História Private Hell - Newtmas fic - See you later

Minha cabeça dói, assim como todo o resto do meu corpo. Minha visão está turva, semicerro os olhos com forças tentando desfazer a escuridão que teima em querer tomar conta de mim.

Por um momento me sinto perdido e sem entender mas logo os flashes dos últimos acontecimentos me atingem.

Sonya e Ava desaparecidas. Janson e sua dívida com Zyan. Ben, Tommy e eu vindo até o galpão e por último algo me acertando e eu perdendo a consciência.

Abro os olhos por completo ignorando a dor em minha cabeça. Não faço ideia de onde estou. O lugar está mal iluminado e noto apenas uma lâmpada em tom amarelado acesa.

Começo a analisar o lugar. Minha respiração falha quando vejo o que está a minha volta. Ava e uma moça morena estão à minha frente ambas estão amarradas a uma das colunas do lugar. Mamãe me encara com um misto de preocupação e alívio, murmuro um “estou bem” para a loira que concorda com um aceno. Volto meu olhar para a mulher morena e então a reconheço, Sally, a atual mulher de Janson.

Olho para o lado mais a minha esquerda e vejo Janson e Sonya. A loira solta um pequeno sorriso de canto mas isso não alivia sua expressão de medo. Janson está desacordado e apesar da pouca iluminação consigo ver que ele possui um olho roxo. Ambos estão amarrados também.

Só então olho para o meu corpo e percebo que também estou amarrado. Isso só faz o meu pânico aumentar. Mesmo receoso e com medo, me obrigo a encarar o espaço a minha direita.

Sinto meu coração errar uma batida. Consigo senti-lo rachar. Mais uma rachadura para as diversas que ele já possui. E o motivo? Tommy.

O moreno está desacordado e há um pouco de sangue em sua testa. Um nó se forma em minha garganta com ideia de que algo… pior que isso possa ter acontecido.

- Ele está vivo, me desculpa eu… eu não consegui impedir. - Benjamin que está quase ao lado de Thomas fala.

Abro a boca tentando sugar um pouco de ar que no momento parece não existir. Meu peito dói de uma maneira imensurável. Uma parcela de culpa me atinge.

- O que aconteceu com vocês? - Pergunto para Ben enquanto analiso o lugar.

Antes que o mesmo possa responder, somos surpreendidos pelo barulho de passos e por uma porta se abrindo. Observo um cara alto, moreno e musculoso entrar por ela e vir até nós.

- Vejo que acordou, o chefe vai gostar disso. - Ele solta um sorriso malicioso e se vira saindo novamente da sala.

Em pouco tempo o mesmo homem de antes volta sendo seguido por outro, esse é menor e possui os traços típicos do povo asiático. Zyan Chang, sei que é ele.

- Finalmente a bela adormecida acordou. - Ele força um falso entusiasmo em sua fala. - Agora a festa está pronta. - Zyan gira o corpo observando cada pessoa que se encontra aqui, até que seu olhar para em Thomas, todo o meu corpo se tenciona. - O garoto está morto?

Seu capanga se dirige até Thomas checando a pulsação do moreno.

- Está vivo, apenas desacordado. - Ele anuncia.

- Não machuca ele por favor. - Eu deixo escapar.

Zyan me encara e se aproxima ficando agachado na minha frente.

- E você deve ser o Newton, filho mais novo de Janson, certo? - Ele pergunta e eu apenas confirmo. - Ah garoto, não machucamos seu amigo… uh, desculpe, ele é seu namoradinho né? - Zyan comenta sarcasticamente. - A culpa é toda dele por ter achado que podia enfrentar meu camarada aqui. - Ele aponta para o capanga atrás de si.

Troco um rápido olhar com Benjamin. Não tenho noção de quanto tempo estamos aqui mas me lembro do acordo das seis horas que fiz com Gally e os outros. Não me importo se vou viver ou morrer aqui mas preciso fazer tudo o que puder para manter os outros vivos.

- Por que estamos aqui? - Me atrevo a perguntar.

- Curioso, gostei de você garoto. - Zyan fala se levantando. - Luke, quero aquele filha da puta acordado agora, nem que você tenha que enfiar a cabeça dele dentro de um balde com água. - Ele ordena apontando para Janson.

Observo em silêncio a cena de Luke acordando Janson de um jeito nada amigável.

- Janson meu chapa espero que você esteja bem! - Zyan exclama sorridente. - Olha que lindo, sua família toda junta de si.

- É a mim que você quer, deixe eles fora disso. - Janson resmunga.

Zyan caminha calmamente até Janson.

- Falando assim até parece que você se importa. - Ele dá um tapinha na cara de Janson. - Você não devolveu o meu dinheiro, então eu tirarei eles se você.

- Eles não tem culpa de nada. - Meu pai tenta se justificar, sua fala sai como uma súplica.

