História Professional Relationship - Capítulo 8

Angely

Suspirei pesadamente.

-Essa foi por pouco.- murmurei.

Aquele ruivo ficou impressionado, eu vi.

“Mas será que eu não deixei transparecer demais a minha tranquilidade?”- pensei.

Mordi meu lábio inferior. Foi quando o telefone tocou.

-Sim?- falei calmamente.

-O Senhor Gouverment acabou de chegar.- ouvi dizer.

-Obrigada.- falei. Coloquei o telefone no gancho e retirei mais uma vez, discando a linha direta do escritório dele.

-O Senhor Gouverment está subindo nesse instante.- disse.

-Ok.- ele desligou. “Oras, resolveu ser monossilábico agora?!”- meu subconsciente apitou. Revirei meus olhos, colocando o telefone no gancho novamente.

O leve tilintar do elevador se abrindo chamou a minha atenção. Rapidamente, me levantei, colocando meu melhor sorriso falso na cara.

Gouverment era um homem um tanto baixo, mas magrelo. Cabelos grisalhos e olhos azuis. O terno era alinhado e ele tinha um semblante sério. Vinha acompanhado de dois seguranças que, facilmente, dariam três de mim em altura.

-Bom dia, senhor Gouverment. Seja bem vindo. -nos cumprimentamos com um aperto de mão. Ele rapidamente a virou, depositando um beijo no peito de minha mão.

-Au chanté, mademoiselle.*- falou, sorrindo. -É nova por aqui, correto?

-Meu primeiro dia, na realidade.- sorri nervosa, afastando minha mão dele. Ele deu uma boa olhada em mim, cima a baixo.

-És uma moça de sorte.- falou, enquanto olhava na direção de meus seios.

-Ah, obrigada.- sorri falsamente. -Por favor, me siga.- me virei e comecei a andar.

“Eu sei que esse desgraçado está olhando para a minha bunda.”-pensei. Suspirei quando finalmente chegamos. Deixei-o entrar primeiro, para, em seguida, entrar também.

A sala tinha paredes escuras e um grande telão em uma delas. Andei até ali, ligando o projetor, deixando tudo pronto. 

-O senhor Collins irá demorar?- ele indagou, já acomodado em uma das cadeiras.

-Ele chegará num instante.- respondi. -O senhor aceita alguma bebida ou algum aperitivo?

-Apenas um pouco d’água, por favor.- disse simplesmente.

-Providenciarei.- me virei e saí da sala.

Andei pelo corredor e encontrei meu chefe vindo com seus parceiros. Passei reto por eles, mas eu posso jurar que ouvi um “Que gostosa” ser murmurado.

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-Acabei.-sorri, guardando aquele último documento na pasta, levando-o ao arquivo.

Eram seis horas. Já estava de saída, quando uma pasta caiu sobre minha mesa.

-Preciso desses relatórios para amanhã de manhã.-falou simplesmente.

-Já estou de saída.- respondi.

-Leve para casa.- retrucou.

-Eu estudo, sabia?- coloquei as mãos na cintura, olhando-o cética.

-Hm, legal.-deu de ombros. -Para amanhã de manhã, sem falta.- senti um arrepio percorrer a minha espinha. -A não ser que você não dê conta...

-Não!- falei.-Eu consigo.

Tipo de garota que consegue fazer tudo por ela mesma

Ela diz que é com ela, ela consegue, sem dúvida

-Ótimo.- colocou as mãos no bolso da calça. -Nos vemos amanhã, senhorita.- e saiu andando.

-Desgraçado!- resmunguei, terminando de arrumar minhas coisas. Peguei minha bolsa e a maldita pasta, me retirando dali.

O elevador desceu lentamente até o térreo. Justo agora que eu estava com pressa.

Quando as portas se abriram, caminhei rapidamente para fora, logo chamando um táxi.

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Assim que abri a porta do apartamento, fui logo arrancando os saltos e me jogando no sofá.

-Eu tinha me esquecido dessa dor.- comentei, massageando meus pés. Olhei o relógio e notei que estava quase na hora de ir para a faculdade. Corri para o banheiro, arrancando toda aquela roupa apertada e, finalmente, relaxando.

