História Príncipe Styles - Start again

Um arrepio me percorreu ao imaginar meu pai morto. Ele podia estar sendo egoísta e não estar pensando em mim, mas ainda era meu pai, ainda era o cara que me amava (sim, ele me amava),  que havia me criado sozinho quando minha mãe morreu, que brincava comigo, que me contou várias piadas ruins, e eu estava, sim, brava com ele pela surra, mas ele ainda era meu pai.

Eu o amava.

Harry não podia simplesmente mandar atirar nele caso ele quisesse entrar no palácio dos Styles.

Isso não estava certo.

Suspirei, e decidi pensar nisso mais tarde, como eu conhecia meu pai, ele precisaria de um dia ou mais para finalmente perceber o que aconteceu, perceber que eu não vou voltar. E então, pensaria em algo para fazer, até lá, posso me concentrar em pensar em maneiras para contar a Harry que tem mais uma geração dos Styles chegando.

Sorri sozinha ao pensar e ele parou o carro quando já estávamos dentro dos portões da enorme propriedade Styles.

Ele acenou para os guardas, ainda sério. Dirigia com uma mão e tinha a outra apoiada na janela do carro, com os dedos nos lábios, olhando fixamente para a frente.

Estava pensando.

Eu ia chamá-lo, quando ele estacionou em frente à porta de entrada, mas achei melhor ficar quieta.

Saímos do carro, ele pegou as 4 malas e eu peguei uma. Harry fez um sinal e um homem que estava ali perto se aproximou. Ele não vestia a farda dos  soldados, apenas um smoking com uma gravata.

  - Leve à garagem, por favor. - ele entregou a chave do carro ao homem, que assentiu.

  - Sim, senhor.

  - Obrigado.

Subimos os degraus até a porta da frente e Harry a abriu com o cotovelo, já que estava destrancada.

Ele subiu os degraus, e eu fui atrás dele, enquanto ele ia até seu quarto e colocava minhas malas lá. Deixei a única que segurava ao lado das outras.

  - Quer tomar um banho? - ele perguntou.

Assenti, aliviada. Parecia loucura tudo o que havia acontecido hoje.

Prova de vestido, o casamento, flashes e mais flashes em mim, a descoberta da charada, a fuga para encontrar Harry, as vans, a briga com meu pai, e agora isso.

Um banho certamente não iria apagar tudo da minha memória, mas talvez desse uma sensação revigorante.

O banheiro de Harry era explêndido. Havia uma Jacuzzi enorme embaixo de um chuveiro.

Eu não estava muito a fim de um banho de banheira, então apenas liguei o chuveiro. Retirei o vestido de noiva, que ainda estava em mim, já dentro do banheiro e o deixei caído no canto. Eu não ligava para o que aconteceria com ele, não foi o vestido que usei no meu casamento, não vai ser nada além de uma lembrança de um dia que começou ruim, continuou ruim e, bem, vamos ver como vai acabar.

Enquanto eu estava dentro do chuveiro, ouvi a porta se abrir e olhei para trás. Harry estava ali, com umas roupas nas mãos, as colocando na parte seca da pia.

Ele me olhou.

Por um momento, ficou apenas parado, me olhando, mas quando ficou seu olhar em meu rosto, passou para meus braços e pernas, eu sabia o que o prendia ali.

A enorme quantidade de roxos em minha pele. E o corte no rosto.

Harry fechou a porta atrás de si e veio até mim. Ele estava só de boxes pretas e ligou a torneira da banheira.

- Harry, não...

- Shhh... - ele disse baixo e se aproximou de mim - Me deixa cuidar de você...

A banheira se encheu rapidamente e ele jogou a boxer ao lado do meu vestido. Nós dois nos sentamos nas partes moldadas para esse fim e eu encostei a cabeça na parte acolchoada ali.

A água batia nos meus ombros.

Harry, com movimentos suaves, examinou meu rosto, meus braços e minhas pernas. Não havia tanta coisa a se fazer, só daria para esperar todos aqueles roxos sumirem, mas Harry não era do tipo que deixaria quieto. Ele precisaria se certificar de que fez tudo o que podia para as manchas saírem mais rápido, mesmo que seja apenas uma ilusão temporal.

Demos banho um no outro. Falando assim parece estranho. Mas não. Foi tudo, menos estranho. Eu esfregava suas costas enquanto ele gargalhava de cócegas e ele fazia penteados absurdos em meus cabelos enquanto estavam com shampoo.

Talvez não fosse o momento certo para risadas e derivados, mas sim, era. Foi a hora que achamos para descontrair e nos livrarmos de todo aquele peso que estava sobre nossos ombros havia semanas.

Qualquer coisa era motivo de risada. Seja as cócegas que ele fazia em mim para descontar o que eu havia feito com ele, seja as vezes que ele quase entrou em desespero quando deu vários nós no meu cabelo e eu o assustei mais ainda quando disse que teria que cortar, ou seja a vez que jogou água em mim quando eu disse que era brincadeira.

Todas essas coisas simples formaram um momento especial. Um momento nosso.

Quando nos secamos, eu já não me aguentava de ansiedade para contar, então esperei até que ele se trocasse (colocou uma outra boxers preta) e se deitasse na cama comigo, para eu me virar de frente para ele.

Harry tirou o cabelo do meu olho e disse:

- Se eu não te conhecesse, diria que está com sono, mas esses olhinhos me dizem que está preocupada.

- Ansiosa - o corrigi.

- Para quê?

- Eu preciso te contar uma coisa... - falei baixo. O coração batendo a mil, a mente vagando longe, tentando imaginar mil maneiras de fazer aquelas três palavras saírem da minha boca.

- Pode falar, Sweet... - me puxou delicadamente para perto.

- Eu estou grávida, Harry.

Seus olhos se arregalaram, e pude perceber que ficou perdido por um momento.

Será que ele pensa que é de Des?

Só para garantir, acrescentei.

- De você.

Meu coração amoleceu quando vi um sorriso aparecer em seu rosto