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História Proklyataya (HIATUS) - Prólogo: Appa...


Escrita por: Kirsche_

Notas do Autor


✨ ADIVINHA QUEM DISSE QUE NÃO IA AGUENTAR FICAR SEM POSTAR YAOI E FINALMENTE CUMPRIU A PALAVRA ✨

AEEEEEEEWWWW
SEGUINTE
XÔ EXPLICAR UMAS COISAS

Primeiramente eu queria indicar o livro que eu tirei como base, esse autor é um dos meus favoritos no gênero terror/suspense, ele chega até a ser chamado de O Stephen King Brasileiro então né
Responsa
VALEU OSASCO POR N MATAR ELE ANTES DELE PUBLICAR OS LIVROS, É NOIS (sim ele é de lá, inclusive tem coisa no livro que acontece lá, mto loko aueushue)

Mas assim
Se vc já leu
Calma
N é plágio, eu vou especificar as coisas que eu tirei do livro
✨ Background dos personagens
✨ Poderes
✨ Um pouquinho da motivação
E só
O plot, o final, as cenas
Tudo meu ok? Então não espere ver a mesma coisa dos livros blzinha? 💕

E vcs viram os shipps das tags?
Então
É pq n tem HSUEHSUEHSUSHEHEUSH calma eu explico
N tenho nenhum shipp CERTO, mas vai ter putaria sim pq eu sou 7291917% dessas™ 🌚 eu costumo desenvolver os casais ao longo da fic, como se eu fosse uma mera espectadora, então por enquanto SEI DE NADA

Mas chega de enrolação, vamo lá ler esse monte de palavras né 💙

Capítulo 1 - Prólogo: Appa...


.

Taehyung amava o mar. Toda a sua grandeza, as discrepâncias entre a raiva de uma maré e a calmaria do fundo do oceano o intrigavam. De tanta fixação com a água, com o tempo acabou trazendo seus amigos, Jimin e Kihyun para este lado da força, se assim puder dizer. O pai de Taehyung, ou somente Tae para os mais íntimos, era um empresário podre de rico do ramo imobiliário na Coreia do Sul, que nos últimos anos viu seu negócio expandir assustadoramente rápido para algumas cidades chinesas e o Japão, onde eles estavam agora curtindo as férias de verão, na casa de praia do senhor Kim, numa área particular da ilha de Tokashiki, em Okinawa.

Os três jovens adultos terminavam de trajar suas roupas de mergulho e agora iam em direção ao barco do pai de Tae, com seus galões de oxigênio e outros equipamentos. O mergulho recreativo era uma das atividades favoritas dos melhores amigos, que sempre que podiam vasculhavam as profundezas do mar coreano; e agora que estavam em uma área nova, a chama da curiosidade acendia com toda a força dentro dos garotos, que no momento davam a partida no pequeno iate rumo ao alto-mar, fugindo das águas rasas em que se encontravam.

— Caramba, olha essa água verdinha! — Park Jimin exclamou, debruçado no iate que já havia se desprendido da costa, sentindo a brisa refrescante que o mar lhe proporcionava.

— Sim, é tão lindo, né Jimin? — Kihyun se pronunciou, tomando o espaço ao lado do amigo. — Mal posso esperar pra ver lá embaixo. Os corais devem ser incríveis! — sorriu abertamente, animado. Alguns poucos minutos se passaram com Taehyung guiando o barco da família até parar em um ponto aleatório que mais lhe apeteceu, chamando os amigos para o ajudarem a soltar a âncora antes de colocarem os pés-de-pato e acoplarem o galão de oxigênio.

— Todo mundo pronto? — o mais alto perguntou, ajeitando seus óculos de mergulho e recebendo um “sim” quase gritado pelos amigos. Colocou a saída de ar do galão na boca e, sentado na proa do iate, de costas para o mar, foi o primeiro a saltar, jogando suas costas para trás, sendo logo seguido pelos outros dois.

Desceram o mais fundo que conseguiram, o que naquela região não era lá muita coisa, já que haviam muitas colinas submersas e imensas paredes de corais naquela região, porque não estavam tão longe assim da costa da ilha. Mas aquilo era simplesmente maravilhoso. Pouquíssima luz solar batia ali, mas com a tremenda força do astro-Rei naquela tarde de verão, se era possível enxergar algumas coisas sem o auxílio da lanterna à prova d’água que os garotos trouxeram. Mesmo assim Kihyun ligou a sua e começou a aponta-la para todos os cantos que achava, devagar, analisando cada detalhe ali. Não havia grandes peixes naquela área, mas os pequeninos eram graciosos, sempre muito coloridos, o que é de se esperar em uma região tão tropical e de mar tão calmo como ali.

