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História Present Perfect - 5. Too much for me


Escrita por: rvolcov

Notas do Autor


Demorei, mas apareci!!

Capítulo 6 - 5. Too much for me


Capítulo 5. Too much for me

21/08/2006

    - Eu vim assim que recebi a mensagem. - Charles disse um tanto agitado à Lauren, a babá dos irmãos McKinnon. - Georgia teria vindo também, mas ficou presa em uma cirurgia de emergência.

    - Sem problemas, senhor. - A garota respondeu. - A verdade é que eu realmente não sabia o que fazer, por isso entrei em contato.

    - O quão caótica está a situação? - Ele perguntou e ao notar todos os olhares voltando-se em sua direção, Justin sentiu o rosto esquentar.

    - Eu juro que não sabia que ela ia reagir desse jeito. - Tentou se explicar, coçando a nuca em nervosismo. O nó na boca do estômago apenas aumentando.

    Ele odiava a incomoda sensação de desapontar os outros.

    - Amelia é o ser mais imprevisível que já colocou os pés nessas terras, Justin. - O pai da menina tentou acalmá-lo, passando uma das mãos por seus cabelos. - Você não tem culpa.

    - Tenho sim. - Respondeu angustiado, as mãos voltando-se para dentro dos bolsos da calça. - A ideia foi minha, mas eu juro que só queria chegar no algodão doce.

    - E conseguiu? - Charles indagou curioso, arqueando uma das sobrancelhas.

    - Não, ela surtou antes disso. - O menino confessou com certo pesar, o que acabou por arrancar um riso fraco do mais velho.

    - Porque não vai dar um jeito nisso enquanto eu vejo o que aconteceu com ela? - Charles sugeriu, mas o menino não saiu do lugar.

    - Eu perdi a vontade. - Disse enquanto olhava para baixo para disfarçar a frustração.

    A verdade era que em meio aos últimos cinquenta minutos de discussão - enquanto ele, Alec e a babá tentaram em vão tirar Amelia do lugar - Justin se esquecera completamente de procurar pelo algodão doce.

- É uma pena. - Charles tentou confortá-lo ao pousar a mão sob seu ombro esquerdo. - Onde eles estão?

    - Um pouco mais adiante. - Lauren informou. - Está vendo aquelas barracas? É onde estão realizando a feira de adoção de animais.

    - Certo. - O patriarca dos McKinnon assentiu com a cabeça antes de dispensar a babá. Ele então voltou-se para Justin, parecendo bastante confuso. - Feira de adoção de animais? Você tem certeza?

    - Nós fizemos uma acordo. - Assumiu envergonhado. - Estou bastante arrependido.

    - Posso imaginar.

 

**

    - Amelia, nós precisamos ir embora. - Era a terceira vez que Charles repetia aquela frase, mas a menina simplesmente recusava-se a ouví-lo.

    - Não, eu não vou sair daqui. - Ela respondeu incisiva. - E eu não conheço nenhuma Amelia.

    - Amy. - O pai corrigiu-se em um tom mais baixo, mas ainda sim cínico, segurando-se com afinco para não rolar os olhos com a teimosia da criança. Ele então agachou-se o suficiente para que os idênticos olhos verdes dos dois ficassem à mesma altura. - Isso já passou dos limites, vamos embora.

    - Não. - Recusou-se outra vez e então aumentou o aperto entorno do filhote que segurava. - Não sem o Pistache.

    Feliz com o carinho, o filhote branco e peluda lambeu o seu rosto. Charles, por outro lado, precisou de um esforço absurdo para não perder a paciência ao vislumbrar a cena.

    - Eu achei que você tivesse medo de cachorros. - Justin disse, ainda sem entender tamanha bizarrice no comportamento contraditório da ruiva.

    - Você e todo o universo. - Alec completou em um tom mais baixo.

- Eu ainda tenho. - Amy tentou explicar-se, o pequeno animal agora ocupado em tentar morder seus cabelos.

- Isso não faz o menor sentido. - Justin voltou a dizer. - Se você tem medo, o que está fazendo sufocando o coitado desse jeito?

- Não estou sufocando ele! - A menina defendeu-se, tornando a abraçar o filhote com um carinho exagerado. - E cachorros são assustadores, mas Pistache não é como os outros. Ele parece um ursinho.

- Ele é exatamente como os outros, filha. - Charles intrometeu-se. - Agora será que você pode, por favor, se levantar e devolver o cachorro?

