1. Spirit Fanfics >
  2. Proibido se Apaixonar >
  3. O beijo, O Sumiço de Hoseok e o Beijo

História Proibido se Apaixonar - O beijo, O Sumiço de Hoseok e o Beijo


Escrita por: jiwont

Notas do Autor


Voltei mais cedo do que planeja, capítulo não revisado, já peço desculpas por qualquer erro.

Como sabem, vai ter uma parte do capítulo que terá ligação com a fanart da capa

Capítulo 4 - O beijo, O Sumiço de Hoseok e o Beijo


Fanfic / Fanfiction Proibido se Apaixonar - O beijo, O Sumiço de Hoseok e o Beijo

Terminar a noite com Jimin me estapeando, Hoseok discutindo com o baixinho, e sumindo para sei lá onde pela fraternidade - acredito que para o quarto de algum amigo -, exigindo que nem eu e nem mesmo Jimin o seguisse só me fazia pensar que Jimin faria o possível para fugir de mim, ou, levar Hoseok para um lugar bem longe da fraternidade apenas para impedir nossa aproximação. Eu não conseguia pensar bem, mas quando consegui fechar os olhos, por volta das cinco da manhã, com o sol começando a embotar por entre as frestas da nossa janela sem cortinas, eu não esperava mais do que acordar dali a algumas horas com uma lista de problemas, ou uma cama vazia, um armário sem roupas, e dois sujeitos desconhecidos alegando serem meus novos colegas de quarto.


Eu estava habituado a ser pessimista, não querer nem ao menos me esforçar para conseguir manter a pessoa por quem era apaixonado por perto. Porquê, convenhamos, as pessoas por quem me apaixonei faziam certa questão em fugir de mim por livre e espontânea vontade, se eu corresse atrás, seria, no mínimo, um idiota. Mas mesmo que em todo tempo eu estivesse sempre ciente de que não teria Hoseok ou que ele nunca iria me querer em um outro sentido além da amizade, eu não queria que ele se afastasse, que Jimin se mudasse o levando consigo. De certo modo, eu havia criado um hábito, uma regra. Sabe aquela mania de observar cada detalhe daquele docinho de pessoa? As horas que ele chegava da faculdade? Quando eu sabia que ele chegaria retirando suas roupas, sempre dizendo a mesma coisa, antes de entrar ao banheiro? O fato de sempre acordar minutos mais cedo para contemplar a imagem bonita que dormia de cueca de bichinhos e sempre dava para ver mesmo que ele fosse dormir coberto por um lençol?


Eu era um cara metódico, com hábitos, manias. E a regrinha que criei ao quebrar a regra de não me apaixonar, foi não deixar de observar cada detalhe daqueles momentos.


E vá lá, seria difícil me acostumar com o fato de que eu acordaria minutos mais cedo e não veria meu Hyung das pernas e bunda bonita na cama ao lado, mas sim um cara qualquer que o substituiria no quarto. Seria horrível se nas sextas a noite eu fosse buscá-lo e não pudesse trazê-lo para casa. O que eu faria até meu horário de trabalho? Com quem eu conversaria? De quem eu receberia um abraço ou um beijo no rosto quando por nenhum motivo especial? Quem eu veria chegar tirando as roupas antes de entrar no banheiro?


Era exatamente por esse motivo, que eu havia criado minhas regras. Porquê no fim de tudo, eu estava sempre fodido, sozinho.


Um longo histórico de paixões não correspondidas, agora, seria preenchido por uma paixão perdida.


Mas, acredito eu, que meus pensamentos tão mórbidos e assustados antes de conseguir dormir após aquele episódio com Jimin haviam sido exagerados, ou, talvez, putamente precipitados.


Isso é, acordar com um peso nada familiar em cima das minhas costas cobertas por um grosso cobertor, e um pé quentinho esfregando-se contra o meu, enquanto o tal peso me abraçava de um modo desengonçado por conta do pano grosso e da posição, era a última coisa que eu esperava em toda a minha fatídica e triste vida falha em relacionamento.