Taehyung, sempre muito curioso, foi o primeiro a dar mais impulso no nado, se distanciando de seus amigos, coisa corriqueira para eles. Foi analisando os recifes coloridos, passou a mão coberta com o tecido nas conchas de variados tamanhos, e se sentiu tentado a levar algumas para casa, a fim de aumentar a sua coleção. Talvez mais tarde.

Se deu conta de que estava indo para uma área mais funda quando a luz natural foi ficando ainda mais escassa, o obrigando a também ligar sua lanterna e continuar sua expedição. Era engraçado, sempre que o castanho adentrava em ambientes assim, sentia um arrepio percorrer sua espinha dorsal, como num alarme de perigo, embora sua personalidade desbravadora sempre ignorasse os avisos corporais de que aquilo não era uma boa ideia. E naquele momento não foi diferente, mas ele podia jurar que quase parou por alguns instantes quando seu sistema nervoso central lhe deu um leve choque, arrepiando sua pele por baixo do tecido emborrachado. Respirou não muito fundo pela boca, para não gastar mais oxigênio que o necessário, e tomou mais um impulso, bem pequeno, indo mais a frente e ao fundo do oceano. Engoliu um grito de susto ao ser “atropelado” por um cardume de peixinhos amarelados fofos, que fugiam assustados de o que quer que fosse que estava por ali. Talvez um peixe maior, carnívoro. Ou só eram umas gracinhas medrosas mesmo.

Virou-se pra trás, acompanhando com a lanterna o caminho apressado dos peixinhos, vendo seus amigos logo atrás, num ritmo mais acelerado, indo de encontro a ele. Kihyun parecia meio disperso, olhando para o alto, na ponta de uma rocha que tinha a altura de Tae. Com aquela escuridão quebrada apenas com o facho deluz das três lanternas e a água agora mais densa do oceano, não se podia ver as coisas com clareza, mas Jimin podia jurar que os olhos de Kihyun estavam arregalados atrás dos óculos de mergulho. O ruivo direcionou a lanterna para o mesmo lugar que o mais velho e olhou para lá, ficando tão estarrecido quanto. Cutucou o ombro de Taehyung, logo apontado para o que via, atraindo a atenção do castanho que ao olhar para a área iluminada completou o trio de faces espantadas.

O que os chamou tanto a atenção era uma escultura de cabeça de dragão despontando pela rocha que escondia toda a sua extensão. A animação dos garotos era gigante, nos mares da Coreia não conseguiam achar muita coisa diferente, mas ali o destino os brindara com aquele presente: um belo artefato para uma investigação.

Nadaram rápido, contornando a rocha, e sentiram aquele arrepio característico, porém infinitas vezes maior que o rotineiro. Aquilo não era só uma estátua antiga de dragão. Era um navio naufragado, uma porra de um navio!

Era tudo muito fascinante, mas também assustador. A água mais escura do fundo do mar, com aquela figura ali deixava o clima parecido com o de algum filme de terror, a sensação de perigo era quase palpável. Taehyung, mesmo tremendo em ansiedade, foi o primeiro a chegar mais perto da embarcação apodrecida, vendo que além de não existir mais o fundo do barco, provavelmente a madeira fora quase toda corroída pelo tempo, viu que um pouco acima, quase no casco de metal, havia um buraco, grande o suficiente para que um deles se esgueirasse. E foi o que o castanho tentou fazer vagarosamente, tomando o máximo de cuidado possível, tendo seus amigos o assistindo apreensivos, iluminando o local como podiam. Tocou na madeira envelhecida e forçou um pouquinho, ouvindo um ranger alto demais, o que assustou não só os três amigos, como centenas de peixes que provavelmente moravam ali, fazendo os animais saírem da proteção o mais rápido que conseguiam, esbarrando diversas vezes nos rostos dos humanos.

Quando tudo pareceu se acalmar, Tae voltou a encostar no navio, forçando ainda mais a madeira, que reclamou num ranger mais alto que o primeiro, já que o mar produzia uma acústica estranha e amedrontadora, potencializando aquele som. Jimin foi até o amigo e lhe tocou o ombro delicadamente, chamando sua atenção. Meneou a cabeça negativamente, esperando que o amigo entendesse seu recado mudo. Aquilo ali era perigoso demais, se Taehyung forçasse mais, a madeira poderia ceder, e aquele casco imenso de metal cairia certeiramente sobre o maior. Kihyun veio logo atrás, e com sua lanterna jogou o facho de luz para dentro do que um dia fora uma embarcação imponente, vendo as algas encrustadas na madeira, alguns baús de ferro, além de uma caixa do que aparentava ser do mesmo material, parecida com uma geladeira larga. Afastou os amigos e esticou a cabeça para dentro, quebrando o breu com a iluminação artificial, olhando melhor aqueles artefatos. Chamou Jimin e Tae para verem também, e quando os garotos perceberam que aquelas coisas poderiam ser valiosas, tomaram uma decisão silenciosa e em conjunto de voltarem para a superfície. O oxigênio aguentaria mais algumas horas, mas não o suficiente. Eles precisariam voltar ali outra hora, com os equipamentos necessários para a retirada daqueles itens.

