------------- Trinta segundos em algum lugar -------------
Sabe do que eu lembrei? Da louça que o Jun disse que ia lavar ontem à noite!
É por isso que eu amo a Tia Kotori. Se eu fosse ela, ficaria uma fera comigo e com o Jun. Me sinto até mal por isso, mas prefiro não tocar no assunto.
------------------------------
Até o Jun bravo não é fácil levar a sério. Ele fala num tom tão calmo que é até engraçado. Eu também termino de me arrumar e nós três vamos até a estação para pegar o metrô. O Setsuna quis um suco daquelas máquinas que ficam espalhadas pela cidade e foi tomando pelo caminho até a casa da família Narumi. Sim, Narumi é o sobrenome e a Sra. Narumi é a melhor amiga da tia Kotori.
— Woah! Que casa enorme! É maior que a de vocês! — Setsuna se surpreende ao chegarmos à frente da casa.
— Setsuna, por favor, se comporte. — Jun fala com as mãos juntas na frente do rosto.
Tocamos a campainha e quem sai é um jovem de uns vinte e poucos anos. Ele tem cabelo loiro curto, olhos azuis e usa óculos. Tem um ar de homem sério, intelectual, não parece ser alguém fácil de conversar.
Ele olha para nós e chama a tia Kotori. — Morisawa-san, seus filhos chegaram!
— Ah, finalmente! — Tia Kotori e a Sra. Narumi aparecem e o homem que atendeu a porta volta para dentro da casa.
A Sra. Narumi não é tão senhora. Ela tem por volta dos cinquenta anos, cabelos castanhos avermelhados e ondulados até os ombros. É pouco mais alta que eu e usa lentes amarelas nos olhos.
— Entrem, entrem. Como é fofo, eu estava ansiosa para ver como você estava. Mas cresceu tanto esse Setsuna! — Sra. Narumi coloca a mão na cabeça de Setsuna.
Nós entramos e fomos recebidos por toda a família Narumi. São o Sr. e Sra. Narumi e mais sete.
— Já que todos os filhos da Narumi estão aqui, eu queria que todos te conhecessem, Setsuna.
— Esta é minha filha mais velha, Momo. Esse que foi até a porta é meu segundo filho, Gin. Depois dele vem o Shiro, Midori, Murasaki e os gêmeos Kuro e Aoi.
É impressão minha ou todos têm o cabelo da cor do nome? Momo é basicamente a versão mais jovem e de cabelo rosado da Sra. Narumi. Ela está vestida como se fosse sair.
Shiro tem cabelo branco e curto, olhos azulados e parece ter mais ou menos a mesma idade do Jun. Ele é bem estiloso e está com uma echarpe no pescoço. Muito bonito, porém parece bem quieto.
Midori está parecendo uma Lolita, de cabelo todo verde e ondulado e de vestido com babados. Os olhos dela são castanhos e parece ter pouca diferença de idade com o Shiro. É bonita, mas tem algo estranho.
Murasaki deve ter quase a minha idade. Ele é mais alto que eu e tem cabelo roxo até um pouco a baixo do ombro. Seus olhos são azuis como os do Shiro.
Kuro e Aoi são, com certeza mais velhos que o Setsuna, mas tem a mesma altura. Kuro tem cabelo preto, curto e olhos castanhos claros. Aoi tem o cabelo todo azul, comprido até a cintura. Seus olhos são castanhos também.
Ou a Sra. Narumi tem falta de criatividade ou ela super criativa para dar nomes. Depois dessas apresentações, somos guiados até a sala, que é realmente grande. Shiro e Midori sumiram pela casa enquanto ficamos eu, Jun, Momo, Murasaki e Gin no sofá para umas dez pessoas. Tia Kotori e os Sr. e Sra. Narumi foram para a copa de onde podem nos ver.
Ficamos aqui sentados por alguns longos minutos. Enquanto conversávamos e Setsuna e os gêmeos ficavam a parte brincando e conversando. Do nada, um cara alto, tão bonito quanto o Jun e de cabelo longo e loiro, aparece junto de Midori dos fundos da casa.
— Alguém viu a Rikka por aqui?
Todos têm nome de cor e o bicho de estimação tem nome de gente? No mesmo instante, o Jun se levanta do sofá, espantado.
— Fuuya?!
— Olha só... — O jovem se aproxima de Jun, coloca o braço em torno do pescoço de Jun, lhe dando um cascudo. — Há quanto tempo, Jun!
— Waaa! Manheee, o que o Fuuya tá fazendo aqui?
— Surpresa! — tia Kotori fala toda feliz. — Eu também fiquei assim, Jun. Mas não é ótimo os três irmãos se encontrarem?
Eu olho para o Setsuna que vem correndo ao ouvir do irmão mais velho. Pelo que entendi durante a conversa por aqui, o Setsuna brincava com o Kuro e a Aoi quando pequeno. Ele até chegou a conhecer a Momo, mas quase não se lembra.
— Setsuna! Olha como você cresceu! — Fuuya pega o menino facilmente no colo.
Depois de descer, Setsuna vem imediatamente em minha direção e se senta ao meu lado. O que aconteceu? Ele parece um pouco desconfortável com algo.
— Meguru-nii... — Ele puxa a minha manga e me faz chegar mais perto. — Eu... Preciso fazer xixi... — Ele está com uma mão no meio das pernas, tremendo.
— Espere um pouco, eu vou lá perguntar onde fica o banheiro.
