História Private Lessons - Mais problemas

Era mesmo seu pai. Aquilo era muito estranho, pois John não costumava a ligar para seu filho por qualquer motivo.

— Stiles, não vai atender? – Perguntou Lydia, e só assim Stiles percebeu que apenas encarava a tela de celular, sem fazer nada.

O garoto logo atendeu, ele não podia negar que estava muito preocupado com seu pai. Já foi perguntado se estava tudo bem ou se havia acontecido algo.

Não demorou muito para Stiles perceber que John estava daquele jeito, e fazia tanto tempo que não o via assim. Ele tinha que voltar logo para casa, ou poderia ter que enfrentar um grande problema.

Se levantou rapidamente da cadeira e pediu para que seu pai não saísse de casa, pois ele já estava chegando. Lydia ficou sem entender nada, completamente confusa.

Stiles abriu sua carteira e jogou algumas notas ali, que nem deu tempo da ruiva ver quanto era, porque o garoto já estava se encaminhando para saída do local, então teve que segui-lo.

— Lydia, desculpa por estarmos tendo que ir embora agora... – Stiles começou a falar, enquanto eles andavam até o jeep. – Eu preciso ir logo para minha casa.

De início, Lydia não disse absolutamente nada, apenas entrou no carro e esperou Stiles dar partida. Porém, quando já estava dirigindo, Stiles quebrou o silêncio.

— Não se preocupa, vou te deixar em casa... Ok?

— O que? Nada disso, eu vou com você!

— Lydia, pelo amor de deus, não tem necessidade disso. – Disse Stiles, acelerando um pouco mais a velocidade que estavam. – Eu te deixo em casa.

— Aconteceu algo não foi? – Perguntou Lydia, só que o garoto não a respondeu. E o silêncio permaneceu por um tempo. – Stiles, eu não vou te deixar sozinho... E outra, você disse que tinha que chegar logo em casa, me deixar em casa seria uma grande perca de tempo.

Stiles bufou, mas se rendeu. Afinal, perca de tempo mesmo é tentar contrariar Lydia Martin. 

Ele dirigia o mais rápido que conseguia, e que era permitido, tudo para chegar logo em casa e não deixar seu pai fazer besteiras.

(...)

Em alguns minutos, Stiles já estava se aproximando de sua casa. Estava dirigindo tão rápido que deixou a ruiva um pouco tensa, sentia que ele poderia perder o controle do carro a qualquer momento e bater, todavia isso não aconteceu.

Os dois já conseguiam avistar a casa casa de Stiles, e conseguiram ver que John caminhava com certa dificuldade até o carro que estava estacionado ali. Lydia chegou a conclusão que deveria ser carro dele, e estava certa.

Stiles parou o carro bruscamente, e correu para perto de seu pai sem esperar nem mais um segundo. Já Lydia demorou um pouco para sair, ela estava tentando entender o que acontecia.

Quando Stiles conseguiu chegar perto de seu pai, pegou bruscamente a chave, para que não pudesse entrar no carro. Não era sua intenção puxar a chave com tanta estupidez da mão de seu pai, ele só estava muito preocupado com o que podia acontecer. Ele apenas não queria passar pelo o que já tinha passado.

— O que você estava fazendo? – Perguntou Stiles, com seus olhos transbordando de preparação. – Você ia mesmo dirigir assim?

— Stiles! – Disse John de forma alegre, mas também com as palavras arrastadas. – Meu filho, eu só queria dar uma voltinha. 

— Você não pode dar "voltinhas" do jeito que você tá, e você sabe muito bem disso. – Stiles disse um pouco irritado, Lydia estava mais perdida do que antes, não sabia o porquê Stiles estava tratando o pai como se fosse seu filho, meio que uma inversão de papéis. Então ela se aproximou mais para tentar entender tudo.

— Eu ia tomar cuidado, não iria fazer mal para ninguém. – Ele falou tentando se justificar e agora que Lydia estava mais perto conseguiu perceber que ele estava bêbado. – E eu sei o que faço da minha vida, Stiles.

— Não, você não sabe! – Falou Stiles, talvez um pouco mais alto do que desejava. Segurou o braço de seu pai para ele não cair e começou ir em direção de sua casa, logo Lydia apressou-se para ajudar. – Agora vem, vamos entrar.

Eles entraram na casa, não parecia tão arrumada quanto da última vez que Lydia esteve lá, mas ela não estava ali para ficar reparando na casa de Stiles e sim para ajuda-lo.

Por um segundo a ruiva olhou para Stiles e algo parecia ter mudado nele, mas nada havia mudado, ao menos não por fora, mas naquele momento a garota teve certeza que aquela situação mexia e muito com ele. 

Eles foram para parte de cima da casa, era onde ficavam os quartos, foi meio difícil para os dois ajudarem John a subir as escadas, mas depois de um tempo finalmente chegaram lá.

— Eu vou ajudar ele a tomar um banho, ok? – Disse Stiles quando entraram no quarto de John. – Pode esperar um pouco aqui?

— Claro, tudo bem... Qualquer coisa me chama.

Stiles apenas assentiu e entrou rapidamente no banheiro com seu pai. Lydia sentou-se na beirada da cama de casal que havia ali, pensando em tudo que tinha acontecido.

Por que ele nunca me contou que o pai tem problema com bebida?