— Caralho, o que foi isso? Que incrível! — Tae exclamara assim que voltaram para o iate, tirando o galão de oxigênio de si, junto com os óculos e os pés-de-pato.

— Eu nunca imaginei que pudesse ter um navio lá embaixo! Meu deus! — Kihyun disse animado. — O que será que tem dentro daqueles baús? E aquela caixa enorme?

— Provavelmente algum tesouro, né? — Jimin hesitou ao perguntar, abrindo o zíper de seu macacão emborrachado, ficando somente com uma sunga, sendo acompanhado pelos outros dois.

— Espero que sim. Ou pode ser alguma outra coisa histórica, tipo uma estátua importante, ou até comida!

— Ai, Tae. Comida não! Imagina ter que tirar aqueles baús de lá pra ver um monte de pão mofado? Que decepção! — Kihyun ralhou com o mais alto, fazendo todos rirem.

— Bom, mas como a gente vai tirar aquilo dali em primeiro lugar?

— Fácil fácil, Jimin. — o castanho disse, orgulhoso. — eu peço pro meu pai.

— E como diabos seu pai vai tirar as coisas de lá, posso saber?

— Ué, ele tem contatos. Ele pode contratar um desses guindastes pra pegar até o barco junto se quiser. — respondeu simplista. Aquilo não aprecia tão impossível, já que o senhor Kim fazia tudo que seu filho único pedia, com aqueles olhinhos fofos e a cara de criança, apesar de já ser um homem feito de 21 anos no primeiro semestre da faculdade de Administração que fora forçado a se matricular com seus dois amigos para que eles tivessem capacidade de continuar com os negócios de suas respectivas famílias no futuro. — Qualquer coisa a gente destrói o barco mesmo, não vai servir pra mais nada, ele já tá pela metade de qualquer jeito. Aí só precisa de uns caras pra pegarem as caixas.

— Hmm, não sei se é uma boa destruir um navio só pra pegar o que tem dentro. — Kihyun comentou meio baixo, se sentando perto do castanho que após levantar a âncora do iate, rumava de volta para a costa da ilha privada. — Afinal de contas, é um artefato histórico, algum museu ou faculdade pode querer estudar.

— Nah, o navio tá danificado demais pra servir de estudo. Se a gente tentar içar pode até terminar de destruir ele, hyung. — o ruivo disse antes tomar um gole de um suco que pegara no frigobar do iate.

— Eu poderia falar com o Shownu, ele é do curso de História, talvez ele pudesse ajudar. 

— Ah, Kihyunnie, conta outra, vai! Você só quer um pretexto pra trazer ele pra essa ilha paradisíaca que eu sei!

— Não tem nada a ver, Tae! A gente não tem nada um com o outro...

— Ainda, né? Porque você tá doidinho pra chamar ele pra sair. — o castanho riu, sem tirar os olhos do leme.

— Isso é uma grande mentira! Ele nem aceitaria de qualquer maneira... — murmurou a última frase, quase corando pelo constrangimento que os amigos o estavam fazendo passar. As zombarias pela paixonite de Kihyun continuaram até o pequeno iate chegar perto da costa, fazendo os garotos desligarem a embarcação e descerem, caminhando pela areia fofinha até chegarem na grande mansão de verão da família Kim.

Appa... Chegamos! — Tae exclamou ao entrar na casa, ouvindo sua voz ecoar pelo grande espaço da sala de visitas.

— Senhor Kim, voltou cedo... — uma das empregadas apareceu, vindo da cozinha. Ela limpava as mãos numa toalhinha felpuda que estava presa em seu avental, provavelmente cozinhava algo quando o castanho chegou. — Seu pai está em seu escritório, mas pediu para não ser incomodado antes do almoço.

— Acho que pro filho preferido ele abre uma exceção, não é? — sorriu de um jeito infantil, o que contrastava com sua voz grossa, o deixando incrivelmente fofo. A mulher de aproximadamente 40 anos riu, encolhendo os ombros.

