- Boa tarde, turma! - A voz relativamente grossa ecoou pela enorme sala, fazendo com que todas as meninas se posicionassem em suas carteiras de madeira. O corpo de estatura mediana caminhou entre as cadeiras sem olhar para nenhum dos rostos que ali havia. Após a longa caminhada, chegando em uma enorme mesa, que ficava um degrau acima das outras, os livros que trazia foram depositados cuidadosamente em cima do objeto de madeira e o corpo moreno se virou para, pela primeira vez no dia, encarar os rostos que mantinham suas expressões sérias. - Expressões tensas... - A morena colocou os braços para trás do corpo e entrelaçou seus dedos na altura das nádegas. - Estão cansadas? Com medo? - O salto bateu no primeiro degrau e os corpos se posicionaram de forma ereta nas cadeiras. - Meu nome é Regina Mills e eu vou acompanhá-las durante esse semestre já que a professora Mary Margaret precisou se ausentar... - Regina se aproximou da primeira carteira e olhou para os corações que haviam desenhados no caderno da menina de cabelos loiros que aparentava estar no auge dos seus 13 anos. - O que é isso no seu caderno?
- Nada demais, senhora. São apenas desenhos... - A garota soltou com a voz trêmula e estava extremamente insegura, ao ponto de esconder suas mãos por debaixo da carteira. Regina olhou profundamente nos olhos cor de mel e pegou o caderno para si. - Miss Mills, por favor... - A loirinha fez menção de levantar, mas o olhar pesado de Regina a impediu. A sala estava em um completo silêncio, nem as respirações se ouvia mais. O único barulho que se ouvia era o de folhas caindo e sendo arrastadas pela força do vento do lado de fora.
- Isso me parece coisa de garota apaixonada, senhorita... - Regina fechou o caderno e olhou o nome que havia na capa. - Senhorita Andrews! Parece que anda se distraindo com questões amorosas... - Regina abriu o caderno novamente na página que havia marcado com o dedo indicador. O corpo moreno se debruçou calmamente em frente a carteira e o caderno foi depositado da mesma forma como estava antes. Os olhos castanhos encontraram os mais claros e ambas ficaram se encarando. - Parece que alguém anda estudando a matéria na prática... - Regina passou o dedo gentilmente pelo nariz pequeno da garota e logo abriu um sorriso que fez com que todas as outras meninas relaxassem nas carteiras. - Meninas, nas próximas quatro aulas iremos estudar o Romantismo... - Regina subiu o degrau e se aproximou de sua mesa novamente. A morena pegou o óculos que havia próximo aos livros e, aproveitando o ensejo, pegou o primeiro livro que havia trazido. Virando-se novamente para as meninas, enquanto as mesmas abriam seus materiais, a morena arrumava os óculos no rosto e se posicionavam com o livro nas mãos. - E eu garanto pra vocês que não serei uma megera!
Os risos suaves trouxeram um tom acolhedor para a sala que parecia tão séria. A aula iniciou e ninguém parecia se importar com os assobios que entravam pelas janelas. O vento estava forte e as folhas dançavam pelo enorme gramado do lado de fora da escola. Era início de outono. Todas estavam em aula, exceto três corpos que insistiam em vagar pelo espaço que antes estava cheio. Ingrid caminhava pelo gramado na companhia de Emma e Zelena. As três professoras andavam próximas na tentativa de barrar o vento que insistia em lhes causar arrepios.
- Eu simplesmente odeio essa época do ano, é insuportável! Eu passo a noite acordando com o barulho de um galho que bate insistentemente no vidro da janela... - Zelena falava enquanto segurava uma parte do cabelo para que pudesse falar olhando para as outras duas ao seu lado.
- Corte-o! - Emma soltou enquanto olhava as gaivotas pairarem próximas a umas pedras que haviam em uma enorme barreira que impedia o avanço do mar na escola. O céu cinzento denunciava a noite fria que viria.
- Eu já tentei, não tem como. O galho fica muito longe da janela e não dá pra pegá-lo, a não ser que eu espere o vento bater e puxe ele, arriscando minha vida... podendo morrer na queda da minha janela... - Zelena pegou o braço de Emma e tomou para si, prendendo-lhe contra o seu corpo. - Vamos, Emma... faça essa boa ação!
- Quem não faz boas ações morre mais cedo, Emma Swan! - Ingrid falou antes mesmo que Emma respondesse, recebendo um sorriso de Zelena em agradecimento. A loira mais velha nada mais disse, apenas guardou o sorriso da ruiva em sua mente e deu um leve sorriso olhando para o horizonte.
- Se você não largar o meu braço eu não vou poder fazer... - Emma falou em um tom divertido, fazendo Zelena largá-la no mesmo instante. As duas loiras riram ao notar o cenho fechado da ruiva e logo pararam de andar. Foi-se uma hora de histórias e risadas debaixo da enorme árvore que perdia suas folhas para a natureza. As três desenvolveram um laço forte de amizade depois de muito relutarem. Eram extremamente diferentes, enquanto Ingrid era calada e observadora, Zelena era uma matraca que mal ligava para o que estava ao seu redor. Emma era o meio-termo que variava com as estações ou fases da vida.