Por um momento eu travei, simplesmente não soube o que fazer, a não ser sentir aquele carinho no meu pé, retribuindo acanhado, e aqueles braços carinhos me apertando. Eu podia sentir seu peito contra minhas costas, sua cabeça deveria estar um pouquinho deitada de lado pela forma como eu sentia.


Aquilo só podia ser minha mente me enlouquecendo.


Mas assim que ouvi sua voz, constatei que era real, muito real.


“Eu preciso tomar um banho”


E em poucos segundos aquele peso não se fez mais presente, muito menos a nossa troca de carinhos nos pés.


Talvez eu tivesse enlouquecido e com a cabeça sem nem funcionar direito, eu sabia que não havia dormido nem sequer uma hora, e a falta de descanso talvez tenha me feito fazer o que fiz.


Porquê em toda minha vida, eu nunca me senti tão encorajado a fazer algo como naquele momento. Era como se ele tivesse me dando um passe livre para investir, como se ele não fosse tão inocente como eu pensava e soubesse de tudo que ocorria ao seu redor.


Quando cheguei ao banheiro, Jung estava terminando de escovar os dentes. Usava uma boxer do Homen-aranha que como todas as outras modelavam o seu bumbum, e era tão curta que eu podia ver mais da sua pele do que deveria. Eu me aproximei, vendo-o guardar a escova de dentes ao terminar. Eu não sabia oque dizer, eu só fui, só queria beijá-lo, tocá-lo de uma vez por todas, já que a qualquer momento ele partiria e levaria todas as minhas rotinas consigo.


Ele estava lavando o rosto quando eu consegui alcança-lo, e sentindo minha presença, rapidamente ergueu a cabeça, olhando para o espelho. Meus lábios estavam tão perto da sua pele, meu nariz estava tão embriagado com seu perfume.


Talvez eu me arrependesse depois, ou, sua rejeição fosse imediata. Mas eu estava tão corajoso, que toquei sua cintura, colando meu quadril contra o seu bumbum. Ele arregalou um pouco os olhinhos, tão fofo.


“Taehyung, o que está fazendo?”


Foi então que eu decidi jogar tudo para o alto e beijar seu pescoço, vendo-o pelo reflexo do espelho fechar os olhos e apertar os dedos contra a pia.


Eu estava tão nervoso, no entanto, minha confiança nunca morria. Levei os lábios até seu rosto, e deixei outro selo. E então vi seus olhos se arregalarem, ele não parecia com medo, talvez surpreso, mas não com medo. Acompanhei o seu girar de pescoço, e seu nariz roçou ao meu, destacando o quão próximos estávamos e o quão longe eu havia chegado.


Mas, eu não podia dar para trás, então, o surpreendi e me surpreendi quando tomei coragem para encostar nossas bocas.


Eu não estava acreditando que havia descoberto a sensação, digo, as sensações que eram ter aqueles lábios colados aos meus, ainda que não passasse de encostar demorado, pois, não tive tanta astúcia de usar a língua.


“Pervertido. Maldito pervertido.”


Talvez eu estivesse enlouquecendo mesmo, porquê, em meio a aquele beijo, eu ouvia a voz de Jimin ao longe, seguido de uma sensação estranha de estar sendo empurrado. E então, eu não estava mais no banheiro do nosso quarto, e muito menos beijando Hoseok.


Eu preferia estar louco, ao abrir os olhos, e descobrir que tudo não havia passado de um lamentável sonho.


Mas o fato de que Jimin estava me sacudindo de um lado para o outro como se eu fosse um boneco enquanto alegava a minha perversão, não fazia parte da minha cabeça, era real, dolorosamente real.


“Aish…” Resmunguei sonolento, segurei as mãos pequenas que apertavam minha camiseta e o forcei a me soltar. “Como eu posso ser pervertido até dormindo?”


“Você estava sonhando com Hoseok, repetindo o nome dele, aposto que eram coisas pervertidas, seu…” Ele não parava de bater em meu braço enquanto quase gritava.


