Algo aconteceu com a Sonya e a Ava.
Uma frase.
Vinte e sete letras.
Um significado: Problemas
Sinto todo o meu corpo fraquejar e minhas pernas ficarem bambas ao escutar a informação de Benjamin.
Noto uma mão segurar minha cintura e percebo que é Tommy, me apoiando. Seus olhos demonstram preocupação mas ele mantém a postura firme me proporcionando a força que eu preciso no momento.
- Co… como você sabe disso? - Minha garganta está seca e tenho certeza que minha pergunta saiu como um sussurro.
- É confuso… - Ele leva as mãos até o cabelo e senta no sofá.
Minha cabeça fervilha de perguntas mas meu corpo não corresponde. Me mantenho parado sem conseguir sequer abrir a boca.
Um silêncio se instala. Vejo Teresa se levantar e sair apressada para a cozinha, em pouco tempo ela volta com dois copos de água na mão, entrega um a Ben e o outro para mim.
- Ben, sei que é difícil mas precisamos que você se acalme e nos conte o que aconteceu. - É Tommy quem quebra o silêncio e mais uma vez sou grato por tê-lo ao meu lado.
- Eu estava um pouco preocupado por elas estarem demorando, liguei para Sonya mas ela não atendia, até que… até… - Sheffield trava novamente e me sinto mais sem forças ainda.
- Respire com calma Ben, e quando conseguir, continue a falar. - Thomas fala tentando tranquilizar Ben.
- Ok… - Benjamin respira fundo antes de continuar. - Até que Sonya me ligou, a ligação estava falhando mas eu consegui entender o que ela estava falando. - Ele faz uma pausa e noto seus olhos marejarem.
- O que ela falou? - É Trina quem pergunta e o receio é evidente em sua fala.
- Ela estava sussurrando e com uma voz de choro, disse que alguém havia pegado elas e que… - Ben me encara nos olhos, um vislumbre de tristeza passa pelo seu rosto.
- O que Ben? Diga de uma vez! - Peço já um pouco impaciente.
- Disse que Janson estava com ela. - Ele responde e sinto meu coração trincar. - Depois disso ouve uns barulhos e a ligação foi encerrada, acho que alguém pegou o celular.
Tudo ao meu redor gira. Me sinto tonto e é como se eu fosse desmaiar. Tommy me envolve com seus braços, me dando um abraço. Todos meus amigos permanecem em silêncio.
- Janson… sabe de algo em que possa se encaixar nisso, Newt? - Teresa pergunta me encarando seus grandes e confusos olhos azuis.
Nego com a cabeça. Não sei o que significa tudo isso e o sentimento de impotência me acerta em cheio.
- Janson pegou suas coisas e saiu apressado ontem de manhã, não foi Newt? - Thomas relembra.
- Foi, ele saiu de manhã cedo e segundo Ava parecia nervoso. - Eu sussurro complementando a resposta do moreno.
- Caras, sei que é difícil para os dois, eu entendo isso.. - Minho fala se levantando. - Mas precisamos fazer algo. - Ele completa assumindo sua pose de líder.
- Ele está certo, e se… a gente vasculhar a casa? Podemos achar algo que nos faça entender o que está acontecendo. - Brenda sugere.
- Concordo, é uma ótima ideia. - Gally comenta aprovando a ideia da amiga.
- Tudo bem, ali é o escritório de Janson. - Aponto para um grande porta à esquerda. - E lá em cima tem os quartos.
- Teresa e eu vamos checar o escritório, Brenda, Trina, Gally e Ben checam os demais quartos. - Minho dá as instruções indicando o que cada um tem que fazer.
Em seguida todos se separam, cada um indo em direção ao local indicado. Tommy e eu somos os únicos que continuam aqui.
- Ei pequeno. - Tommy segura meu rosto com as mãos, fazendo um leve carinho com o polegar. - Sei que tudo isso é confuso e doloroso demais mas você precisa ser forte, precisamos de você aqui com a gente para conseguirmos descobrir alguma coisa, eu estou aqui loirinho. - Ele finaliza dando um beijo na minha testa.
- Obrigado… - Sussurro agradecendo por toda a força e apoio que ele sempre me dá.
Respiro fundo me recompondo. Entrelaço meus dedos aos de Tommy e seguimos até o escritório, ambos determinados a encontrar algo.
(...)
- Encontraram algo? - Tommy pergunta quando entramos no escritório.
- Nada. - Minho responde procurando na estante de livros.
