História Procura-se: Colega de Quarto (2Jae) - O Visitante Inesperado.

Já se passara um mês que Jaebum e Youngjae estavam dividindo o mesmo apartamento. Ambos já tinham se acostumado com a nova rotina, dividiam bem as obrigações e o tempo, e sua relação havia melhorado consideravelmente desde o primeiro dia. Podiam dizer que eram amigos, de fato.

O episódio de Youngjae bêbado e o que ele disse, fora esquecido. Jaebum não tocava no assunto, e o mais novo fingia não lembrar-se. Mas o fato é que, ambos se lembravam bem do que havia ocorrido. E muito bem, por sinal.

…

Naquela manhã, o dia amanhecera nublado. Youngjae conseguiu acordar logo após Jaebum sair para ir à faculdade. Resolveu tomar um banho, para espantar o sono e a vontade insistente de colocar-se embaixo das cobertas e dormir mais, apenas por preguiça. Ele tinha muito o que estudar, principalmente em canto e partituras, afinal era sua semana de provas. Depois de tomar o banho, ele tomou o café que o mais velho havia deixado pronto na cozinha, para quando ele acordasse. Jaebum era assim. Tomava conta do mais novo, muito além do que ele precisava. Era gentil ao máximo, deixando Youngjae cada vez mais encurralado por seus próprios sentimentos.

O garoto sentou no pequeno sofá, relaxadamente, enquanto repassava os conteúdos nas apostilas. Eram exatamente 09h30, quando ele ouve a campainha tocando.

- Será que o hyung esqueceu a chave? - perguntou a si mesmo. E ao notar o tempo para fora da janela, uma chuva torrencial lavava as ruas de Hongdae. Dirigiu-se até a porta e em um sobressalto, se depara com o visitante inesperado. Ele. O garoto parado no batente da porta, estava encharcado, pingando. Os cabelos, estavam tingidos de loiro e ele exibia um sorriso sem dentes, encarando Youngjae.

- Mark?! - ele perguntou.

- Sei que está surpreso em me ver, mas preciso entrar. Essa chuva me pegou de surpresa. - ele apenas passou por Youngjae, sem pedir permissão e entrou no pequeno apartamento. O mais novo suspirou baixinho, e fechou os olhos, desejando que não passasse de um sonho ruim. Mas ao fechar a porta e virar-se, lá estava Mark Yien Tuan sorrindo, parado no meio da sala.

- Vou pegar uma toalha para você. - Youngjae foi ao banheiro correndo, para buscar algo para secar o mais velho. Deixando Mark analisando todo o loft. Quando voltou à sala novamente, lá estava ele, olhando em direção às duas camas desarrumadas.

- Você está morando com alguém? - Mark pergunta, sem se virar, ainda encarando a cama e os pertences de Jaebum.

- S-s-sim. Eu... eu estava precisando dividir o aluguel. Hã... já, já faz um mês...

- Interessante... É estranho vir aqui depois de pouco mais de um ano... tantas lembranças, não é Youngie? - o mesmo sorriso que Mark carregava desde que chegara ali, permanecia em seus lábios. Indecifrável. O que Youngjae sabia, era que aquele sorriso lhe causava arrepios, apenas.

- É, Mark hyung... - suspirou e tentou desviar-se do assunto. - Aqui está sua toalha. Pode apanhar uma muda de roupas, se quiser. Eu vou preparar algo quente para você beber, e não apanhar um resfriado. Dirigiu-se à cozinha, desviando-se do olhar e da presença do mais velho. Estava segurando as lágrimas desde que o vira parado em sua porta. Era incrível como apenas a presença dele, era capaz de acabar com a sua paz. E ele continuava lindo, droga!

- Senti saudade do seu cuidado comigo, Youngie... - Mark diz alto, da sala. - Voltei há dois dias, dos Estados Unidos. Não consegui me segurar em vir visitá-lo.

Youngjae nada respondeu. Apenas continuou com seus afazeres em preparar um chá para o mais velho. Assim que este ficou pronto, dirigiu-se à sala para levá-lo à Mark. Deparou-se com o garoto sem camisa, secando-se com a toalha. Seu corpo, sem dúvidas estava muito mais definido do que da última vez em que estiveram juntos. Os braços longos, tinham os músculos mais tesos e a pele alva ainda brilhava levemente com a umidade.

- Aqui... aqui... está seu... chá. - as mãos de Youngjae tremiam enquanto estendia a caneca para Mark. E o mais velho percebeu isso, com um sorriso de canto. Ele deu um gole no conteúdo da xícara, com os olhos fixos no mais novo.

- Meu sabor preferido. Você sempre sabe, Youngie...

Youngjae não entendia qual jogo Mark estava fazendo, mas ele não estava afim de jogar.

- Primeiro, diga logo o que veio fazer aqui, com esse sorriso estampado no rosto, como se nada tivesse acontecido. Segundo, não me chame de Youngie. Não temos a mesma intimidade de antes, para que eu permita que me chame assim.

Mark riu baixinho, divertindo-se com o desespero do mais novo.