Pois é, aquele mini-demônio sabia até quando eu sonhava com Jung. Tentei me esquivar dos seus tapas mas parecia muito em vão, o chihuahua não estava disposto a pegar leve.


“Por que você tem que ser tão impertinente, chihuahua?!” Quase choraminguei, enquanto tentava me sentar, e após muito custo e o baixinho ter se acalmado ele finalmente me deixou em paz, mas, estranhamente continuou sentado em minha cama. Aquilo era assustador.  “O que você quer?” Perguntei desconfiado.


“É que o Hoseok… Ele… Ele sumiu. Eu acordei e ele não estava em lugar nenhum da fraternidade, e ninguém o viu.” Ele coçava a nuca, contrariado, como se lutasse internamente para dizer aquilo logo para mim.


“Ele deve estar fugindo de você.” Resmunguei, bagunçando meus cabelos. Ele lançou-me um olhar duro, que por Deus!, me encolhi de medo.


“Tudo porquê você é um estúpido.” Cuspiu, cruzando os braços, irritado. “Parece que o sumiço dele não te preocupa nada, não é pervertido?”


“Ele está fugindo de você na casa de algum amigo.”


“Esse é o problema, ele não tem amigos além de mim, Jungkook e Hyungwon.” Jimin amoleceu um pouco enquanto murmurava. E eu, bom, eu achei que já era hora de começar a me desesperar.



(...)


De todas as coisas mais estranhas que já me aconteceram, estar rodando a cidade ao lado de Park Jimin era sem dúvidas a pior. Não era nada agradável, ele passava a maior parte do tempo roendo as unhas e dizendo o quanto a culpa era minha por ter que estar sempre sendo super-protetor. E eu estava tentando não bufar a cada dois minutos, porque eu realmente estava nervoso,  preocupado, ansioso. Eu não tinha ideia de para onde ele tinha ido, que horas ele tinha saído. Talvez ele nem mesmo tivesse passado a madrugada com alguém do dormitório. Eu me perguntava se ele havia se metido em alguma roubada, se saiu ainda alterado. Se alguém teria feito alguma barbaridade com ele por aí. Eu iria entrar em colapso, e já haviam se passado cinco horas desde que saímos do dormitório para procurá-lo. Fomos em todos malditos locais que tanto Jimin, quanto eu, sabíamos que ele frequentava. Ninguém sabia dele. Era desesperador. Muito desesperador.


“Cala a boca, Jimin” Resmunguei, encostando minha cabeça na janela. Fitando a rua, os carros correndo, as pessoas na calçada. Já havia perdido as contas de quantas vezes subimos em ônibus naquele sábado. “Deus…” Suspirei, fazendo uma pausa. “Você realmente é sufocante.”


“E você é um babaca. Como você quer que eu acredite que não quer só brincar com ele quando não está nem ai pra isso?” Seu tom era indignado, puto, e outra vez a sua aura negra típica de um personagem esquentadinho e mórbido de mangá se tornava ainda mais forte.


“Eu estou preocupado, eu me importo com ele, mas você me enlouquece!” Bufei, sem o olhar, irritando-me de uma vez. “Para onde vamos agora?”


“Tsc. Para o último lugar que temos pra procurar, a casa da mãe dele.” Ele respondeu. E eu assenti.


Rezava para que Hoseok estivesse lá, ou, eu seria o primeiro a correr até a delegacia e gritar que o cara da minha vida tinha sido sequestrado.


Chegar até a casa do Hoseok foi a pior parte, porque um; Jimin não parava de me importunar e me acusar. Dois; era longe pra cacete. Três; eu estava a ponto de entrar em colapso com todo aquele falatório, fome, frio, preocupação e cansaço.


Eu só queria encontrá-lo, saber que ele estava bem, pedir desculpas por seja lá o que eu fiz porquê Jimin estava me convencendo de que o culpado, realmente tinha sido eu. Somente eu. O garoto é realmente sufocante e convincente. Deve ser por isso que Jung sempre faz o que ele quer.