— Acho que sim, senhor Kim. Eu vou terminar o almoço, vocês devem estar com fome. Com licença. — fez uma pequena reverência e voltou para o cômodo, deixando os três jovens apenas de roupas de banho na sala. Concordaram em irem cada um para seu quarto tomar um breve banho primeiro, trocando de roupas antes de importunar o pai de Taehyung.

O castanho entrou no escritório primeiro, de mansinho, analisando o território em busca de algum sinal de hostilidade do mais velho, que sempre muito impulsivo, acabava rasgando um livro ou outro quando ficava com raiva de alguma coisa. Ótimo, tudo arrumado. Hora do ataque, ele pensou ao chamar silenciosamente os dois amigos, que já preparavam suas melhores caras de bebês pidões para falar com o homem que acompanhou o crescimento de todos ali, por conta da grande amizade entre as três famílias.

Appa, tá ocupado? — Tae perguntou baixinho, passando a mão pela madeira maciça da escrivaninha onde estavam depositados vários livros abertos, além do MacBook ligado, com seu monitor tampando o rosto do mais velho, impossibilitando o castanho de ver o sorriso de seu pai se formando ao ouvir sua voz.

— Pra você, nunca. O que foi? — esticou a cabeça pro lado, olhando para o filho e vendo de soslaio os outros dois garotos, apreensivos com alguma coisa. — O que vocês querem dessa vez, hein? — riu.

— A gente queria te contar uma coisa muito legal! Sabe, hoje quando fomos mergulhar, o Kihyunnie achou um navio! Dá pra acreditar?

— Navio? Atracado aqui? Onde? — se virou rapidamente, girando as rodinhas da confortável cadeira e mirando a janela do cômodo, repuxando o tecido da cortina para ver a paisagem lá fora, porém não viu nada fora do normal.

— Não, appa. Lá embaixo, naufragado!

— Sério? Mas esse mar é tão rochoso, me impressiona algum navio ter chegado por aqui...

— Isso não importa agora. — abanou as mãos, excluindo essas divagações de sua mente, deixando espaço apenas para seu objetivo. — O que importa é que lá dentro tem umas caixas de ferro, e... Bem... — começou a vacilar propositalmente, para chamar a atenção e seu pai.

— “Bem” o quê? O que vocês querem aprontar agora?

— Não vamos aprontar nada, tio. — Jimin se pronunciou, inflando suas bochechas gordinhas fingindo indignação, de uma maneira fofa, e claramente proposital. Fofura sempre foi o ponto fraco do senhor Kim. — A gente só... Queria tirar as caixas de lá pra ver o que tem dentro. — deu de ombros.

— É, podem ter estátuas, ou até ouro! Aquilo não pode ficar lá embaixo d’água pra sempre! — Kihyun falou, animado.

— Hmm... — murmurou, tentando esconder seu crescente interesse nas tais caixas que os meninos mencionaram. — E onde eu entro nessa história?

— Então... A gente precisa tirar as caixas de lá, mas o barco tá em cima, e periga desabar. Além de que elas parecem ser bem pesadas. — Taehyung explicou, indo para mais perto do pai e começando a lhe massagear os ombros tensos. — Será que não tem como o senhor dar um jeitinho e fazer alguém tirar elas de lá?

— Eu? Mas o que eu poderia fazer?

— Contrata aqueles guinchos pra puxar o casco de ferro, e aí uns caras vão lá e tiram as caixas, ou algo do tipo.

— Sério que vocês vão me fazer gastar dinheiro com isso? — o mais velho alternou seu olhar entre os três garotos, que aprimoraram como podiam suas caras fofas, já prevendo uma resposta negativa do Kim e pensando como mais poderiam argumentar a respeito.

Appa... — Taehyung choramingou, se ajoelhando em frente ao patriarca.

 

 

(...)

 

 

22 dias. Foi o tempo necessário para que o senhor Kim conseguisse todos os recursos necessários pra içar aquelas malditas caixas de ferro do mar. 22 dias de muitas ligações, visitas de empresas parceiras e tudo o mais, sempre de modo particular, para que o governo japonês não interferisse em seus objetivos com aquela palhaçada de impostos e “propriedade governamental”. Aquela parte da praia era privada e lhe pertencia, já que havia pago por ela, então a parte do mar também era sua e ele faria o que bem entendesse. O homem até chegou a mergulhar nas águas calmas da ilha pra ver se a descoberta dos jovens era verdadeira mesmo, levando consigo alguns mergulhadores profissionais que confirmaram o que seu filho entusiasta disse junto de seus amigos: aquela embarcação estava impedindo o serviço de retirada e provavelmente cederia caso fosse forçada demais. Então decidiu investir na empreitada dos moleques, gastando seu suado dinheirinho para contratar uma empresa especializada em “guinchos marítimos”, ou qualquer que fosse o ramo dessas pessoas. O importante era tirar aquele maldito casco de metal e trazer as caixas até a superfície.