Acabei minha ducha e me enrolei na toalha, indo ao closet. Optei por uma calça jeans rasgada, uma regata de alças finas preta, camisa xadrez vermelha e preta por cima e all star vermelho. Fiz um coque no cabelo e apreciei minha cara limpa de maquiagem. Pegando a mochila, celular e chaves, saí do apartamento, rumando ao campus.

Depois de poucos minutos, atravessei aquele grande portão, não demorando para encontrar Kim e Elliott, que pareciam estar me esperando.

-Coisa baixa!- ele exclamou, me dando um abraço de urso.

-Elliott! Você vai esmagar a coitada.- Kim o puxou. -Oi guria.

-Olá, para os dois.- sorri.

-Você parece cansada.- Elliott comentou.

-Meus pés doem, só isso.- dei de ombros, começando a andar. -Fiquei o dia inteiro de salto.

-Aquele emprego novo que você falou exigiu isso?- Kim estava de boca aberta. -Que droga, hein.

-Tudo bem.-falei.- Estou acostumada.

-SAI DA FRENTE!- um berro me assustou e, em seguida, tive o peso de três corpos sobre mim.

-Deus do céu! Debby!- ouvi a voz de Elliott. Minha cabeça girava. Senti aquele peso todo se esvair e vi cinco cabeças em cima de mim. Ou seriam dez? Me seguraram pelos braços e me levantaram.

-Oh, céus!- ouvi uma voz feminina.

-Eu falei pra você ir devagar com os tecidos, Rosa.- era uma voz masculina, agora.

-Debby?- respirei fundo, abrindo meus olhos.

-Eu estou bem.- sorri fraco.

-Tem certeza? Quantos dedos tem aqui?- Elliott e sua afobação.

-A não ser que você tenha perdido algum, continua tendo cinco dedos nessa mão.- brinquei. Ele revirou os olhos.

-É, você está bem. Até demais.- cruzou os braços. Dei risada e olhei para frente, encarando três outras pessoas.

Dois homens e uma mulher.

O primeiro homem tinha cabelos e olhos negros. Suas roupas eram no estilo da Era Vitoriana, com aquelas gravatas bufantes e caldas no paletó, acompanhadas de botinas de cano alto; as cores mesclavam o lilás, preto, branco e dourado.

O segundo homem era um tanto exótico por assim dizer. Seus cabelos eram azuis e os olhos violetas. Camiseta azul, do mesmo tom dos cabelos, com um símbolo de átomo no centro; calças verdes escuras, com um símbolo de Smile na coxa direita; jaqueta laranja neon, assim como os tênis. Ele também usava grandes headphones verdes, assim como dois cintos, um verde claro e outro rosa.

Já a mulher tinha longos cabelos brancos, que chegavam nas coxas em comprimento, e olhos cor de mel. Usava um vestido branco, com detalhes em lilás na ponta das mangas. Uma gravata também lilás, escondida atrás de um colete curto -na frente e longo na parte de trás- de cor preta. As botas pretas iam até as coxas e tinham amarrações por toda a extensão.

Arqueei minhas sobrancelhas para os três e acho que eles notaram isso.

-Oh, mil perdões.- ela pulou em cima de mim, me abraçando. Arregalei meus olhos para o gesto. -Eu que te derrubei. Ai, sou muito desastrada, céus. Você está bem?

-Sim, estou.- sorri amarelo. -Quem são vocês?

-Oh, que falha a minha.- ela se afastou. -Meu nome é Rosalya Daphné. E esses dois aqui são, respectivamente, Leigh Ozanan e Alexy Edmond.- apontou ao moreno e depois o azulado.

-Olá.- o moreno acenou. Já o azulado me encarava.

-Algo de errado?-indaguei a ele.

-Você parece um unicórnio de tão fofa.- ele falou, os olhos brilhavam. -Deixa eu apertar você?- estranhei ele e sorri nervosa.

-Talvez em outra ocasião.- falei.

