História Princeps Proditor - A cidade prisão de Colditz

Oberon acordou aos chutes de um homem musculoso que tinha cabelo preto, estava sem camisa e coberto de cicatrizes.
-Acorde garoto, o sol já nasceu não é por que você é um recém-chegado que vai ter moleza aqui.
Enquanto o homem ia embora, Oberon se levantou, estava de frente para um grande portão de metal, ele não sabia exatamente onde estava, parecia uma cidade, mas estava completamente destruída, não importava para onde olhava, a visão de altas muralhas e torres era sempre presente.
Ele decidiu andar um pouco, todos os presos seguiam em direção a uma montanha, Oberon não sabia exatamente o porquê disso.
-Irmão!
Oberon se virou a tempo de receber um grande abraço de Lyanna.
-Onde está o Hunter?-Perguntou ele.
-Não sei, e quando for se referir a ele use Trevor, não sabemos quem pode estar ouvindo e quando acordei estava sozinha, sabe onde estamos?
-Pelo que me lembro da conversa de Trevor com Salazar, parece que aqui é Colditz.
-Temos que encontra-lo. –Disse a garota.
Eles saíram correndo, perguntando aos presos sobre um garoto de cabelo preto e olhos dourados, mas ninguém havia visto ele. Colditz já deveria ter disso uma grande cidade, pois era imensa, bem maior que Natsu e Rostern, os limites da cidade eram demarcados com as altas muralhas de pedra.
-O que vocês estão fazendo? -Perguntou um homem ao se aproximar.
Ele deveria ter uns 25 anos de idade, usava uma túnica esfarrapada, seu cabelo era castanho assim como seus olhos.
-Nós acabamos de chegar e estamos procurando nosso amigo. -Respondeu Oberon.
-A maioria dos presos esta nas minas agora. -Ele disse apontando para o extremo oposto da cidade, onde havia uma montanha. –Se um dos lacaios do magistrado Xander virem vocês, com certeza serão castigados, vamos logo para lá.
-Mas...
-Sem “mas” garoto, se continuar assim não vivera muito tempo aqui e vejo que tem alguém que você se preocupa. -Ele disse olhando para Lyanna. -Aqui é um lugar perigoso, vamos logo, levo vocês lá.
-Se aqui é tão perigoso, por que deveríamos lhe dar um voto de confiança?-Perguntou Lyanna.
-Nesta prisão só existem dois tipos de presos: Assassinos da pior espécie e os piores inimigos do rei.
-E você é qual deles? -Disse Oberon dando um passo para trás.
Ele sorriu.
-Se eu fosse o primeiro, pro que estaria conversando com vocês? Caminhem comigo e me digam que é que estão procurando.
***
Enquanto os três seguiam para as minas, Oberon e Lyanna relataram as características de Hunter com cautela. Não queriam expor sua verdadeira identidade, falaram apenas de suas vestes e características físicas.
-Tem certeza que é um garoto? -Ele perguntou.
Lyanna e Oberon apenas o encararam e ele entendeu a reposta.
-Desculpem, mas pareci que vocês estavam descrevendo outra pessoa.
-Isso não importa, queremos achar nosso amigo e depois...
-Fazer o que? Escalar as muralhas?
-Pensamos nisso depois e de encontrar nosso amigo. –Disse Lyanna.
O homem sorriu.
-Sabe garotinha, quando você fala sobre esse tal de Trevor, parece que são bem mais que amigos, se é que você me entende.
Oberon também, a olhou como se esperasse uma resposta e ela ficou mais vermelha que um morango maduro.
-Isso não da sua conta-Disse ela.
-Já entendi. -Disse ele enquanto ria.
Lyanna parou, ela estava mais vermelha do que antes.
-Entendeu o que, não tem nada para entender seu idiota. -Ela falava desesperadamente. -Alias você ainda não disse o seu nome.
Ficou claro que ela só queria mudar de assunto.
-Meu nome é Eliot Laurent.
-Ótimo, vamos nos apressar.
-Sem necessidade garotinha...
-Pare de me chamar assim, meu nome é Lyanna, e o dele é Oberon.
Ele se virou para Oberon.
-Sua irmã é sempre assim? Como você aguenta?
-Como sabe que ela é minha irmã?
-Bem, pelo jeito você a protegeu de mim, para mim vocês me pareceram bem chegados um no outro, e agora que sei que o coração dela já foi tomado, bem irmão é o que se encaixaria melhor.
Lyanna empurrou Eliot que perdeu o equilíbrio e caiu.
-Um coração não foi tomado pelo Trevor. -Ela disse.
-Ah que fofo, é só falar em coração roubado que ela se lembra do nome dele.
Ela começou a dar socos em Eliot que continuava rindo.
-Idiota! Imbecil! Demente!...
-Tudo bem Lyanna, se acalme e vamos atrás do seu prometido.
Ela agora dava uma serie de chutes em Eliot.
-Irmãzinha. -Oberon se aproximou com calma colocando a mão no ombro de Lyanna.