Acabou pagando para montarem também um laboratório improvisado na grandiosa garagem da mansão, que recebeu um revestimento numa lona branca e algumas mesas para estudar melhor os artefatos que encontrariam, além de câmeras de segurança e um ar-condicionado potente, pois, se no verão já era quente, imagine quando você está em um lugar fechado e com um revestimento plástico. Aquilo viraria uma sauna em minutos, e se dentro das caixas contiver algo orgânico, seria uma burrice mantê-lo no calor, o que só propagaria os fungos e bactérias. Já dentro da casa, na sala de estar, ficaram as TVs para se monitorarem as câmeras de longe, junto com alguns notebooks, montando assim uma espécie de QG em sua casa de verão. Era bom aqueles pertences valerem seu dinheiro e esforços gastos.

A pedido de Kihyun, o senhor Kim chamou a ajuda dos alunos do departamento de História da faculdade de Seul, para explicarem melhor do que se tratariam os pertences achados. Pagou a passagem de avião para dois cursandos, amigos de seus meninos, Son Hyun Woo, que era comumente chamado de Shownu pelos garotos, e Lee Minhyuk, um garoto de cabelos platinados que vivia sorrindo. Eram dois rapazes bem simpáticos, que estavam mais que animados com a experiência mais do que bem vinda, afinal, ajudar em uma extração de um artefato histórico contaria pontos em seus currículos na hora de conseguir um emprego.

Jimin, Kihyun e Taehyung ajudaram o mais velho com algumas coisas, os três também estavam animados e nem se importaram em perder quase todas as férias de verão dentro de casa, já que não podiam ir nadar sempre porque o mar daquela área privada da mansão estava ocupado demais com os mergulhadores profissionais e suas máquinas, tirando fotos, medindo o tamanho do casco e testando maneiras de içar a embarcação meio capenga.

Havia chego o grande dia. A máquina, uma espécie de guincho acoplado em um barco robusto, já estava em alto-mar, tendo alguns homens checando os cabos de aço necessários para puxarem o casco de ferro antes de mergulharem com eles. Senhor Kim, junto com seu filho e os outros quatro jovens estavam em terra firme, assistindo tudo com a euforia e ansiedade tomando conta de suas veias. Depois de mais ou menos meia hora sem muitas notícias dos mergulhadores, eles aparecem na superfície e retornam ao barco, fazendo o sinal de “joinha”, indicando que conseguiram, sabe Deus de que forma, amarrar o casco com as cordas de aço. O operador do “guincho” esperou alguns instantes antes de ligar a máquina e começar a içar a embarcação naufragada. Pareciam aqueles momentos tenebrosos de pesca de baleias, onde uma quantidade imensa de água jorrava assim que o animal era levantado, a diferença era que não havia nenhuma vida inocente sendo massacrada ali, era apenas um barco velho, o que deixavam todos extremamente felizes. De uma maneira mais que impressionante, boa parte da madeira do navio ainda estava grudada do casco de ferro, incluindo a cabeça de dragão, deixando apenas algumas tábuas se desprenderem e caírem de volta no mar, mas que ainda assim facilitava ainda mais o trabalho dos homens contratados para retirarem as caixas do fundo d’água.

Tudo acontecia muito devagar, a embarcação era antiga demais, e qualquer movimento brusco da máquina poderia fazer com que o casco se desprendesse de alguma forma e causasse um desastre para os recifes de corais que existiam ali.

— Uau, um Navio Tartaruga! — Shownu exclamou boquiaberto com a carcaça que via sendo tirada da água.

— Um o quê? — Jimin perguntou.

— Navio Tartaruga. Um dos maiores símbolos da imponência coreana nas guerras! Vai dizer que nunca viu um? Tem até uma réplica no museu!

— Claro que vi! — mentiu, não fazia ideia do que o mais alto estava falando, mas não daria o braço a torcer. História nunca fora sua matéria favorita, então aquilo quase nunca o interessava. Até agora. — Eu só... Não lembrava o nome. Mas refresque a minha memória, hyung, por favor. — pediu com um tom de superioridade falso, como se estivesse realmente dando uma ordem ao amigo, que riu com a fala meio arcaica do ruivo.

