que sua criatividade para desculpas haviam acabado.

           - Vou. – Charles respondeu com uma risada. – Mas pense pelo lado positivo, você finalmente vai conhecer o universo de Harry Potter em Orlando.

           - Faz só sete anos que eu peço para vocês me levarem lá. – Ela disse com uma risada.

           - Eu disse para ter paciência, pequeno gafanhoto. – Foi a vez do pai dela rir e Justin sabia que ele deveria estar bagunçando os cabelos vermelhos dela. O rapaz sempre admirara a relação de amizade entre os dois. – As coisas vão se ajeitar em algum momento, tente aproveitar um pouco a viagem até lá.

           Justin não ouviu qualquer resposta e dado o silêncio que se seguiu pelos próximos segundos, imaginou que os dois já tivessem voltado à mesa. Julgando que o território estaria livre por agora, ele deu os passos que restavam até a saída do banheiro.

           Mas era claro que quando se tratava de sorte, ela nunca estaria ao seu lado. E o menino, mais uma vez sentiu os músculos travarem no lugar ao dar de cara com a ruiva, que se dirigia à porta oposta. Os dois permaneceram se encarando em silêncio, até que o rapaz reuniu coragem suficiente para se manifestar.

           - Percebi que desistiu do loiro. - O arrependimento foi tão imediato quanto a pergunta impensada. Mas agora que havia começado, Justin teria de ir até o final. – O que houve, Henry resolveu que te preferia ao natural ou isso é um sinal de que ele finalmente se cansou e foi embora?

           Ele apenas observou enquanto o rosto dela assumia tons de vermelho cada vez mais escuros.

           - Isso não é da sua conta. – Amy respondeu, fitando-o com seus penetrantes olhos verdes.

           - Você tem razão. – O rapaz deu de ombros, concordando. – Nós dois sabemos que a segunda opção é a mais provável, nem sei porque me dei ao trabalho de perguntar.

           - Cale a boca. – Disse em voz baixa, os punhos cerrados.

           Justin sabia que se quisesse passar pelos próximos dois meses sem maiores danos, então deveria evitar ao máximo qualquer tipo de contato com a garota. Mas era claro que agora que estava diante dela, não conseguia simplesmente ouvir o lado sensato do seu cérebro e ficar quieto ao invés de provoca-la.

    O impulso de tirá-la do sério era muito mais forte do que o seu instinto de autopreservação.

           - Mas é verdade, não é? – Continuou com uma incerteza fingida. – Ele nunca teve muita paciência para lidar com a sua infantilidade.

           A garota rolou os olhos e expeliu o ar com força antes de desistir de responder. Ela apenas deus as costas e empurrou a porta do banheiro com um dos ombros.

           - Viu? Você nem mesmo consegue ser madura o suficiente para me responder. – Falou antes que Amy saísse do seu campo de visão.

           - O que você quer de mim, Justin? – Perguntou, cruzando os braços em um claro sinal de impaciência.

           - Eu quero saber o quão preocupado eu devo ficar com você e as suas armações. – Admitiu e observou enquanto ela franzia o cenho em um misto de confusão e ofensa.

           - Do que você está falando?

           - Eu preciso saber se você vai ser ridícula a ponto de tentar tornar a vida da minha irmã um inferno durante essa viagem. – Ele verbalizou algo que o estava incomodando a algum tempo, embora não tivesse prestado muita atenção nisso por conta da infinidade de outros assuntos que haviam ocupado a sua mente nos últimos minutos.

           Amy, como era de se esperar, pareceu bastante ofendida com a pergunta.

           - Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

           - Não é como se fosse uma suposição absurda. – Justin ressaltou algo que, para ele, parecia bastante óbvio. – Você tem um histórico.

           - Um histórico? – Ela questionou colocando uma mão sobre o peito, o tom de voz subindo algumas oitavas. - Eu jamais faria isso e você sabe.

           - Sei? – O rapaz rebateu, arqueando uma sobrancelha. – Achei que você tivesse provado um tempo atrás que eu não te conheço tão bem quanto penso, Amelia.

           - Você tem razão. – Concordou em seguida, sem conseguir esconder a careta de desgosto ao ouví-lo chama-la pelo nome inteiro. – Você não me conhece. - E ao terminar, ela deu os passos que faltavam para adentrar o banheiro, deixando-o ali, encarando a porta branca que se fechara às costas dela.

           Infelizmente, por mais que a garota afirmasse o contrário, Justin ainda a conhecia bem demais para saber que aquela havia sido uma silenciosa declaração de guerra.

           Seriam dois longos meses de viagem.

           Ele só esperava conseguir sobreviver a eles sem perder o que restava de sua dignidade.


Notas Finais


Olá mais uma vez!! Vou começar agradecendo cada uma das lindas que têm comentado! De verdade, vocês não têm noção de como isso me anima. Então por favor, continuem hahah E se você for um leitor fantasma, apareça! Juro que sou legal e não mordo hahah vamos fazer amizade pelos comentários!

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