- O paciente esta em estado terminal.
Eu não consegui reagir com tal notícia, apenas encarar o medico incrédulo.
- M-Mas doutor, v-você tem certeza disso? - Jungkook indagou.
- Infelizmente, sim. - O medico falou sem tristeza alguma.
Acho que ele já era acostumado a dar esse tipo de notícia.
- N-Nós podemos vê-lo? - Jungkook perguntou se aproximando do doutor.
- Não, o paciente precisa descansar um pouco. - O médico colocou a mão no ombro do Jung. - Eu sinto muito. - Ele olhou para nós dois e logo em seguida se retirou.
Eu não estou acreditando, a minha ficha ainda não caiu, não posso aceitar que Taehyung irá morrer sem mais nem menos, eu preciso vê-lo.
- Kook. - Eu o chamei.
- Hm? - Ele murmurou ainda virado de costas para mim.
- Você pode vigiar aqui fora? - Eu coloquei minha mão em seu ombro.
- C-Como assim? - Ele se virou para mim com o rosto molhado pelas lágrimas.
- Eu vou ver o Tae.
- Não pode, não ouviu o que o médico falou? Ele precisa descansar. - Jung falou enquanto passava uma de suas mãos no rosto.
- Eu não estou nem ai para o médico, eu quero e vou vê-lo. - Falei determinado. - Apenas vigie para que ninguém entre antes de eu sair.
- Mas-
Antes que ele pudesse terminar eu o interrompi.
- Obrigado. - Sorri e deixei um beijo em seu rosto.
Caminhei até a porta da sala onde Taehyung estava, coloquei minha mão na maçaneta, certifiquei de que não havia ninguém nos corredores além de mim e Jungkook. Quando virei a mesma para entrar, estava trancada.
Minha mente estava tão focada no Tae que nem sequer pensei nessa possibilidade tão óbvia.
- Droga. - Resmunguei soltando a maçaneta com raiva.
- O que foi? - Jungkook indagou confuso.
- Essa merda, esta trancada. - Falei apontando para a porta e logo em seguida me sentando no banco.
Passo a mão pelos cabelos e dou um grande suspiro.
- Eu só queria vê-lo pela última vez, dizer o quanto amo e dar um último abraço. - Apoiei meu cotovelo em minhas pernas e afundei meu rosto em minhas mãos. - Por que a vida é tão injusta? Por que ela tirou as pessoas que eu mais amava e agora esta tirando ele? Eu mereço mesmo todo esse sofrimento? Em Jungkook? - Olhei para o mesmo.
- Oi? Me desculpe, eu não escutei o que você falou, mas eu consegui abrir a porta. - Ele sorriu.
- Como? - Eu parei por alguns instantes. - Ah, isso não importa. - Eu me levantei e fui até ele lhe dando um abraço rápido. - Obrigado mais uma vez.
Eu me apressei e entrei no quarto fechando com cuidado a porta. Fiquei encarando a mesma, com medo de ver algo que não queria.
Fechei os olhos e respirei fundo.
A coragem veio, e se não fosse agora, não séria nunca. Me virei para olha-lo e ele estava com cicatrizes no rosto, respirando através de máquinas. Meu coração se quebrou em pedaços minúsculos impossíveis de serem juntados, lágrimas desciam involuntariamente.
Caminhei até o mesmo, me sentei na beira da cama, passei delicadamente minha mão pelo seu rosto sentindo um arrepio percorrer a minha espinha.
- D-Dói tanto te ver assim. - O abracei forte, colocando minha cabeça em seu peito. - Eu não quero te perder. - Me desabei em choro, molhando toda sua roupa. - E-Eu te amo t-tanto Taehyung. - Falei entre soluços.
- Eu também te amo. - Ele colocou sua mão em minha cabeça.
Me levantei imediatamente. Tae riu fraco, tossindo logo em seguida.
- V-Você me assustou. - Eu falei.
- Me desculpe, não foi minha intenção. - Disse ele. - Quem negócio mais irritante. - Ele tirou a máscara de oxigênio.
- Não pode tirar, você respira através disso seu idiota. - Falei pegando a mesma e tentando colocar de volta.
- Para. - Ele segurou meu braço. - Não preciso disso para respirar, esta vendo?
Eu observei atento e logo em seguida assenti.
- Eu vou morrer né? - Ele pronunciou.
Eu gelei no mesmo instante, apenas fiquei o encarando sem dizer uma só palavra.
- Eu sei que vou. - Ele sorriu anasalado. - Até que eu durei.
- N-Não fale desse jeito. - Eu dei um leve tapa em seu peito.
- E estou feliz. - Ele comentou.
Eu o olhei confuso, como uma pessoa que sabe que a qualquer momento vai morrer pode estar feliz? Só pode ser mal de Kim Taehyung.