A aula acabou e as meninas saíram em disparada para os corredores. Exceto uma. Dana. Enquanto Regina arrumava seu material para que pudesse pegá-lo sem muita dificuldade, um corpo pequeno e rechonchudo se aproximou da morena, tocando-lhe a coxa cautelosamente. A professora de literatura olhou para o lado e nada viu, então decidiu descer os olhos um pouco mais, dando de cara com os olhos azuis curiosos que lhe observava por entre as lentes de um enorme óculos que combinava com a farda que vestia.
- Eu posso ajudá-la? - Regina disse largando os livros novamente em cima da mesa. A mão pequena tocou-lhe o braço na tentativa de trazê-la um pouco mais para baixo. A professora decidiu atender o pedido da aluna e então desceu um pouco, apoiando as mãos nos joelhos. - Aconteceu algo, querida?
- Você se parece com a minha mãe... - A pequena de cabelos negros e longos tocou o rosto de Regina docemente enquanto o óculos escorregava pelo nariz. Regina tocou a ponta do nariz da criança a sua frente, impedindo que o óculos caísse de seu rosto e o ajeitou logo em seguida. - Ela contava histórias igual você conta.
- Contava? - Regina prendeu o óculos de Dana atrás das pequenas orelhas e ficou analisando se o mesmo estava seguro ali.
- Ela morreu. Agora ela só me conta nos sonhos... - Regina sentiu uma pontada lhe invadir o peito ao ouvir as palavras que foram proferidas com tanta tristeza. A morena puxou a aluna pela mão carinhosamente e ambas sentaram-se no degrau em frente a mesa. Ambas ficaram em silêncio por breves segundos até que Regina o quebrou.
- Bom, agora você tem um anjo da guarda que lhe protege de todo o mal... - A professora passou a mão nas costas da aluna tentando reconfortá-la e ficou analisando seu comportamento tão carente e quieto. - Qual seu nome?
- Dana... - A garotinha disse levantando-se, arrumando o óculos e a mochila que parecia tão pesada. - Miss Mills, você pode ir no meu dormitório hoje? - Dana ia dando passinhos curtos em direção a porta da sala enquanto olhava Regina permanecer na mesma posição. - É o 108... - Os passos ficaram mais rápidos e a jovem aluna correu para o corredor sem antes ouvir a resposta de Regina. O medo da rejeição foi tão grande ao ponto da menina de cabelos escuros temer ouvir um "não" de uma então desconhecida.
A professora se levantou calmamente e ajeitou o vestido nos mínimos detalhes, tirando qualquer sujo que poderia ter ficado. Perdida em seus pensamentos, Regina arrumava os livros distraidamente enquanto a voz da pequena Dana ecoava em sua cabeça. Emma voltava do quarto de Zelena e finalmente havia resolvido o problema que tanto atormentava a ruiva. Swan entrou na sala com alguns materiais e uma bolsa que batia na lateral de seu corpo. A loira visualizou o corpo bronzeado a alguns passos à sua frente e nada disse, apenas se aproximou sem muita cerimônia. A mão de Emma tocou as costas de Regina que prontamente se virou com os olhos um pouco arregalados.
- Te assustei? Não foi a intenção... - Emma olhava nos olhos de Regina e mantinha uma expressão calma no rosto, o que ajudou a morena a se recompor. Regina sorriu suavamente e tocou o braço da loira.
- Não assustou, não se preocupe. - Regina apanhou todo o seu material e foi descendo o degrau em direção à saída. Quando cruzou a última carteira, ouviu a voz de Emma ecoar pela sala, tomando sua atenção mais uma vez.
- Regina, não é? - O corpo bronzeado virou-se bruscamente para a direção de Emma e ficou olhando-a por alguns segundos. - Seja bem-vinda! - A loira sorriu sem mostrar os dentes enquanto apoiava sua bolsa em cima da mesa. Os olhos de coloração esverdeada se voltaram pros de Regina enquanto as mãos de Emma deslizavam para dentro da bolsa recém apoiada.
- Obrigada... - Regina deixou um espaço de tempo para que Emma a respondesse.
- Emma. Emma Swan! - A morena sorriu em resposta e saiu da sala em passos lentos e firmes. O corredor estava lotado de meninas de todas as cores, de todos os tamanhos, das mais vaidosas às mais desleixadas. Regina era cumprimentada por todas enquanto vagava em direção ao salão dos professores. De certa forma aquilo lhe trazia conforto e calma para que pudesse enfrentar os longos 6 meses que viriam pela frente.
A escola não era uma escola qualquer. Griffith Hill não era uma escola comum, principalmente pelo fato de só estudarem meninas, mas não meninas qualquer, apenas meninas cujos pais morreram ou que estavam ali por pura punição. Não tinha como sair dali, era extremamente isolado e os caminhos eram desanimadores. De um lado, uma floresta que mais parecia um labirinto e do outro, mar aberto. Só se saía dali com autorização e acompanhamento de uma das superiores. Era o pior castigo para meninas que estavam no início da adolescência.
