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História Prisoner - Coma


Escrita por: F4llen

Notas do Autor


Minha short-fic pra Ruth, que deveria ser de Natal, mas enfim jabsakna

Fiz com muito carinho, tudo nos mínimos detalhes :v

Desconsidere qualquer erro (perfeccionista level 2000)
Desculpe a demora e espero que goste ❤

Capítulo 1 - Coma


Briscoe Unit - Dilley, Texas

Faz alguns dias que eu completei três meses aqui. Fui presa por alguns furtos que cometi. Confesso que me arrependo a cada dia mais por ter os cometido. Desde que cheguei aqui tenho vivido um completo inferno. Não existe amizade dentro de uma prisão, principalmente quando você acaba de chegar. 

Aqui, uma forte vedação separa a ala masculina da feminina. Quando nos liberam para o banho de sol, algumas pessoas de ambos os lados tentam se comunicar com quem está do outro lado. Alguns são provavelmente casais que acabaram sendo presos juntos e agora tentam ter algum contato já que acabaram separados. 

Ás vezes eu queria ter alguém com quem conversar nesse lugar tão hostil. Não conheço muito das detentas que estão no mesmo lugar que eu agora, mas sei que estou lado à lado de pessoas com crimes bem piores que o meu. Mas por enquanto terei que me acostumar a ficar por conta própria. Não é um lugar para se confiar em qualquer um. 

(...)

Recentemente tenho observado um homem do outro lado da vedação quando vou para o banho de sol. Ele parece estar há mais tempo que eu aqui. Eu não tenho um real motivo para observá-lo, mas ao mesmo tempo quero descobrir tudo à seu respeito. Ele me parece misterioso e eu não tinha o visto ali até então. Seu comportamento è diferente dos outros detentos. Está sempre quieto, sozinho em algum canto e raramente arranja brigas. Não sei por quanto tempo irá ficar aqui, mas suponho que sairá mais cedo por bom comportamento...

(...)

Passaram-se alguns meses e eu continuo a observá-lo. Comecei a aceitar a ideia de que isso virou algum tipo de obsessão, mas eu não me importo tanto assim. Por não saber seu nome, eu o apelidei de Sam. Sam é um homem alto e magro, mas aparentemente não é tão forte. Há algumas tatuagens espalhadas por seus braços e o significado delas me intriga, pois são diferentes, algo que parece particular. 

Não sei explicar o que sinto por ele, apenas sei que não posso chamar de amor. Tem algo diferente nele e às vezes sinto que o conheço, uma memória distante. 

Paro de olhá-lo quando o sinal toca e me trás de volta à realidade. Me encaminho de volta ás celas e dando uma última olhada percebo que alguém o empurra. Paro e continuo olhando. É um outro homem, quase de sua altura e notavelmente mais forte. Ele dá um soco no rosto de Sam, que grita algo que eu não entendo e revida com outro soco. Fico boquiaberta. 

Uma policial me tira de meu transe e me empurra para dentro. Viro-me para trás e a última coisa que vejo é um outro policial os separando e o nariz de Sam sangrando. 

Já é noite e eu não consigo dormir. Não que eu sempre conseguisse, porque tenho de ficar alerta com as minhas companheiras de cela, mas dessa vez há algo a mais que me perturba. Me pergunto como Sam deve estar neste momento, se está bem. 

Cubro meu rosto com minhas mãos. Por que eu me importo tanto com um desconhecido? 

(...)

Mais um dia começa e o sinal toca novamente. Seguimos nossa rotina normalmente e agradeço quando chega o horário do banho de Sol, quando posso vê-lo mais uma vez e saber se está bem. 

Sento-me na beirada da mesa de madeira mais próxima da vedação mais uma vez, como sempre. Sam está sentado de pernas cruzadas em cima de uma mesa igual. Está olhando para cá. Está olhando para mim. 

Espera. Para mim?

Ajeito-me na mesa e o encaro de volta. Ele dá um sorriso quase imperceptível. O Sol bloqueia um pouco a minha visão e só consigo ver metade de seu rosto. Ele gesticula algo e eu não entendo exatamente por isso. Saio de onde estou e encosto na grade. Há uma pequena faixa de terra entre essa e a outra grade, o que faz o parecer  mais distante. 

Ele se levanta e faz o mesmo que eu. Controlo minha felicidade por isso estar acontecendo, mesmo que não estejamos perto, ele ter reparado em mim já é algo. 

Sam está prestes à dizer algo, mas acabo por não ouvir porque alguém puxa meu cabelo e me derruba para trás. São duas detentas. Elas me arrastam para longe e me olham de cima. Reconheço apenas uma, Brianna, que é conhecida justamente por suas brigas, já a outra confesso que não havia reparado nela até então. 

