História Pretty MermaidBoy - You're lifted

     — Precisamos ir comprar roupas para você. – Jimin colocou a mão na testa quando já estava na esquina com Jeon. – Bom, eu também vou ter que dar um jeito para você ficar lá em casa por um tempo.

   — Por um tempo? – Perguntou confuso, vendo o mais novo fazer sinal para um táxi que se aproximava.

     — Sabe, você não vai poder ficar lá para sempre, mas não se preocupa, eu não vou te deixar sozinho. – Apertou a mão de Jungkook e entrou com ele no carro que havia parado para os dois, pedindo para que lhes levassem até o shopping mais próximo. – Você tem cara de ser maior de idade, já pode conseguir um emprego para ter dinheiro e enfim, comprar algum lugar para morar?

     — Jimin, eu não tenho nenhum documento ou identificação, como conseguiria emprego?

     — Depois pensamos nisso. – Escondeu o rosto entre as mãos e suspirou alto, deitando a cabeça no ombro do mais velho. – Tudo tá acontecendo tão-

     Park não teve tempo suficiente para terminar sua frase antes que seu celular começasse a vibrar incessantemente em seu bolso. Pegou o mesmo sem pressa, desconfiado de que poderia ser mais uma das várias merdas em que seus amigos haviam se metido nos poucos minutos em que se passaram. Abriu a conversa e notou que Yoongi havia o adicionado em um grupo com Jae, Inseong, Hoseok, Tae, Nam e Jin.

  [Suga criou o grupo "olha aqui seu porra"]

 [Suga] : OLHA AQUI

[Suga] : PODE TRAZENDO SUA BUNDINHA DE VOLTA PRA CÁ E EXPLICANDO PORQUÊ O SEU NAMORADO EH EXATAMENTE IGUAL AO TRITÃO DA LENDA

 [Nam] : ta achando que nois é bicha burra ne viado

  [Nam] : depois que tu saiu nós abrimos o famoso google e vimos que a foto que supostamente alguem tirou do peixe lá

 [Nam] : tu tem que explicar que merda is going on porque eu acho que os anões que controlam meu cérebro tao correndo de um lado pro outro desesperados

 [Jae] : de que lenda voces tão falando seus lixo

 [Inseong] : se as madame quiser fazer o favorzao de explicar alguma coisa

 [Suga] : esse cotoco vai explicar quando chegar aqui

 [Jimin] : eu não sei do que vcs tao falando

 [Jimin] : mano que droga pesada de cuba lhe injetaram na veia pra você inventar essas coisa

     [Jin] : ninguém aqui ta usando droga, jimin, isso tudo é algum tipo de brincadeira sua?

     [Suga] : nao me segura q eu vou atrás de você, ta ligado que eu sou louco e vou mesmo

  [Monster] : PARA DE SE FAZER DE SONSA

     [Jimin] : vejo vocês mais tarde

     "Park Jimin deixou o grupo."

     — Meu caralho alado. – Olhou para o garoto ao lado, aflito, mostrando a conversa para que o mesmo lesse.

     — O que fazemos agora?

     — Vamos comprar algumas roupas para você e depois damos um jeito de resolver isso. – Notou que já podia ver que se aproximava de seu destino, então pegou sua carteira e retirou de lá o dinheiro.

     — Não achar melhor contar para eles, Jimin? Você convive com eles todos os dias, como vai esconder que seu namorado não tem nenhum documento e uma enorme dificuldade em entender as novidades da tecnologia?

     — Tem razão, na volta nós contamos. – Entregou o dinheiro ao senhor e saiu do automóvel, seguindo a pé até a entrada de um enorme edifício cheio de lojas e pessoas com bolsas em mãos.

     — Incrível. – Kook observava tudo em sua volta, sem notar o sorriso aberto que recebia do ruivo.

     — Então, acho que também vamos ter que ir no cabelereiro, você passou tanto tempo debaixo d'água que o seu cabelo tá caindo já, daqui a pouco vai ficar careca.

     — Jimin, por que aquela mulher tá me encarando? – Cutucou seu ombro e apontou para a jovem de uniforme de trabalho que sorria abertamente para Jungkook.

     — Já chama a funerária que aqui irá ocorrer um assassinato.

     — Eita porra. – Só pode observar o ruivo ir até a mesma, o puxando pelo braço.

