Dia 9
Point of View of Newt Sangster
Hoje eu acordei um tanto feliz e de bem com a vida. Sabe quando você acorda de bom humor sentindo que o mundo e tudo a sua volta está perfeito? Exatamente assim que estou me sentindo.
Após todo o processo matinal de higiene e blá blá blá, eu sigo em direção a cozinha sentindo meu estômago revirar de fome.
- Bom dia, mãe! - Exclamo animado, depositando um beijo estalado no rosto da mais velha.
- Bom dia, filho. - Ela comenta sorrindo. - Vejo que acordou de bom humor.
- Acordei me sentindo tão bem com tudo. - Eu rebato enquanto pego uma caixa de cereal no armário.
- Pra mim, essa sua felicidade tem nome e se chama Thomas. - Ava devolve irônica. - Meu filho está apaixonado.
- Do jeito que vocês ficam falando, eu acho que tem um arco-íris em cima da minha cabeça escrito “Estou apaixonado por Thomas O'Brien” - Eu faço um gesto curvo com as mãos simbolizando um arco-íris.
- Mas tem. - Ava fala séria. - Na sua cabeça, na sua testa, no seus olhos, em tudo. Qualquer um que te conheça consegue perceber isso.
- Aff, me deixem. - Eu resmungo comendo uma colherada do meu cereal. - Posso fazer uma pergunta?
- Claro, quantas quiser. - Ela responde de bom agrado.
- Quem foi o seu primeiro amor? Digo, sua primeira paixão? Como vocês se conheceram? - Eu questiono, a curiosidade me dominando.
- Uau, não imaginava essa pergunta. - Minha mãe confessa, surpresa. - Bom, foi um amor de verão. Eu estava passando as férias em Los Angeles com umas amigas quando o conheci. Foi uma verdadeira história de filme adolescente.
- O que aconteceu? Vocês ainda tem contato? - Pergunto, querendo saber mais e mais sobre o passado de Ava.
- Passamos as férias inteiras juntos, eu estava apaixonada, sentia todos os sintomas da paixão, sabe, frio na barriga, uma felicidade e alegria exagerada… - Ela explica jogando uma indireta para mim, afinal, estou com os mesmos sintomas.
- Entendo… - Murmuro voltando a atenção para o meu cereal.
- Até que o verão acabou e ele teve que partir para a Inglaterra onde iria cursar a faculdade, depois disso trocamos mais algumas mensagens mas com o tempo fomos parando, estávamos seguindo caminhos diferentes… - Ava finaliza, um sorriso nostálgico no rosto.
- Parece até uma história do Nicholas Sparks. - Eu comento surpreso com tudo. - Posso fazer outra pergunta? - Acrescento e a loira confirma em um aceno com a cabeça. - Como você conheceu o Janson?
- Na faculdade, Janson era uma pessoa maravilhosa Newt, é uma pena que ele tenha deixado o poder e o dinheiro tomar conta de si, hoje ele não é nem a sombra do um dia já foi. - Minha mãe responde me deixando incrédulo, é difícil de se imaginar que um dia Janson fora uma pessoa boa.
- É uma pena quando as pessoas se perdem. - Eu sussurro encarando a tigela com cereal, agora não tão apetitoso.
- Até me esqueci, tenho uma surpresa para você. - Ava anuncia toda sorridente. - Na verdade preciso que vá comigo até lá.
- O que é? - Eu me debruço sobre a mesa tentando me aproximar dela.
- Não vou falar. - Mamãe responde fazendo mistério e me deixando curioso.
- Affs. - Eu resmungo me afundando na cadeira.
- Você quer saber? Ok, quero você em cinco minutos lá na garagem. - Ava dá um sorrisinho de canto se levantando.
No mesmo instante me ponho a correr em direção ao meu quarto, afinal, não tenho culpa se sou um garoto curioso e tenho uma mãe misteriosa.
(...)
Após sairmos de casa e eu falhar em arrancar alguma informação sobre a tal de surpresa de Ava, me dou por vencido e permaneço quieto apenas apreciando o vento que entra pela janela do carro.
Mamãe entra em uma rua a esquerda e dirige até parar em frente a um enorme muro cinza com um guarita na frente. Observo o local até que noto uma placa com os dizeres “Condomínio Residencial Manhattan”
- Vamos visitar alguém? - Pergunto confuso enquanto tiro o cinto de segurança.
- Não. - Ava responde com o mesmo sorrisinho de canto de antes. - Vamos lá.
Apenas concordo e sigo a mais velha. Ava troca algumas palavras com o segurança da guarita que logo permitiu nossa entrada.
Já ouvi várias vezes sobre esse condomínio porém esta é a primeira vez que venho aqui. Assim que adentramos, fico encantado com o lugar. Há um pátio enorme com diversos canteiros de flores, árvores e bancos espalhados por todos os cantos. Noto também um Fonte esguichando água como se fosse uma cascata.
- Uau, aqui é lindo. - Sussuro enquanto giro o corpo olhando tudo a minha volta.