— Nova por aqui, princesa? — Brianna diz, zombando de mim, enquanto sua amiga mantém meu cabelo preso em sua mão. — Você não acha que têm o rosto muito bonito para estar na prisão? — ela diz, como se para ser preso fosse questão de estética. — Qual o seu nome? E está a quanto tempo está aqui? — me recuso a responder e tento tirar as mãos da outra de meus cabelos. Falho miseravelmente. 

— Responda! — a acompanhante fala, puxando meu cabelo com mais força. 

— Ruth! — digo entre dentes. Me debato para tentar ser solta mas sem sucesso. Dou um chute na perna de Brianna e me arrependo instantaneamente. Ela murmura algo para sua amiga e as duas começam a me bater. Percebo a presença das outras detentas em volta da gente, gritando freneticamente diversas palavras de apoio para Brianna e sua amiga. 

Tento me proteger ao máximo e torço para que algum policial as pare. A tortura parece sem fim. De longe, escuto Sam gritar desesperadamente para elas pararem. 

Depois de algum tempo, uma policial aparece e nos separa e eu fico caída no chão. 

Sinto minha visão embaçada e meu olho inchado. Minha cabeça lateja e meu corpo arde. Minha boca está aberta e sangue desce por ela. Sinto alguém me puxar para cima e me colocar em uma maca. Minha vista escurece e não consigo ouvir mais nada ao meu redor...

(...)

Estou de volta ao local onde tomamos o banho de Sol todos os dias. O Sol está se pondo e não há mais ninguém no lugar além de mim. 

Sento-me de pernas cruzadas próxima à grade que me separa da ala masculina. Sinto a presença de alguém, porém não vejo ninguém. 

De repente, Sam aparece e senta-se bem na minha frente. Não do outro lado, mas exatamente na minha frente. Sorrio ao vê-lo ali e ele faz o mesmo:

— Como você saiu? — pergunto à ele. — Não está do outro lado. E por que está aqui?

— Meu tempo aqui acabou. — o ouço falar pela primeira vez. Sua voz é suave e baixa. — E agora tenho que esperar a sua vez de sair, temos muito o que conversar. 

Fico confusa. O que teríamos que conversar? 

(...)

Conversamos todos os dias por alguns meses até que finalmente posso já posso sair. É um dia especial tanto para mim quanto para ele. Nos tornamos bons amigos no início mas sinto que está agora está virando algo diferente. 

Deixo a prisão e o vejo encostado em seu carro. É um modelo antigo e da cor preta. 

Sam sorri ao me ver e abre a porta do passageiro. Entro e o espero. Logo ele dá partida no carro e segue em direção à estrada, sem dizer para onde vamos. 

Seguimos na estrada vazia do Texas ouvindo Dark Necessities, minha música favorita do Red Hot Chilli Peppers

Paramos em um restaurante quando chegamos em Houston, muito tempo depois. Entramos no lugar e pegamos nossas comidas. Converso um pouco mais com Sam e a todo instante ele me faz rir. Quando terminamos, ele nos leva até seu apartamento nem tão longe dali. E estamos em seu apartamento desde então.

Todos os dias saímos para dar uma volta pela cidade. É engraçado como literalmente só há nós na cidade inteira. Desde a prisão não vi nenhuma outra pessoa por aí, apenas nós dois, mas eu gosto disso...

2 meses depois

Como sempre fazemos, estamos mais uma vez andando pela cidade. 

Ouço um grito distante. É a voz de um homem e está me chamando. Sam parece não ouvir. O grito é constante. Olho para todos os lados e não encontro ninguém. Aviso Sam sobre o grito e ele me ignora. Tento balançá-lo mas não sou capaz de encostar nele. Paro e vejo Sam continuar a andar sem parar. 

Ele então desaparece. Simplesmente some na minha frente. Tento ir atrás mas já é tarde. Ouço o grito me chamando mais uma vez e então vejo a cidade desaparecendo aos poucos. A voz que ouço começa a ficar mais clara e deixa de ser um grito para ser apenas um chamado comum. 

Quando tudo desaparece, enxergo apenas o escuro. Não há Sam, não há cidade e eu nem ao menos me vejo. Apenas o nada. E a voz continua me chamando. 

Abro meus olhos e percebo que tudo não passou de um sonho. O escuro dá lugar para uma parede branca. Me sinto triste, com um vazio que parece impreenchível. Olho para o lado com dificuldade e vejo um homem vestido de branco. Um médico. Ele diz meu nome por uma última vez e sorri:

— Bem vinda de volta, Ruth. Como você se sente?


Notas Finais


Antes que eu me esqueça, a ideia da fic não é inteiramente minha, queria agradecer a Liliana por me ceder essa fic maravilhosa ❤

Aliás, feliz aniversário, Ruth (adiantado :v)❤
Enfim, espero que tenha gostado, logo virá o próximo cap ❤


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