Castiel
O cheiro de café e a luz do sol foram as primeiras coisas que notei ao acordar. Logo em seguida, vi que não estava na minha cama e que estava sem roupa alguma. E, por último, aquele inconfundível aroma de morangos que tomava conta dos lençóis, travesseiros e todo o resto do quarto.
Abri um sorriso de lado, me sentando. O quarto era extremamente claro. Tinha branco em tudo.
Vi minhas roupas, perfeitamente dobradas, sobre a mesa que ficava em frente a cama. Comecei a me vestir, cueca, calça… Mas notei que faltava algo.
Onde está minha camiseta?
"Talvez esteja na sala…"-pensei, indo até lá.
Cheguei ao cômodo e o vasculhei com os olhos. Franzi o cenho. Eu me lembro dela jogada ali perto da porta.
O baque leve da porta da geladeira me chamou a atenção. Andei até a cozinha, vendo uma cena que jamais imaginei que poderia acontecer.
Debby, de costas para mim, aparentemente cortando algo. A minha camiseta delineava seu corpo, chamando minha atenção para seus quadris.
Ela se virou, mastigando e abriu um leve sorriso ao me ver.
-Bom dia.-disse, prontamente pegando uma xícara e servindo café. Pingou algumas gotas de creme e me ofereceu a xícara.
-Bom dia…-franzi o cenho, aceitando a bebida. Tomei um gole, prestando atenção no que ela fazia.
Ela comia as frutas picadas no pote, enquanto olhava algo no celular.
Observei a feição dela se contrair em uma careta, aparentemente não gostando do que viu. Segundos depois, ela estava com o telefone na orelha.
-Não.-respondeu simplesmente. A pessoa do outro lado da linha disse algo que fez com que Debby revirasse os olhos. -Foda-se, Rosalya. Minha resposta é não.-suspirou, dando uma colherada nas frutas. -Porque eu sei que não vou ganhar nada além de dor de cabeça com isso.-engoliu e tamborilou os dedos. -Eu sei disso.-bufou. -Por mais que o seu discurso seja comovente, minha resposta ainda é não.-ouvi o descontentamento da que estava do outro lado da linha. -Não vai ser comida que vai me convencer.-riu. -Como eu sei que você não tem mais argumentos, eu vou desli…-parou de falar. Focou seu olhar para o nada e entreabriu os lábios. Ela parecia desnorteada. Quando fui me aproximar, ela reagiu. -Você… Não ouse!-as bochechas estavam coradas. -Sim.-suspirou e me olhou rapidamente. -Isso não é da sua conta!-estalou a língua. -Vocês têm três semanas para preparar tudo. Se eu aprovar, deixo vocês fazerem o que quiserem comigo.-falou. -E vão à merda vocês dois!-encerrou a chamada.
-Você vai quebrar seu telefone.-disfarcei o sorriso que queria aparecer em meus lábios bebendo um gole de café. Debby me ouviu e colocou o celular sobre o balcão.
Ela estava irritada. Não consegui reprimir a risada e isso chamou a atenção dela.
-Do que você ri?-me olhou, cética.
-Você tem amigos bem malucos.-respondi.
-A loucura deles me distrai dos meus problemas…-suspirou, parecendo pensar em algo. Se virou para pegar algo na geladeira. -Devia ser mais discreto, senhor Collins… Você está praticamente me despindo com os olhos.
-Depois de ontem, você ainda insiste em me chamar assim?-cruzei os braços. Os ombros dela se retraíram.
-Você ainda é o meu chefe.-se virou na minha direção, mas seus olhos estavam fixos em seus pés. Me aproximei dela.
-Olhe nos meus olhos e diga que não gostou do que fizemos.- estávamos a poucos centímetros de distância.
-O fato de eu ter ou não gostado não exclui o fato de que o quê fizemos foi errado.-ela ainda insistiu em permanecer de cabeça baixa. -Nós precisamos parar, agora.
-Pare de mentir para mim e para si mesma.-segurei seu queixo e ergui seu rosto. -A noite passada é a prova de que nem de longe nós queremos que isso pare.
