História Príncipe Styles - Who I am

Por que a neve é branca? Por que a neve é branca? Por que a neve é branca? 

Essa pergunta martelava em minha cabeça enquanto a limousine andava comigo através da cidade, seguida por milhares de pessoas e carros de imprensa até a igreja.  Mas eu não desci. Teria que esperar dez torturantes minutos dentro do carro enquanto todos entravam. Encostei a cabeça na parte de cima do banco enquanto meu nariz pinicava.

Eu não posso chorar agora, vou borrar a maquiagem.

"Sem escândalo" ecoou na minha cabeça e eu respirei fundo. Meu pai já estava decepcionado demais comigo, é melhor eu me controlar. Soltei o buquê no banco e minha mão foi instintivamente em minha barriga. Havia uma miniatura do Harry ali, e por um instante, eu me senti mais ligada a ele do que nunca.

Mas eu estava prestes a me esquecer de tudo, de me tornar outra pessoa. Minha essência sumiria e eu viraria alguém que nem eu mesma conheço.

  - Está na hora - meu pai abriu a porta do meu lado e me ofereceu o braço. Não havia mais ninguém nas ruas, além dos repórteres e paparazzis que me atingiam com uma chuva de flashes, e a porta de entrada da igreja estava fechada.

Meu coração deu um pulo.

Era isso.

Por que a neve é branca? Porque ela esqueceu sua cor.

"Você vai achar a solução quando precisar de uma"

O branco é a mistura de todas as cores do arco-íris. E o arco-íris é algo lindo. Mas acabou virando outra coisa, como se tivesse se perdido. Essa coisa era o branco. A neve havia esquecido sua cor, então virou a mistura de todas, sem se tornar algo definido, sem ter essência própria. 

Ela se esqueceu de quem realmente era e se tornou tudo.

As portas se abriram e lá estavam todos. A cidade toda estava ali e todos me olharam suspirando. Por causa do vestido.

Comecei a andar no tapete vermelho. Des me esperava na outra ponta do tapete e minha cabeça funcionava a mil por hora.

Era isso, repeti a mim mesma, essa seria minha conclusão.

A neve se esqueceu de quem realmente era, e eu não posso deixar que isso aconteça comigo.

Harry é sim, o amor da minha vida, e não podemos ficar juntos, mas mesmo assim eu não posso me casar com seu pai.

Isso o arrasaria. Mais do que já está arrasado.

E me faria esquecer de quem eu realmente sou.

  - Eu não posso fazer isso - falei baixo.

  - Calada. - meu pai disse e eu parei de andar, o puxando pelo terno. Ele me olhou com um olhar assassino no rosto.

  - Eu não posso fazer isso, pai!

Um "ohh" saiu da multidão.

  - Leah Christabel Alexandra Windsor, você vai andar até aquele altar agora. - ele disse e eu joguei o buquê no chão.

  - Não, eu não vou. - todos estavam vidrados - A minha vida toda eu fui treinada porque você quis, para as coisas que você queria que eu fizesse - eu disse em alto e bom tom - Mas decidir o meu futuro já é demais, pai.

Passei os olhos pela igreja e senti minha pressão cair quando eu o vi no fundo da igreja. Ele estava com uma expressão ilegível no rosto.

  - Por 18 anos eu me submeti às suas regras, do seu jeito, como você sempre quis. Nunca reclamei, pai. Nunca abri a boca. Mas o senhor não vai decidir com quem eu vou passar o restante da minha vida. E se não for com o cara que eu amo - dei uma olhada rapidíssima para onde Harry estava - prefiro ficar sozinha.

Meu pai me olhava incrédulo e quando eu pensei que ele não iria responder, ele disse:

  - Com o cara que você ama? Você acha que conhece o amor, Leah? Com 18 anos? Você não conhece nem esta cidade direito, e quer me falar em amor?

  - Claro que eu não conheço essa cidade, o senhor me deixava presa em casa! E sim, eu falo de amor, porque talvez o senhor não saiba o que é isso.

  - Como ousa?! - ele se aproximou de mim.

  - Talvez você até tenha gostado da mamãe. Gostado de verdade. Mas não amado. Porque o casamento de vocês dois também foi arranjado.

Ele ficou quieto. Olhei para onde Harry estava antes, nem sinal dele. Então eu percebi que Des vinha até nós.

  - Des - eu falei mais baixo - Eu te disse, não é por você. Mas eu achei a resposta.

  - Eu sabia que você acharia. - ele sorriu - A solução sempre aparece para quem precisa dela.

 Ele não estava bravo?

  - Não, não estou bravo - ele disse, como se lesse minha mente.  Harry também fazia isso. - Você achou seu caminho, Leah. Estou orgulhoso.

Meu pai olhou incrédulo para ele.

  - Você já sabia disso?

  - Não - Des respondeu - Mas não vou impedi-la. Anda, Leah. Corra. Ele ainda deve estar perto. E não se esqueça. Não foi seu irmão que te contou a charada. Entenda a frase.

Pela primeira vez, aquela parte fazia sentido. Hoje mais cedo, quando ele disse "Entenda", ele não estava se referindo à charada. E sim na segunda parte da frase.

"Não foi seu irmão quem te disse".

Mas Harry havia me dito.

Arregalei os olhos. Harry não era meu irmão.