História Princesa Indelicada - De amigas para inimigas

De amigas para inimigas

         A última coisa que me recordo de ter visto foi Giulia correndo e eu chorando e pedindo perdão, a partir daí, tudo que vejo é escuridão. Até que eu acordo.

         Estava deitada na minha cama com minha mãe ao meu lado, acho que ela estava rezando, não conseguia ver muito bem. Minha cabeça doía e tudo que eu queria era voltar a dormir, mas precisava saber o que aconteceu.

         “Você estava chorando no meio da rua quando um garoto, acho que já o vi em algum lugar, acertou uma pedra na sua cabeça e gritou para você calar a boca, eu sei porque seu pai estava passando lá no momento do acontecido, você desmaiou na hora”, senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Então foi Lucas que fez isso? Pedi para minha mãe se ela poderia deixar eu falar com as minhas amigas por telefone, então ela se retirou e eu decidi ligar para Giulia primeiro.

         Como eu esperava, ela não atendeu. Será que agora ela me odiava? Como poderia saber que ela namorava o Lucas? Eram muitas informações: o Lucas é primo da Lu e namorado da Giu!

         Resolvi ligar para Mari, já que talvez ela ainda não saiba da história:

“Alô, quem fala?”

“Oi Mari, é a Gabi.”

“Oi Gabi, tá tudo bem? Parece que você está chorando!”

“Na verdade não.”

“O que aconteceu?”

Então, eu contei tudo à ela. Minha amiga pareceu me compreender e disse que ficaria do meu lado em qualquer discussão sobre isso e estava vindo me visitar. Agradeci emocionada e desliguei. Agora precisava falar com a Lu.

“Oii, quem é?”

“Oi Lu, sou eu, a Gabi.”

“Ah, olá Gabriela”

“Pelo visto você já sabe o que aconteceu, né?”

“Sim.”

“Sabe, eu não sabia que a Giu estava com o Lucas, e, sei lá, na hora eu não me dei conta do que estava acontecendo”

“Mas você deixou a Giulia triste, ela estava aqui até agora. Você não tem noção de como ela se sente enquanto você fica arrumando desculpinhas.”

“Lu, quando a Giu saiu correndo, o Lucas acertou uma pedra na minha cabeça e eu desmaiei, não que isso seja algum tipo de competição, mas quem está pior sou eu. Sem falar que quem magoou a Giulia foi o namorado dela, que me beijou, eu nem sequer sabia que ela estava namorando.”

Tudo ficou em silêncio, até que ela respondeu.

“Me desculpe, e-eu não tinha pensado dessa maneira... Vou falar com Giulia e depois passamos aí na sua casa.”

Ótimo, agora estava tudo resolvido. Ou quase. Ainda precisava falar com o idiota do Lucas.

“Olá, aqui é o Lucas, quem está falando?”

“Lucas, você tem meu número.”

“Ah, claro, Gabi, me esqueci de você.”

“Haha, que engraçado. Por que você fez aquilo?”

“Aquilo, hum, para me divertir... A Giulia me enjoa.”

“Mas você sabe como feriu os sentimentos dela? Eu não fazia ideia, mas ela te amava!”

“Jura? Eu pensei que ela só queria ficar, nós nem estávamos namorando!”

“Então por que ela chorou tanto?”

“Porque ela é uma iludida!”

“E agora? Não quero passar por ‘a que ficou com o namorado da amiga’!”

“Então você deve contar para ela isso.”

“Não, conta você!”

“Mas foi você que a iludiu!”

“E é você quem se importa!”

Não suportava aquele garoto! E agora? Mas, em meio a esses pensamentos, Mari aparece na porta: “Contar o que, dona Gabriela?”, então eu explico tudo e peço a ela o que ela acha que devo fazer: “Hum, se você contar a ela a verdade, sua dor diminui, sem falar no modo como as pessoas te veem, porém a de Giu não”.

Pedi para minha mãe o que fazer, e ela disse que deveria contar toda a verdade à minha amiga. Não foi tão difícil para dizer tudo, e Giu não ficou chateada, já que disse que então ela não tinha sido traída e que era tudo um mal entendido. Nos desculpamos e tudo ficou bem. Até agora.

Segunda-feira, dia de ir para escola. Chegando lá, encontrei com Mari primeiro e ela falou rapidamente: “Gabi, você não vai acreditar! O Lucas te enganou: agora a Giulia está chorando porque ele mandou um textão dizendo que foi ótimo ser o namorado dela e que se ela quisesse voltar ele aceitava, a Giu tá achando que você mentiu para ela.”, nervosa, respondi: “Como?! Você estava lá quando dei tchau a ele, sabe que foi o Lucas que me pediu para falar isso a Giulia! E agora, o que vou fazer?”, e ela me disse, nervosa: “Recomendo que vá falar com ela, explique tudo isso.”.

Achei Giulia chorando no banheiro, mas, quando me aproximei, ela simplesmente saiu de perto. Corri atrás dela e contei tudo aos gritos, me justificando. Mas minha amiga simplesmente me mandou calar a boca e saiu de perto com Lu.

         A aula passou de uma forma incrivelmente devagar, e, no intervalo, descobri que todos estavam sabendo, e deram até apelidos: Giulia e Luísa ficaram conhecidas como “princesas”, Mariana e eu como “princesas indelicadas”, e entendi que agora não tinha mais volta, precisava dar um jeito de fazer Lucas falar toda verdade.