- Não me olhe assim! - Ele resmungou. -, eu já sabia desde os meus 12 anos que iria morrer.
- Espere, você me falou que tinha se curado do câncer.
- Eu menti. - Ele falou sério. - Não queria te ver triste.
- Você mentiu sobre uma coisa séria Taehyung. - Eu o repreendi. - Você não pensou que poderia ser pior para mim? Ficar sabendo disso só agora?
- Eu queria aproveitar o tempo que me restava com você e Kook, e olha! Eu consegui. - Ele sorriu.
Eu estava triste, triste por saber que não o verei mais, triste por saber que não escutarei mais sua voz, triste por saber que não ficarei mais irritado pelas suas brincadeiras infantis , porém, eu também estava feliz, simplesmente porque ele também estava.
- Essa viagem que fizemos, foi por vários outros motivos além de passar o tempo com vocês, e um deles era para poder aproximar você e Jungkook.
- O que? - Eu gritei, mas logo coloquei a mão na boca me lembrando que estava ali em segredo. - Você esta louco ou o que? - Eu sussurrei.
- Isso mesmo que você ouviu, para aproximar vocês, e eu acho, que consegui. - Ele sorriu malicioso. - Missão cumprida.
- E eu acho que você merece um soco na cara para voltar sua consciência.
Ele riu alto.
- Você acha que eu acreditei na sua desculpa de que a loja estava cheia? - Ele indagou arqueando uma sobrancelha.
- Não sei do que você esta falando. - Eu virei o rosto fingindo não entender.
- Jimin, você sabe, na loja de roupas de banho, lá no Havaí. - ele falou pausadamente.
Eu me engasguei com minha própria saliva.
Como? Nem me pergunte, nem eu sei como.
- E-Eu já falei que não sei de nada.
- Vocês estavam demorando demais para quem iria comprar só uma sunga, então eu resolvi ir até lá ver se a sunga não tinha engolido vocês e, quando eu cheguei perguntando sobre vocês, uma vendedora apontou para uma cabine e logo em seguida pude ouvir um gemido seu. - Ele parou para respirar. - Todos olhavam incrédulos para a cabine, não vou mentir, senti uma vontade enorme de espiar, mas eu seria apontando como estranho.
- Meu deus. - Eu comentei.
- Você gosta dele não é mesmo?
- E-Eu? N-Não, quero dizer, sim, como amigo sim. - Eu balbuciei.
- Sei. - Ele me encarava. - Enfim, quero te fazer um pedido.
Eu afirmei com a cabeça para que ele pudesse dizer o que queria.
- Você pegou um envelope branco?
- Sim. - Eu peguei o mesmo. - Aqui es-
- Não. - Ele colocou a mão na frente. - Guarde com você, e só abra, depois que eu morrer.
- Eu não quero. - O abracei chorando novamente.
- O que? Fazer esse mero favor por mim? - Ele riu retribuindo o abraço.
- Eu não quero que você morra. - Eu funguei. -, e para de rir.
- Chim, infelizmente, nada é para sempre, todos temos que morrer um dia. - Ele falou enquanto acariciava meus cabelos.
- Você falou que sempre estaria ao meu lado quando meu pai morreu lembra? - Eu chorava semelhante a uma criança que acabará de deixar o sorvete cair no chão.
- Claro, e sempre estarei. - Ele me levantou um pouco. - Pode não ser aqui, mas sempre estarei aqui. - Ele colocou a mão em meu peito esquerdo. - E aqui. - Agora ele apontava para minha cabeça. - E eu quero que você só guarde lembranças boas e descarte as ruins okay?
Eu sorri o abraçando novamente, um abraço reconfortante, forte. Juntando todos os pedaços do meu coração que eu pensei que seria impossível de ser juntado novamente.
- Agora vá, não quero que te peguem aqui. - Ele sussurrou.
- Eu não quero ir. - O abracei mais forte não querendo de modo algum me separar dele.
- Você tem que ir, por favor.
Eu suspirei pesado, e me separei dele levantando e caminhando sem pressa alguma para a porta do quarto, apenas o som do bip repetidamente das maquinas era escutado.
- Diga ao Jungkook que eu o amo, e que ele sempre sera meu irmãozinho mais novo.
Eu apenas sorri recebendo um sorriso retangular de volta, o sorriso que ficara trancado em minha memória para sempre. Senti meus olhos marejarem, mas agora era de felicidade, Taehyung deixou algumas lágrimas escaparem aquelas que ele segurou durante a conversa inteira, e ambos sabiamos que aquilo era um adeus.
Eu acenei, e ele acenou de volta.
Coloquei minha mão na maçaneta a girando devagar, abri a porta revelando um Jeon extremamente preocupado. Fechei a mesma atrás de mim.
- Ele disse que te ama. - Eu sorri.
E o bip que antes repetia, agora era um som infinito e irritante.
Taehyung, meu primeiro amor.
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