- Só papéis e mais papéis. - Teresa comenta mexendo na gaveta da mesa. - Achamos que pode ter alguma coisa no computador, porém ele precisa de senha.
- Tem noção de alguma senha que Janson possa usar? - O asiático indaga sem desviar os olhos de uma pasta.
- Posso tentar. - Respondo indo até o computador.
Penso. Penso. Penso. E nada vem a minha mente, então opto por arriscar os óbvios.
Primeiro uso a data de aniversário de Janson em diversas sequências e nada acontece. Depois o nome dele, depois a junção de nome mais aniversário. Não consigo obter sucesso em nenhuma das tentativas.
- Merda… - Cerro o punho sentindo a raiva me dominar. - Não sei mais o que usar.
- Relaxa, nós vamos dar um jeito. - Thomas tenta me animar mas sei que até mesmo ele não acredita em suas palavras.
- Quem são essas pessoas? - Minho questiona ao me entregar um porta retrato.
Assim que o pego vejo que é uma foto da outra família de Janson.
- Digamos que Janson tem outra família. - Respondo sem graça.
Analiso a foto. Sim, são as mesmas pessoas que vi naquele dia. Tiro a foto do porta retrato. Chega a ser surreal como essa mulher e o filho aparentam ser tão felizes. Retiro a fotografia do objeto para analisar melhor, olho o verso dele e vejo que tem algo escrito.
“Estamos com saudades, te amamos muito, com amor Sally e o pequeno Josh”
E como em um desenho animado, uma luz se acende sobre a minha cabeça, uma ideia que eu espero dar certo.
Jogo os nomes SallyJosh na senha do computador e Bingo. Acesso permitido.
- Até que ele é bem previsível. - Solto sarcástico enquanto checo algumas pastas sobre negócios e afins.
- Achou alguma coisa? - Teresa pergunta, seus olhinhos focados na tela do computador demonstram que ela não está entendendo nada.
- Não, apenas alguns contratos e coisas do tipo. - Respondo cansado.
- E a caixa de e-mail? Pode ter algo. - Tommy sugere e assim faço.
Vou de indo de pasta em pasta procurando por algo. A maioria se trata dos negócios dele. Por último checo a caixa de enviadas. Leio uma por uma até que algo me chama atenção.
Um e-mail de Janson pedindo que a pessoa dê mais tempo para que ele consiga dinheiro. Uma dívida?
- Janson estava devendo dinheiro? - Tommy pergunta tão surpreso quanto eu.
- Pelo visto sim. - Sussurro em resposta.
- Pra quem foi o e-mail? - Minho me pergunta.
- Um tal de ZChang.
- É um nome japonês? - Thomas encara Minho que tem uma pose de pensativo.
- Está mais pra chinês. - Minho explica dando de ombros.
- Vamos descobrir então. - Teresa passa a teclar o nome do tal chinês no Google e o resulta não é nada bom.
'Zyan Chang, conhecido por traficar produtos de diversos países esta sendo procurado pela polícia."
"Um caminhão com produtos eletrônicos foi roubado na fronteira com o Canadá, testemunhas dizem terem visto o traficante Zyan Chang"
Paro de ler. É demais para mim. Surreal demais. Isso não pode ser real.
- Já ouvir fala dele em um noticiário… - Teresa comenta.
- Janson se envolveu com um traficante, isso é demais pra mim! - Exclamo me levantando e indo até a janela. - E pra piorar não achamos nada que possa nos ajudar. - Soco a parede sentindo a raiva subir pelo meu corpo.
- Nós vamos achar Newtie, não perca as esperanças. - Thomas tenta me tranquilizar.
Ouço vozes e passos apressados e então Benjamin seguido de Brenda e os demais adentram o lugar.
- Achamos isso. - Ele me entrega uma folha de papel. - Sei onde é esse lugar e vou lá agora.
A Folha contém apenas uma frase:“F&Cia Inc - Long Island”
- O que significa isso? - Interrogo sem entender nada.
- É um galpão abandonado de uma antiga empresa de Peixes e Pescas, fica próximo a Long Island e com certeza tem ligação com o que aconteceu. - Sheffield explica rapidamente. - Vou ir lá agora.
- Ótimo, vou com você. - Retruco confiante.
- Eu também vou. - Tommy avisa.
- Eu também. - Minho levanta a mão se voluntariando.
- Chega, vocês ficaram loucos? - Teresa intervém. - Vocês não sabem mas descobrimos que Janson está envolvido com um traficante.
