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História Pressure - Capítulo dois.


Escrita por: morrill4

Capítulo 2 - Capítulo dois.


 

- Emma, vem! - A menina de cabelos negros e pele levemente bronzeada, usava um vestido azul que lhe cobria os joelhos. As botas meio molhadas e com um pouco de areia escorregavam pelas pedras enquanto a pequena ia levantando água com cada pulo que dava pelo riacho. O laço branco, já desfeito pelos movimentos bruscos, escorria pelos fios lisos que não paravam de se mexer. 

- Cleo, não é melhor voltarmos? Já está tarde... estou com medo... - Emma falava estática na beirada do rio. A loira que estava entre seus 9/10 anos tinha um pouco de cabelo lhe cobrindo a face. O óculos um pouco grande insistia em escorregar por seu nariz e os reflexos do sol batiam suavemente pela imensidão esverdeada que carregava nos olhos. - Cleo... 

- Você é muito boba, não tem nada demais aqui! - Cleo fazia uma dancinha um tanto quanto desajeitada em cima de uma pedra coberta por lodo. Enquanto Emma ajeitava o óculos, ria a amiga que se encontrava toda desengonçada em uma dança que com certeza ela havia acabado de inventar. Entre leves escorregadas e risadas, a pequena morena ia curtindo cada segundo daquele prazeroso momento. - Meu laço! - Cleo colocou as mãos na cabeça tentando alcançar o pedaço de fita. Sem perceber o cadarço desamarrado, Cleo tropeça no próprio pé, caindo em cheio e batendo a cabeça em uma das pedras que ali haviam, desfalecendo em segundos. 

- Cleo? - Emma chamou a primeira vez ainda com um sorriso nos lábios, talvez pensasse ser só mais uma das brincadeiras da amiga. - Cleo, para... você tá me assustando... - A loirinha foi se aproximando vagarosamente do local onde estava Cleo e quando finalmente se aproximou do corpo, viu a cor da água do riacho mudar de coloração. - Cleo! - Emma se abaixou sem delongas até o corpo descordado e o corpo franzino segurou o outro como quem segura uma boneca de porcelana - Não me deixa, Cleo... nós somos amigas para sempre... você prometeu não me deixar... - A voz ia embargando cada vez mais e as lágrimas iam escorrendo do rosto de Emma para o corpo de Cleo. Com os olhos fechados e a cabeça encostada na da amiga, Emma chorou ao ponto de sentir falta do ar. Uma parte daquela menina tão pequena acabara de ir embora.

Emma encontrava-se sentada na beirada da cama com uma das mãos apoiadas no joelho e a outra mexendo em um pequeno pedaço de fita. O olhar fixo no chão, porém tão distante, denunciava a viagem que a loira fazia em seus pensamentos. Emma nunca superou a morte de Cleo. Havia sido difícil ter sido praticamente expulsa de casa e ter todos que a amavam contra ela, mas a loira decidiu que daquele dia em diante iria realizar os sonhos dela e de Cleo, mesmo que isso lhe custasse parte de sua vida. 

No dia anterior, ao entrar na sala onde estava Regina, Emma sentiu uma pontada no peito ao vê-la. Regina seria exatamente igual a Cleo se ela ainda estivesse viva. Ainda segurando a fita, Emma foi, aos poucos, projetando em Regina a imagem da sua melhor amiga. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto da loira ao lembrar dos planos que ambas haviam feito, os olhos foram fechados e um pequeno sorriso embalaram todo aquele momento nostálgico. 

- Emma... - Regina bateu na porta, que já estava entreaberta, e colocou um pouco de seu corpo para dentro do quarto. A morena procurou ser o mais amigável possível, principalmente quando notou que Emma tentava enxugar o rosto rapidamente. - Tudo bem chorar, é normal... - A morena se escorou na porta e apoiou um dos braços na maçaneta enquanto o outro pousou ao lado de seu corpo. 

- Não estava chorando. Foi apenas um cisco, aqui é cheio de poeirinhas que caem do teto... - Emma ia se levantando e falando, tentando justificar a torto e a direito qualquer coisa que Regina poderia ter visto. Quando a loira visualizou a expressão de Regina, acabou rindo disfarçadamente, arrancando a mesma reação da morena. - Deixa pra lá! - Swan ajeitou o rabo de cavalo que usava e pediu para que Regina entrasse. 