- Não. - Amy rebateu com petulância. Se os braços não estivessem ocupados com Pistache, ela certamente os teria cruzado sob o peito. - Eu sou a responsável por ele agora.

- Não diga besteiras. - O pai revirou os olhos. - Devolva o cachorro.

- Mas eu quero ficar com ele. - Suplicou, os grandes olhos verdes repletos de água. - Por favor.

- Seria legal ter um bichinho de estimação. - Foi a vez de Alexander intrometer-se, abaixando-se para fazer carinho no animal também.

- Nós podemos comprar um peixe. - Charles sugeriu. - Você sempre quis montar a sua própria versão da Fenda do Biquini.

- Peixes não têm graça.

- Não mesmo, não dá nem para brincar ou fazer carinho. - Justin argumentou junto da amiga, o que lhe rendeu um olhar de reprovação do pai da menina.

- Fora que eles morrem muito rápido. - Alec concordou.

- Ou seja, peixes só servem de decoração. - Ela concluiu. - Eu não quero um enfeite, quero um cãozinho.

- Nós podemos conversar sobre isso mais tarde, com a sua mãe. - Charles sentiu-se impelido a ceder um pouco ou a situação jamais se reverteria. - Isso se você realmente quiser um cão por mais do que quarenta minutos.

- Mas eu não quero um cão qualquer. - Amy voltou a argumentar. - Eu quero esse!

- Eu sou a favor de ficar com o Pistache. - Alexander, como qualquer criança de dez anos empolgada com a ideia de ganhar um animal de estimação, já estava completamente convencido. - E ele tem olhos verdes! - Ele exclamou animado. - Já é um membro perdido da família.

- Nós não vamos adotar um cachorro. - Charles se mostrou irredutível ao levantar-se. - Agora ponha-o de volta no cercado, já está tarde e sua mãe está esperando.

- Pai, por favor!

- Eu não estou brincando, Amelia. - Ele a fitava com seriedade. - Um animal de estimação não é um brinquedo, é algo que envolve responsabilidade demais para ser decidido desse jeito.

A menina agora tinha o rosto corado, denunciando a frustração que sentia.

- Mas, pai…!

- É a última vez que eu vou te dizer para levantar. - Não havia mais qualquer traço de bom humor no rosto do mais velho, de forma que Amy sentiu-se obrigada a finalmente obedecê-lo. - Agora vá com o Justin comprar o algodão doce que você está devendo a ele.

Ainda contrariada, a menina deixou o chão. Ela segurou Pistache com mais força em uma ridícula e desesperada tentativa de passar despercebida. Não que tenha funcionada.

- O filhote fica. - Charles destacou o óbvio e a pequena ruiva aproximou-se. Os olhos repletos de lágrimas que estavam prestes a serem derrubadas.

- Eu amei te conhecer, baixinho. - Despediu-se com um novo carinho ao entregar o animal a elei e então com um suspiro audível, deu as costas junto de Justin.

Alguns segundos se passaram enquanto Charles observava a filha e o amigo se afastarem. O coração de pai também apertado por negar o pedido das crianças.

- Tchau, monstrinho. Teria sido legal ficar com você. - Foi a vez de Alec aproximar-se para despedir-se e o mais velho sentiu-se compelido a fechar os olhos.

A tarefa de encontrar em seu interior forças que fossem fortes o suficiente para que ele permanecesse sem dar o braço a torcer parecia muito mais fácil de ser cumprida antes, quando não tinha um adorável filhote gordinho em seus braços.

Em seu colo, Pistache deixou escapar um bocejo e logo fitou seu rosto com curiosidade. Olhos verdes se encontraram por alguns segundos e a sensação que atingiu Charles foi a de algo se aquecendo em seu peito.

- Ah, inferno. - Exclamou mal humorado, o que acabou por atrair a atenção do filho.

- Nós vamos ficar com o Pistache, não vamos? - Alec indagou, tentando sem sucesso esconder um enorme sorriso vitorioso.

- Sim. - Charles admitiu, derrotado. - E sua mãe vai me matar.

 

07/07/2017

Desde muito pequena, Amy sempre gostara de ser considerada uma pessoa madura e responsável. Obviamente, como qualquer ser humano comum, ela também tinha seus momentos de rebeldia e ataques de infantilidade, embora não fosse algo do qual ela se orgulhasse muito. Por esse motivo, admitir, no auge de seus vinte e um anos, que na última semana ela havia se ocupado por completo com os preparativos para aquela viagem era algo que lhe envergonhava até o fundo da alma.

