Jeonghan engoliu em seco, vendo a face nostálgica que a tia mostrou para si. Não queria ver a tia desconfortável.
– Desculpe, tia. – Murmurou, sentindo os pensamentos infernais tomarem sua mente. Tinha sido um fardo para ela. – Eu não queria...
– Incomodar? – Riu ela. – Não pense assim, Jeonghan. Não teria como você saber quem era Seunghyun.
Jeonghan suspirou. Será que deveria…
– Pergunte. – Pediu Bom, deixando-lhe constrangido.
– Bommie…
– Pergunte, Hannie. Não está me atrapalhando ou incomodando. Você tem o direito de saber. – Garantiu.
O azulado crispou os lábios.
–… Como ele morreu? – Indagou, cauteloso.
Desta vez, Bom foi quem suspirou.
– Ele era do exército e foi convocado para uma missão fora do país. Nunca mais voltou. – Ela riu, sentindo os olhos arderem. – Eu recebi a notícia pelos pais dele de que a base onde ele estava, foi bombardeada e não acharam o corpo… Bem, você deve saber que eu não lidei da melhor forma.
Ele fitou a tia.
– Desculpe por te fazer lembrar. Deve ter sido doloroso.
Ela limpou os cantos dos olhos.
– Não, carinho. Está tudo bem. – Ela assegurou-o. – É bom compartilhar isso com alguém... Fazem anos que não falo disso. É bem libertador!
O azulado sorriu, envergonhado.
– Certo.
A loura pegou a foto com cuidado.
– Quando tiramos essa foto, eu havia acabado de aceitar o pedido de namoro dele. – Ela lembrou. – Ele tinha dezessete e eu, ia fazer vinte um. Foi meio complicado para a família dele me aceitar, por causa da idade, eu queria desistir, mas ele insistiu tanto...
Ela sorriu, imersa em memórias.
– Entendo. Vocês eram lindos juntos. – Confessou.
– Sim, nós éramos. – Ela assentiu.
Jeonghan encarou as fotos, pegando uma ou outra para observar.
– Eu acho que gostaria de ter ele como meu tio. – Ele encarou a foto. – Ele me parece ter sido um cara legal.
– E foi. – Admitiu, rindo. – Só era um pouquinho… Exótico?
– Por quê? – Ele arqueou a sobrancelha.
Ela crispou os lábios grossos e rosados levemente.
– A cor favorita dele era rosa.
Jeonghan engasgou tentando conter uma risada alta.
– É... Isso é bem exótico. – Concordou, fazendo a tia rir.
– Até demais. – Ela confessou. – Mas eu o amava do mesmo jeito.
Jeonghan sorriu.
– Tenho certeza que, de onde ele estiver, sabe disso.
A Park assentiu.
– É o que espero. – Suspirou. – Espero que meu bebê esteja lá, também...
Jeonghan suspirou. Já ouviu a história ser contada pela mãe, em algum momento de sua vida. Bom engravidara sem que Seunghyun soubesse. Perdeu a criança antes da notícia da morte e isso lhe acarretou em uma profunda depressão. A notícia só piorou as coisas. Em comparação com a tia, não havia sofrido nada.
O azulado encarou a tia.
– Acho que alguém precisa de um abraço agora, não é? – Ele riu fraco, deixando as fotos de lado.
Contornou os ombros da tia, que escondeu o rosto em seu pescoço.
Bom deitou a cabeça no ombro do sobrinho.
– Eu ainda quero que traga Seungcheol aqui. – Ela afirmou. – E nem pense em mudar de assunto desta vez. Seus suspiros estão dando muito na cara, você não sabe mentir.
Ele arregalou os olhos.
– E-Eu não tenho suspirado por ele!
– Mentiroso. – Ela riu.
Ela viu o sobrinho corar.
– Sem contrários…
A Park piscou.
– Não sou eu quem, geralmente, digo isso?
Eles se encararam e, então, riram.
x
DK se deitou na cama, seus pensamentos voavam. A imagem de Hoshi com aquele garoto, o amigo de Seungcheol apelidado Woozi, não saía de sua mente.
Não, ele nunca quisera, de fato, seguir o garoto. Mas sentia falta do amigo. Da sua amizade. O Lee, de fato, se arrependia de suas escolhas...
Pois elas trouxeram Lee Chan de volta, mas afastaram Soonyoung de si para sempre. Ao menos, era o que aquele beijo demonstrava. Se antes, já era impossível falar com o louro, agora ele não podia nem mesmo pensar em como seria.
Suspirou. Não estava sendo egoísta?
– No que tanto pensa, Seok? – Indagou Lee Chan, lhe assustando ao deitar-se em seu peito. – Você me parece aéreo.
DK sorriu, levando a mão aos fios escuros do namorado.
– Nada demais. – Comentou. – Somente algumas coisa da escola, nada realmente relevante.
– Mentiroso. – Resmungou Lee Chan, lhe fazendo rir. – Acha mesmo que não te conheço? Namoramos há cinco anos!
– Certo, certo. – Sorriu o moreno. – Me desculpe.
O garoto o encarou.
– Vai falar agora, ou terei de te forçar? – Insistiu.
