— Quem disse isso? – Jimin sentiu um espasmo o atingir e então começou a andar lentamente em direção as águas. – Eu só posso estar ficando louco.
Parou para observar a beleza do lugar. Era mágico, um pouco de areia cobria o chão enquanto na água límpida passeavam alguns peixes minúsculos. Não havia um adjetivo para descrever melhor aquilo tudo do que simplesmente, perfeito.
— Aish...Meus pés estão doendo. – Pensou em molhá-los, já que agora mantinha-se sentado na beira do lago com as curtas pernas cruzadas, mas lembrou de como a lenda de Suga terminava.
— Quem é você? – Disse a mesma voz de antes, só que agora mais distante.
— P-Park Jimin. – Apertou as mãos na barra do casaco, olhando para dentro da água.
— É melhor ir embora, Park. Não quero machucá-lo. – Quem falava aquilo parecia choroso ao mesmo tempo que hesitante.
— Primeiro me diga seu nome!
— Meu nome é Jeon.
— SE FOR UM DOS IMBECÍS AÍ FORA QUERENDO ME ENGANAR, EU VOU DAR NA FACE DE UM! – Exclamou, irritado, mas não obteve resposta.
— Ah, pare de gritar! – Um jovem emergiu das águas, seus cabelos negros e molhados cobriam seu rosto. Estava sem roupa e tinha músculos bem definidos, apenas se mostrava do peito para cima. Mantinha-se na borda enquanto apoiado aos próprios cotovelos, um tanto quanto próximo do ruivo, que estava com a boca aberta e sentia como se seu coração fosse pular para fora de si a qualquer momento.
— Você vai me matar? – Sussurrou sem conseguir sair do lugar, apenas encarando a criatura em sua frente.
— Eu não conseguiria nem se quisesse. Só minha mãe sabia hipnotizar as pessoas. – Passou a mão pelo pé de Jimin, o fazendo sentir cócegas e soltar um barulho engraçado quando tentou segurar o riso. – Que saudades eu sinto das minhas pernas.
— Ahn... – Grunhiu, pegando na mão do garoto e a retirando de si. – Você é real?
Quando o garoto abrira a boca para falar algo, passos foram ouvindo atrás dos dois e ele submergiu rapidamente, permitindo que sua bela e enorme calda azul fosse vista antes de desaparecer nas águas.
— JÁ SE CAGOU? – Yoongi gritou, invadindo a caverna que antes era silenciosa e olhando para o amigo. – Meu filho, você nos deixou na chuva te esperando pra lavar o pé? Vem logo, princesinha Sofia.
Jimin o seguiu para fora, calçando os sapatos, sem dizer uma palavra.
— Minha vida foi uma mentira, não acredito que a lenda é falsa. – Reclamou, indo até o carro com o celular nas mãos.
— Você realmente acreditava que ia ter um garoto metade peixe aqui? – Jin disse, entrando no veículo.
— Jimin, por que você tá andando que nem um pato manco com essa cara de orifício anal? – Nam falou rindo.
— Eu vi coisas que não podem ser desvistas.
— Você não tem o direito de dizer isso sem nunca ter visto o pau do Namjoon. – Suga disse estreitando os olhos e em seguida balançando a cabeça, como se tentasse afastar alguma lembrança.
— Que fixação você tem pelo meu pau.
— Enfim, do jeito que esse garotinho é medroso deve estar falando de um gambá ou algo do tipo. Lembro bem do dia em que eu dormi na sua casa e ele me acordou ás duas horas da madrugada para matar uma barata no quarto dele.
— AQUELA MERDA TINHA CABEÇA DE RATO E CORPO DE BARATA, ERA UM BARATO, PODIA ME COMER VIVO.
— Não, ele era um caro. – Nam falou e começou a rir sozinho, enquanto os outros o encaravam.
— Caralho, eu me apaixonei por um garoto com alma de tiozão. – Seokjin disse, já com o carro na estrada.
— Ignorarei essa piada bosta e a viadagem. – O platinado falou enquanto sorria para a tela do celular.
Em meio aquilo tudo, o que se passava na cabeça do Jimin era que tudo que viu há alguns minutos atrás foi por total efeito do álcool. Não existia nenhum garoto encantador de cabelos negros e orbes escuras, com dentinhos de coelho e uma calda de peixe habitando aquele lago, de maneira alguma.