Ela sabia que ignorar os próprios problemas e sentimentos não era algo saudável e que em algum momento acabaria explodindo, mas também havia assistido episódios de How I Met Your Mother suficientes para escolher deixar à Amelia do futuro a tarefa de lidar com essa situação quando a hora chegasse.

    A garota não queria pensar no futuro casamento do irmão. Não queria se lembrar do quão provável era que ele acabasse se mudando para os Estados Unidos com Cassandra. Não queria ser obrigada a lidar outra vez com a imagem de uma pessoa que amava longe do seu alcance. Talvez fosse por isso que a ideia de passar o tempo assistindo vídeos de pegadinhas e planejando formas de aplicá-las no ex-melhor amigo havia se tornado tão apelativa.

De fato, usar suas energias para distrair-se da frustração que vinha se acumulando em seu peito nos últimos tempos era, de longe, a solução menos absurda que havia encontrado para lidar com os seus conflitos internos.

    Era claro que, uma vez que Murphy não brinca em serviço, as coisas eventualmente começariam a dar errado, e da pior maneira possível. Amelia tinha tamanha certeza disso - e tempo livre disponível na mesma proporção - que havia até mesmo tentado imaginar as catastróficas versões de futuro possíveis, de modo que pudesse estar minimamente preparada para enfrentá-las.

    A ruiva só não imaginava que a desgraça pudesse chegar tão cedo.

    - Isso é ridículo! - Ela exclamou, indignada. - É o cúmulo da irresponsabilidade.

    Aconchegada no peito de Connor - que estava inclinado na espreguiçadeira de madeira ao seu lado, mexendo no celular - Hollie rolou os olhos.

    - Pelo amor de Shakespeare, olha o drama.

    - Não é drama! - Defendeu-se, a voz subindo algumas oitavas por conta da fúria que sentia. - Que pais, em condições normais de temperatura, pressão e sanidade mental fazem uma loucura dessas? Era para ser uma viagem em família!

    - Depois do show que você e o Justin deram no aeroporto de Manchester, você realmente consegue culpá-los?

    Amy suspirou, tendo plena consciência de que a prima estava exagerando. Tudo o que ela e o maldito Bieber haviam feito fora discutir acaloradamente sobre o arranjo de lugares no avião. Ela precisava sentar-se à janela para que Mochaccino, dentro de sua caixa de transporte, não se assustasse com cada alma que passasse pelo corredor ao longo do vôo.

     O que ela poderia fazer se o universo resolvera tirar uma com a sua cara e atribuir esse mísero assento à única pessoa - naquele grupo de onze - que jamais atenderia a um pedido seu? Os gritos descontrolados dirigidos um ao outro foram - de sua parte, é claro - dignos e fundamentados. Acordar os mini-humanos de três meses de idade e provocar um choro histérico coletivo havia sido mero dano colateral.

    De qualquer forma, ela sabia que não havia sido inteiramente sua culpa.

    - Claro que consigo! Você acha mesmo que eles encontraram um cruzeiro de dois meses pelo Caribe de um dia para o outro? - Ela arqueou uma sobrancelha em claro sinal de ceticismo. - Não seja inocente, Hollie. Foi tudo premeditado, isso sim. Desde o começo eles já planejavam passar esse tempo sem a gente.

    - Talvez. - A morena concordou com um dar de ombros. - Mas eles merecem férias, Amy. São vinte e cinco anos de casamento.

- E vinte e um aturando você. - Connor acrescentou, como se aquele fosse o ponto mais relevante da discussão. -  É bastante justo. Eu provavelmente precisaria de mais do que dois meses para isso.

Sua primeira reação fora responder lhe mostrando o dedo do meio, mas ela logo deixou escapar um suspiro em concordância ao deixar o corpo afundar um pouco mais na espreguiçadeira.

    - Eu não disse que não era. - Admitiu desanimada e Mocha, aos seus pés, virou a cabeça para encará-la com uma feição preocupada no rosto.- Disse que era irresponsável, isso sim. Que tipo de adulto sai para curtir uma segunda lua de mel e deixa seis jovens para viajarem sozinhos pela costa oeste dos Estados Unidos?

    - Adultos cansados e que conhecem os filhos que têm. - Hollie argumentou em um tom entediado.

