História Príncipe Styles - Swan Lake

"Eu quero você, Leah"

Essas palavras ecoaram na minha cabeça por tempo o suficiente para eu me perguntar um milhão de vezes se eram reais. Ele me queria? Ele me queria da mesma intensidade que eu o queria? Eu habitava seus pensamentos da mesma maneira que ele habitava os meus?

Não, não podia ser... O que eu havia feito? Conversamos pouquíssimas vezes, como ele poderia me querer fácil assim?

Como eu o poderia querer tão fácil assim?

  - Por quê? - foi tudo o que saiu da minha boca.

  - Por que o que, princesa? - seu olhar estava confuso.

  - Por que me quer? Por que não pode deixar eu me casar com seu pai? Por que tem que sentir o mesmo que eu? Por que ainda alimentamos isso?

  Eu olhei para o chão. Meu pai sempre me disse que não era educado fazer várias perguntas de uma vez. Bom, avisem ao príncipe que não é "educado" fazer o que ele está fazendo com minha cabeça, e que hoje é uma exceção.

  Harry se aproximou, e colocou novamente as mãos em minha cintura logo depois de um meneio de cabeça, como se dissesse: "Posso?" e olhou em meus olhos.

  - Porque, dentre várias e várias mulheres com quem já me relacionei, nunca achei uma princesa tão humilde como a senhora. Isso me deixa na palma de sua mão. Leah, sua beleza é... - ele suspirou - Você é linda. E delicada. Será uma perfeita bailarina.

Eu arregalei os olhos. Como ele sabia das minhas aulas de ballet? Geralmente eu as fazia assim que acordava, mas fazia um mês que minha professora havia ficado doente, então eu não estava mais com as aulas por tempo indeterminado.

  - Como eu sei? - ele perguntou, como se lesse minha mente. - Você tem porte de bailarina. Anda com as costas retas, abdômen contraído e nunca olhando para baixo. Quando pega o arco e a flecha, o faz com delicadeza, mas com habilidade. Tem uma força descomunal nas pernas, por correr tanto e não se cansar. Pequenos detalhes que te tornam uma bailarina perfeita.

  - Bom, eu sempre tive aulas de ballet. Desde criança. Meu pai disse que minha mãe adorava. E eu sempre amei a dança. Não tenho tido aulas por enquanto.

  - Que desperdício. - ele sorriu. - Tenho certeza de que é uma bailarina maravilhosa.

  - Eu  faço o meu melhor, príncipe Styles - o olhei.

  - Estaria disposta a me mostrar? - seus olhos brilharam.

Eu deveria dançar para ele? Deveria mostrar completamente como eu realizava um dos meus hobbies preferidos enquanto estava sozinha?

Não, eu não deveria. Eu sabia que não. Era errado.

Mas o errado sempre acaba sendo o melhor.

  - Se não quiser, princesa, eu... - ele começou, mas eu o interrompi.

  - Não. Harry, tudo bem. Eu posso mostrar. - eu disse.

Seu sorriso apareceu. Mas se eu fosse dançar, teria que fazer isso direito.

  - Me espere na sala - eu disse e dei-lhe as costas, indo correndo para dentro do palácio e indo até a sala onde eu praticava ballet. Abri um dos muitos guarda-roupas com collants e tutus de todas as cores. Prendi o cabelo, escolhi um collant preto com o tutu também preto, trabalhado com pedras verde-esmeralda.

Lembrei-me de seus olhos.

Calcei as sapatilhas igualmente pretas e fiz um breve aquecimento antes de descer as escadas com passos leves, para meu pai não ouvir.

  - Vem comigo - eu peguei a mão de Harry, que estava na sala, e o trouxe comigo para a sala onde eu estava antes. Possuía isolamento acústico, então meu pai realmente não ouviria.

  Fui trancar a porta, e quando me virei, Harry estava estático me olhando com um sorriso meio torto no rosto, o que eu mais amava.

  - Devia vestir isso todos os dias - ele disse.

Eu rolei os olhos e o mandei se sentar em uma poltrona que havia ali. Ficaria bem de frente para onde eu iria dançar.

  - Chaikovski? - ele perguntou

  - Como sabe?

  - Lago dos Cisnes combina com você.

Coloquei um CD do Chaikovsky no rádio para tocar. Quando lago dos cisnes começou, de alguma forma eu não era mais eu. Sentia meus pés flutuarem no ar, fora do chão. Minha cabeça começou a vagar desde os primeiros sons dos violinos, e a música controlava as expressões do meu rosto e a leveza de meus movimentos.

Parecia que horas havia se passado. Eu comecei a rodar e rodar, e tinha a noção de que Harry havia se levantado de sua cadeira. Só não sabia que eles estava vindo até mim, e quando parei  de girar, ele me pegou pela cintura, deu uma volta comigo e ao me colocar no chão novamente, colou sua testa na minha. Ambos de olhos fechados, bem no momento em que música acabou.