História Pressure - We Can't Give Up!

  Fracassados. Não havia adjetivo melhor para nós. Não naquele momento.

Rodamos toda a Los Angeles atrás dela e não a encontramos em canto algum. Porra, fomos nos lugares mais prováveis e nos improváveis também. Mais de cinqüenta homens a perseguiram essa noite e não encontraram pistas sequer. Ela não pode ter sido tão rápida ao ponto de deixar a cidade, isso não era possível.

–Sinto como se não tivesse o controle das coisas. –Desabafei. – Porque não há nada que eu possa fazer para recuperar o dinheiro. Sinto-me impotente. Inútil.

–Não é só você que tem esses sentimentos, eu também. –Tyga declarou enquanto encarava o asfalto com um olhar para baixo, sem esperanças.

Estávamos sentados na calçada da cidade, contemplando a rua pouco movimentada. Algumas lojas começaram a fechar, estava ficando tarde.

–Eu sei que peguei uma parte pequena da história de vocês, mas me ensinaram que quando há um problema, devemos enfrentá-lo, ficar parado não ajuda em nada. –Julie, que também estava sentada na calçada, com a cabeça deitada sobre o ombro do Ryan, disse.

–Você fala como se nunca tivéssemos tentado. A gente se esforça, porra, mas nada vale à pena. Porque se nós temos grana, somos roubados. E o pior, não sabemos quem nos roubou. –Tyga disse. Pigarreei esperando que o mesmo se corrigisse e ele bufou. –Tudo bem, sabemos quem roubou. Mas não a encontramos.

–É mesmo uma situação difícil, mas vocês precisam ser confiantes. –Ela ergueu sua cabeça e levantou-se do chão, ficando de frente para nós e nos fazendo erguer a cabeça para encará-la. –Precisam ter em mente que vocês são os donos do jogo, e não ela.

–Ia dizer para armamos um esquema contra ela, mas já armamos um essa noite e ele foi por água abaixo. –Chris, que estava em silêncio até então, disse.

–Mas esse é o problema, vocês não podem desistir só porque falharam na primeira tentativa, vocês devem tentar novamente, umas mil vezes, se preciso for, e se isso favorecer vocês. –Julie tentava nos reanimar.

Era como se ainda houvesse uma faísca vingativa dentro de mim, e ela reascendia todo o fogo a cada palavra proferida por Julie.

–Cara, nós podemos mesmo fazer isso. Podemos armar outro esquema contra ela, idéias para isso não nos faltam. –Ryan reforçou a Julie.

–E eu tenho a idéia perfeita. –A garota disse exalando confiança.

Abri um sorriso faminto por novos esquemas contra a Ruby. E dessa vez seria para valer.

–Então conta aí. –Dei a palavra a ela.

–Notei que ela se interessa apenas pelo dinheiro, certo? –Julie perguntou e nós assentimos.

–E se interessa também por nos deixar com raiva, efeito colateral. –Tyga completou e nós rimos em conjunto.

–Então faremos uma armadilha para ela, onde ela achará que irá levar dinheiro novamente, será pega. –Contou-nos.

–Boa! –Vibrou o Chris. –Seria como se ela pensasse que estivéssemos saindo, ou algo do tipo, e invadisse a casa em busca do dinheiro, e então ela seria pega de surpresa, porque a idéia era conduzir ela para uma emboscada.

–Exatamente! Mas faremos isso de uma maneira diferente, que com certeza não falhará. –Julie continuava a falar suas idéias. –Daremos uma festa na mansão, algo como um baile de máscaras, e a finalidade da comemoração é exibir quadros raros.

–Como uma exposição? –Questionei.

–Sim, como uma exposição. Selecionaremos cerca de cinco quadros extremamente valiosos e o colocaremos nas paredes do corredor principal da casa. Convidaremos amadores de arte e toda aquela gente fina, tenho certeza que isso será bem convidativo para a Ruby. –Julie sorriu malignamente.