– Eu estava pensando em Soonyoung. – DK deu um sorriso de canto. – Nossa amizade, no geral.
– Continue… – Lee Chan murmurou.
– Ele não fala mais comigo… Na verdade, ele me ignora na maior parte do tempo em que estamos perto um do outro. – O Lee suspirou. – Bem, eu sei que a culpa é toda minha, mas… Foi uma amizade de anos. Eu sinto falta, às vezes.
Chan o abraçou.
– Desculpa. – Sussurrou. – Eu fui um idiota, Kyeom. Não devia ter te pedido para se afastar dele daquele jeito. Mas eu tinha tanto ciúme...
– É, eu sei. Mas está tudo bem agora. – A mão do moreno ainda acarinhava os fios escuros do namorado. – Passou, certo? Foi só um pensamento solto.
– Como ele está? – Questionou o mais novo.
DK sorriu.
– Ele está bem. Bem até demais. – Admitiu. – Arranjou um namorado, até.
Chan se virou para ele.
– Soonyoung te contou isso?
DK crispou os lábios.
– Não exatamente. – Riu, sem graça. – Eu meio que os flagrei na rua.
Chan lhe desferiu um tapa no braço, quase que na mesma hora.
– Aí! – Exclamou. – O que foi?
– Isso é invasão de privacidade, Seokmin!
O moreno sorriu.
– Eu sei, não é? – Brincou. – Mas não os vi de forma intencional. Eu estava procurando Soonyoung quando achei os dois. Assuntos da escola, sabe? – Mentiu.
– E o que te leva a crer que os dois são namorados?
Seok encarou o nada.
– Porque conheço o amigo que eu tive. – Sorriu ladino. – Ele jamais beijaria uma pessoa que não gostasse muito…
E Chan suspirou novamente. Sabia que os pensamentos dele estavam no fatídico ano onde a amizade de Hoshi e DK, terminou.
– Desculpe, Seok. – Pediu ele. – De verdade.
– Eu nunca te culpei. A culpa foi toda minha, em realidade. Não devia ter feito aquilo.… Daquele jeito.
– Acha que um dia ele te perdoa? – Chan questionou.
DK suspirou.
– Sinceramente, nem mesmo se eu estivesse no lugar dele perdoaria, Channie. – Admitiu.
– Acha que um dia ele me perdoa? – Arriscou.
Seokmin arqueou uma sobrancelha.
– Acho que isso é um não, certo? – Resmungou. – Sem comentários…
Riram.
– Vi Jeonghan novamente estes dias. – DK comentou, atraindo a atenção de Chan, que subitamente saiu de seu colo.
– Viu? Onde? – Indagou, assutado.
– Na escola. Ele se transferiu para lá, lembra? – DK lembrou-o. – Pelo que eu soube, ele tem andado muito com Choi Seungcheol.
Chan suspirou, aliviado.
– Isso é bom. Fico feliz por ele estar bem. – DK o olhou atravessado. – Eu sei o que você está pensando. Não vou contar nada.
DK sustentou o olhar.
– É sério, não vou contar para ele. – Ele suspirou. – Eu prometi que não iria falar e vou manter isto. Mesmo que ele o esteja procurando, não serei a pessoa a relatar.
– É o mínimo que você pode fazer depois de tudo. – DK soou rude e Chan se encolheu.
– Eu me arrependi, tá legal?
Seokmin suspirou.
– Só o mantenha longe de Jeonghan, ok? – Pediu. – Não sabemos no que isso pode desencadear. E Jeonghan já sofreu demais. Me prometa que vai tentar mantê-lo longe, Channie.
Chan suspirou. DK sinalizou para que os dois voltassem a se deitar.
– Não vamos nos meter nisso, Chan, não mais. – Pediu DK, selando a testa do menor. – OK?
– OK.
x
O homem apertou a campainha, receoso de como o casal lhe receberia depois de todos estes anos fora.
Ah, e sua doce Bom. Há quantos anos não tinha notícias dela? Olhar pela janela só lhe fizera sentir mais saudades dos antigos tempos. A moça estava loura agora, certo?
Baixou os olhos para o relógio, contando os minutos para ser recebido. Até que foi, por um garotinho de cabelo rosa e rosto cansado.
– Quem é você? – Murmurou ele. Uma clara cópia de Yoongi, o irmão mais novo de sua amiga que morava ali. Chaerin.
O mais velho sorriu.
– Seu pai se referiria à mim como T.O.P... Jihoon, certo? – Riu ao ver os olhos do pequeno se arregalarem.
– E-Eu vou chamar a minha mãe… – Murmurou saindo em disparada. – Entra!
O moreno riu. Era a mesma euforia de Chaerin, o garoto com certeza puxou a mãe nesse quesito.
Depois disso, ele ouviu um grito e passos disparados vindo para baixo.
– É melhor que não seja uma brincadeira de mal gosto, moleque! – Ralhou um homem. – São três horas da manhã!
Ele gargalhou, fazendo o casal estagnar nas escadas.
– Não seja tão turrão com o garoto, Jiyoung.
Não não havia como negar o que estavam vendo. Ele estava de volta. E, ao que aprecia, para ficar.
O louro arregalou os olhos.
– Puta que me pariu…
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