História Private Hell - Newtmas fic - Traitor

 Não é incrível como a vida é uma coisa e, então, de repente, se torna outra?

              Point of View of Thomas O'Brien 

Dizem que uma escolha pode mudar completamente a nossa vida ou a vida de outra pessoa. Eu nunca imaginei que salvar a vida de um garoto e querer se tornar amigo dele poderia acarretar em tantas coisas.

E quem é que imaginaria que um simples convite para ir em uma lanchonete faria com que dois irmãos se reencontrassem? 

Confesso que eu ainda estou um pouco surpreso com o que aconteceu e de como tudo estava interligado, apenas esperando que algo ou alguém - que no caso sou eu - desse o primeiro passo.

Chega a ser insano como tudo aconteceu. Eu conheço Newt, me torno amigo dele e consecutivamente a irmã desaparecida dele namora com um dos meus amigos. Parece até coisa de filme não é? 

Não posso imaginar que coisas irão acontecer ou as coincidências que a vida me reserva, mas tenho certeza que nada será como antes.

 (...)

Quarta-feira. Hoje eu e Chris completamos um ano e quatro meses de namoro. Confesso que não imaginava que nosso relacionamento fosse durar tanto.

Chris e eu estamos um pouco distantes ultimamente. Faz mais de uma semana que não nos vemos e basicamente só se falamos por mensagem. Segundo Chris, ele anda ocupado com o trabalho e eu compreendo isso. 

Decido então fazer uma surpresa para ele. Penso um pouco e opto por fazer um jantar para o mesmo hoje a noite na casa dele. Chris adora quando eu cozinho para ele, então calculo que irá gostar da surpresa.

Deixando meus planos com Chris de lado, estico meu braço até mesa de cabeceira e pego meu smartphone. Checo as horas e vejo que são 07:30hr.  

Segundo a escola hoje haveria uma reunião de diretores e coordenadores mais cedo por isso o horário de entrada será às 08:15.

Levanto da cama sentindo a animação percorrer cada parte do meu corpo. Vou até meu quarto e pego meu uniforme seguindo até o banheiro.

  (...)

- Talvez eu passe a noite na casa do Chris. - Eu aviso a minha mãe. - Completamos um ano e quatro meses hoje.

- Tudo bem filho. - Minha mãe concorda com fazendo uma aceno com a cabeça.

- Teresa quer parar de fazer cara de nojo e de revirar os olhos? - Eu pergunto encarando a morena.

- Não estou fazendo nada. - Ela responde enquanto revira os olhos.

- Sinceramente não então porque você não gosta do Chris. - Eu comento. 

- Eu já te expliquei, algo nele não me agrada, não consigo gostar dele simples assim. - Teresa rebate. 

- Apenas questão de gosto filho. - Mary comenta dando um risinho.

- Sua chata. - Eu falo e do língua para a morena.

- Não é melhor vocês irem logo para a escola? Já está na hora. - Mary nos alerta.

- Claro, vamos Tessie. - Eu falo me levantando. - Tchau mãe, te amo. - Eu completo dando um beijo no rosto da mais velha.

Eu e Teresa nos despedimos da nossa mãe e então seguimos para a escola. 

 (...)

O que esperar de um dia em que se tem três aulas de matemática e três de biologia? Isso mesmo, que ele não seja bom. Esse é o primeiro pensamento que me vem à cabeça assim que começa a primeira aula de matemática do dia.

Observo os alunos. O único que parece realmente interessado na matéria é Arthur, o maior nerd da sala.

Newt toma conta dos meus pensamentos. Não sei como mas o loiro simplesmente invade a minha mente. Talvez seja porque Arthur também é loiro.

Fico pensando, o que Newt estaria fazendo agora? Será que ele estaria em casa olhando para as paredes? Ou estaria dando uma volta pela cidade? Ou será que ele estaria em alguma reunião chata com os pais? 

Me ponho no lugar dele e consigo sentir o quão difícil deve ser. Ter pais que não se importam com você com certeza é algo horrível. Fico triste por ele, ele não merece isso.

É difícil e fácil falar de Newt. Newt é aquele tipo de pessoa que na primeira conversa você já gosta. Aquele tipo de pessoa que tem uma espécie de imã dentro de si que atrai as pessoas. 

Apesar de o conhecer a pouco tempo, posso afirmar que tenho fortes sentimentos por ele. É uma pessoa que eu realmente fico contente em ter conhecido e sei que não irei me arrepender.

 (...)

A manhã passa de modo lento. Nada de bom acontece na escola continuando a mesma chatice de sempre.

Por volta das onze e quinze Chris finalmente responde a mensagem que eu mandei mais cedo com um simples “Feliz aniversário de namoro também amor”.

Assim que as aulas acabam eu sigo direto para o trabalho.

Diferente da escola, a tarde passa super rápido. A lanchonete hoje está bem movimentada o que é bom por um lado - vou ganhar algumas gorjetas - e ruim por outro - é muito mais cansativo -.