-Isso não vai dar certo…-lambeu os lábios.
-Podemos tentar…-sussurrei ao pé de seu ouvido. Ela me olhou, com o cenho franzido.
-Você diz "tentar" como nos filmes?-perguntou. -Nós dois sabemos que vai dar merda no final.
-O que é vida sem algumas loucuras?-passei um braço por sua cintura, colando seu corpo ao meu.
-Então seríamos apenas companheiros de foda?- ela enlaçou o meu pescoço.
-Mais ou menos isso.-dei de ombros.
-O que está propondo é algo tão fodidamente perigoso…-mordeu o lábio.
-Cacete…-senti meu membro pulsar, dando sinal de vida. -Não fale nesse tom…
-Por quê?-sussurrou, arqueando uma sobrancelha.
-Porque se você continuar, eu vou te colocar nesse balcão e te foder, a ponto de você não sentir mais suas pernas.- apertei suas nádegas, fazendo - a gemer. -E você vai ficar rouca, por gritar, pedindo por mais…
-Isso é tão…-os lábios dela próximos aos meus, prestes a me beijarem.
Mas um infeliz bateu à porta, fazendo-a se separar de mim, com o rosto vermelho de vergonha.
-Merda.-rosnei baixo.
-Quem será a essa hora?- os passos dela até a porta estavam pesados.
Parece que não fui só eu quem ficou bravo com a interrupção.
-Seu Jacob? Aconteceu algo?-ela parecia confusa.
Quem caralhos era seu Jacob?
Andei discretamente até perto da porta. Ele não me veria da onde eu estava, mas eu o veria.
-Percebi que você não saiu para correr pela manhã. Vim ver se estava bem e lhe entregar isso.-estendeu um conjunto de cartas para ela.
Debby sorriu para ele. Parecia ser um senhor inocente, mas aquele olhar para as coxas da minha mulher...
-Oh, obrigada! Sobre eu não ter saído pela manhã é que…-Debby não pôde terminar a fala.
-Você viu a minha camiseta?-a abracei por trás, encaixando o meu rosto na curva do seu pescoço, dando uma fungada e depositando um beijo ali. -Hm, deixa pra lá.-olhei para o corpo dela. -Bom dia, senhor.
-Bom… dia.-ele me encarou, atônito. -Bem… Você parece ocupada. Até outro momento.-se despediu, saindo em passos apressados.
Ainda abraçada a mim, Debby fechou a porta. Se virou, erguendo a cabeça e me olhando nos olhos. Fui abrir a boca para rir, mas acabei mordendo o lábio, para segurar o gemido de dor.
-Como você teve a coragem de me constranger na frente dele?!-a mão dela segurava o meu membro com força.
-Eu não fiz nada!-consegui dizer, mesmo sentindo dor.
-Você é um desgraçado.-as bochechas estavam coradas. Me soltou e se afastou, passando as mãos pelos cabelos. -Eu não sei onde vou enfiar a cara depois disso!
-Ele estava te comendo com os olhos. Eu não ia ficar parado, só olhando.- cruzei os braços.
-Espere um segundo…- se virou. -Você sentiu ciúmes?!
-Claro que não!-desviei o olhar. Ouvi o riso baixo dela.
-Inacreditável…-negou com a cabeça. -Você fica uma graça com as bochechas coradas.
-Argh, mulher!-agarrei a cintura dela e a puxei para cima. Ela entrelaçou suas pernas em torno dos meus quadris.
-Aquilo sobre tentar… Você sabe… Nós.-suspirou. -Você quer mesmo?
-Não é uma coisa que beneficie apenas a um. Nós dois saímos ganhando.-dei de ombros.
Ela mordeu o lábio, pensativa.
-Hm.-disse, por fim.
-Então isso é um sim?-arqueei uma sobrancelha.
-É.-respondeu. Meu interior comemorava. Fui beijá-la, mas ela colocou o indicador sobre meus lábios. -Não pense que será tão fácil.-negou com a cabeça, me fazendo soltar um rosnado. Debby desceu do meu colo, indo até o sofá. Apontou para a outra ponta, pedindo para que eu me sentasse. -Sugiro que tenhamos o número um do outro.