Eu me levanto e vou até a Momo que está mais próxima de nós para perguntar. Ficou uma conversa bem centralizada no Fuuya e no Jun aqui.
— Vem, Setsuna. — Eu o chamo e ele se levanta devagar.
Andamos um pouco até o corredor que dá para o banheiro. Faltando mais de um metro para chegar, o Setsuna para de andar. Ele está inclinado, segurando seu membro por cima da calça.
— Mm...Meguru-nii... Vai sair... — Sua voz sai trêmula. — Mmm... — Parece que ele se molhou um pouco.
— Vamos, estamos quase lá, você consegue.
Eu o ajudo a chegar até o banheiro. Tenho que ficar junto com ele, já que mal está conseguindo se mover. É mesmo, ele tomou uma garrafa de suco de meio litro sozinho enquanto estávamos vindo para cá.
Chegamos ao banheiro a tempo. Ele dá um longo suspiro e eu percebo lágrimas no canto dos olhos dele.
— Por que não avisou antes? — Eu não entendo essas crianças.
— Eu ia falar quando chegássemos aqui, mas eu fiquei brincando e esqueci. Quando o Fuuya-nii me colocou no chão, eu fiquei super apertado.
Posso não gostar muito da personalidade do Setsuna, mas não sou mal. A final, ele é o irmãozinho do meu namorado. E no fundo, ele ainda é uma criança como qualquer outra.
— Olha só, a mancha na sua calça ainda pode ser escondida com um agasalho na cintura. — Arrumei o agasalho nele. — Eu vou falar com o Jun para irmos embora logo.
— N-não fala nada para o meu irmão sobre isso, por favor! — Setsuna agarra o meu braço.
— Ok. Pode ficar tranquilo
Eu saio do banheiro e volto para a sala junto com o Setsuna. Ele ainda está um pouco inseguro e triste. Não posso fazer nada além de segurar a mão dele.
— Megu! — Jun pula em mim quando me vê. — Ainda bem, achei que vocês tinham ido embora sem mim!
— Jun... — Eu o puxo para baixo e falo baixo. — O Setsuna não está se sentindo muito bem, é melhor irmos embora.
Ele balança a cabeça e vai falar com a tia Kotori. Nós três nos despedimos de todos.
— Espera! Nós podemos ir junto? Quero mostrar minha antiga casa ao Midorin. — Fuuya fala, largando a gatinha preta que estava em seu colo.
Que jeito fofo dele chamar a Midori, é uma pena que Megurin não fica legal. Mas o Jun me chamando de Megu já é fofo, ainda mais quando ele fala "Meguuuu".
Jun suspira. — Você sabe que o seu quarto agora é um escritório, né?
— Eu não ligo, só quero passar mais tempo com os meus irmãos queridos.
Dito isso, saímos de lá e voltamos para casa. Nossa, nem um ano de namoro e já estou chamando a casa do Jun de minha. Nós não demos as mãos nenhuma vez durante o trajeto. Jun tem um pouco de medo da reação do irmão. Mas eu acho que o Fuuya-nii percebeu que estamos agindo estranho.
Chegando à casa, Setsuna correu para cima para tirar a calça molhada e tomar banho. Enquanto isso, nós quatro fomos para a sala.
— ...Então... Há quanto tempo vocês estão namorando? — Jun pergunta ao irmão mais velho enquanto vai fazer um chá para todos nós.
— Um ano e oito meses. E vocês dois? Também namoram, né?
— Onze... Ahn? Você não acharia estranho se eu dissesse que sim? — Jun está meio confuso mas já respondeu automaticamente.
— Por que? Eu também namoro um garoto mais novo, então tão tem problema.
— G-garoto?! — Eu e o Jun falamos ao mesmo tempo.
Nesse momento, o Fuuya levanta o vestido do namorado e deixa à mostra a calcinha que mal cobria seu pênis. Midori abaixa o vestido novamente, bravo e totalmente corado.
— Fuuya!
— Não tem do que ter vergonha, seu corpo é lindo. — Fuuya dá um beijo na testa do mais novo.
— Crossdressers são incríveis... — Jun parece viajar em seus pensamentos. — Como será que você fica com um vestido, Megu?
— Nem vem!
— Sabe, Jun. Eu tenho uma fetiche de querer transar com o Midorin quando ele está com roupas femininas.
— Não que eu seja um crossdresser por vontade própria, mas acabei me acostumando. — Midori ressalta. — Ngh... Para com isso!
A mão do Fuuya está por baixo do vestido do Midori. — Mas agora você gosta de se vestir assim, não gosta?
— Mandei parar, demônio! Não acredito que veio aqui só para isso! — Midori tenta resistir aos beijos do mais velho.
— Ah, mas nós quase não temos um tempo assim quando estamos na sua casa. — Fuuya lança um olhar malicioso para nós. — E tenho certeza que isso vai deixar o meu irmão com vontade de fazer coisas com o Meguru-chan também.
O Jun chega mais perto de mim, o que me deixa um pouco nervoso. Ele me envolve em seus braços e começa a beijar minha nuca. Eu estou com medo do que estes irmãos estão tramando.
— É-é, o Setsuna pode descer a qualquer hora, não vai ser legal se...
— Não seja bobo, acabei de escutar o chuveiro ligar.
Eu sabia que o Jun tem uma boa audição, mas não queria que ela funcionasse agora. Acho que isso não vai acabar bem para mim e nem para o Midori.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.