Não era a primeira vez que tinham aquela mesma discussão, naquele mesmo dia, e ela desconfiava seriamente que Amy só a reascendera por conta da esperança de que pudesse trazer Connor para o seu lado.

Bastante óbvio dizer que aquela já se mostrava uma batalha perdida.

    - Fora que você e o Alec são mais responsáveis do que o aceitável para alguém da nossa idade. - Connor ressaltou enquanto brincava distraído com uma das mechas de cabelo de sua prima. - Chega a ser irritante.

- Amy, você vai começar um mestrado em síntese orgânica na London College no outono, Alec está indo para o penúltimo ano de medicina. Nós moramos sozinhos em Londres nos últimos três anos sem explodir aquele apartamento com as suas experiências. Por favor, nós somos plenamente capazes de passar algumas semanas sem supervisão.

    - Olha só para você, sendo a racional do grupo. - Comentou, surpresa com o quanto os argumentos de Hollie faziam sentido. - Eu odeio quando você faz isso. - Adicionou por fim e recebeu um tapa fraco da outra em resposta.

    - Quando você resolve entrar no modo dramático, te trazer de volta para a realidade acaba se tornando a minha obrigação. - Hollie deu de ombros, antes de fechar os olhos por conta do carinho que estava recebendo do rapaz ao seu lado.

    - O que me surpreendeu mesmo foi seus pais terem conseguido convencer a Caroline e o Mason a irem junto. - Connor confessou e as duas garotas se entreolharam surpresas, pois, o tópico já havia sido discutido por elas muito antes de saberem do cruzeiro, quando descobriram que a mãe e pai de Cassie (junto de seus respectivos cônjuges) também se juntariam a eles na viagem aos Estados Unidos. - O que foi?

    - É estranho, não é? - Amy questionou, voltando-se para os dois sem esconder a curiosidade.

    - Pra caralho! - Ele concordou, também soando abismado. - Eu sei que os dois se dão bem e que o divórcio aconteceu há muito tempo, mas não deixa de ser bizarro. Nem eu, que morei com a Caroline, esperava por essa.

    - Existem certos limites quando se trata da proximidade aceitável de um ex.

    - Se a minha mãe resolvesse aparecer no mesmo metro quadrado que os meus pais, nem que fosse para comprar um tomate, teriam que amarrar o Keith só para garantir que ela sairia com todos os dentes no lugar. - O comentário distraído de Hollie acabou por arrancar risos dos outros dois, que estavam bastante familiarizados com as ações impulsivas do padrasto da menina.

    - Eu não o culpo. - Amy admitiu, puxando o buldogue para mais perto ao notar que ele ameaçava descer da espreguiçadeira para perseguir algo que captara sua atenção. - Eu faria o mesmo.

    -  Isso se você conseguisse reconhecer ela na rua, é claro. - Uma vez que a mãe de sua prima não era vista há quase duas décadas, Connor tinha bastante razão em lembrá-las daquele detalhe específico da história. - O que não é muito provável.

    - Infelizmente. - Concordou, sem muito entusiasmo.

- De qualquer forma. - Hollie começou a dizer, imaginando que, apesar de ter sido a responsável por iniciar o assunto, fosse hora de alterar os rumos da conversa antes que os ânimos da prima se alterassem ainda mais. -  A única coisa certa é: estamos em Orlando e, a partir de amanhã, estaremos sozinhos.

- Por que meus pais são dois irresponsáveis. - Amy disse e, ao notar o olhar irritado que a prima lançou em sua direção, achou melhor continuar, mesmo que a contragosto. - E adultos que trabalham salvando vidas, não tiram férias há quatro anos e têm o direito de distrair a mente dos filhos, também adultos, pelo menos por um tempo.

- Gosto assim. - Hollie celebrou e o tom condescendente em sua voz levou a ruiva a rolar os olhos. - Agora, podemos focar na parte que realmente importa? Nós vamos viajar pela costa oeste sem supervisão e com zero custo de estadia, as possibilidades que nos aguardam são infinitas.

A princípio, Amy não havia realmente captado as segundas intenções implícitas nas palavras de sua prima, mas ao notar a piscadela - não muito discreta, diga-se de passagem - da morena em direção ao rapaz e a mão dele que vinha subindo suavemente pelas pernas da mesma, tudo se mostrava ridiculamente óbvio.

