História Princesa Indelicada - O reencontro com Lucas

Princesa Indelicada

O reencontro com Lucas

       Mais um lindo dia na aula! Mas, desta vez, havia algo diferente: era a minha primeira vez em uma nova escola. Como eu não conhecia ninguém da minha classe, resolvi chegar mais cedo para tentar fazer novas amizades.

         Assim que entrei no portão azul e me deparei com um grande pátio e vários alunos conversando, fiquei perdida. Não estava triste por ter me mudado de escola, pelo contrário, já que nunca tive muitos amigos. Parecia que iria ser muito difícil de achar alguém legal no meio de tantas panelinhas.

         Enquanto eu estava circulando igual boba, apareceram três meninas, do tipo que a gente para e pensa: “Cacete, elas roubaram toda beleza do mundo!”, literalmente. A mais alta tinha olhos verdes, pele branca e cabelos pretos e lisos, a mais baixinha tinha a pele bronzeada, olhos azuis e cabelos caracolados e dourados e a outra tinha pele um pouco escura, olhos castanhos claros e longos cabelos marrons e enrolados. Não vi nenhum cravo, nem nenhuma espinha! Quem, com quatorze anos, não tem cravos ou espinhas?!

         Muita gente diria que elas eram metidas, mas não era verdade. Elas não se consideravam tão populares quanto eram, nem esnobavam os outros. Resolvi que me aproximaria delas, não para ser popular, afinal, com meus olhos quase pretos e cabelos escuros e lisos superoleosos seria difícil.

         Quando cheguei perto, dei um “oi” tímido. A mais baixa abriu um enorme sorriso, com dentes incrivelmente perfeitos, e respondeu: “Olá, você é nova aqui?”, então me apresentei e descobri que se chamavam Luísa, Mariana e Giulia. Lanchei com elas e até fui convidada para festa da Lu (já era intima, haha).

         Quando cheguei em casa, a primeira coisa que ouvi foi minha mãe falando: “Gabriela, como foi na escola?”, então contei tudo à ela.

         Eu e minha mãe sempre fomos muito próximas, falo tudo para ela, e ela sempre me ajuda. Quando falei do aniversário, ela ficou doida para comprar um vestido para mim. Apesar de meus pais serem ricos, não ligo para essas coisas de roupas e maquiagens. Já tinha decidido que usaria o mesmo vestido que tinha usado no aniversário da minha prima. Claro que minha mãe, Raquel, ficou louca, falando que iriam postar fotos no Facebook e eu estaria com a mesma roupa. Comecei a dar risada e falei que eu não me importava.

         Na festa eu estava com um vestido preto de renda e uma sapatilha de mesma cor. Resolvi fazer babyliss para deixar o meu cabelo melhor. Não me maquiei muito, apenas passei o básico.

         O salão onde aconteceria a festa era grande e estava decorado com enfeites brilhantes que lembravam cristais. Assim que entrei, vi que realmente deveria ter comprado uma roupa nova.

         Mariana, a mais baixa, tinha alisado o cabelo e estava usando um vestido curto e um pouco rodado preto. Ele tinha brilhos e, na parte das costas, era aberto, e ela estava com um salto alto preto, ficando da minha altura. Dei um “oi” e fui procurar Giulia e Luísa com ela.

         Primeiro achamos a Giu, a de cabelos castanhos e encaracolados, que estava com um vestido de cetim vermelho e saltos pretos, que deixava a sua pele com uma cor incrível! Ela prendeu seus cabelos enrolados em um rabo de cavalo, ficando perfeitamente linda.

         Juntas fomos procurar a Lu, e estava preparada para um lacre. Ela estava com um vestido curto rosa e cheio de brilho e um salto bege. Seu cabelo estava impecavelmente preso em um coque lindo e ela sorria saindo perfeita em todas as fotos.

         Quando nos viu, ela se aproximou dando beijinhos na bochecha e entregamos os presentes a ela. Como não a conhecia direito, tinha comprado apenas um perfume, mas Giulia e Mariana compraram joias de ouro e maquiagens caras.

         Descobri que quem estava tocando enquanto os convidados chegavam era a DJ Cinderela, ela era muito famosa! E quem cantaria depois da meia-noite era o cantor Fredy Prince. Meu Deus!

         Não que eu fosse fã de algum dos dois, mas estava surpreendida no modo em que Giu se dedicou para essa festa, não esperava nada assim.

         Já era uma hora da manhã, Fredy Prince estava cantando Princesa Pop e eu estava pegando um refrigerante, quando ouvi um garoto me chamar; aquela voz não era estranha, apesar de eu não ter reconhecido ela.