Regina estava sentada em um pedra que lhe proporcionava uma visão privilegiada do mar. Ela não sabia a quantas horas estava ali, mas com certeza já passava das 19:30. A noite fria causava arrepios no corpo que estava protegido apenas por um casaco acizentado meio aberto. Entre tragos no cigarro quase apagado, os cabelos negros iam sendo bagunçados pelo vento enquanto a morena se perdia em seus pensamentos. A professora jogou o cigarro longe de onde estava e quando se levantou, ouviu gemidos virem de um local não muito longe dali. Com cuidado, Regina foi se aproximando de um jardim fechado que havia próximo ao gramado e a medida que ia se aproximando dos arbustos o barulho ia se tornando mais alto.
O corpo branco roçava freneticamente sobre o de pele negra. O cabelo liso e loiro se misturava com o escuro e cacheado enquanto os corpos suados e nus faziam uma coreografia carregada de prazer. Duas meninas se amando em meio a um jardim iluminado apenas pela luz da lua. Regina observava aquilo em silêncio, sem atrapalhar as duas meninas que entre gemidos e respirações ofegantes, proferiam juras de amor. O corpo da professora esquentou e ao ouvir um último gemido alto e longo, Regina se afastou e seguiu para dentro da enorme escola abrindo mais um botão de seu casaco.
À medida que Mills ia andando pelos corredores, seu corpo ia atingindo a temperatura normal novamente. Ela precisava se recompor antes de encontrar Dana. 106.107.108. Finalmente. Regina abriu a porta do quarto de Dana e ao dar uma visão geral, percebeu que haviam mais 4 meninas ali, que adormeciam como anjos. O corpo pequeno encontrava-se sentando na beira da cama com um ar desanimado. A professora se aproximou de Dana e tocou-lhe o ombro.
- Dana, desculpe a demora. - Regina se sentou ao lado da menina que tinha uma fita enrolada nas mãos e ficou olhando para o rostinho que tinha as bochechas mais rosadas que ela jamais havia visto.
- Você veio! - Dana sorriu abertamente e abraçou Regina, que prontamente lhe correspondeu. A pequena garotinha lhe entregou a fita e pediu gentilmente para que a professora lhe fizesse uma trança. E assim foi feito. Dana era um enorme enigma para Regina e talvez fosse melhor assim. - Estou pronta para encontrar minha mãe, Miss Mills. Eu estou bonita?
- Como uma princesa! - Regina deu um sorriso e ficou observando Dana se deitar igual as companheiras de quarto. A menina se cobriu, deixando apenas os membros superiores para fora. Os olhos azuis fitavam a professora como se pedissem algo e pela interpretação da morena, o único pedido ali era um beijo de boa noite. Mills se debruçou um pouco e deu um beijo carinhoso na testa da pequena que logo fechou os olhos.
Tudo conforme o prometido. Apesar de algumas surpresas, o dia tinha sido agradável e conforme o planejado. Regina tinha se saído bem e estava satisfeita com seu desempenho. Com a luz do abajur acesa, Mills foi retirando peça por peça, deixando seus dedos percorrerem cada centímetro da pele morena. A porta do quarto deixava um filete de espaço revelando o que se fazia ali por dentro. Emma estava se dirigindo ao seu quarto quando ouviu o barulho de um objeto cair no chão. Sem invadir o quarto, a loira certificou-se de que estava tudo bem olhando pelo pequeno espaço que a porta lhe permitia. Os olhos esverdeados se arregalaram ao ver o corpo semi-nu de Regina curvado apanhando a escova que havia caído e consequentemente sendo tocado novamente por ela mesma enquanto se despia. Os cabelos negros e curtos acompanhavam com facilidade todos os movimentos de Regina e inevitavelmente aquilo dava um ar extremamente sexy à mulher.
Emma estava tão hipnotizada com todo aquele show que não percebeu que estava quase abrindo a porta. O ronco alto da dobradiça enferrujada alertou as duas mulheres que se encontravam separadas pela porta de madeira.
- Tem alguém aí? - Antes que Regina se aproximasse da porta, Swan saiu em disparada com o coração quase pulando para fora do peito, enquanto a morena calmamente aproximava-se da porta e a empurrava garantindo que a mesma fechasse dessa vez.
A porta do quarto de Emma foi fechado e a loira respirou fundo tentando tomar todo o ar que conseguisse em menos tempo. A imagem de Regina semi-nua não saía de sua cabeça. Cada detalhe desde o cabelo até o pé, tudo parecia extremamente convidativo. Swan balançou a cabeça e procurou se acalmar. Sentando-se na beira da cama e apoiando as mãos nos joelhos, não demorou 10 segundos para que ela se jogasse na cama e fechasse os olhos, sendo surpreendida pela mesma visão de Regina se despindo.
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