“Você deveria me pagar um lanche.” Resmunguei enquanto descíamos do ônibus.


O bairro era bastante diferente do que morávamos, com casas simples e pequenas, uma vizinhança aparentemente pacata pois não vi ninguém pela rua. Eram casas populares, sem prédios, ou muitas lojas. Na rua que presumia ser a da casa de Jung havia apenas quatro casas, todas cercadas com muros. Também vazia.


“Por que eu faria isso?” Indagou, irritado.


“Porque o dinheiro que eu trouxe pra comer você me fez pagar suas passagens.” Voltei a resmungar.


Eu sempre fui um cara calado, talvez antissocial, que falava baixo e não tinha uma expressão muito agradável a maior parte do tempo, mas com Park Jimin era pior, eu nunca parava de resmungar e ficava ainda mais chato do que normalmente era.


“Não fez mais do que sua obrigação, pervertido.” Respondeu, enquanto abria o portão da segunda casa que passamos, mostrando ser íntimo o suficiente da família Jung para ao menos chamar ou usar o interfone.


Aquilo apenas reforçou minha suspeita de que eles poderiam ser amigos de infância, ou, de longa data.


Eu o acompanhei, com o peito cheio de esperança.


O quintal de Jung era pequeno, e estranhei porquê havia uma casinha mediana azul, com muitos brinquedos ao redor. Talvez ele tivesse um irmão.


Jimin também não bateu na porta, a abriu num súbito avisando que estava ali. Eu fiquei ao lado de fora, na varanda, não queria ser um invasor, sair entrando na casa das pessoas que eu não conhecia não era exatamente meu forte.


“O que está fazendo aí pervertido? Entre.” Jimin puxou minha jaqueta com força - porquê ele não tinha tamanho mas compensava com essa agressividade -, e aos tropeços eu fui arrastado e obrigado a entrar na casa mediana, com mais brinquedos ainda.


A sala de estar era pequena, simples, assim como aquele bairro e assim como o próprio Hoseok, era tradicional também, com retratos do próprio para tudo quanto era canto, junto a uma menina, que não parecia ser dona dos brinquedos, mas parecia com ele, talvez fosse sua irmã.


Uma mulher baixinha, de cabelos curtos tão escorridos quanto os de Hoseok, e expressão amorosa apareceu na sala, saia de um corredor da casa. Ela estava com um bebê no colo, um bebê que aparentava ter pouco menos que cinco anos. Justificava os brinquedos e casinha.


“Babo” A criança falou, esticando os braços curtinhos em direção a Jimin, e eu, eu segurei o riso e admiração, eu podia ter uma regra de não me apaixonar por pessoas, mas ela não se aplicava a crianças. Eu definitivamente amava crianças.


“Jimin, achei que viria, o Hoseok apareceu aqui pela manhã péssimo, mas não quis dizer o que aconteceu.” Ele sorria, entregando o bebê para Jimin, e quem diria que aquele mini-demônio se dava bem com crianças, o menino o abraçou pelo pescoço.


“Graças a Deus!” Suspirei, deixando meu alívio escapar alto demais. Acabei chamando atenção da senhora Jung, e ela me encarou, erguendo uma sobrancelha.


“Oh, me desculpe querido eu não te vi, aí. Quem é você?” Ela sorria tão gentil, realmente era mãe de Hoseok.


“Ele não é ninguém, noona. Ignore-o.” Jimin ao menos parecia que a poucos segundos estava sorrindo tão doce para uma criança.


“Não seja assim, Jimin.” Ela soltou uma risada leve, e aproximou-se de mim, acarinhando meu ombro. “É namorado do Hoseok? O Jimin sempre faz isso com os namorados do Hoseok.”


Eu olhei para Jimin, e ele me encarava com aquele olhar mortal, eu deveria dizer algo mas acabei ficando tão envergonhado por ser confundido com o namorado de Jung que não consegui reagir bem, alguns sons saíram da minha boca mas, acredito que não poderia se considerar que eram palavras.