— Esse navio foi desenhado pra ser indestrutível! O casco é de ferro com lanças pontiagudas, como dá pra ver ali, pra que quem tentasse atacar o navio vindo de cima, morresse empalado. A parte lateral interna também é revestida com metal pra evitar que os canhões inimigos furassem a madeira, que tinha alguns buracos só pra acoplarem os canhões pra que quem estivesse dentro também atacasse de volta. A cabeça de dragão também é muito importante, porque além de assustar os inimigos, elas normalmente têm um buraco onde os soldados costumavam colocar um gás tóxico, composto de uma mistura de Enxofre e Salitre, que formava uma fumaça muito densa e impedia que os barcos vissem um palmo sequer na frente. Além de que dava pra colocar mais um canhão ali, pra ser mais ameaçador ainda.

— Meu Deus do céu... — Jimin murmurou boquiaberto. Como era possível que a mente humana criasse algo do tipo?

— Kihyunnie, para de babar no Shownu, senão a gente se afoga aqui em terra mesmo! — Taehyung sussurrou para o amigo, que estava sentado na areia fofa da praia, admirando a inteligência do garoto três anos mais velho. Despertou do transe e sacudiu a cabeça levemente, tentando não chamar a atenção do maior, que estava ao seu lado explicando mais sobre o navio para Jimin.

— ... Isso significa que o navio deve datar no mínimo do século 15. — Minhyuk comentou, também maravilhado com o que via, a embarcação aos pedaços sendo levada até a costa da ilha lentamente pelo barco. Era lindo demais pra ser verdade.

— Provavelmente. Ele parece bem simples, os últimos registrados no século 18 tinham mais apelos estéticos, pouca coisa, mas já servem pra diferenciar as épocas. — o moreno disse enquanto tirava algumas fotos da embarcação com seu celular. Longos minutos depois o navio já estava na areia fofa da praia, sendo desatado dos nós feitos pelos cabos e aço, que já eram arrumados pelos homens para serem reutilizados para retirarem as caixas de metal, já que provavelmente elas eram bem pesadas.

Essa etapa foi incrivelmente mais fácil, porque os baús menores conseguiam ser levados até a superfície pelos próprios homens, deixando o trabalho com os cabos apenas para a grande “geladeira” de ferro. Tudo o que era retirado do mar era posto no barco maior a fim de levarem tudo de uma única vez para o "laboratório" na mansão, onde outros homens contratados estavam esperando com serras elétricas e outros apetrechos que pudessem ser úteis na hora de abrir os baús e a grande caixa, que após mais 20 minutos começava a ser içada para fora d'água pelo "guincho". Os olhos atentos dos garotos e também do senhor Kim tentavam capturar cada detalhe daquele momento, assim como as lentes de suas câmeras, que alternavam entre gravar e fotografar os instantes. Assim que a caixa fora completamente retirada do mar, o barco da empresa contratada começava a retornar para a costa, onde todos estavam ansiosos à sua espera.

 

 

(...)

 

 

Chegara a hora de descobrir o que havia dentro das misteriosas caixas de ferro. Shownu e Minhyuk foram os primeiros a entrarem no laboratório, acompanhando os empregados do Kim, que depositavam os baús menores em uma mesa, enquanto a grande caixa fora deixada com cuidado sobre o chão. Com suas câmeras potentes dos celulares de última geração, os estudantes de História gravavam cada detalhe da experiência, focando nos baús entalhados com gravuras antigas, além da "geladeira", que estranhamente continha uma mensagem escrita em seu topo.

— Espera aí, hyung. — Minhyuk falou, tirando o amigo da frente do foco de sua câmera. — Me deixa ver... — se aproximou da caixa, agachando para poder ler melhor as inscrições. — Espelho... In... Inferno? Não, Inverno. Ok. "Espelho. Inverno. Gentil. Acordador. Lobo. Tempestade. Sétimo. Estes demônios foram presos, julgados e condenados à morte por práticas satânicas, malignas e nefastas. Seus poderes vão além da compreensão do nosso povo, pois a graça divina jamais conceberia tamanhas aberrações. Jamais abram este caixão, e que Deus tenha piedade de vossas almas caso isto aconteça."

— Que macabro. Tem pessoas aí dentro?

— Espero que não, mas acho que sim. — riu sem humor, checando se a câmera focara direito na frase gravada no metal. Passou a mão no caixão frio e deu algumas batidinhas, sentindo a densidade do material. — Será que isso é prata?

— Bem possível, agora acho que todos os baús são de prata também.

— Baús de prata? — Taehyung perguntou quando entrou no laboratório com uma câmera semiprofissional que pegou sem eu quarto, já começando mais uma gravação ali, junto com Jimin e Kihyun que estavam em seu encalço.

— Sim. Lê isso aqui. — Minhyuk deu espaço para que os três mais novos chegassem mais perto do caixão, onde puderam ler a mensagem talhada.

— Meu Deus, que horror... — Jimin murmurou estupefato. — Eles trancaram essas pessoas pra morrerem sufocadas, que doentio.