-Por que isso?-entreguei meu telefone a ela.
-Nossa prioridade é o sigilo.-digitava rapidamente. -Ninguém, em hipótese alguma pode saber do nosso envolvimento.-me devolveu o aparelho. -Devemos evitar os encontros durante o meio da semana e flertes no local de trabalho.-explicou. -Temos de deixar transparecer que o nosso relacionamento é apenas profissional.
-Você planejou tudo isso?-arqueei as sobrancelhas.
-Eu penso rápido.-deu de ombros, vindo até meu colo novamente.
-Tem mais algo a acrescentar?-abracei sua cintura.
-Por mais que você ou eu sintamos vontade, não podemos transar a não ser que estejamos no meu apartamento ou no seu.-passou os braços pelo meu pescoço. -Tudo bem?
-São bons termos, então por que não?-concordei.
-Ótimo-se deitou no sofá, me puxando junto. Agarrou meus cabelos e me beijou. Aqueles lábios macios e atrevidos. Mordi-os com vontade, ouvindo um arfar em aprovação. -Só mais uma coisa.-separou nossos rostos. Ela parecia segurar o riso. -Sugiro que comece a usar calças mais largas.
Ah, puta merda!
Me sentei, pegando a almofada mais próxima e escondendo a minha ereção. Ela não se conteve e começou a rir.
-Não é engraçado!-emburrei a cara.
-Pelo contrário, é hilário!-tapou os lábios, para evitar rir mais alto. -Você próprio não notou? Isso aí está visível desde a hora em que você chegou na cozinha.
-Nunca ouviu falar em ereção matinal?-bufei.
-É claro, mas isso daí está… Uou.-retirou a almofada, jogando-a longe. -Eu posso ajudar…
-Não precisa.-neguei.
-Prefere mesmo a sua mão ao invés de mim?!-me olhou, surpresa.
-Não! É que…-me calou.
-Você fala demais.-sorriu. Aproximou a boca de meu ouvido. -Relaxa e aproveita.-mordeu meu lóbulo e se ajoelhou no chão em seguida, no meio de minhas pernas.
Vê-la lamber os lábios e me dirigir aquele olhar completamente cheio de malícia quase me fez revirar os olhos.
Aquela boca fazia maravilhas.
Foi a partir daí que percebi que acordar cedo aos finais de semana valia muito a pena mesmo.
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Ela só podia estar brincando com a minha cara!
Hoje. Justamente hoje, ela escolheu usar aquela bendita saia!
Ah, cacete!
Faz semanas que estamos nesse jogo, e está cada vez mais difícil me segurar perto dela. Naquele instante, Debby se esticava, empinando aquele bumbum perfeito na minha direção. Ela fazia aquilo para me provocar, não é possível...
Mas, eu não era o único que apreciava a vista.
-Ainda não acredito que encontrou um trunfo como aquele.-um dos velhotes riu, apertando meu ombro. -Ela não faz uns servicinhos a mais?
-Ela não é uma qualquer.-retirei a mão dele do meu ombro. -Se retire.
-Parece que cutuquei na ferida.-saiu, rindo.
Olhei para Debby, vendo que agora ela conversava com Kentin.
Ela passou uma mão pelo quadril lentamente, numa provocação, com certeza.
‘~Eu odeio quando você usa essa saia.’-enviei a mensagem para ela.
Ouvi o leve vibrar do celular sobre a mesa. Debby pegou o aparelho e sorriu ao ler a mensagem.
‘~Por isso mesmo eu uso.’
Atrevida!
‘~Não me provoque.’-enviei.
‘~Jamais faria isso, senhor Collins’
Definitivamente, estou quase no meu limite!
‘~Melhor parar.’-digitei, dando um aviso.
‘~Ou o quê?’
‘~Você não vai querer saber.’
‘~Mas aposto que vou gostar.’-me enviou, dirigindo uma olhada rápida para mim, que me escondia atrás da fresta da minha porta.
‘Ah, isso eu posso até te garantir.’-não pude evitar de rir do que escrevi.