–Porra, ótima idéia! Ela com certeza tentará roubar os quadros. –Ryan disse.

–E estaremos atentos em qualquer pessoa que atravesse a porta, pois saberemos que uma delas é ela. –Chris completou.

–Julie, seu esquema está aprovado.

                                                                      ...

–A Julie foi enviar os convites aos amadores de arte pelo correio. –Ryan anunciou ao adentrar o escritório. Ele parecia eufórico.

–Algum problema, cara? –Chris perguntou de cenho franzido.

–Preciso de um puta favor de vocês. –Declarou o Ryan.

–Só dizer. –Eu disse.

Ryan se aproximou de nós e sentou-se no sofá de couro.

–Vocês já devem saber, mas cara, eu estou gostando mesmo da Julie. –Começou a dizer. Todos nós concordamos para que ele continuasse. – E já que encontrei alguém que gosto, não quero perder tempo, quero pedir ela em namoro.

–Cara, vai fundo, a Julie é uma garota legal. –Chris a elogiou e deu forças ao Ryan.

–Concordo com o Chris, ela nos ajudou bastante. –Eu disse, Ryan sorriu agradecido.

–E é de confiança. –Tyga reforçou.

–E como a Mackenzie diria se estivesse aqui, você gosta dela, isso basta. –Chris disse mais uma vez. E dessa vez, tocou não só o Ryan como a mim.

–Se ela estivesse aqui... –Repeti as palavras do Chris num suspiro profundo.

–Não amolece agora, tua mulher vai voltar. –Tyga disse pondo a mão no meu ombro.

–Já faz mais de um mês! –Eu disse, em seguida, bufei esfregando as mãos no rosto, impaciente.

–Agüente firme, quando menos esperar ela estará de volta conosco. –Chris tentou ajudar. Ele tem estado mais presente ultimamente. Na verdade, todos estão mais unidos, talvez pela carência da Mackenzie.

–Voltando ao assunto, disse que queria nossa ajuda, era só para os conselhos? –Perguntei ao Ryan. Ele negou com a cabeça.

–Não sei como chegar nela e pedir para namorar comigo. –Ele confessou. Rimos de sua situação, ele pareceu ficar ofendido com nossa reação. –Ah, qual é? Não sinto algo assim desde a Jade.

–Então faz muito tempo mesmo, quantos anos faz desde que a Jade se foi? –Chris perguntou, e por curto período de tempo, todos pareceram coletar lembranças do passado.

–A Jade era legal. –Ryan deixou escapar enquanto deixava as lembranças lhe tomarem conta.

–Por que mesmo ela foi embora? –Tyga quis saber.

–Ela começou com o papo de que a vida que eu levo não era boa para ela, disse que precisava terminar a faculdade e essas coisas, enfim, não me queria por perto, eu atrapalharia as coisas para ela. –Ryan nos lembrou.

–Pelo menos sua ex está viva. –Eu disse. Todos ficaram em silêncio ao lembrarem a Hillary. –Vocês não precisam ficar de bobagem, eu já a superei.

–Cá entre nós, Hillary era um pé no saco. Que deus a tenha. –Tyga declarou.

–É, cara. E aquela idéia de pararmos com os assaltos e começarmos a trabalhar? –Chris disse, todos riram.

–É bom saber que você não fica mais bolado quando comentamos sobre ela. –Ryan falou para mim.

–Talvez a Mackenzie tenha ajudado na superação, sei lá, não tenho tempo para pensar na Hillary agora, só penso na Mackenzie. –Eu disse.

–É bom que só pense nela mesmo, porque se eu souber que está traindo a minha irmã... –Ryan levantou-se do sofá e sacou a arma de sua cintura. –Cabeças vão rolar. –Ele balançou a cabeça ao dizer a última frase.

Tyga gargalhou alto do Ryan.

–Então acaba com ele agora, porque ele ta tendo um caso com uma das strippers da boate. –Tyga revelou. O encarei de cenho franzido. Filho da puta.

