História Professor Park - Sapatinhos

Chanyeol era definitivamente um grande idiota apaixonado. Ele até tentava se concentrar no que fazia, mas seus olhos só conseguiam mirar o perfil do homem ao seu lado; o nariz bonitinho, os lábios carnudos e os olhos robustos pareciam tão perfeitos daquele ângulo. O baixinho era todo bonitinho, um bonitinho bem másculo na mente de Chanyeol.

Chanyeol se sentia um pouco inútil quando aquele homem estava por perto, ele era tão habilidoso para tudo que Chanyeol não se surpreendeu quando ele soube exatamente o que fazer com aquele boneco. E agora ele quem comandava a obra, Sehun e Chanyeol apenas auxiliava as mãos fortes e habilidosas que montavam aquela coisa de um pouco mais de um metro de altura, e em duas horas, tempo que Sehun e Chanyeol gastou para fazer apenas um pé, ele fez as pernas e o dorso do boneco.

Chanyeol as vezes queria bater nele, por ser tão bom. Não que Chanyeol se achasse ruim, ele só se achava um ser humano bem… Não útil para a humanidade. Afinal, a única habilidade que ele possuía era desenhar e às vezes ele ainda estragava isso por ser tão desastrado.

Os trabalhos seguia, e ele nada dizia, Sehun ainda rebolava aquela bunda avantajada demais para uma criança ao som de uma das músicas no celular de chanyeol. Kyungsoo que havia tirado o paletó, agora só de camisa social e gravata (ainda mais lindo) ria e cantarolava baixinho, enquanto Chanyeol se contentava em ser apenas o espectador. 

Ele até ficou com certa curiosidade da sortuda que era Mãe daquele menino, sabia que a mulher não era presente, pois quem estava lá pelo menor era sempre o pai, mas Sehun nunca comentou nada sobre a mesma. Ele imaginou que ela deveria ser bem sortuda por ter aquele homem e aquele filho… eles eram tão fofos e completos… Foi uma inveja branca.

- Ei tio Channye. - Ouviu vindo do menor que segurava algumas latinhas com as duas mãos.

- Sim?

- Você mora sozinho? - Perguntou baixinho. O professor estranhou a pergunta do menor, mas imaginou ser apenas curiosidade do pequeno. Ele era sempre muito curioso como a maioria das crianças. 

- Sim...

- Oh… Eu moro só com o papai. - Sorriu. - E quando eu não venho pra escola, ajudo ele no trabalho.

- O que você faz no trabalho? - Perguntou pro menor que exibia um sorriso orgulhoso de si mesmo.

- Eu entrego papéis. - Chanyeol riu com a convicção do menor. - E cuido do papai, se não ele trabalha demais.

- Ele deve ter orgulho de você. - O senhor Do sorriu, quieto no canto dele, gostava daquelas conversas. - Um menino bom,educado e trabalhador.

- Ele tem!

-Ah… Mas que convencido.

- Realista tio, realista. - Corrigiu com o ar de quem sabe o que diz.

- Ok senhor realista. - Sorriu afagando os fios negros do menor.

- E o senhor? Sua mamãe também deve ter muito orgulho de você. - Sehun sorriu entregando as latas para o pai.

- Ela tem sim.

- Viu… também é convencido.

- Ou realista! - O senhor Do Resmungou arrancando risos dos dois.

- Sim papai. Realista, por quê o tio Channye é o melhor professor do mundo.

- Meu Deus Sehun. - Chanyeol soltou rindo.

- É verdade.

- Se a criança diz é verdade. - O senhor Do voltou a falar, olhando Chanyeol por cima dos ombros, com aquele sorriso sereno de canto fazendo Chanyeol tremer.

- Claro que é verdade, eu não minto.

- Okay. Acredito em você. - O professor falou ainda distraído com o sorriso do pai do aluno.

Já eram cinco da tarde quando ele finalmente começou a fazer o acabamento do boneco, Sehun, em uma das conversas, teve a brilhante idéia de vestir o boneco de lata, e pior, desenhar um coração no peito de lata do bichinho. Ninguém protestou, Chanyeol desconfiava que aquele garoto era mimado demais da conta, mas nem mesmo ele ousava dizer o contrário.

- Papai, papai. Como vamos fazer os olhos dele?

- Não sei… Eu sou péssimo em desenhar, e nas instruções recomenda que desenhamos… Podemos fazer com tampinhas.- recomendou sentado de frente para o boneco, estava quase tudo pronto, só faltava o detalhe do rosto e as roupas que ele traria no dia seguinte.

- O tio Channye desenha. - Kyungsoo olhou o grandão que quase dormia encostado na parede.

- Desenha?

- É... Eu deveria ser professor de artes, mas acabei preso por cinco horas com essas criaturinhas. - Resmungou coçando os olhos.

Os Do's observaram aquilo quietos, ele parecia tão fofo daquela maneira.

- Você... Fez artes?