     — Só vim aqui dizer uma frase dita por um sábio filósofo. O mundo gira e vacilão roda. – Cerrou os olhos para ela e soltou o que era para ser um rosnado intimidador e acabou se tornando um grunhido estranho que o fez tossir.

     — Eu não entendi nada do que disse, baixinho. – Passou a mão pelos cabelos de Park rapidamente. – Eu estou mais interessada em falar com seu papai, não com você. Aliás, você é muito bonito.

     — Obrigado, você também é muito bonita. – Sorriu e respondeu educadamente, como faria com qualquer outra pessoa, porém percebeu que havia feito algo errado quando seu namorado apertou seu braço.

     — Olha que audácia a dele. Parece que tem alguém querendo ter o membro reprodutor cortado fora por uma faquinha de marmita, não é, Jungkook? 

     — Só falei por educação, ela nem é bonita. – Jimin riu da expressão que a garota fez.

     — Antes de irmos embora, só queria esclarecer que o Jeon não é meu "papai", tá mais pra "daddy" ou algo do tipo. – Deixou ela ali e continuou a andar pelo shopping, como se nada houvesse acontecido.

     — O que é daddy? – O mais velho perguntou.

     — Nada, nothing.

     — Nossa, não sabia que era bilíngue.

     — Eu sou trilíngue, brother.

     — Fala coreano, inglês e várias merdas?

     — Eu ia dizer que falo coreano, inglês e a sua língua, mas você tem que foder a cantada, né? – Se surpreendeu ao ser parado de repente pelas mãos firmes em seu ombro e virado na direção do moreno, recebendo um demorado selinho nos lábios, atraindo olhares de alguns que passavam ao lado. – Por que fez isso... Aqui?

     — Aquela garota estava nos olhando, achei melhor deixar claro que você é o meu namorado para que ela parasse.

     — Mas ela nem está mais por aqui. – Olhou em volta e nem teve sinal da loira.

     — Tá bom, eu só queria te beijar, satisfeito?

     — Não precisa inventar desculpa para fazer isso. – Entrelaçou os dedos aos dele e andaram juntos até o salão mais próximo.

     Um lugar movimentado e com um cheiro forte de química e shampoo parecia ser o pior pesadelo de Jungkook, que via tantas pessoas tendo seus cabelos cortados ou suas  cabeças raspadas de forma tão rápida por mulheres e homens que pareciam confiantes em seus movimentos. Entrou arrastado pelo dongsaeng, tendo que se sentar em uma cadeira vazia ali, em frente ao grande espelho. Ficou sozinho durante alguns instantes em que Jimin conversou com uma mulher no balcão e depois com uma jovem garota que estava sentado lendo uma revista proximo à ela, porém logo voltou com a mesma até Jungkook.

     — O que ela vai fazer no meu cabelo?

     — Eu só falei pra ela te deixar supimpa, relaxa aí, vou ir comprar algumas roupas para você.

     — Você nem sabe meu tamanho.

     — Se essa roupa que você tá usando ficou bem em você, eu vou comprar outras do mesmo tamanho.

     Deu as costas para Jungkook e o deixou nas mãos daquela profissional, sem ter a mínima ideia do que faria com ele, indo até a loja de roupas.

     — Esse seu cabelo tá um lixo, o que você fez com ele? Tinha que ser hétero. – Passou o pente nos fios escuros e pode ver que uma grande quantidade de cabelo saira com facilidade, sem ter feito esforço algum. – Nada contra héteros, tenho até alguns amigos que são.

     — Mas eu não sou hétero.

     — Olá, tenho interesse. – O sussurro do cabeleireiro ao lado fez com que risse e voltasse a prestar atenção em seu reflexo.

     — Sério, isso aqui tá muito fodido.

      — Atualmente minha auto-estima se encontra no fundo do poço fazendo amizade com a Samara.

     — Mas não é nada que eu não possa resolver. – Pôs em suas mãos duas luvas que haviam no balcão.

     — Porra, tu vai fazer um corte ou um transplante de cérebro, aqui?

     — Se acalma, caralho.

     — Sério, que faculdade você fez? Eu vou te processar por danos morais.

     — Eu tenho uma tesoura nas minhas mãos e não tenho medo de usá-la. – Jungkook engoliu em seco e implorou mentalmente para que Jimin resolvesse voltar e o resgatasse dali.