Ela se virou para Oberon, e ele podia jurar que labaredas estavam saindo de seus olhos, a garota estava tão furiosa que nem piscava.
-É que temos que encontrar Trevor, lembra?
-Como que poderia esquecer. -Ela disse se acalmando.
-Realmente, é impossível esquecer aqueles que amamos. -Eliot disse se levantando.
-Está vendo querido irmão? Não acha que este homem está maluco?
-Sim, mas...
-Mas o que?-Ela disse encarando o irmão.
Oberon agora sabia o que um coelho se sentia ao estar próximo da morte.
-Nada, vamos fazer como você disse: Vamos nos apressar.
Eliot segurou uma risada.
-O que foi palhaço?
-Nada, se eu falar você vai voltar a me bater.
Lyanna ficou encarando ele durante todo o percurso. Quando Oberon imaginou as minas ele pensou naqueles lugares com trilhos e aqueles vagões para depositar as pedras, bem não era aquele tipo de mina, ali as pessoas saiam segurando as pedras com as mãos nuas. Não havia nenhum tipo de equipamento nem nada.
-Nem quero saber como se extraem as pedras. Estão procurando o que?
-Netérios, um tipo de metal, se um preso achar certa quantidade, ele ganha a liberdade. –Respondeu Eliot.
-Ah, já ouvimos falar. -Disse ele.
-Vamos entrar para procurar Trevor. -Disse Lyanna seguindo para a entrada, logo ela foi interrompida por Eliot.
-Entendo seu desespero em reencontrar o amor da sua vida, mas acho melhor vocês esperarem aqui, não existe legislação dentro da montanha, literalmente os presos podem fazer o que bem entendem ali, pois não há guardas.
-Ótimo vá e tomara que morra. -Disse Lyanna com um sorriso sádico em seu rosto.
Ele seguiu para dentro da mina e Lyanna se se encostou a uma parede ao lado de Oberon.
-Da para creditar num cara assim, acha que só por que trocou algumas palavras com a pessoa acha que a conhece totalmente.
-Mas ele esta certo.
Na mesma hora que Oberon disse aquilo ele desejou uma morte rápida e indolor, queria que um raio o atingisse na mesma hora.
Lyanna começou tremer e sorrir.
-Como disse irmão?
-Você me disse que sempre se interessou Trevor.
-Por que ele parecia estar escondendo algo e olha só, eu estava certa.
-E só por isso você decidiu descobri? Francamente irmã, você gosta dele.
Ela voltou a ficar vermelha de vergonha e abaixou a cabeça.
-Se ele descobrir...
-Provavelmente ele já sabe, pois você não é nada discreta, nem mesmo na hora de demonstrar seus sentimentos.
-Ele deve me achar uma tola por isso.
-Por que diz isso?
-Olhe para mi Ron, sou simplesmente a filha de um dono de estalagem, ele é um príncipe. -Ela disse isso tão baixo que parecia um cochicho.
-E o que tem isso?-Oberon disso- Ele nem se importa com seu titulo.
-Mesmo assim, se o plano dele funcionar e ele se aliar com os sulistas e eles derrubarem o rei de Segregatorum, Trevor será o próximo rei e então ele poderá escolher quem ele quiser para se casar.
Ela disse essa ultima frase com uma voz melancólica.
-E se ele te escolhesse?
-Acha que ele não tinha uma pretendente quando estava em Tenebris? E a princesa Eleonora, do modo como ele fala dela, não me parecia uma simples amizade.
-Até pode ser, mas ela está morta, você não.
Ela olhou para o irmão, os olhos dela estavam marejados.
-Acha mesmo que ele poderia gostar de mim?
-Claro, a pessoa que casar com você será muito sortuda.
-Obrigado maninho.
-Você se refere a mim assim desde que eu cheguei a Gaah, se esquece de que sou eu o mais velho?
-Pode ser, mas é infantil demais para um garoto de 16 anos.
-E você para uma garota de 14 anos sé madura demais.
Eles riram.
Lyanna voltou a ficar seria ao contemplar Eliot vindo em sua direção.
-Ah que pena, continua vivo. -Ela disse com desanimo.
-Se eu estivesse morto, quem lhe contaria sobre o paradeiro de seu amado?-Eliot disse sorrindo.
-Onde ele esta?-Perguntou Oberon.
-Seu cunhadinho está na casa de uma amiga minha, ela me disse que ele parecia ter levado uma surra quando ela o encontrou na sua porta.
-Sabe onde é a casa dela?-Perguntou a garota.
-Sim e bem perto das minas, podemos ir até lá agora, mas temos que ter cuidado com os guardas, em outras palavras, façam o que eu mando, isso vale principalmente para você garotinha apaixonada.
-Não me tente. -Ela disse com uma expressão cheia de desprezo.