Como a pessoa madura que era, ela pegou um dos guardanapos que estava sobre a mesinha - ao lado de sua já finalizada marguerita - o amassou no formato de uma bolinha, e arremessou na direção deles, que estavam entretidos demais em provocar um ao outro a ponto de se assustarem com o objeto.

- Vocês dois são nojentos. - Comentou, após ouvir os resmungos do pseudo-casal por terem sido interrompidos. - Eu não te trouxe nessa viagem para me fazer ficar de vela.

- Sua seca está pior do que eu imaginava. - Connor respondeu com um suspiro, puxando sua prima, que acabara de lhe mostrar o dedo do meio, para mais perto (se é que aquilo era possível, os dois acabariam se fundindo um ao outro se continuassem daquela forma). - Quanto tempo faz que você não pega alguém?

- Isso é realmente da sua conta?

- Tempo demais. - Hollie respondeu por ela, que se mostrava ocupada demais em impedir que o cachorro descesse do local em que estavam deitados. Considerando o tamanho do filhote, aquela não vinha sendo uma das tarefas mais fáceis.-  Além de ter sido a mesma boca por quatro anos,

Connor colocou uma das mãos sob o peito, forçando uma feição de espanto tão exagerada que fez Hollie gargalhar e, Amy, dar um sorrisinho cínico.

- Nós precisamos mudar isso. - Ele, como sempre, compartilhava das opiniões cafajésticas de sua prima.

Não havia novidade alguma ali. Os dois eram duas piranhas assumidas. Hollie adorava dizer que se haviam jogado a água, então alguém tinha de passar o rodo.

Chegava a beirar o absurdo a forma como ela e Connor combinavam.

- É tão bonitinha a forma como vocês falam. - Ela comentou com desinteresse e os dois a encararam confusos, aguardando a explicação que viria a seguir. - Como se eu fosse mesmo ouvir a opinião de vocês quando se trata da minha vida amorosa.

- Eu senti mais desdém nessa frase do que o aceitável, e você? - Connor questionou, lançando um olhar desconfiado em direção à morena em seguida.

- Também. - Hollie concordou no mesmo tom. - O que te faz acreditar que a nossa opinião não é válida?

- Eu não sei. - Amy fingiu ponderar por um segundo, voltando a impedir que Mocha saltasse para o chão ao segurá-lo pelas patas traseiras. - Talvez o fato de vocês estarem nessa relação deturpada, fugindo de compromissos há anos quando claramente querem ficar um com o outro? Se olhem no espelho, vocês não conseguem se desgrudar por mais de dez segundos quando estão no mesmo cômodo.

- Quanta agressividade. - Foi a resposta de Connor, que parecia bastante ofendido com as acusações. - E não sou eu quem foge compromissos.

Amy provavelmente teria se juntado ao rapaz nas alfinetadas à prima caso o buldogue não tivesse tentado fugir outra vez.

- Mocha, eu sei que você também está de férias, mas não podemos abusar da boa vontade dos Bieber. - Ela repreendeu o animal, que agora choramingava baixo por não poder caminhar livremente. - Estou falando sério, se você aprontar, vamos ser expulsos e eu vou ser obrigada a te contrabandear para algum outro hotel comigo.

- O que não vai ser muito fácil, porque você está cada vez mais gordo e sua dona não tem cabelos muito discretos.

Ela estava prestes a encontrar alguma resposta bastante espertinha para o comentário de Connor quando foi pega de surpresa por mais uma tentativa de fuga do cachorro. Amy levou alguns segundos para processar o fato de que uma bolota de gordura de pouco mais de seis quilos havia conseguido ser mais rápida do que ela, até finalmente conseguir se manifestar e correr atrás dele.

- Mochaccino! - Chamou em um tom sério que foi ignorado completamente por ele. - Por Merlin, Mochaccino, volta aqui! - Quase implorou ao observar o animal correndo animado em torno da enorme piscina da área externa do hotel.

Ao notar que o buldogue seguia a todo vapor em direção a um aglomerado de jovens de biquíni, Amy sentiu o sangue gelar. Lá se fora a esperança de recuperar o animal de maneira discreta.

- Você só pode estar de brincadeira comigo! - Ela exclamou inconformada para o horizonte, que se fingia de inocente ao exibir as lindas cores do pôr-do-sol. - Sério universo, sete bilhões de pessoas nesse planeta e é justamente com a minha vida que você tem que foder?