— Espera aí. Práticas satânicas? Deus? O deus cristão? — Kihyun estranhou. — Vocês não tinham dito que o navio parecia ser do século 15? O cristianismo já estava na Coreia nessa época?

— Também não entendi muito essa parte, mas é provável. Por mais que não fizéssemos parte da Rota da Seda a Coreia recebia muitos ocidentais que compravam comidas e animais exóticos, e o Império Romano era um dos nossos maiores clientes. Foi lá que nasceu o cristianismo como religião oficial, então eles podem ter influenciado muita gente com a história do messias e tudo o mais. — Shownu deu de ombros.

— Além de que não tem nada aqui, nem no caixão e nem nos baús, que indique que isso foi feito pelos imperadores coreanos. Não tem nenhum brasão oficial, nenhuma menção a ninguém. Quem sabe isso não pode ter sido feito por algum tipo de seita cristã não-oficial? — Minhyuk sugeriu.

— Bem pensado, Hyuk. Tae, já que sua câmera é melhor, tira algumas fotos dos baús e do caixão pra gente, por favor?

— Claro, Shownu. — o castanho assentiu, já indo em direção às mesas e batendo algumas fotos, focando nos detalhes dos baús, os dois amigos precisariam delas pra mostrar pra universidade depois. — Acho que agora eles já podem abrir as caixas, né? — perguntou animado ao terminar de fotografar cada centímetro do tenebroso caixão.

— Como está indo tudo, meninos? Já descobriram o que é? — o pai de Taehyung perguntou ao entrar em sua garagem equipada enquanto comia uma maçã.

— Provavelmente são corpos nesse caixão de prata, e quanto aos baús a gente ainda não faz ideia. — o platinado disse.

— Corpos? Que horror! — fez uma expressão desgostosa. — Bom, o que estão esperando? Abram os baús! — disse para os empregados que aguardavam no canto do “laboratório”.

— Senhor, eu devo pedir para que aguardem na sala, vamos precisar serrar a prata e as faíscas vão machucar seus olhos. — um dos homens disse educadamente para o Kim mais velho.

— Ah sim, então a gente acompanha tudo pelas câmeras. Venham. — chamou os mais novos que assentiram um pouquinho desanimados, queriam ver todo o processo de pertinho. Sentaram no sofá espaçoso e miraram os monitores dos notebooks postos na mesa de centro da casa, acompanhando a abertura dos baús.

Aquela parte foi até que rápida, apesar da ansiedade dos garotos. O senhor Kim assistia a tudo meio entediado, acabou fazendo aquilo pelos caprichos de seu filho único e sua curiosidade ia morrendo aos pouquinhos, já não era mais tão jovem pra ter toda aquela euforia dos outros cinco, só queria que seu dinheiro gasto valesse a pena, pelo menos para a diversão dos mais novos, o que parecia estar acontecendo. Foi interrompido de suas divagações quando seu celular tocou, bem na hora em que os homens começavam a serrar a tampa do grande caixão de prata.

— Com licença, meninos. — se levantou e foi até a entrada da mansão, ficando por lá por alguns minutos, que passaram completamente despercebidos pelos mais novos, vidrados nas telas dos notebooks.

— Meu Deus, são cadáveres mesmo! — Kihyun exclamou, colocando a mão na boca, como se aquilo escondesse todo o seu horror. — Como tiveram coragem? Que horrível!

— TaeTae, liga o ar condicionado de lá, o cheiro deve estar nojento! — o ruivo pediu para o amigo, que alcançou o controle do ar e o ligou, apontando para o receptor que seu pai havia instalado ali mesmo na sala, facilitando sua vida. Ouviu o barulhinho do motor sendo iniciado e soltou o controle no sofá, assim que seu pai abriu a porta de entrada.

— Filho, vou ter que sair.

— Ué, mas pra onde? Não vai ver o que a gente achou?

— Não posso, me ligaram de Estocolmo, recebi uma proposta de abrir uma filial europeia e tenho que elaborar um monte de projetos, tô voltando pra Coreia agora mesmo. — revelou, vendo a carinha triste de seu bebê. Aquilo lhe partia o coração, mas era necessário. — Me desculpe.

— Tá tudo bem, é seu trabalho, não é? Eu te mando as fotos, pode ser?

— Claro, vou adorar! — sorriu. — Ah! Não precisam se preocupar que eu mando alguém desmontar essas coisas todas. Vou deixar a balsa aqui na ilha à disposição e vocês, e é só avisar quando estiverem chegando em Okinawa que eu mando o jatinho ir buscar vocês, ok?