- Cora pediu para que eu lhe avisasse que hoje à noite terá um jantar especial com todas as meninas e as professoras. Eu não entendi muito bem, mas mesmo assim vim avisar... talvez você saiba do que se trata. - Regina deu um meio sorriso a Emma e a mesma retribuiu. A morena permaneceu em pé e não pode deixar de notar a fita que a loira segurava nas mãos, parecia querer protegê-la a todo custo. - De quem é? 

- O que? - Emma se voltou para Regina com um olhar perdido e a expressão meio entristecida. Após breves segundos, a loira notou a fita em suas mãos e então voltou a atenção para o pedaço de tecido. - Isso? É de Cleo... 

- E Cleo é o que sua? Filha? Namorada? - Regina se aproximou da cama e por fim sentou-se, cruzando as pernas e apoiando uma das mãos no colchão, deixando a outra repousando em suas coxas. 

- Namorada? Não! Eu não tenho uma namorada, quer dizer... eu nunca tive uma e também não quero ter! Digo, não tenho nada contra mulheres que amam outras, mas eu... - Emma se enrolava toda nas palavras enquanto tentava se reconfortar passando a fita por entre os dedos. Swan se sentou na cama com as pernas meio abertas e colocou as mãos ali, voltando seu olhar para a parede com a tinta tão envelhecida. 

- Não precisa se explicar... - Regina riu disfarçadamente. - E nem ficar tão nervosa! - A morena trouxe a atenção de Emma para si e então lançou-lhe um sorriso amigável. A primeira coisa que veio a cabeça da loira foi a impressionante semelhança da morena à sua frente com a pequena morena de seu passado. 

- Cleo era uma amiga. Na verdade minha mellhor amiga, mas devido a um acaso, a vida a tirou de mim... Até hoje é difícil pra mim lidar com isso, principalmente por eu ter sido tão julgada e maltratada por todos que eu amava, sendo que a culpa não havia sido minha... - Emma olhou nos olhos de Regina com um pouco de lágrimas que se acumulavam. Mills tocou no braço de Emma e acariciou a região com o polegar. - Era ela tudo pra mim, nós éramos inseparáveis... até o dia que eu tive que aprender a andar sozinha. - Regina continuou acariciando o braço de Emma tentando reconfortá-la de alguma forma. 

- É difícil quando perdemos alguém e mais difícil ainda quando esse alguém é tão importante pra nós. Emma... é difícil tentar te reconfortar pois apenas quem sente a dor dessa perda é você, mas eu posso te garantir que se você ficar presa à esse passado irá sofrer muito mais. - Regina falava em um tom sério enquanto Emma não parava de olhá-la. - Canalize a sua dor e a transforme em poesia no seu coração. Tenho certeza que Cleo ficaria muito feliz em saber que, por mais que você não lembre dela todos os dias, ela estará no seu coração, nos versos mais belos que só você poderá compor...

- Você se parece tanto com ela, Regina. Desde ontem, quando te vi, não parei mais de pensar nela e no quanto ela seria igual a você se estivesse viva ainda... - Regina franziu o cenho e tirou a mão do braço de Emma, colocando uma parte de seu cabelo para trás da orelha. - Desculpe... 

- Tudo bem. É só que eu não tenho um bom histórico com comparações e lembranças. Se você puder, não faça, tudo bem? Pelo menos não comigo... - A morena se levantou e saiu do quarto de Emma em passos largos, deixando a loira sem entender muito o final daquele diálogo. Swan se jogou na cama e fechou os olhos, pousando as duas mãos em sua barriga e entrelaçando os dedos assim que os mesmo se tocaram. 

As marcas do passado sempre são difíceis de apagar. É complicado conviver com a dor que acompanha todo santo dia. Até que é necessário que alguém apareça na sua vida e você aprenda a canalizar essa dor para que ela não se afaste ou suma de vez, porque no fundo você sabe que é essa pessoa que vai te ajudar a deixar o passado e viver o presente, mesmo que você consiga ver as marcas do que já passou.  



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