-Espero que perdoe o ato da Rosalya.- o tal Leigh disse. -Eu avisei que andar com os rolos de tecido pelo campus não era boa ideia.

-Você não quis me ajudar.- ela mostrou a língua para ele. -Sou uma mulher independente. Eu posso, eu consigo.-deu uma piscadela. Soltei um leve riso.

-Vocês são engraçados.- comentei.

-Obrigada.- a albina sorriu. -Então, fazem qual curso aqui?

-Eu e a Kim fazemos o Curso de Ídolos e o Elliott faz Coreografia.- apontei aos dois ao meu lado. -E vocês?

-Nós três cursamos moda.- Alexy quem respondeu.

-Amazing!- meus olhos brilharam. Eles me olharam estranho. Foi quando notei que acabei falando em inglês.-Oh, desculpem.

-Você é americana?- o azulado tinha sua cabeça inclinada.

-Sim.- assenti.

-Uma americana fluente em dois idiomas.- ele refletiu.

-Na verdade, são sete.-intervi. Todos -digo todos- me encararam de olhos arregalados.

-SETE?!- não sei quem é mais escandaloso. Alexy, Elliott ou Rosalya.

-Inglês, Português, Francês, Italiano, Espanhol, Japonês e um pouco de Russo.-cocei a nuca.- E eu também entendo Coreano.

-Onde você arrumou tempo para aprender tudo isso?- Kim indagou.

-Tive uma infância bem proveitosa.- dei de ombros, sorrindo nervosa.

-Um dia você me ensina, Coisa baixa. Quero pegar alguém.- Elliott sorriu malicioso. Gargalhamos todos. Foi aí que o sinal bateu.

-Droga, temos de ir.- Rosalya saiu pegando os rolos de tecido. -Foi ótimo conhecer vocês, mas a nossa professora é um tanto estranha, então não podemos nos atrasar.- ela falava rapidamente.

-Podemos todos lanchar juntos no intervalo, que tal?- sugeri.

-Uma ótima ideia.- ela concordou, assim como os outros. -Nos vemos!- saiu correndo novamente, assim como os outros dois.

-Nós já vamos, Elliott.- dei um beijo na bochecha dele e eu e Kim fomos para a nossa sala.

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-Cinco, seis, sete, oito!- Melanie conduzia. Estávamos naquele mesmo ritmo a horas. Meus pés não aguentariam muito tempo. Eu já estava completamente suada, digamos, quase a ponto de derreter. -E finaliza!- todos paramos. -Encerramos por hoje, pessoal.

-Eu vou morrer!- eu reclamei, pegando minha garrafa d’água, tomando uns bons goles.

-Não é a única.- Kim ofegava. -É só o segundo dia e ela quase retirou a minha alma.

-Isso que vocês não passam as primeiras aulas aqui.- Elliott chegou ao nosso lado. Roubou minha água e quase secou a garrafa.

-Bom, queridos, tenho de ir.- falei, pegando a garrafa novamente e a jogando dentro da mochila.

-Por que essa pressa?- Kim estranhou.

-Tenho uns relatórios para fazer, que meu novo e querido chefinho solicitou.-revirei os olhos, colocando a mochila nos ombros.

-Seu primeiro dia lá e ele já está te pedindo coisas do tipo?-Elliott arqueou as sobrancelhas.

-Digamos que ele me ame.- ironizei.

-Ah, certo.- Elliott entendeu minha referência.

-Vou indo então.- dei um beijo na bochecha de cada um e me virei.

-Cuidado na rua!- Elliott parecia uma mãe protetora.

-Vou ter!- respondi. Senti alguém se chocar contra mim. Rapidamente, me virei na direção da pessoa.

-Desculpe, senhorita.- ele disse. Percebi seu olhar me analisando.

-Tudo bem.- sorri fraco e continuei meu caminho.

As ruas estavam mais escuras do que ontem, então dobrei minha atenção.

Um arrepio percorreu minha espinha e eu me virei rapidamente, olhando para todos os lados. Não havia nada ali. Suspirei e continuei a caminhar.

Mas posso jurar que algo me observava.