     Enquanto isso, o ruivo estava concentrado passando pela sessão de roupas masculinas para adultos, pensando em como aquele homem com cara de um menor de idade ficaria as usando.

     — Eu vou ter que tirar dinheiro do cu da Dilma pra pagar essas merda. –  Dedilhou os cabides de madeira pendurados perto da parede e pegou alguns conjuntos que achou que ficariam bem em Jeon. Andou durante mais alguns minutos até que não tinha mais braços para segurar tantas peças de roupas, pagou tudo no cartão de Yoongi que havia pegado tem alguns dias e aproveitou para ir até um café, já que havia comprado tudo rapidamente e provalvemente Jungkook não estava pronto ainda.

     Sua curiosidade falou mais alto e se permitiu ligar o celular para ver se tinham mais mensagens dos amigos.

     "Min Yoongi adicionou Park Jimin ao grupo."

     [Suga]: se correr o bicho pega se ficar o bicho come

     [Suga]: se tá fugindo é porque é  verdade né folha da puta

     [Nam]: FOLHA DA PUTA KKKKKKK

     [Suga]: enfim, se não vai explicar o negocio do menino ariel, me diz porque a fatura do meu cartão tá maior que o pau do namjoon

     [Jin]: não sei em qual noite chuvosa de inverno você viu que o pau do namjoon é grande

     [Inseong]: UOOOOOOOOU

     [Jae]: AAAAAAAAAAAAA

     [Jimin]: mano do céu

     [Namjoon]: fiquei magoado

     [Namjoon]: hoje não terá

     [Hoseok]: gente, foco

     [Taehyung]: sim, jimin, fala

     O sorridente garoto ria para o celular, quando tomou um pequeno susto com um toque em seu ombro, fazendo com que se virasse depressa e visse Jeon com um novo corte.

     — Parece que botaram uma tigela de sopa na sua cabeça para fazerem esse corte, mas tá lindão.

     — Obrigado pela parte que me toca.

     — E como você saiu de lá sem pagar?

     — Um cara que trabalhava lá disse que era para descontar do salário dele e anotou um número na minha mão.

     — Meu Deus, você parece um pedacinho de carniça que eu não posso deixar sozinho que já um monte de urubu.

     — Deixa eu ver o que você comprou para mim. – Pegou uma das sacolas que estavam embaixo da cadeira do ruivo, abrindo-a em seguida e retirando de dentro uma calça preta com alguns rasgos no joelho. – Você passou por uma guerra ou algo do tipo quando estava vindo para cá? Parece que um anão esfaqueou seu saco enquanto você tava andando.

     — Pô, se você não tem senso de moda, eu não posso fazer nada. – Deu de ombros e tomou mais um gole da água que havia pedido, observando Jeon fazendo careta para as peças de roupa.

     — Então, o que temos que resolver agora? – Entrelaçou os dedos aos da mão direita de Park, que estava repousada sobre a mesa.

     — Acho que temos que ir para a casa do Yoongi e explicar tudo, ele não vai cansar até eu admitir e já tá muito na cara que você é o mesmo Jeon da lenda.

     O de cabelos escuros, e agora totalmente lisos, apenas assentiu, também bebendo da água de Jimin. Caminharam sem pressa pelo shopping até a saída, tendo de pegar outro táxi para voltarem para casa. O nervosismo de ambos era percepitível, já que suspiravam alto de trinta em trinta segundos.

     — Será que não dá tempo da gente dar meia volta e se mudar para a Guatemala? – Kook disse, engolindo em seco, já em frente à casa de Jimin.

— Por que tá tão nervoso?

— Sei lá, e se eles forem tritãofóbicos?

— Mas você nem tem mais calda, vamos logo. – Abriu a porta devagar e foi encurralado por três garotos: Namjoon, Jin e Yoongi. Pelo que parecia, os outros tiveram de ir para suas casas.

— Parece que botaram uma tijela na sua cabeça para fazer esse corte. – Yoongi falou e Park riu por ter dito o mesmo algum tempo atrás. – Enfim, será que dá pra você explicar o porquê de isso tudo estar parecendo o primeiro episódio de H2o meninas sereias?

— Tudo bem, eu explico, mas vocês tem que se acalmar primeiro.

— EU TÔ CALMO. – Nam gritou, tendo seu braço segurado por Jin, porém o mais novo se afastou rapidamente. – Não me toca que eu não vou esquecer tão cedo que você disse que meu pau é pequeno.