“Ele não é namorado do Hobi-sshi, noona, é só o nosso colega de quarto. Ele veio porque o Hoseok fugiu por causa das idiotices que ele anda fazendo.” Jimin dizia, sério, convincente até. Eu não me surpreenderia se a senhora Jung me enxotasse para fora de sua casa por causa daquela falsa ou não tão falsa alegação.


“Sempre exagerado.” Estranhamente a mulher aumentou o sorriso e caminhou até Jimin, apertando sua bochecha o fazendo parecer uma criança emburrada e mimada. “Vamos, subam, vejam qual é o problema, ele não estava nada bem” Ele pegou o pequeno de volta, e o vi fazer um beicinho choroso ao se afastar de Park.


Fiquei tentado a pedir para segurar aquele menino também, mas seria estranho e tínhamos coisas mais importantes para fazer. Bom, pelo menos eu achei que subiria. Mas assim que dei um mísero passo na direção do mini-demônio, ele me parou, com o palmo contra meu rosto. Sim, ele enfiou aquela mão minúscula no meio da minha cara - mas não como o tapa que me deu da última vez, ele só usou do pior jeito para me impedir de prosseguir.


“Você fica” Ele ditou.


“Tá bom, idiota.” Resmunguei abafado, por conta da sua mão em minha boca. Tão abusado. Tsc.


“Jimin, não seja assim”


E Jimin só se desculpou com a maior cara de inocente e bobo do mundo enquanto subia dizendo que era só uma brincadeira. Rolei os olhos. Agora, constrangedor seria ficar ali, com a mãe do que cara que vinha bagunçando tudo na minha vida e uma criança fofa que eu estava louco para apertar as bochechas gordinhas. Enfiei as mãos no bolso, e repuxei os lábios, olhando para todo canto daquela sala de estar. Céus, que situação!


“Então querido, você não me disse seu nome.” Ela deixou a criança no chão, e o pequeno correu para um urso de pelúcia azul, sentando-se no chão junto ao urso.


“Eu… Eu me chamo Taehyung.” Gaguejei. E a Noona continuava sorrindo, sorrindo cada vez mais doce e gentil.


“Ah, então você é o Taehyung fofo que o Hoseok tanto fala.”


“Fofo…?”


“Uma vez ele disse que te traria aqui para um almoço, mas bem, eu estive esperando o Taehyung fofo até hoje.”


“Ah… Eu… Noona, me desculpe, mas ele nunca chegou a me convidar” Gaguejava incansavelmente, tão patético, tão típico.


“Ah, não?” Ela levou a mão até a boca, arregalando os olhos. Bom, já sabia de quem Jung havia herdado o jeito fofo. “Meu Deus! Me desculpe por ter falado, talvez ele estivesse esperando o momento certo.”


Momento certo… Realmente não entendi o que a senhora Jung quis dizer com aquilo. Mas, acreditava que Hoseok havia desistido de me convidar por conta de algum capricho de Park. Me assustei um pouco quando senti minha calça ser puxada, mas, sorri meio bobo quando notei aqueles olhinhos pequenos, me encarando.


“Você é tão grande.” Ele continuou puxando o meu jeans, e eu sorri ainda mais, abaixando-me até ele, depositando meu peso sob os calcanhares.


“Pronto, agora estamos do mesmo tamanho.”


“Você continua grande, hyung.” Apertou-me o nariz, e então, tive que sentar totalmente no chão, ouvindo a risadinha da senhora Jung. “Assim ‘tá melhor.”


“Ah é?”


“Hyung, brinca comigo?” Apertou mais meu nariz, fazendo com que meu rosto balançasse de um lado para o outro. Ah, tão adorável, e, ainda me lembrava do Hoseok. Que por acaso eu não tinha ideia o que era daquela criança.