- Traficante? - Brenda exclama. - Expliquem isso.
- Um tal de Zyan Chang, Janson estava devendo dinheiro pra ele. - Minho explica se sentando em uma poltrona.
- Só pode ter sido ele, elas estão em perigo e eu não vou ficar aqui parado olhando para as paredes. - Ben fala impaciente.
- Ok, nós dois vamos lá, os demais ficam aqui apenas esperando ordens nossas. - Comunico aos meus amigos.
- Eu vou com você. - Thomas fala me olhando sério.
- Não posso deixar você ir. - Justifico mesmo sabendo que Thomas não vai desistir.
- Não vou deixar você sozinho nessa. - Tommy devolve com um sorriso de canto.
- Newt, Thomas e eu vamos lá, fim de conversa. - Benjamin anuncia.
- Isso não está certo, não mesmo, e você vai? O que falo para os nossos pais? - Teresa indaga olhando para o irmão. - Isso é muito perigoso. - Completa nos olhando preocupado.
- Eu sei Tess, mas temos que fazer algo.- Tommy responde. - O melhor é todos usarmos a desculpa de que vamos dormir aqui.
- Estou com a Teresa, isso é loucura demais. - Trina fala se aproximando da amiga.
- Tive uma ideia. - Gally intervém. - São dez horas agora, daqui até Long Island são umas duas horas de carro. Vocês três vão e assim que chegarem lá nos avisam. - Poulter faz uma pausa para que todos absorvam a ideia. - Tentem descobrir se há algo de suspeito por lá e dependendo da situação, chamamos a Polícia, está bom para vocês?
A maioria concorda, até mesmo Trina e Teresa ainda relutantes com tudo.
Após mais uma troca de palavras, o trio se despede dos amigos seguindo até seu destino.
(...)
0;15hr
Assim que chegamos a Long Island, optamos por deixar o carro a uma distância considerável do lugar. Como Ben disse, o local é um galpão abandonado em uma área um tanto quanto deserta, uma espécie de área florestal ou coisa do tipo.
Como combinado mando uma mensagem para o grupo avisando.
- O que fazemos? - Pergunto observando de longe o lugar.
- O melhor é ficarmos escondidos e ver se vemos algum movimento suspeito. - Ben responde e concordamos.
E assim permanecemos, ficamos por uma hora apenas vigiando o lugar. Para nosso azar nada de suspeito acontece.
- Temos que entrar lá. - Tommy comenta com receio.
- Vou avisar os outros. - Falo pegando o celular.
Ligo para Minho e explico tudo. Que ficamos apenas observando o lugar e que decidimos entrar no galpão. Dou uma ordem para eles também. Uma ordem louca mas é o que temos para o momento. Se dentro de seis horas não nos comunicarmos com eles, eles tem autorização de ir na Polícia e contar tudo.
Ligação feita e tudo explicado, seguimos até lá.
(...)
- Aparentemente tem uns quatro andares aqui. - Thomas fala olhando o galpão.
- Precisamos ter cuidado, a porta estar aberta não é um bom sinal. - Sheffield sussurra. - Temos que nos separar.
- Você e Tommy vasculham o segundo andar e eu aqui embaixo. - Sou esperto e sei que Ben pode oferecer mais segurança a Tommy do que eu.
- Ok, nos vemos logo. - Tommy murmura me encarando.
Ele e Ben se viram para a esquerda dispostos a ir ao segundo andar. Algo se agita e quase grita na minha mente. Sei o que preciso fazer e não posso deixar isso para depois.
- Tommy, espera. - Chamo e o mesmo se vira vindo até mim.
- O que foi? - Seus transbordam preocupação.
- Se cuidar por favor, eu amo você ok? - Finalmente tomo coragem e falo. - Lembre-se que eu te amo.
Tommy sorri e concorda. Ele me dá um rápido beijo e então se vira, continuando o trajeto com Ben. Vejo os dois subirem a escada e então sumir do meu campo de visão.
Respiro fundo indo até uma porta a direita. É uma sala com diversas caixas de papelão. Me atrevo a abrir uma e dentro da mesma há vários celulares. Continuo com minha busca até que ouço barulho de passos. Me agacho ficando escondido atrás de uma caixa. O silêncio se faz presente.
- Olha só, vejo que temos visitas. - Ouço uma voz vinda de trás de mim falar.
Meu corpo gela e sei que estou com problemas. Me viro lentamente e sinto algo me atingir. Minha visão fica turva e então tudo escurece.
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