–Qual foi porra? –Ryan disse aparentemente bolado.

–É só sexo. –Disse em minha defesa. Ryan bufou e voltou a sentar-se no sofá. –Vamos esquecer minhas particularidades e falar de você, cara, o que quer de nós?

–Já disse, preciso de ajuda em relação ao pedido de namoro. –Ryan guardou sua arma de volta ao mesmo lugar.

–Como fez com Mackenzie? –Chris perguntou-me.

–Cara, não foi nada oficial, eu só disse o que sentia e as coisas fluíram entre nós. –Contei.

–Acontece que eu já disse a ela que gosto dela, nós somos um casal normal e não um casal “minha amiga lésbica foi embora e agora eu estou comendo a ex dela” –Ryan imitou um locutor ao dizer. Todos caíram na risada.

–Cara, ela não era minha amiga, nunca foi. –Eu disse ao parar de rir.

–Não sei não, vocês tinham sim alguns laços. –Ryan me contradisse.

–Quando se tratava de negócios, éramos produtivos, mas só. –Dei de ombros.

–Se me perguntassem antes, quem provavelmente daria o fora da gangue eu não teria respostas concretas, no máximo diria que nenhum de nós deixaria a gangue porque apesar dos pesares, tínhamos dinheiro e tendo isso, o resto a gente resolve, mas coisas improváveis acontecem, não sei o dia de amanhã e isso é assustador. –Tyga pensou alto, mudando drasticamente de assunto.

–Pensando nisso, realmente é assustador. –Chris suspirou. –O que quer que aconteça, quero continuar levando essa vida, o crime para mim é a essência.

–E nós vamos continuar. Cara, o mundo é nosso, vamos assaltar ele todo. –Ryan disse.

–Contanto que a Mackenzie esteja do meu lado, tudo está certo. –eu disse.

–Contanto que a droga esteja do meu lado, meu amigo, tudo está certo. –Tyga repetiu. Rimos juntos.

–Eu já tenho em mente uma coisa para o seu pedido de namoro. –Eu disse, Ryan pareceu animar-se.

–Conta, porra.

                                                        ...

Estávamos juntos na sala de estar assistindo um filme qualquer quando a campainha tocou. Todos agradeceram por aquilo, a pizza havia chegado.

Julie levantou-se rapidamente e correu até a porta para pegar as pizzas. Ryan a observava nitidamente nervoso, aquele era o momento em que ele a pediria em namoro. Ela retornou com as pizzas em mãos e pôs sobre a mesa de centro. Apesar de estar faminto, aguardei até que tudo fosse feito, Chris e Tyga também se controlavam.

Julie surpreendeu-se ao abrir a pizza e ver as anotações no papelão. Ryan pediu que lhe escrevessem um ‘eu te amo’ e um pedido de namoro.

–O que é isso? –Tyga fingiu estar surpreso e aproximou-se para ver. –Ah, cara, se eu fosse você, aceitava.

Julie riu enquanto derramava lágrimas de emoção. Ryan aproximou-se dela e tomou sua mão, encarando seu rosto.

–Aceita? –Perguntou ele.

–Não chora, cara, você é traficante, não tem sentimentos. –Chris brincou, todos riram, inclusive a Julie que ainda chorava emocionada.

–Para de chorar, Julie. Seja homem, porra! –Falei, todos gargalharam alto.

–Agora responde logo o cara antes que ele tenha um ataque cardíaco. –Tyga referiu-se ao Ryan.

–Eu aceito, claro que sim! –Julie abriu os braços e abraçou o Ryan.

–AE PORRA! –Chris comemorou. –Vamos comer pizza para celebrar essa união.

Todos avançaram nas pizzas, menos o casal que estava se beijando.

–Vocês fazem eu me sentir uma criança vendo os pais se beijarem. –Tyga disse. Julie não parou de beijar o Ryan e mostrou o dedo do meio para o Tyga.