- Sim… - Sorriu. Estava tão cansado e isso acumulado com uma preguiça maior ainda, o homem mal sabia o que falava. - Posso desenhar o rosto… Deixe comigo. Só... Vou lá dentro buscar os materiais.

Kyungsoo apenas assentiu vendo o grandão se levantar e sair andando devagar com as pernas tortinhas.

Chanyeol se sentia um pouco drogado, estava bem lerdo também. Mas nada que o incomodava, estava passando tanto tempo com o senhor Do e isso fazia seu coração bater tão rápido que ele tinha a impressão de que a qualquer momento teria um infarto.

Era tanto " tum tum tum", e a vontade de sorrir como o coringa. Ele tinha que se segurar para não parecer um bobão perto do homem… Quer dizer, mais bobão, por quê bobo era o estado normal de Park Chanyeol.

Não era nem de longe sua melhor obra, mas era aceitável. Kyungsoo até chegou a comentar que os olhinhos lembravam vagamente os de seu filho, mas Chanyeol ainda não estava contente com o desenho... Ele quase nunca estava.

Eram olhos azuis, e aquele boneco lhe parecia um tanto esquisito. Não guardaria em um lugar que poderia ser visto a noite... Cagão como ele, nem mesmo guardaria aquela coisa. Mas já Sehun, achou uma coisa tão legal.

Sehun precisava de umas aulas de bom gosto. No mínimo aprenderia a não querer bonecos de lata e muito menos ser como um professor idiota e desastrado.

Professor este que ainda encarava o boneco por mais que Kyungsoo diga que estava ótimo.

- Está bom professor. - Sehun resmungou parado ao lado do gigante.

- Por que ele é tão feio?

- Ele não é feio!

- Ele me assusta, Sehun.

- O senhor que é um medroso.

- Você que tem mau gosto. - Cruzou os braços de maneira infantil. Outra coisa que o Park era em demasia, talvez até mesmo que a criança ao seu lado.

- Aigooo. Ele é o boneco de lata, não é pra ser lindo.

- Mas também não era pra ser tão feio.

- Tio Channye!!! - Resmungou manhoso como se pedisse para o mais velho parar de o contrariar.

O professor riu negando com a cabeça ainda fitando aquele parente distante da Anabelle.

" Mas é muito feio"

- Cadê seu pai? - Chanyeol perguntou quando percebeu que o homem não estava ali. 

- Foi buscar o carro.

- Hnn… Como é o nome dele?

-Kyungsoo.

- Não do seu pai, bobão. - Cutucou a cintura do menor com o cotovelo. - O boneco.

- Ahhh. Ele se chama… - Coçou a cabeça. - Não sei.

- Não sabe... Pensamos nisso depois então, vou guardar essa coisa agora, antes que ele ganhe vida e tente nos matar.

- Você vê muito filme tio.

- Eu vejo! São coisas boas da vida pequeno.

- São? Papai disse que eu sou a coisa boa da vida dele. - Chanyeol largou o boneco dentro da sala que ele deixaria fechando a porta em seguida um pouco sem jeito com as palavras do pequeno.

- Sabe. Sehun… - Se abaixou na frente do menor, dobrando as pernas enormes e se apoiando nas mesmas. - Se eu tivesse um criaturinha assim como você, também diria isso… Mas o Tio Channye não tem, então ele fica feliz com os filmes.

- Por que o tio Channye não tem?

- Por que ele não é compromissado. - Sorriu fraquinho.

- Mas o Tio Channye é bonito, por quê não tem namorada?

Crianças e suas perguntas fatais.

- Não é só beleza que garante relacionamentos, Sehun…

- Hnnn. Mas tio Channye, você também é legal. Deveria ter uma namorada.

- Deveria… - Suspirou fundo.- É complicado, meu bem.

- Complicado porquê? O tio Kris gosta de meninos e tem namorado.

O Park olhou o menor assustado. Como ele sabia sobre Yifan, quer dizer, só Chanyeol sabia disso.

- Como sabe sobre isso, Sehun?

- Ele me disse.

- Disse?

- Uhum… Uma vez os meninos estavam xingando o baekkie falando que ele gostava de menino, aí o tio Yifan mandou eles parar. O Baekkie chorou tanto.

" Então eu perguntei para ele por que os meninos falavam isso. Eu não entendo o por que de ser errado, sabe? Eu gosto muito do Baekkie tio, então perguntei se era errado, e ele disse que não era errado, e que ele era namoradinho de um menino. "

O professor levantou digerindo tudo aquilo. Ficou surpreso por Kris não lhe contar isso, é muito menos o Byun, já que esse sempre ia até si quando os garotos o perturbava.

- Sabe tio Channye.

- Hn?

- Eu queria ter um sapatinho igual o da Dorothy. - O professor respirou fundo recuperando a capacidade de pensar direito e conversar com a criança ao seu lado.

- Mesmo? Por quê?

- Por que eu pediria pro senhor também gostar de garotos… aí Você seria namoradinho do papai e ele seria muito feliz, e eu só precisaria bater os sapatinhos.