- Não me faça te matar agora. - Deixando Janson para trás, o asiático se posiciona de modo a ficar no centro da sala.

- Ah por favor não me olhem assim, fico me sentindo como se fosse uma má pessoa. - Sua voz transborda ironia.

Repulsa e nojo é o que eu sinto. Como ele consegue ser tão cínico?

- Além do mais, a culpa é de vocês por estarem aqui. - Chang anuncia tranquilamente. - Menos de vocês duas. - Ele completa apontando para Ava e Sally.

- O que Janson fez? - Novamente pergunto, estou disposto a gastar o máximo de tempo que eu conseguir apenas com perguntas e conversas banais. - E por que é nossa culpa?

- O que ele fez? Seu papaizinho quis se juntar a mim nos negócios e quem não quer não é mesmo! - Ele fala se gabando, como se roubar fosse algo glamuroso de se fazer. - O problema foi ele ter perco a minha mercadoria que valia um valor alto, talvez o meu melhor negócio até agora. Onde estão os meus trezentos mil dólares, Janson?

Assim como em um quebra-cabeças, as peças aos poucos começam a se encaixar. Esse era o motivo de Janson parecer tão desesperado ao falar sobre Trina e eu. Me casar com ela abriria portas para novos investimentos e com isso lucros e dinheiro para pagar a dívida.

- Minha mão chega formiga de tanta vontade que estou de socar sua cara até afundar o seu crânio. - Zyan cospe as palavras ameaçando Janson.

Apavorado, é assim que Janson se encontra e confesso, nunca vi Janson com medo em toda a minha vida. Preciso realmente ser mais cuidadoso. Esse cara apesar da pose de brincalhão, é perigoso e não posso cometer nenhum erro se quero tentar salvar a todos.

- Por que disse que a culpa é nossa? - Tento manter minha voz firme ao perguntar.

- Faz perguntas demais garoto. - O asiático suspira cansado enquanto se senta em uma caixa de madeira. - Mas diferente do seu pai, você tem atitude, então irei responder. - Não era para vocês estarem aqui, eu poupei vocês e mesmo assim vocês estão aqui.

Minha cabeça dá um nó. O que diabos ele está querendo dizer?

- Eu não entendo. - Sussurro pensativo.

- Eu queria apenas Ava e Sally, as mulheres da vida de Janson, entretanto, a loirinha ali estava com Ava. - Ele faz uma pausa e aponta para Sonya. - E os três garotos aqui quiseram bancar de herói. - Zyan solta uma risada. - Pediu para eu não machucar seu namorado sendo que você mesmo é o culpado por isso.

Suas palavras são como um soco no estômago. A culpa cai em peso sobre mim. E o fato dele estar certo é o que mais me destrói. Se eu não tivesse concordado em entrar aqui, Tommy não teria se ferido e nem estaria desacordado. A culpa me domina fazendo uma dor gigante atingir meu peito. Mais uma rachadura no meu coração surge nesse momento.

- Não fiquem tristes, vocês não precisam morrer, exceto você Sangster, você está fodido. - O asiático fala sacando uma arma da jaqueta e apontando para Janson.

Eu congelo. Meus músculos se retesam. Ele desvia a mira da arma para Sonya, de Sonya ele aponta para Ava e assim por diante ele vai apontando a arma para cada um de nós, até que ele guarda a arma e começa a rir.

- Tinham que ter visto a cara de vocês. - Ele comenta rindo. - Acharam que eu ia fazer igual aquele vilão daquela série de zumbi?

Meu sangue ferve com tal piada. E o ódio que possuo por ele aumenta a cada segundo.

- Como eu estava falando, ninguém precisa morrer. Os três rapazes aqui dariam ótimos ajudantes, aposto que fariam excelentes negócios. - Ele sugere e pelo seu tom de voz posso perceber que ele realmente acredita que possamos aceitar isso.

- Ava e Sally podem ser minha empregadas e quanto a você gracinha. - Ele se dirige até Sonya. - Você pode ser a minha garotinha especial. - Completa sorrindo malicioso enquanto desliza seu dedo indicador pelo rosto da minha irmã.

- Tire suas mãos dela. - Benjamin vocifera tentando se livrar da corda em volta das suas mãos.

- Esqueci que temos outro casal aqui. - Zyan revira os olhos enquanto caminha até Ben. - C'mon man, nós dois podemos nos divertir com ela, o que acha? - Ele pergunta ficando cara a cara com Ben.

Sheffield sorri e em seguida ele faz o inesperado. Ele cospe na cara do traficante.

- Vá pro inferno! - Bem exclama raivoso.

O silêncio se instala. Observo atônito quando Zyan se levanta e saca a arma, apontando para Sonya.

- See you later!

Ele então se vira mudando a mira de direção.

O gatilho é puxado.

Uma bala é disparada.

Gritos tomam conta do lugar.

E então o corpo já sem vida de Benjamin Sheffield tomba no chão.