“Bom, parece que vocês estão muito bem, eu vou terminar uns bolinhos, fique a vontade, Taehyung fofo” Ela disse, saindo de fininho, e eu assenti, ainda com o pequeno me apertando o nariz.


“Antes de começarmos a brincar, qual é seu nome, bebê?”


“Minki, titio Hobi que me deu esse nome, sabia?” Deixou de apertar meu nariz, então voltando a procurar por seu urso azul.


Ah, então ele era sobrinho do Hoseok.


Fiquei por alguns poucos minutos brincando com Minki enquanto ele corria diversas vezes até a varanda para me mostrar seus brinquedos. Ele era uma criança adorável, assim como Hoseok. Aquela família era muito dócil, para falar a verdade, era muito amor em um lugar só. Era um círculo familiar bonito, para ser sincero. Suponho que seu pai não deve ser diferente, a menina das fotos com Hoseok, talvez sendo sua irmã, também deve ser tão doce quanto.


“Você!” Eu arregalei os olhos, me assustando com aquela voz fina surgindo de repente naquela sala. Eu, que ainda estava sentado no chão, em meio aos brinquedos de Minki, o olhei. “Suba.”


“E-eu?” Gaguejei, boquiaberto.


“Ele não quer abrir a porta para mim, eu desisto.” E então como se ele fosse uma criança irritada bateu os pés, seguindo pelo mesmo caminho que a senhora Jung seguiu, deduzi que tivesse ido até ela, na cozinha, se fazer de vítima.


“Jiminie babo.” Ouvi Minki gritar, e não me deu bola nenhuma, se esquecendo da amizade que criamos naqueles poucos minutos, indo atrás de Park.


Se ele não abriu a porta nem para o Park, porquê diabos ele abriria para mim? Ao que eu bem me lembre, quando ele saiu do nosso quarto, disse que não queria que nós dois o seguisse, então ele não quer me ver. Mas mesmo que ele não abrisse a porta para mim ou me mandasse para o inferno eu me levantei, com tanta coragem quanto tive naquele triste sonho pela manhã. Eu não tinha ideia de onde era o quarto de Hoseok, e temi que errasse a porta e ficasse chamando por ele num quarto vazio. Mas quando cheguei ao corredor que dava aos quartos, não tive duvidas sobre qual seria seu quarto, o primeiro a esquerda, tinha uma porta de madeira, com um adesivo gigante do Snoopy, e quando o vi, recordei-me do seu caderno, da camiseta vermelha, e que na semana em que o filme estava em cartaz ele insistiu para que Jimin o acompanhasse até lá, e Jimin só aceitou quando eu me ofereci para acompanhá-lo, era claro que eu ir ao cinema com Hobi era a ultima coisa que ele desejava.


Em frente a porta respirei fundo ao menos duas vezes antes de bater, eu não sabia o que fazer, eu não tinha preparado nada para dizer. 

O que eu diria? Que ele me deixou preocupado a ponto de pensar em chamar a Polícia? Que eu estava me sentindo culpado e não sabia nem porquê? Que eu o amava? Meu Deus! O que eu estava fazendo naquela porta?


“Vá embora, Jimin! Já disse que quero ficar sozinho!” Foi o que eu ouvi, meio abafado, o tom de voz era tudo menos irritado. Estranho. Achei que ele estaria furioso ou coisa parecida.


“Sou… Sou… Eu. O Ta-taehyung.” E lá vinha meu maldito hábito em gaguejar. Eu tenho serias suspeitas de que posso possivelmente ser gago, porquê isso não pode ser algo normal.


Por volta de longos segundos que me pareceram dias, e semanas, eu apenas ouvi silêncio. Nenhuma resposta, nenhum som, ou, grito. Cheguei a pensar que ele estava tão chateado comigo que, nem ao menos queria me responder, preferia me ignorar.


Era somente isso que faltava para completar toda a merda que minha vida era. Eu já sofri bastante em outras paixões, mas ser ignorado daquela forma, bom, era algo novo.