Respirando fundo, Amy se aproximou das garotas e do buldogue - que agora parecia bastante satisfeito com a atenção que estava recebendo já que havia até mesmo parado de correr. Ainda não havia conseguido desvencilhar-se de todas elas quando ouviu a voz de Justin.

Claro. Porque as coisas sempre tinham que ficar piores.

- Calma, totó. - Ela o ouviu dizer. - Amigo, amigo.

Quando por fim conseguiu visualizar inteiramente o que estava acontecendo, Amy encontrou o filhote voltado para o rapaz, rosnando em uma espécie estranha de posição de ataque.

Ela precisava admitir que a forma como o animal fora capaz de cismar com Justin apenas por presenciar as discussões entre os dois no aeroporto a deixava bastante orgulhosa.

Cães eram preciosos demais para esse mundo.

- Será que você pode, por favor, acalmar o seu cachorro? - Justin perguntou ao notar sua presença e a garota expeliu o ar com força, sem acreditar nas palavras que saíam de sua boca.

Nos raros momentos em que o rapaz se dava ao trabalho de lhe dirigir o olhar e admitir a sua existência, a ação vinha acompanhada de algum comentário irônico ou mal educado. Era o tipo de situação que beirava o ridículo.

- Mocha. - Ela chamou outra vez e o buldogue por fim pareceu capaz de ouví-la, virando a cabeça em sua direção e apenas então abandonando a postura ameaçadora. - Vem aqui, garoto.

Feliz em reconhecer a dona, o animal caminhou e sentou a seus pés como se nada tivesse acontecido. Amy suspirou e abaixou-se para pegá-lo no colo - tarefa que demandou certo esforço -, estava entretida verificando o bem-estar do filhote quando percebeu que Justin havia se aproximado.

Involuntariamente, quem assumiu a postura tensa foi ela ao observá-lo esticar uma das mãos em direção ao cachorro. Muito mais pela proximidade do rapaz do que pelo medo de que ele fosse ser atacado de verdade.

Qualquer um que passasse mais do que dez minutos com Mochaccino saberia que era mais provável morder do que ser mordido por ele.

- Você é muito estranho, sabia? - Ele falou com o filhote em um tom suave que a pegou desprevenida. Só então ele pareceu reunir coragem suficiente para de fato tocar no espaço entre as orelhas do animal. Para a felicidade de Amy, no entanto, Mocha continuava desconfiado o suficiente para voltar a rosnar para ele, impedindo uma maior aproximação. - Me faz sentir falta do Pistache, ele era muito mais legal do que você. - A menção a seu antigo filho de quatro patas a atingiu de tal maneira, que a garota passou alguns segundos sem conseguir reagir. - Da próxima vez, tente controlar melhor o pedaço de Bacon que você chama de cachorro.

A mudança na postura de Justin, variando do tranquilo ao agressivo em questão de instantes, apenas por ter de se dirigir a ela, gerou tamanha revolta dentro da ruiva, que Amy se viu mais uma vez incapaz de encontrar alguma resposta inteligente para rebater o comentário. De modo que ela precisou observar o rapaz dar as costas e começar a caminhar na direção oposta logo, para , enfim, conseguir processar o que estava acontecendo.

- Segura o cachorro. - Ela ordenou à Hollie, interrompendo (sob protestos) a sessão de amassos dela e Connor ao soltar o cachorro sobre o colo da prima.

Amy, no entanto, não ficou por perto tempo o suficiente para fornecer explicações aos dois. Impulssionada pela onda de ódio que pulsava em suas veias, caminhou a passos largos pelo mesmo caminho que vira o rapaz percorrer pouco tempo antes. Não conseguia acreditar que era daquela forma que Justin planejava agir durante todo o período em que seriam obrigados a conviver naquelas férias.

Não que ela estivesse muito empolgada para passar algum tempo com ele - a vontade de compartilhar cada mínima atividade do seu dia com Justin diminuíra anos atrás -, mas uma vez que não tinham exatamente muita escolha acerca da situação, o mínimo que podiam fazer era tentar manter as coisas civilizadas.

E agir como se ela não existisse ou fazer comentários sarcásticos toda vez que ela estivesse no mesmo ambiente não era o que a garota considerava a solução civilizada para duas pessoas que já haviam passado dos vinte anos. Além disso, Amelia aprendera cedo demais que, uma vez que se nasce com cabelos vermelhos, é porque não está nos planos do universo lhe garantir uma existência pacífica e digna de anonimato.