— CARALHO, EU RECEBI UM NUDE DO TAEHYUNG. – O salto que ele deu no banco foi tanto que chegou a bater a cabeça no teto.
— MOSTRA AÍ. – Nam falou, recebendo um olhar raivoso do loiro ao seu lado.
— Eu não filhão, tá loucasso? – Arqueou a sobrancelha. – Como eu faço pra mandar foto do pau aqui?
— ESPERA ATÉ CHEGAR NA SUA CASA, NINGUÉM É OBRIGADO A VER SEU YOONGIZINHO. – Park gritou, colocando a mão sobre os olhos.
— Para de chamar o Sugão de Yoongizinho, ele tá ficando ofendido.
— Se esse é o nome que você deu para o seu pau, não quero nem saber o que você vai dar para seus filhos. – Namjoon se pronunciou, olhando para as gotas de chuva que atingiam o vidro do carro.
Ao que foram mais alguns minutos de viagem de carro até a casa de Yoongi pareceram horas. O platinado não desgrudou do celular nem por um segundo, Jimin acabou caindo no sono e Namjoon apenas conversava com Jin.
— Ahn...Nam. Quer passar a noite na minha casa? – O loiro disse um pouco hesitante, nervoso.
— Como? – Perguntou para ter certeza do que teria ouvido. O garoto, que antes havia rejeitado seu toque, o estava chamando para dormir em sua casa.
— Mais piranha que o Jimin, mané. – Suga murmurou do banco de trás, recebendo um soco na perna do amigo. – Quanta agressividade, tem que ver isso aí, hein. Sei lá, procurar um psicólogo, talvez Jesus.
— Se eu te der cinco reais, você cala a boca?
— Você diz como se não amasse as merdas que eu digo. Fala sério, se não fosse por mim, a vida de vocês seria muito bosta.
— Verdade, você é o mal exemplo que faltava nas nossas vidas.
— Me senti ofendido.
— Me deixem dormir. – O ruivo murmurou, ainda tendo seus olhos fechados.
E ao sono chegar novamente, Jimin teve sua mente completamente dominada pelos pensamentos em um tal garoto que conhecera há pouco. Seria realmente coisa da sua cabeça? O toque molhado em seu pé foi tão real que chegava a ser assustador.
Mais alguns minutos e já estavam de volta para frente da casa de Yoongi. A chuva diminuira e a luz parecia ter voltado fraca.
— Quem vai carregar essa trolha? – Suga referiu-se ao amigo roncando ao seu lado.
— Ele que ande sozinho. – Nam disse e saiu do carro, indo até a porta de Jimin e a abrindo. – CARALHO CUZÃO, AQUELE ALI NÃO É AQUELE ATOR QUE O JIMIN AMA?!
— ONDE? – Se levantou em uma velocidade tão rápida que poderia ser nomeado o novo flash. – Você não tem o DIREITO de brincar com meu coraçãozinho.
— Incrível que nem quando dorme, o fogo no cu apaga. – Murmurou e foi até Jin, o acompanhando até onde ele morava. – Até amanhã.
Yoongi e Jimin que agora estavam de frente para a porta da casa do maior. Se encaravam confusos, como que esperando que um deles fizesse algo.
— Tá esperando o que? Abre a porta! – Exclamou Park.
— Eu não achei a chave.
— Mano, enfia o pau aí e tenta abrir, sei lá. Eu não vou passar a noite na chuva por sua culpa, nem que eu tenha que arrombar essa porta que nem o Namjoon vai arrombar o cu do Seokjin.
— Vamos manter a calma. Se controla aí, lenhador de Bonsai. Se meus pais chegassem e essa porta tivesse no chão, você teria que ir ao meu enterro.
— Eu acho que consigo entrar pela janela do segundo andar, você deixou ela aberta.
— Vai lá, Tarzan.
— Dá pézinho, caralho.
— Que isso?
— BOTA AS MÃOS DESSE JEITO, Ô SEM INFÂNCIA. – Suga juntou firmemente os dedos para que Jimin apoiasse os pés, conseguindo por fim, subir no pequeno telhado e ir até a janela.
