História Príncipe Styles - Can't trust you

  - Este vestido é mesmo lindo... - falei com um pequeno sorriso no rosto. Não que ele fosse verdadeiro.

Eu e Mary estávamos em uma das lojas de vestidos de noiva mais cobiçadas da cidade. A cada minuto que passava eu esperava acordar desse pesadelo e perceber que era só um sonho, que eu estava no Brasil, que Harry estava comigo. Ele iria me dar um beijo de bom dia, me abraçar, cozinhar par mim, o que ele mais amava fazer, e claro, não deixaria suas palhaçadas de lado. Depois nos sentiríamos no sofá para ver TV e ele ficaria com o rosto encaixado em meu ombro, como sempre fazia.

Mas nada daquilo aconteceria.

Eu estava na loja de vestidos com Mary, compraria o que mais gostasse, voltaria para casa e ficaria em pé sobre um banco de madeira enquanto pelo menos dez empregadas arrumaram os últimos detalhes do vestido e do véu. Depois eu iria dormir, e quando acordasse, eu não estaria no Brasil. Ainda estaria no meu quarto, com animação ao meu redor, afinal, seria o dia do meu casamento.

Do meu casamento com o cara que não amo. Com o cara que é pai do homem que eu amo. Com o cara que é pai do meu irmão.

Já fazia uma semana que eu havia falado com Des pela última vez. Meu pai não tocou no assunto desde aquele dia, ninguém mais fala sobre isso. E o pior de tudo. Eu não havia visto Harry.

Na verdade, eu não sabia se aquilo era bom ou ruim. Bom por não ter de encará-lo. Ruim por não vê-lo.

- Leah?

- Sim? - eu disse - Me desculpe, me distraí.

- Então vai ser esse mesmo? - a vendedora perguntou.

- Sim. Sim, vai ser. Obrigada - sorri forçado e fomos até o caixa.

O resto do dia se passou como um borrão. Eu estava presente, mas minha cabeça estava em outro lugar, pensando em outra coisa.

Enquanto eu estava em pé sobre o banco de madeira e Mary, junto com outras, arrumava detalhes do meu vestido, eu me peguei pensando em qual seria a chance de acontecer o que aconteceu comigo.

Você conhece um cara. Tem que se casar com ele. Conhece o filho. Se apaixona. E de repente ele é seu irmão.

A ideia me fez ficar com dor de cabeça. Fechei os olhos, e todo aquele falatório das meninas fez parecer que um martelo estava batendo em uma bigorna. Mas a bigorna era minha cabeça.

De repente cada palavra ecoava na minha cabeça, fazendo o barulho parecer ser 10 vezes maior do que ele era.

- Leah? Princesa, está tudo bem?

Um reboliço tomou conta do meu estômago. Eu estava prestes a vomitar.

- Princesa?

Desci do banco, quase caindo e fu para o primeiro banheiro que meu subconsciente conseguiu encontrar.

E lá se vai meu café da manhã e almoço.

Dei descarga e escovei os dentes. Dei uma olhada no vestido, não havia sujado.

Quando retornei ao ateliê, todas me olharam de um jeito estranho. Engoli em seco e suspirei. Eu sabia o que elas estavam pensando. Eu e Harry havíamos ficado mais de um mês fora, minha menstruação estava atrasada, e Mary sabia. E agora isso.

- Princesa, pode descansar se quiser. - disse uma delas. Johannah.

- Sim - concordou Karen - Pode ir. Terminamos aqui. A senhorita deve estar ansiosa para amanhã. Precisa de uma boa noite.

- Tudo bem - assenti - Mary, vem comigo?

Ela assentiu e nós duas saímos da sala logo após eu ter tirado o vestido e coloquei meu hobbie.

- Está melhor?

- Sim. Mas ainda me sinto como se um caminhão tivesse passado em cima de mim. E minha dor de cabeça ainda não passou.

- Tem certeza de que não quer fazer um teste de gravidez?

- Não posso fazer isso, Mary. Meu pai iria saber. E me mataria!

- Certo, tudo bem. Eu volto depois.

Assenti e fui para o quarto. Me deitei na cama. Um ato simples, mas que significou o mundo para mim. Minhas costas estavam doendo fazia três dias, meus olhos pesavam. Não contei a ninguém, todos diriam que era ansiedade para o casamento.

Falando em casamento, eu e Harry fomos a primeira página dos jornais até ontem.

"Princesa foge com Príncipe Styles"

"Princesa Leah não quer relações com o rei Desmond Styles?"

"O que acontecerá com ela agora? O casamento está de pé?"

Rolei os olhos ao me lembrar dos títulos dos jornais. Quando estava quase dormindo, meu pai entrou no quarto com tudo.

- Levante. - ele disse.

- O quê?!

- Anda, Leah. Levante-se! Estamos indo ao hospital.

Mary surgiu atrás dele.

Ela contou.

  - Me desculpe, princesa. - foi tudo o que ela disse.