Mas antes que eu começasse a me desesperar ou chorar de modo vergonhoso e patético ali, eu ouvi o som da chave girando, da maçaneta, e então um ranger leve era o som que liberava a imagem mas triste que já vi em toda a minha medíocre vida.


Okay, talvez seja exagero meu, mas ver aquele narizinho vermelho, os olhos inchados, e um semblante abatido era algo que eu nunca havia presenciado antes, e era, de fato, triste para mim ver que eu causei aquilo. Toda aquela confusão, o abalou de algum modo, e era culpa minha em partes.


Seus cabelos caramelados que sempre estavam penteados e arrumados naquela tarde estava uma verdadeira bagunça, suas roupas, bem, era engraçado eu nunca o vi usar pijamas como aqueles. Tinha Snoopy pra todo pano, tanto nas calças, quanto no casaco, era uma graça.


Foco, Taehyung, não é hora de babar!


“Oi.” Ele sussurrou, e, eu não me lembrava de um dia ter ouvido aquele som, aquele tom de voz tão rouco e amuado. Quis abraça-lo, mas eu travei, eu sempre travo.


“Me desculpe.” Foi só o que consegui dizer - destaco o quanto gaguejei também -, afinal, era só isso que eu tinha em mente. Que a culpa era minha.

“Por que está se desculpando?”


“E-eu…” Respirei fundo, inspirei muito, muito ar, me controlando, eu queria falar como uma pessoa normal, na noite passada eu consegui. O que havia de errado comigo, afinal? “Eu quero me desculpar pela noite passada, por ter causado toda aquela confusão”


“Entre, não quero correr o risco do Jimin aparecer.” Ele segurou meu braço, puxando-me para dentro do quarto. Engoli em seco.


Hoseok trancou a porta e eu senti sua mão voltar a me segurar, puxando-me agora até a sua cama.


Bom, me senti aliviado, ao que aparentava, ele estava chateado com Jimin e não comigo.


Eu me sentei, meio envergonhado, na verdade, travado. Poxa, eu estava a dois minutos brincando com uma criança, eu não tinha ideia de que conseguiria falar com ele, imagine entrar no seu quarto, e sentar em sua cama.


“Eu estou cansado.” Ele suspirou, alto, fazendo-me tirar atenção dos meus dedos e o encarar. “Ele me sufoca, tudo que eu queria era beber como alguém normal, beijar na boca, conversar com pessoas que não conheço. Afinal, não é assim que se faz amizade? Mas, ele fica sempre no meu pé. Eu sei que ele não faz por mal, e que prometeu que não deixaria que ninguém me machucasse de novo. Mas, ele não pode me impedir de viver.”


Eu fiquei calado, não tinha o que dizer a ele, eu nunca fui de ter muitos amigos, então eu nunca passei por aquela coisa de desabafar assim. Então eu não sabia o que fazer. O silêncio parecia mais acolhedor, acredito que um “eu entendo” não faria diferença alguma, porquê era só que eu tinha em mente.


“E você não fez nada, entende? Você nunca faz nada, e mesmo assim se sente culpado.” Ele voltou a suspirar, e me surpreendi quando ele declinou o tronco em minha direção, deitando a cabeça em minhas pernas.


Ar, pra onde você foi?


“Eu amo o Jimin, ele é meu melhor amigo e tudo que eu sempre tive e eu não queria brigar com ele. Mas, eu não consigo.”


Talvez aquele fosse o momento de dizer algo, mas, a minha mente continuava em branco. Ou melhor, um breu.


“Eu sei que ele tentou me afastar de você esses dias, e eu deixei que ele fizesse pra ver se ele não continuava com isso mas, parece que não.”


“Ele me odeia.” Foi o que consegui dizer, e ele soltou uma risada meio triste.


Eu ergui minha mão para acarinhar aquela bagunça em cachos que estava o seu cabelo, mas, não sabia se devia, então, outra vez me assustei naquele sábado, quando sua mão pausou em cima da minha e ele direcionou até seus fios. Engoli em seco, envergonhado de certo modo, mas fiz a carícia que queria, afundando meus dedos ali.