Desceu até o primeiro andar, ligando as luzes de alguns cômodos em que passava até chegar a porta e abrí-la. Os dois não trocaram uma palavra sequer, apenas se jogaram no sofá e acabaram por dormir ali mesmo, em cima de alguns farelos e embaixo do gato de Yoongi.
— SERÁ QUE ALGUÉM PODE ME EXPLICAR, O QUE CARALHOS ACONTECEU AQUI? – Tais palavras foram ditas pela doce e gentil, senhora Min. Pegou os dois garotos esparramados pelas orelhas, os obrigando a acordar e se levantar. O senhor Min apenas observava a cena escorado no portal de entrada, ponderando se deveria gravar ou não.
— Omma, eu... – O platinado olhou em volta. Logo depois do efeito do álcool passar e uma forte ressaca o atingir, havia notado a bagunça que fez com os amigos na noite passada.
— Jimin, eu estou decepcionada com você. Sempre serviu como o garoto exemplo da família, o primo que só tirava as melhores notas! Agora veja você... – Estalou a língua no céu da boca e cerrou os olhos, seu olhar era tão intimidador que fez com que Park abaixasse a cabeça. – Minha irmã e seu pai não ficarão NADA contentes em saber sobre isso! Agora, arrumem tudo isso enquanto nós vamos ao mercado.
Saiu pisando tão forte que os garotos achavam que o chão se quebraria, assim como a porta da frente quando a mesma a bateu com força depois de sair.
— Meu cu trancou. – Jimin disse, soltando o ar dos pulmões. – Argh, estou com muita dor de cabeça.
— E vai ficar mais, com os tapas que vai tomar da minha mãe se não arrumarmos isso.
— Tem muita latinha, a gente podia amassar e ficar tentando acertar em algum saco de lixo, para ser divertido.
— Do jeito que tu é zarolho, vai errar tudo e eu que vou ter que catar. Vai, Jimin, mexe essa bunda e vai arrumar a cozinha que eu cuido da sala.
Bufou e obedeceu Suga, mesmo não gostando de ser controlado por alguém, não queria morrer nas mãos da tia.
— Gente, que merda é essa? – Yoongi segurava uma peça íntima masculina nos dedos, evitando o máximo o contato. – CARALHO, O NAMJOON TAVA SEM CUECA. – Começou a ter um ataque de risos junto ao primo.
— Eu não quero saber como ele conseguiu tirar essa merda, estando do meu lado.
— Puta, ele usa samba-canção. Será que durante todos esses anos de ensinamento, ele nunca aprendeu nada do que eu ensinei na arte da sedução?
— Broxei legal.
— Se bem que, se ele usar aquelas boxer, capaz do pau dele até atravessar o pano.
— CARALHO, VOCÊ NÃO VAI PARAR DE FALAR DA MERDA DO PINTO DO NAMJOON NUNCA?
— Ficou exaltado. 'Vamo' que a gente tá perdendo tempo, fala menos e limpa mais essa bancada.
Alguns minutos se passaram até que tudo estivesse realmente limpo, como antes da noite passada. Os dois estavam exaustos e tão suados que tinham suas camisas coladas ao corpo.
— Vai tomar banho, pelo amor de Deus! Seu cheiro ta tão forte que eu tô quase desmaiando. Enquanto isso eu vou mandar mensagem para o pica das galáxias, quero saber se desvirjinou.
— E você tá cheirando a rosas, né animal?
Caminhou até as escadas e pegou uma muda de roupas no quarto, seguindo para o banheiro do primeiro andar. Trancou a porta atrás de si e retirou as calças, em seguida a blusa, reparando algo diferente ao olhar seu reflexo.
— Desde quando eu tenho esse...Sinal? – Franziu o cenho, enquanto analisava cada detalhe da mancha em um tom pouco mais escuro que o da sua pele. Tinha uma forma engraçada, parecia-se com os desenhos de peixe que fazia aos oito anos. – Um peixe? – Lembrou-se então, da noite passada e de Jeon. – Não, sem chance de ter algo a ver.
Entrou no chuveiro com a enorme sensação de estar sendo observado. Ao que a água tocou sua pele, sentiu-se relaxar e fechou os olhos, vendo o rosto do garoto de cabelos escuros tomar conta da sua mente.
— Por que eu não consigo esquecê-lo?
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