         Na hora que me virei, levei um susto tão grande que quase derrubei refrigerante em mim mesma! Não podia acreditar no que estava vendo, era, simplesmente, minha paixonite do quinto-ano da antiga escola que eu estudava! Ele nunca tinha ligado para mim, afinal, eu era excluída, já que todos só se interessavam se você tinha dinheiro ou não, e eu tinha, mas nunca falei para ninguém, e como eu me vestia de forma simples, todos tiraram suas conclusões de que eu fazia parte da “classe média”. Como se tivesse algum problema nisso. Que bobeira.

         Devo confessar que ele estava lindo: alto, com olhos verdes, cabelos castanhos e usando um jeans escuro e camiseta social azul. Ele sorriu e disse com a maior naturalidade: “Oi Gabriela, vejo que conhece a minha prima.”, e eu respondi com um sorriso amarelo: “O-oi Lucas, eu conheço ela, por-por que?”, e ele me disse o por quê na maior cara de pau: “Pois preciso falar para Lu parar de chamar gente da classe média para essa festa, mas ela não cansa de fazer amizades erradas!”, claro que fiquei brava, mas resolvi ignorar, até que ele começou a rir e disse, como se fosse meu melhor amigo: “Tô brincando Gabi! Falei com ela sobre você e ela me contou que seu pai é um médico famoso e sua mãe é a gerente do shopping mais badalado da cidade, assim, conclui que você era rica. E depois de te stalkear no Instagram, confirmei minha teoria.”, não pude deixar de dar risada, então pedi: “Hum, então você estava falando de mim, né? Sobre o que?”, e ele me contou que estava dizendo como eu era linda mas que não fazíamos parte da mesma classe social, então não poderia ficar comigo, que idiota! Como se precisássemos fazer parte de alguma “classe social” para que ele gostasse de mim. Revirei os olhos e disse que iria procurar Giu, já que a Mari estava se agarrando com um menino do ensino médio.

         Fui embora às 2:00, e não consegui parar de pensar na conversa com ele.

         Era sábado e eu acordei às 11:00, tomei banho e coloquei um shorts jeans com uma camiseta branca simples. Descalça, desci as escadas e fui até a cozinha, onde Iris, a empregada, tinha preparado o meu café da manhã. Dei bom dia à ela e comi em silêncio, até que meu celular vibrou. Era Lucas.

         Oi, tá afim de ir na sorveteria hj? Eu iria adorar.

         Ué, vc sempre me ignorou, pq vai me chamar pra sair agr?

         N sabia q vc era tão legal e rica assim, vc vem ou n?

         Apesar de achar idiotice essa história de ter amigos pela riqueza, acabei aceitando para ver no que daria.

         Eu estava usando um shorts jeans claro com uma camiseta preta e um All Star, amarrei o meu cabelo e encontrei com Lucas, que estava com uma camiseta caqui azul, calça e um sapatênis; não sei por quê se arrumar tanto, era só uma sorveteria!

         Ele me cumprimentou com beijinho na bochecha e me elogiou, como eu sabia que era por puro interesse, o ignorei. Sinceramente, eu estava lá só para comer.

         Ele foi falando e falando tudo, uma coisa em cima da outra, as quais eu só concordava sem prestar atenção, até que ele começou a cochichar, e fiquei curiosa para saber o que era: “Então, quer ir à minha casa? Aqui tem muita gente...”, e ele deu um sorriso bobo no rosto, o qual eu não pude resistir!

         Em sua casa incrivelmente grande e totalmente vazia, ele logo me direcionou para seu quarto, que era muito bem arrumado, mas eu não estava gostando do rumo que aquilo estava tomando... Enquanto conversávamos, ele tentava me abraçar e passar a mão na minha coxa, claro que não deixei, sempre inventava uma desculpa.

         Cansada daquilo tudo, resolvi ir embora, e falei para ele que queria ir para casa. Sim, sou bem sincera.

         Quando eu estava quase atravessando a rua, ele me chamou e quando me virei ele me deu um longo beijo! Eu me assustei no início, mas percebi que eu estava gostando, apesar de saber que ele não estava interessado em mim. Até que ouvi uma voz como a de Giulia gritando “como você pôde fazer isso?” e passos correndo, imediatamente, empurrei ele e logo percebi: ele havia feito eu ir até lá para que minha amiga me visse o agarrando, destruindo novamente minha tentativa de fazer novas amizades.

         Corri atrás de Giulia, mesmo sabendo que não tinha nada que eu poderia fazer, já que tinha deixado que ele me beijasse. Comecei a gritar: “Me desculpe Giu, não sabia que vocês estavam namorando!”, e chorei muito, pois eu era muito emotiva.

         Que merda eu havia feito?