“Ele odeia todo mundo que acha que vai me machucar.”


“Mas… Eu não vou te machucar.”


“Eu sei, mas ele é paranóico desde o ensino médio… Quando eu era uma piada, e, um cara fodeu com a minha cabeça porquê queria saber como era namorar um fracassado.”


Ouvir Hoseok falando daquele jeito era algo louco, um novo lado que eu realmente não tinha conhecimento. Mas, então esse era o medo de Park, por isso ele queria tanto proteger o Hyung de tudo e de todos. É como se todo mundo fosse esse cara, como se eu fosse esse cara, e só quisesse brincar com a cabeça de Jung e esmagar seu doce coração.


“É compreensível que ele tenha medo que aconteça de novo.”


Eu não acredito que de tudo que eu deveria ter dito até aquele momento, tudo que consegui dizer fora aquilo, uma defesa a favor do réu mini-demônio.


“É por isso que eu aceitei esse jeito dele até agora, eu compreendo. Mas me sufoca.” Sussurrou.


Ele se manteve em silêncio depois disso, e, aos poucos deitou-se de barriga para cima, com o rosto virado para mim, e os olhos focados nos meus. Que montanha russa estava aquele sábado, hein. 

Quem diria que eu terminaria aquele dia daquela forma?


“Eu não quero que ele tire isso de mim.”


“Isso o que...?”


“Isso que temos, esse carinho gostoso, entende?” Sorriu, ainda triste.


E eu umedeci os lábios, passando a ponta da língua por eles. Meu coração estava a mil, num misto de sentimentos que se convergiam em algo muito maior. Ver aquele sorriso, aquele olhar sobre mim, aquelas palavras tão doces enquanto eu ainda acariciava seus cabelos me fez entender que não era só paixão que havia ele. Era amor, eu amava aquele cara.  


“Obrigado por ser tão compreensivo, Taehyung. Outras pessoas teriam se afastado de mim, é sempre tão complicado.”


“Eu posso levar muitos tapas, ser chamado de pervertido, mas eu aguento por você, Hoseok.” Sussurrei, corajoso e de modo impensado.


Talvez isso me denunciasse muito, e deixasse o meu gostar explícito. Mas, ele era a maior parte do tempo ingênuo, e não levava nada do que eu dizia a sério - não que eu fosse de expor meus sentimentos com palavras já que era um gago de primeira quando estava com ele -, mas as vezes eu sentia que falava pouco, mas falava coisas comprometedoras, que qualquer um levaria para um outro sentido, mas ele não, ele parecia não se ligar.


“Eu vou dar um jeito de você não precisar passar por isso.” Senti seus dedos finos e macios da canhota em minha nuca, o toque havia sido tão leve que eu não esperava ser puxado poucos segundos depois.


Muito menos esperava que aqueles lábios, aqueles lábios tão bonitos que desejei desvendar o mistério de seu sabor e maciez por tanto tempo estariam colados nos meus. E não, não era um sonho.


O sabor era de chocolate, e sim, eram tão macios quanto qualquer outra parte de seu corpo.


Beijar Hoseok era como encontrar um mundo mágico e o caminho secreto estava bem ali.


Eu não tive coragem de me mover, era demais para mim, por isso, o beijo tão mágico não passou de um selinho muito, muito, muito demorado. Era como se fôssemos duas crianças que nunca haviam sequer beijado antes.


“Hoseok, abre a porta, por favor.”


E é claro, que continuaríamos sendo como duas crianças inexperientes se Jimin não fosse um chihuahua pé no saco. 


Notas Finais


No bv o hoseok realmente ficou encima do Tae e teve aquela carinho nos pés super fofo, mas na fanart acrescenta a ilusão do Taehyung de achar que além do hobi encima dele, rolou o beijinho. Assim sendo um sonho. Mas, aqui na fic, não só o beijo como hobi encima dele tbm foi um sonho. Enfim, tchau.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...