Todos os quatro se sentaram espalhados pela sala enquanto Jeon havia subido para tomar banho e trocar de roupas.

— Tudo começou no sábado anterior, naquela tempestade em que ficamos presos e bêbados em casa ouvindo as lendas que Min Yoongi lia na internet. Depois de pegar carona com o Jin hyung, chegamos até lá e eu entrei na caverninha, foi quando eu escutei uma voz e fiquei curioso o suficiente para me arriscar ficar próximo da água, onde vi Jeon Jungkook pela primeira vez.

— Ai que romântiquinho. – Jin sorriu e recebeu uma careta de Min.

— Onde que ver um treco meio humano, meio peixe numa madrugada chuvosa em uma caverna escura é romântico, criatura?

— CONTINUANDO. – Namjoon pigarreou para que o ruivo prosseguisse, e assim o fez.

— Depois que fomos embora, eu achei que fosse tudo ilusão alcoólica, mas parece que não. Foi quando eu notei, no dia seguinte, que eu tinha uma marca de peixe em mim, estranha pra caralho.

— Sabia que não era tatuagem de chiclete, tu nem come chiclete. – Yoongi falou e recebeu um tapa leve de Namjoon.

— Eu voltei lá e vi que não foi coisa da minha cabeça ter visto ele na madrugada de domingo e ele me explicou tudo sobre a marca. Era algo que aparecia em quem era cativado por um ser amaldiçoado como Jeon era, o que significava que eu tinha uma semana para fazer com que ele também se cativasse por mim ou eu iria ficar que nem ele. Também disse que se eu conseguisse cativá-lo, ela desapareceria, e como podem ver, ela não está mais aqui. – Amostrou o local onde antes sua pele estava marcada para os três.

— Por isso que você quis ir naquele lugar assombrado do caralho ontem, porque achou que nunca mais iria nos ver e ficaria que nem ele era? – Seokjin disse e Jimin assentiu.

— Eu passei essa semana inteira tentando fazer com que ele se apaixonasse por mim de todas as formas que pude, mas ele insistia que era hetero e isso só dificultava mais.

— Hetero com H de homossexual. – Yoongi falou rindo.

— Foi isso que eu falei. Bom, isso tudo explica a fantasia, os biscoitos, o motivo de eu não querer sair com outra pessoa, meus desaparecimentos depois da escola... Enfim, eu já havia desistido sábado e depois de irmos naquele parque de diversão desgraçado, eu senti algo ruim e corri o mais rápido que pude com a bicicleta da Yangmi para lá, na chuva.

— Você tem força de vontade pra sair de madrugada na chuva pra ver um maluco que você nem conhece, mas não tem pra ir comprar um pãozinho para mim na padaria de tarde. – Senhora Min exclamou de dentro da cozinha, onde escutava tudo junto ao marido.

— Ótimo, agora eles sabem.

— Fique calmo querido, não vamos contar nada.

— SERÁ QUE VOCÊ PODE CONTINUAR, POR OBSÉQUIO? – Namjoon se irritou novamente, suspirando alto e tendo que desviar da sandália que Yangmi havia arremessado em sua direção.

— Quando eu cheguei lá ele estava sem roupas e-

— Meu Deus, o Jimin não é mais virgem. – Suga murmurou, colocando a mão sobre a boca, fingindo surpresa.

— Claro que sou, tá achando que eu sou fácil assim? Então, depois de encontrar ele, nós notamos que o fato de eu ter sido o único que conseguiu cativá-lo fez com que a maldição se quebrasse e ele voltasse a ser humano.

— Por que não nos contou isso desde o começo? – Senhor Min perguntou, sentando-se no sofá.

— Eu não sei, eu estava com medo, não queria envolver vocês nisso tudo. – Suspirou alto, em meio ao silêncio completo que havia tomado conta do cômodo.

— Tudo bem, eu já vou indo porque tenho que bolar algumas piadas sobre peixes e sereias para anotar no meu caderninho, por nada não. – Min disse subindo as escadas, deixando escapar de seus lábios uma risada baixa e engraçada.

Park não poderia descrever o alivio que sentia por ter finalmente contado tudo para seus amigos e tios, não tinha mais nada para esconder e seria bem mais fácil agora explicar o porquê de Jungkook ter que ficar morando com eles por um tempo.