Quando é por volta das seis e meia eu finalmente termino meu turno no trabalho.

O primeiro lugar onde eu tenho que ir é o Supermercado. E é isso que eu faço.Após comprar as coisas para o pequeno jantar que planejo fazer para Chris eu enfim sigo para a casa do mesmo.

No meio do caminho ligo para o meu namorado para avisar que estou indo vê-lo. Quatro falhas tentativas depois, eu deixo um recado na caixa postal dele.

Sigo o trajeto até a casa de Chris calmamente. Torço para que o mesmo esteja em casa e que goste da pequena surpresa que irei preparar.

No momento em que chego em frente ao prédio dele sinto um incômodo calafrio percorrer todo o meu corpo. Sinto um aperto se instalar em meu peito assim que adentro o edifício.

A cada andar que o elevador sobe o aperto aumenta. Respiro fundo tentando aliviar o aperto. Logo que o elevador para eu sigo até o quarto 105. 

Calmamente dou uma leve batida na porta. Espero um pouco e então repito o ato. Percebo então que a porta está apenas encostada e não trancada.

Abro a porta e percebo que não tem ninguém. A fecho lentamente para que não faça barulho.

- Chris? - Eu chamo. - Chris? - Chamo novamente e não recebo resposta.

Caminho até o quarto dele. Levo a mão até a maçaneta da porta e novamente um calafrio percorre meu corpo sendo seguido pelo aperto no peito, que agora está tão forte que é difícil respirar.

Abro a porta e sinto meu coração parar com a cena que eu vejo. Chris se encontra adormecido na cama e ao seu lado está… outro cara.

O som da sacola com as compras caindo de encontro ao chão preenche o quarto, fazendo com que Chris desperte.

- Thomas? - Ele fala confuso e surpreso ao me ver.

- Quem é, Chris? - O desconhecido ao seu lado pergunta.

- Sai daqui. - Eu falo ríspido para o rapaz.

- Quem você pensa que é pra falar assim? - Ele questiona.

- Sai. Daqui. Agora. - Eu falo pausadamente sentindo a raiva tomar conta de mim.

- Ah, entendi. - Ele comenta dando um sorriso de lado.

Observo o rapaz se levantar e vestir a roupa. Ele caminha em minha direção e para do meu lado.

- Foi um prazer como sempre, Chris. - Ele sibila me provocando.

Assim que escuto a porta da sala bater sei que ele se foi.

- Deixa eu explicar. - Chris começa a dizer e eu o interrompo. 

- EXPLICAR O QUE? - Eu grito com ele deixando toda a raiva me possuir.  - Que enquanto eu fazia planos pra gente você estava podendo com outro?

- Eu sei que o que eu fiz foi errado mas me desculpe. - Ele fala com a maior cara de sons o do mundo.

- Isso… Isso não desculpa. - Eu sussurro sentindo a vontade de chorar me atingir.

- Se você não tivesse me deixado de lado, talvez isso não teria acontecido. - Ele rebate irritado.

- Eu te deixei de lado? - Eu pergunto incrédulo. - Me poupe Chris. Você é quem sumiu. Então todas vezes que você disse que estava trabalhando era isso que você estava fazendo não é?  - Eu falo finalmente caindo na real. 

- Meu poupe você Thomas. Você sabe muito bem que nosso namoro anda chato e parado. - Chris fala de modo impaciente.

- Não era melhor então ter terminado? - Eu o questiono.

- Pode ser, mas eu gosto de você. - Ele fala sarcástico passando a pelo meu rosto. - E outra, com certeza você também deve fazer isso com aquele seu amiguinho problemático né? - Ele sussurra no meu ouvido. - Ou acha que eu não sei que vocês dois saíram ontem?

- Eu nunca trairia você, nunca trairia ninguém.  - Eu comento deixando uma lágrima escorrer pelo meu rosto. - E o Newt e eu somos só amigos. Ontem eu sai com ele com todos os meus amigos entendeu? Todos.

- Era só questão de tempo até você estar de quatro na cama com o Newt que nem uma vadiazinha. - Ele cospe as palavras na minha cara.

- Quer saber? Vai se foder. - Eu sussurro. 

Me viro e saio dali o mais rápido possível. Assim que meus pés tocam o chão da calçada do prédio eu desabo. Me abaixo me sentando na escada de acesso e deixo que todas as lágrimas antes contidas agora ganhem todo o meu rosto.

Meu coração dói. Tudo dói. É algo que eu nunca imaginei que pudesse acontecer. Como ele pode… pode  isso comigo? Como pode dizer todas aquelas coisas para mim? Como eu pude ser tão estupido?

Sinto minha cabeça latejar e todo o meu interior ruir. Não sei o que fazer agora. Não quero ir para casa mas também não posso continuar aqui. 

Faço então a única coisa que vem a minha mente. Pego meu celular e faço uma ligação. No terceiro toque eu finalmente sou atendido.

- Newt?