O contrario do que Oberon pensou, não foi muito difícil chegar à casa da amiga de Eliot, principalmente por que Eliot parou de importunar Lyanna. Aquilo nem poderia se chamar de casa, aquilo já deveria ter sido uma construção bela, mas agora estava toda destruída, eles entraram com cuidado, diferente de Eliot que entrou confiante.
-Não se preocupem, pode não parecer, mas é uma construção forte.
Ele subiu as escadas, literalmente a cada passo o chão rangia, no segundo andar havia apenas três portas em um pequeno corredor que dava aceso a o que deveria ser a varanda.
-Está nesse quarto, ela me disse que ele ainda estava desacordado quando saio para ir à mina, mas aparecia dele confere.
Com um rangido infernal, Lyanna abriu porta, no quarto havia apenas um colchão no chão onde Trevor estava deitado ainda dormindo, estava apenas com a calça e coma alguma curativos improvisados no peito e rosto.
Os três se aproximaram do amigo.
-É esse o amigo de vocês?-Perguntou Eliot com duvida.
-Sim. -Disse Oberon.
O garoto estava com cortes pelo rosto e alguns hematomas pelo corpo, por debaixo dos curativos feitos com pano, deveriam ter ainda mais cortes.
-O que aconteceu com ele?-perguntou Lyanna.
-Deve ter sido obra de Xander, mas o que esse garoto deve ter feito para enfurecer o magistrado para ele tortura-lo a esse ponto? Nem mesmo eu que era da revolução fui torturado dessa maneira quando cheguei.
Lyanna colocou Eliot contra a parede.
-O que está fazendo Ly? -Questionou Oberon.
-Você é inimigo da família Bellec certo? -Perguntou ela.
-Mais ou menos.
-É contra o rei Messoren?
-Sim...
-O que fez para estar aqui.
-Há cinco anos um grupo de revolucionários começaram chamar civis para sua causa, eu fui um dos convocados e a um ano fui pego por soldados e enviado para cá.
-O que vocês queriam?
-Fazer com que Messoren abdicasse e um dos príncipes tomasse seu lugar.
Lyanna o soltou.
-Então vocês eram leias a apenas os príncipes?
-Pode se dizer que sim, preferíamos o príncipe à princesa.
Ela apontou para Trevor.
-O nome dele não é Trevor, seu verdadeiro nome é Hunter Bellec, filho de Messoren, há dois anos ele foi traído e quase morto pelo pai e a irmã.
Ela continuou contando a historia toda, e a cada novo argumento Eliot parecia mais impressionado.
-Entendo, mas por que a irmã dele fez isso?
-Não sabemos. -Oberon respondeu. –Isso é uma informação sigilosa, não conte a ninguém.
-Claro que não, ele era nossa primeira opção para substituir o pai.
Eles ouviram gemidos e olharam a tempo de ver Hunter abrir os olhos.
-Oi pessoal.
Lyanna correu e o abraçou. Mais gemidos da parte de Hunter podiam ser ouvidos. Eliot segurava uma risada.
-É um enorme prazer em conhecê-lo pessoalmente, vossa majestade. -Disse Eliot se ajoelhando.
-Por favor, não se ajoelhe. -Pediu Hunter.
-Como vossa majestade quiser. -Ele disse se levantando.
-Também não precisa se dirigir a mim assim, me chame de Hunter, na frente de estranho me chame de Trevor.
-Tudo bem Hunter. -Ele sorriu.
-Quem é você? -Perguntou o príncipe.
-Eliot Laurent, dos revolucionários.
O rosto de Hunter se encheu de alegria.
-Ah, mesmo que não valha nada, obrigado pelo apoio na época em que eu ainda estava em Tenebris, podia ser muito novo na época, mas entendia o desespero de vocês. Sei que estamos em Colditz, mas está é sua casa?
Ele apenas riu.
-Não, mas aqui mora alguém que você conhece, agora entendo a alegria dela.
-Quem?
-Você cresceu desde a ultima vez que nos vimos Hunt. -Disse uma terceira voz vinda da porta, lá estava um agarota de cabelos castanhos escuros, seus olhos eram cor de mel, não tão claro quanto os de Hunter, ela vestia uma roupa toda esfarrapada em alguns lugares estavam rasgos costurados com linhas de outras cores, parecia ter 15 anos assim como Hunter, e ao mesmo tempo em que lembrava a irmã dele, ela era completamente diferente, tinha uma expressão bondosa e caridosa.
Lyanna olhou para Hunter que estava quase chorando de alegria, um sorriso estava estampado tem seu rosto, era nítido que ele estava com dor, mas ele pareceu se esquecer dela por um momento.
-Pensei que nunca mais veria você.
-Idem, parece que os Bellecs não morrem tão facilmente, certo Eliot?
Ele apenas assentiu sorrindo.
-Estes dois que me acompanham se chamam Lyanna Fey e Oberon Sly.- Ele olhou para os dois que estavam em pé ao seu lado. -Amigos, eu quero apresentar a vocês minha prima, Anya Bellec, filha de meu falecido tio Aiacus.