Ela olhou para a tela, mas não digitou mais nada. Kentin disse algo a ela e se retirou. Quando viu que ele tinha entrado no elevador, Debby veio até mim, entrando na sala e encostando a porta.
-Você não tem limites.-negou com a cabeça. -Eu disse para não flertarmos no local de trabalho!
-Mas não disse nada se isso fosse feito por mensagem.-dei de ombros, a encurralando na porta. Ela abriu a boca para me contradizer, mas parou, ao se lembrar que eu tinha razão.
-Ok, você está certo, mas ainda foi um descuido. Kentin quase notou.-ajeitou minha gravata.
-Você não consegue ser discreta, fazer o quê.-recebi um tapa no ombro.
-Eu sou discreta sim.-bufou. -Mas você provoca demais
-É um dom.-ri.
-Um bem idiota, então.-revirou os olhos.
-Quem sabe a gente pode fazer o que eu estava propondo depois do expediente. Minha empregada está de folga hoje.-sugeri.
-Tão tentador…-mordeu o lábio. -Mas não dá.
-Por?-arqueei uma sobrancelha, curioso.
-Rosalya e suas extravagâncias.-suspirou. -Mas estou livre depois desse pequeno "compromisso”
-Que horas?-indaguei.
-Às sete em ponto esteja com o seu maravilhoso carro na frente do endereço que vou te mandar por mensagem.-abraçou meu pescoço. -Então, serei todinha sua.
-Falando desse jeito, acho que dá pra aguentar.-sorri de lado, pressionando meus lábios contra os dela.
Um beijo rápido, mas não menos excitante.
-Eu tenho de voltar ao trabalho, ou meu chefe me mata.-brincou, saindo da sala aos risos.
Olhei para o movimento dos seus quadris. Parecia que estavam em câmera lenta.
Essa mulher ainda vai acabar comigo!
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Permaneci dentro do carro, aguardando pacientemente.
Ou nem tanto.
Ela estava atrasada dez minutos e eu já começava a bufar, irritado.
Aquilo era um teste com a minha paciência?!
Antes que eu surtasse e saísse do carro, ela abriu a porta, jogando a bolsa no banco.
-Desculpe a demora. Rosalya me implorou para que eu usasse esse vestido, apesar de não haver necessidade.-ela parecia cansada.
Olhei as curvas dela, tão bem desenhadas, delineadas naquele vestido. Os seios quase saltando para fora me fizeram arregalar os olhos.
Ela estava muito gostosa.
-Entra no carro, antes que eu te coma aí na calçada.
-Tentador, mas eu esqueci meu celular lá dentro.-deu uma piscadela. -Volto em dois minutos.-fechou a porta e saiu correndo para dentro.
Soltei um suspiro alto. Seja paciente, Castiel. Você já está no lucro, afinal.
Vi ela saindo pelas portas de vidro novamente e vindo até meu carro. Só que ela não chegou a abrir a porta.
Quando vi, ela estava sendo carregada nos ombros de um cara e sendo jogada dentro de um carro preto, que acelerou e zarpou dali.
Consegui ligar meu carro e ir atrás do outro. Ele fazia curvas insanas, a ponto de quase bater contra postes ou a guia da calçada. Tiros foram disparados contra o meu vidro, me fazendo abaixar para evitar ser atingido. Tive de frear.
Quando ergui a cabeça, o carro preto havia sumido. Saí do meu carro, chutando um pneu, com raiva.
-Que merda!-exclamei, com raiva. Eu havia deixado eles escaparem com a Debby.
Quem eram eles?! Puxei na memória, tentando lembrar de algo.
O símbolo no braço do paletó e… Olhos puxados.
Filhos da puta!
Peguei o celular e apertei o primeiro número da discagem rápida.
-Você só me liga quando acontece alguma coisa ruim. O que foi dessa vez?-perguntou.
-Se junte com Nathaniel e Kentin. Preciso que procurem a localização de uma pessoa.-falei rapidamente.
-Ok, mas por quê?-Lysandre indagou.
-A Debby foi levada. E eu sei quem é o culpado.
-Me fale o nome!-pediu.
-A Libélula da Yakusa, Yasu.
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