A ruiva se perguntou enquanto pensava sobre a situação, todos já tinham percebido que Stiles era um garoto meio misterioso, mas aquilo acabou deixando Lydia mais curiosa ainda. Não era porque gostava de se intrometer na vida dos outros, definitivamente não era aquilo, nem porque era simplesmente uma curiosa. Era porque ela queria ajuda-lo de alguma forma, mostrar que ele não estava sozinho, mas ela acreditava que uma hora ou outra ele se abriria. 

Lydia se perdia em seus pensamentos, sua cabeça já estava bem longe dali, até ouvir um barulho no seu celular. Uma mensagem havia chegado.

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Malia Hale: Cara, cadê você???

Malia Hale: Não se lembra mais da minha existência, não?

Malia Hale: Nem me manda mais mensagens.

Lydia Martin: Eu te enviei mensagens ontem, Malia!

Malia Hale: Mas não me mandou hj

Lydia Martin: Nos vimos hoje na escola, e eu tava meio ocupada a alguns minutos atrás 

Malia Hale: Agora é assim, né? Antes me mandava várias mensagens e agora só se ver na escola ta bom?

Lydia Martin: Pelo amor de deus, Malia você sabe que não é assim! Conversamos praticamente até de madrugada ontem!

Malia Hale: Tá, mas eu só quero te dizer que to indo falar com o Scott.

Lydia Martin: Então vocês vão finalmente se acertar?

Malia Hale: Depende, mas espero que sim.

Lydia Martin: Okay, depois me fala tudo. Te amo.

Malia Hale: Ah agora me ama, né?

Lydia Martin: Malia...

Malia Hale: Desculpa, te amo tbm.

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Após ver a última mensagem de Malia, Lydia ouviu um barulho da porta do banheiro se abrindo. Stiles saiu com John de lá, que parecia estar com a cara melhor. Agora estava com uma espécie de pijama, que já deveria estar dentro do banheiro, pois Lydia não viu Stiles sair para pegar roupa.

Lydia já havia se levantado da beirada da cama, e naquele momento olhava para os dois, sem dizer ou fazer nada.

Stiles ajudou seu pai a se deitar na cama e o cobriu com o edredom que já tinha na na cama.

— Pai, escuta... Eu vou estar aqui em casa, se você precisar de alguma coisa me chama, certo? – Disse Stiles olhando diretamente nos olhos de John, que assentiu sem dizer nada. – Tenta descansar um pouco agora.

— Eu sinto falta da sua mãe. – Disse John depois de um tempo, quase em um sussurro, fechando os olhos.

Ele nunca falaria aquilo se estivesse 100% sóbrio, nunca mesmo. Para Stiles aquelas palavras doeram mais que um soco na cara, a falta que sua mãe fazia era inexplicável. Doía cada vez que citavam sobre ela, doía em cada centímetro do seu corpo. Ele sentiu seus olhos lacrimejarem, mas não se permitiu chorar com Lydia estando ali presente. Mas claro que ela notou que o garoto havia ficado muito mal, sentiu vontade de correr para abraça-lo no mesmo momento, mas se conteve e apenas se aproximou, colocando suas pequenas mãos nas costas dele. Stiles olhou para Lydia, eles trocaram olhares por alguns segundos, mas logo Stiles se afastou indo em direção da porta, quando Lydia o seguiu, ele apagou a luz daquele quarto e fechou a porta.

E finalmente Lydia fez o que estava com vontade de fazer, o abraçou fortemente.

Lydia o abraçou tão forte que Stiles sentiu quase todos seus cacos se juntarem novamente. Ele a abraçou também, e sentiu as lágrimas caírem de seus olhos, ele chorou silenciosamente, até sentir que as lágrimas tinham acabado. 

E Stiles nunca se sentiu tão bem quanto estava sentindo naquele momento, parecia que tinha tirado um enorme peso das costas, se sentiu extremamente leve. Ele aceitou que era um humano e que não fazia mal chorar quando se sentia mal, aquilo era natural, e finalmente aceitar aquilo foi uma sensação maravilhosa.

Quando finalmente se separaram do abraço, Lydia o encarou e enxugou as lágrimas do rosto do garoto, dando-lhe um sorriso para conforta-lo. E ele retribuiu o sorriso, o sorriso que fazia o coração de Lydia se derreter. 

Stiles pegou na mão da garota e a puxou para parte de baixo da casa.

— Eu posso de levar pra sua casa rapidinho e depois volto, você deve estar cansada. 

— Não precisa, Stiles! – Disse Lydia, que ainda sorria. – Eu quero ficar aqui com você.

— Hã, tem certeza? – Perguntou Stiles e Lydia assentiu. – Oh, então tá afim de fazer um lanchinho?

— Claro, por que não?

Os dois foram em direção da cozinha em silêncio, mas eles não se importavam, o clima havia ficado extremamente agradável.

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Scott estava jogado em sua cama esperando pela vinda de Malia, ele não parava de pensar em como falaria aquilo, e sua mão suava cada vez mais que pensava. Seus pensamentos foram interrompidos pelas batidas na porta de seu quarto. Seu coração acelerou de uma forma inexplicável e tudo que ele queria realmente fazer era fugir dali pela janela. Mas era agora ou nunca, ele tinha que deixar seu medo de lado e contar toda a verdade, por mais que não quisesse. 

Ele deu um pulo da cama e abriu a porta de uma vez só, suas mãos estavam trêmulas.

Era mesmo Malia, ela estava tão linda que Scott esqueceu tudo que ia dizer e apenas ficou parado igual uma estátua, olhando fixamente para garota.

— Vai me deixar entrar, Scott?