Por esse motivo, se Justin achava que conseguiria ignorar a sua presença pelos próximos dois meses, ele não poderia estar mais enganado.

- Mas que caralhos você pensa que está fazendo? - Questionou, quando finalmente o alcançou, próximo ao hall de serviço. Ela nem ao menos se deu ao trabalho de esconder a irritação, fosse no tom de voz ou na coloração avermelhada de suas bochechas.

- Subindo para o meu quarto? - Justin respondeu de maneira tão condescendente que a ruiva precisou inspirar com força para não ceder à vontade de avançar em seu pescoço.

- Você entendeu o que eu quis dizer. - Reforçou, sem muita paciência para joguinhos.

Justin então deixou escapar um suspiro alto, como se a mera ideia daquela discussão o entediasse.

- Entendi? - Ele indagou com ceticismo, dando as costas para apertar o botão do elevador uma outra vez. - Você tem a tendência de ser bastante ambígua quando quer.

A afirmação resultou em uma nova onda vermelha pelas bochechas de Amy. Ela só não sabia dizer se pela irritação ou pelas lembranças que a acompanhavam.

- É desse jeito que as coisas vão ser, então? - Perguntou, dessa vez deixando transparecer parte da mágoa em suas palavras.

- De que jeito, Amelia? - Não havia emoção em sua voz, apenas indiferença. E a constatação de que o rapaz continuava a se recusar a chamá-la pelo apelido lhe machucava mais do que deveria.- Eu mal estou falando com você.

- Exatamente! - Ela quase gritou, indignada. - Qual é o seu problema?

- Nesse momento? Acho que é bastante óbvio. - Justin expeliu o ar com força quando as portas do elevador de serviço finalmente se abriram e ele lhe deu as costas para entrar ali. - Você pode ter cabelos cor de fogo, mas o mundo não gira em torno de você, Amelia. Pare de superestimar a sua importância.

A imagem de Michael Kelso - de That 70’s show - gritando “BURN”  foi tão nítica na mente de Amy que ela levou alguns segundos para se recompor, deixando o rapaz sem resposta enquanto as portas se fechavam, cortando o contato entre os dois.

Quando por fim processou as palavras ditas por ele, no entanto, a ruiva foi tomada por uma onda de ódio infinitamente superior a qualquer outra que já sentira.

Ela jamais admitira, mas estivera preocupada quanto aos seus planos desde o início. Com medo de parecer infantil demais - assim como o próprio Justin a acusara de ser, naquela discussão em frente ao banheiro do Tattu - e por isso, questionara-se com frequência sobre seguir ou não com a ideia de tornar a vida dele um inferno através de pegadinhas idiotas.

De fato, o único momento em que aquela lhe parecera realmente uma boa ideia fora no caminho de volta, após aquele mesmo jantar. Quando a fúria que sentia não chegava a um terço da que estava sentindo naquele momento, uma semana depois. Vítima de tamanho desdém e palavras duras do rapaz, todas as dúvidas lhe pareceram tão idiotas quanto a forma como vinha sendo tratada por ele, que fora seu melhor amigo por uma década.

No final da história, Hollie tinha razão.

O fato de seus pais optarem por abandoná-los em uma viagem à parte poderia mesmo lhe ser útil. Isso porque, se ela não mais precisava se preocupar em manter a imagem de filha madura e responsável, ela não precisava realmente reprimir o lado de sua personalidade que adorava a ideia de ser a causadora do caos.

E por Odin, as possibilidades de gerar esse caos eram simplesmente infinitas.

 


Notas Finais


Por favor, não se esqueçam de me dizer o que estão achando da história até aqui, se gostaram, odiaram, se pegaram as referências ou se estão com vontade de matar um personagem específico hahahah eu Adoro ler cada uma das opiniões de vocês!
Um beijo e até o próximo!

Ps: eu fiquei em 2º lugar no concurso do @fanctions com uma short Jily que escrevi baseada no enredo proposto por esse tweet ""uma fic que lily trabalha em uma empresa e tenta sempre pegar vírus no computador pro gatinho da informática james potter ir lá arrumar". E adaptei ela pra que o personagem principal fosse o Justin Bieber
Aviso desde já que é do tipo NSFW (tbm conhecido como +18/restrita/hentai e etc hahahha), mas aos interessados, eis o link: https://spiritfanfics.com/historia/o-cara-da-ti-10249879

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