História Presente de gente grande - Livros e patins

Jisung amava o dia das crianças por motivos óbvios: ele ganhava presentes de seus pais e tios que o paparicavam demais por ser uma das únicas crianças da família.

Fora, é claro, o fato de que não era como com Papai Noel que ele tinha de tirar boas notas e ser bom o ano todo, bastava ser pequenininho e fofo para ser presenteado e exibir um sorriso genuíno por toda a semana.

Mas não era um sorriso que estava no rosto do garoto naquele dia.

Ele estava chateado com alguma coisa, aquilo era um fato. Não que qualquer um conseguisse dizer aquilo de cara, mas é claro que Jeno havia notado aquele biquinho se formando a cada cinco minutos e depois desaparecendo como mágica.

Park já estava daquele jeito desde que Lee chegou e lhe contou sobre o presente que sua mãe havia lhe dado - uma coleção novinha dos livros de Harry Potter - e o quanto havia amado.

Jeno sabia o que o mais novo queria: patins. E ele sabia também que Jisung esqueceria deles assim que os ganhasse e imaginou que era aquele o motivo para que ele não tivesse contado o que tinha ganhado.

— Qual o problema, dongsaeng? – Jeno perguntou, não aguentando mais o silêncio do ruivo.

— Nada. – murmurou e Jeno se segurou para não revirar os olhos. Como se ele fosse acreditar.

— Anda, me fala, Jisung. – pediu, deixando seu indicador afundar na bochecha do menor até que ele o olhasse.

Antes de responder, o biquinho se formou novamente, então Jisung disse, emburrado:

— Mamãe disse que eu já sou grande demais para ganhar presentes. – seu tom estava claramente irritado. — Mas o hyung é mais velho que eu e ganhou presentes, eu não entendo.

Jeno o analisou por um tempo antes de dizer qualquer coisa.

— Grande demais? – perguntou após uma ideia passar por sua mente. Jisung confirmou, emburrado. — Então acho que vou te dar um presente de gente grande. – disse, um sorriso tranquilo nos lábios.

— Um presente? – Jisung o olhou interessado. — Que presente?

Sem responder com palavras, Lee segurou o rosto bonito do seu dongsaeng e antes que Park perguntasse o que ele estava fazendo em uma súbita onda de coragem, Jeno encostou seus lábios cheinhos nos do outro, deixando um longo selar.

— Se sente melhor sendo grande demais agora? – Jeno perguntou, ainda de olhos fechados, quando se afastou.

Sem resposta por longos segundos, o garoto começou a entrar em pânico, pensando em que desculpas dar para o mais novo, e quando encontrou uma boa o suficiente, abriu os olhos.

O rosto corado de seu dongsaeng olhando para ele foi o que encontrou, e se alguém lhe perguntasse, diria que nunca viu algo tão fofo em toda sua curta existência.

— Desculpe, Jisung. – murmurou, sentindo as bochechas quentes. — Eu não queria te assust... – sua frase morreu na metade quando sentiu os lábios do ruivo novamente nos seus.

— Obrigado, hyung. – Jisung sussurrou com um sorriso. — Acho que não preciso mais de presentes de crianças. – disse, o rosto agora na curva do pescoço de Jeno, que apenas sorriu, beijando os cabelos do outro.