- Não temos a mesma intimidade, Youngie? Mesmo? Puxa, eu não acredito que viajei mais de 20hs até aqui para não poder ter nenhuma intimidade com você... - ele foi aproximando-se de Youngjae lentamente, largando a caneca em cima da mesinha. Conforme Youngjae sentia a aproximação iminente de Mark, suas lágrimas ficavam mais difíceis de segurar. Era sempre assim. Mark acabava com a sua vida, sumia, voltava e ele corria como um cachorrinho adestrado para os braços dele. “Chega disso, Youngjae.” pensou consigo mesmo.

- Não se aproxime mais, Mark. Quero que saia imediatamente do seu apartamento. Seu recado foi dado, e a minha resposta é não. Por favor, saia daqui. - disse, com a voz alterada.

Mark riu novamente, debochado. E pareceu não ouvir nenhuma palavra que Youngjae havia dito, embora esse tenha falado de modo firme.

- Ah, Youngie... você sabe exatamente como me provocar, han? - e desobedecendo o mais novo, aproximou seus corpos de fato e tomando o rosto de Youngjae nas mãos, beijou os lábios dele apesar de seus protestos.

…

Jaebum saiu da aula frustrado. Seu professor havia faltado, cancelando a aula e para completar um dilúvio caía do lado de fora da Universidade. Eram apenas 09h30, e ele não tinha outra alternativa a não ser voltar para casa, sem guarda chuva. Bufando, ele saiu correndo por entre as ruas do câmpus, em direção à rua, escondendo-se assim que podia debaixo de proteções e marquises. Agradeceu aos céus, pelo apartamento ficar à poucas quadras dali.

Chegou ao pequeno edifício já encharcado e subindo as escadas até o último andar, não pode deixar de ouvir vozes alteradas ecoando. Será que elas vinham do seu apartamento? Subiu correndo, pois reconheceu que era a voz de Youngjae. Abrindo a porta do loft num átimo, ele deparou-se com o mais novo nos braços de um desconhecido, lutando para livrar-se de um beijo visivelmente forçado. Jaebum apenas engoliu em seco, e sem pensar foi para cima do visitante, afastando-o de seu dongsaeng.

- Saia daqui, ele já pediu uma vez. - disse Jaebum, encarando o garoto à sua frente. Mark exibindo um sorriso cínico, disse:

- Esse é o seu novo namoradinho, Youngie? É engraçado como seu gosto chega a ser previsível. Posso dizer que ele é uma versão bem piorada, minha.

Jaebum empurrou Mark com força, fazendo o mais velho desequilibrar-se.

- Saia daqui, deixe Youngjae em paz. Não quero quebrar seus dentes para ter que tirar esse sorriso cínico da sua cara!

Mark apenas levantou-se, e colocou a roupa que vestia anteriormente. Encarou os dois garotos com desdém, e dirigindo-se novamente à Youngjae disse:

- Ele faz tão bem quanto eu, Youngie? Acho que não. Me ligue, quando se livrar dele. Eu sei que você ainda precisa, do que só eu consigo te dar. - agora as lágrimas de Youngjae já corriam livres pelo seu rosto. Jaebum fez menção de partir para cima de Mark novamente, mas esse levantou as mãos em sinal de rendição.

- Já estou indo embora. Boa sorte... e cuidado. - piscando e sorrindo, Mark deixou o apartamento, batendo a porta com um estrondo. Youngjae deixou cair-se no sofá, cobrindo o rosto molhado em lágrimas, com as mãos. Não podia acreditar que tudo aquilo tinha acontecido. O que Jaebum estaria pensando dele, agora?

- Ei, Youngjae, você está bem? - o mais velho sentou-se ao lado dele, acariciando seu ombro na tentativa de acalmá-lo, em vão.

- Não, mas vou ficar. Não se preocupe, por favor. - ele respondeu, com a voz abafada pelas mãos.

- Olhe para mim, Youngjae. Seu hyung está pedindo. - o garoto tirou as mãos lentamente do rosto e subiu os olhos em direção aos de Jaebum. Não sabia o que esperar.

- Eu não sei quem é esse... otário. Provavelmente seja a pessoa da qual você me falou, naquela vez. Não o conheço, mas já o odeio por ele ter conseguido tirar o seu sorriso do seu rosto. Eu não consigo aceitar que ninguém seja capaz de fazer isso. - Jaebum segurou o rosto de Youngjae com as mãos, e aproximou suas testas lentamente. - Não vou permitir que alguém faça isso de novo, ok? - fechando os olhos, ele aproximou seu rosto ainda mais do mais novo, até que sentisse seus lábios roçando nos dele. Youngjae não podia acreditar no que estava acontecendo. Apenas fechou os olhos, e tomou a atitude em selar os lábios dele de uma vez. Os cabelos molhados de Jaebum, que caíam-lhe sobre a testa, encostavam em sua pele quente, provocando-lhe arrepios. O mais velho pediu passagem com a língua, suavemente, por entre seus lábios. Ele cedeu, e ficaram ali, beijando-se por algum tempo. Tempo suficiente para que Youngjae desejasse que não acabasse nunca.