- Fico mais feliz ainda por saber isso. - A loira rebate, uma animação evidente em seu tom de voz.
Não sei o que a Ava está tramando e escondendo de mim mas a cada minuto eu fico mais curioso. Volto a seguir a loira até o edifício onde ficam os apartamentos.
- Sra. Sangster que bom vê-la. - A moça da recepção fala sorridente. - Esse deve ser o seu filho certo?
- Sim, esse é o Newt. - Ava responde calmamente. - Newt, essa é a Kira. - Ela me apresenta a jovenzinha asiática que sorri.
- Aqui estão as chaves e espero que você goste Newt! - Kira fala entregando uma chave a Ava.
Gostar do que mulher?
Desistindo de vez de adivinhar o que está acontecendo apenas sigo Ava até o elevador. Ela aperta o número três e logo chegamos lá. Assim que o elevador abre as portas vamos até o apartamento número 17.
- Bem Vindo. - Mamãe anuncia abrindo a porta.
De imediato meu pensamento é “ok, um apê vazio” mas logo um pensamento atinge minha mente.
- Por acaso… isso é o que eu estou pensando? - Pergunto a Ava que me encara com um sorriso de felicidade no rosto.
- Bom, você sabe que logo eu vou me divorciar de Janson e como eu te disse, eu quero recomeçar. - Ela começa a explicar e eu sinto meus olhos marejarem. - E isso inclui uma casa nova, e eu quero saber se você gosta daqui, claro, isso se você quiser morar comigo.
Sinto uma vontade enorme de chorar me abater. Tudo é tão repentino e novo. Meu peito se aquece só de imaginar Ava e eu morando aqui, juntos, como uma família de verdade.
- Claro que eu quero morar com você mãe. - Eu comento a abraçando.
- Então eu posso fechar o acordo e pegar o apartamento? - Ela pergunta segurando meu rosto com as mãos.
- Sim, pode. - Eu responde deixando uma lágrima escorrer livremente pelo meu rosto.
Me viro analisando o lugar. Há coisas que realmente não dá para explicar. Aqui é um exemplo. Não estou nem a dez minutos aqui mas consigo sentir um conforto que nunca senti na casa onde morei a minha vida inteira.
E o melhor de tudo é a sensação de saber que estamos recomeçando.
(...)
Dia 10
- Tommy, você precisa ir lá ver, o apartamento inteiro é lindo e tem uma vista super legal… - Newt tagarela sem parar para o namorado.
- Deve ser incrível lá mesmo. - Thomas comenta dando uma risadinha.
- Desculpa, to te enchendo né? - O loiro pergunta fazendo um biquinho infantil.
- Não, é só que eu gosto de ver você todo feliz. - O’Brien responde. - E não faz esse biquinho que eu fico com vontade de te beijar. - Ele acrescenta e então dá um rápido beijo no loiro. - Ah, beijei mesmo assim.
- Pela primeira vez eu sinto que minha vida familiar está entrando nos eixos, é uma sensação tão boa..- Sangster conta animado.
- Você merece o melhor loirinho. - O moreno sussurra, feliz pelo namorado.
- Topa jantar fora? - Newt pergunta.
- Se esse jantar significa comer o hambúrguer da barraca do Joe, então eu aceito. - Thomas responde de imediato.
- Então vamos. - Sangster sibila saindo de sua cama.
O’Brien logo trata de imitar o gesto do namorado. Logo ambos saem do quarto e como crianças levadas descem a longa escadaria da casa correndo.
- Ah não… - Newt resmunga ao ver a porta da casa se abrir e Janson entrar por ela.
- Relaxa. - Thomas sussurra, preocupado que possa acontecer alguma briga entre os Sangsters.
- Newton precisamos conversar. - Janson fala no mesmo tom sério e autoritário de sempre.
- Estou ocupado. - Newt rebate dando de ombros.
- É importante. - O mais velho fala impaciente.
- Não sei se percebeu mas estou acompanhado. - O loiro aponta para Thomas. - Então depois se eu estiver afim, nos falamos.
O loiro se põe a caminhar tranquilamente seguido por Thomas que encara tudo pasmo, a atitude do loiro o deixou surpreso.
- Não vire as costas para mim, Newton, ainda não terminamos. - Janson avisa, um tom de raiva presente em sua fala.
Newt da um sorrisinho malicioso e se vira para o pai.
- Terminamos sim, bye bye daddy. - Sangster acena enquanto caminha de costas até a porta.
- Uau, isso… foi inesperado. - O’Brien comento surpreso.
- Passei minha vida inteira me privando das coisas por causa dele e sinceramente, eu cansei. - Newt responde todo cheio de si. - Agora, chega de Janson e vamos comer.
Sem contestar Thomas apenas concorda seguindo o namorado até o carro. Satisfeito em como o loiro não se deixa mais abater pelas ameaças de Janson e principalmente de como Newt finalmente se libertou do inferno privado em que vivia.
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