História Projeto número quatro - Lethal Weapon

A proposta original nunca foi essa. Eles nos mudaram, eles judiaram de nós, eles nos fizeram aprender que mesmo quem parece querer te ajudar, pode ser traiçoeiro. Com treze anos fomos internadas em um sanatório, eles disseram pra mim que iriam tratar da nossa timidez, eles disseram que iriam cuidar de nós, eles fizeram de nós dois monstros. Fizeram experimentos em nós. Nossa dose diária de remédio na verdade era uma droga, eles queriam fazer de nós uma máquina mortífera.

Eu, Lee Chae Eun, uma criança inocente, um neném com uma grande mente. Meus pensamentos doces como o açúcar, delicada como a pétala de uma rosa, grande coração, pequeno aceitamento diante de uma sociedade que apenas sabe julgar. Ela, Kim Jeong Yeon, - eu nunca entendi direito o motivo de Jeongyeon se isolar de todos, talvez pelo mesmo motivo que eu - seus gestos singelos, como contemplar as estrelas na solidão da montanha, preocupada com as coisas a sua volta, parada quanto a ação, rápida quanto ao pensamento. Vidas complexas, destinos entrelaçados, corações distantes, passado difícil, futuro indistinto. 

Talvez se eu não tivesse sido tão boba.

Tão burra.

Tão eu.

Culpa, eu sinto culpa, eu me sinto culpada. 

Falta, eu sinto falta, eu sinto falta dela.

Coisas boas se vão, em sequência, com frequência.

Não foi só ideia minha a de fugir daquele sanatório, ela também quis, ela tem metade da culpa também, certo? Armamos o plano perfeito, mas no meio de caminho ela foi consumida, consumida por aquilo que nós tanto abominamos, consumida pelo medo. Medo de seguir em frente, medo de tomar qualquer decisão, mesmo que essa já tenha sido tomada. Ela sentiu medo, ela sumiu, eu fui levada, em meio a fúria, em meio a gritos e lágrimas, talvez eu tenha chorado por Jeongyeon tivesse partido sem dizer um adeus, talvez por ela ter se portado por uma traidora, ou talvez fosse pelo momento, por eu estar sendo levada pra um lugar que eu não conhecia. Eu fui dopada, quando acordei, eu já não conseguia descobrir onde estava, meu coração palpitava, meus batimentos cardíacos estavam a mil. Eu sofri, senti dor, as doses foram aumentadas, a dor me ensinou a ser mais fortes. Por todos os testes remotos que eu sofri, a cada tapa que eu levava, a cada chute, cada soco, por todas as vezes que abusaram de mim, eu estou aqui hoje pra dizer:

Eu vou encontra-la de novo.