— Tá certo, appa. Boa viagem. — se levantou do sofá para abraçar o mais velho.

— Obrigado. — retribuiu o carinho do filho. — Tchau garotos, comportem-se!

— Tchau, senhor Kim! — responderam em uníssono, voltando a prestar atenção nas telas assim que o mais velho saiu pela porta.

 

 

(...)

 

 

— Wow, olha isso! — Shownu exclamou ao tocar em uma estátua, com suas mãos protegidas por luvas de látex. Todas as caixas já haviam sido abertas, e os empregados já tinham ido embora do local, deixando apenas os cinco estudantes naquele laboratório. — Parece algum santo!

— Verdade! Olha isso aqui! — Minhyuk disse, puxando alguma coisa de outro baú. — Tem uma cruz e um medalhão! Eles são russos, não são?

— Parecem muito. A feição da estátua parece a de um europeu, além desses itens. Isso não é coreano nem fodendo!

— Shownu-hyung... — Kihyun murmurou, chegando cada vez mais perto do moreno que ainda analisava os itens do baú com devoção. — Eu tô com medo...

— Medo de quê? — desviou sua atenção para o garoto de fios amendoados, seus olhinhos arregalados, a boca meio seca e as mãos nervosas, entrelaçando e desentrelaçando seus próprios dedos. Tão fofo.

— Tem cadáveres ressecados ali! Isso não te assusta?

— Ah, Kihyunnie... — disse, fazendo o menor se arrepiar ao ouvir o jeito carinhoso de seu nome sendo proferido pelo mais velho. — Eles estão mortos, não vão fazer nada!

— Sabe o que é estranho, gente? — Taehyung comentou, atraindo a atenção de todos ali. — Eles estão secos, como se estivessem sido sugados a vácuo, mas a pele parece intacta. Não deveria ser um amontoado de esqueletos, pelo tanto de tempo que passaram aqui? — perguntou, chegando cada vez mais perto do caixão. Era meio alto, batendo quase em seu joelho, e havia três corpos no topo, provavelmente os outros quatro estavam deitados embaixo, todos nus. — Até as roupas deles já se corroeram! E eles não têm cheiro ruim nenhum.

— Isso é verdade. — Jimin comentou, tendo coragem de chegar mais perto ao ver o amigo ali também. — Qual deles deve ser o Gentil? E o Lobo?

— Verdade, vamos ver... — Tae começou a pensar, animado com o joguinho de adivinhação proposto pelo ruivo. — Esse mais alto aqui, acho que ele é o Lobo! Lobos são grandes, ele também é. Acho que por isso as pessoas da época prenderam ele, acharam que era um lobisomem! — riu alto da constatação completamente infundada, tendo Jimin rindo junto de si, enquanto Kihyun continuava quase abraçado a Shownu, agora se concentrando junto com os mais velhos nos artefatos dos baús.

Jimin, agora mais relaxado, rodeava o caixão tentando ver como eram os cadáveres que estavam embaixo, pra tentar descobrir seus nomes, porém acabou tropeçando nos próprios pés, e para não cair de cara no chão, apoiou a mão no caixão de prata serrado, que com o impulso, fez com que uma das pontinhas do metal cortado machucasse a palma de sua mão, fazendo o sangue verter timidamente pelo corte.

— Ai...! — o ruivo exclamou baixinho ao olhar para sua mão, a abrindo e fechando, fazendo o sangue escorrer em maior quantidade, agora pingando no metal.

— Jimin, o que aconteceu? — Taehyung correu até o amigo, vendo o estrago que o caixão fizera na pele fininha do ruivo. — Caramba, o corte foi feio... Shownu-hyung! — chamou o mais velho do grupo, na esperança que ele ajudasse.

— Que foi, TaeTae? — olhou contrariado para o castanho, percebendo Jimin ao seu lado, meio choroso pela dor, com a mão direita tingida em vermelho-escarlate. — Meu Deus, o que aconteceu? — correu até o baixinho, largando seus novos objetos de estudo na mesa, sendo acompanhado por Kihyun e Minhyuk.

— Eu me cortei ali, foi sem querer, hyung... — choramingou, com um pouco de medo de levar uma bronca do mais velho por ter sujado o caixão com seu sangue, que agora tinha um grosso filete escorrendo para dentro.

— Tá tudo bem, Jiminnie. Vem, vamos ver se tem alguma coisa pra cuidar disso no banheiro. — exclamou, puxando o menor para fora da garagem-laboratório, sendo seguidos por todos os outros, indo até um dos grandes banheiros da mansão.

Kihyun ajudou Jimin a lavar o ferimento na pia, revelando que suas lamúrias de dor não eram puramente frescura, o corte havia sido profundo em sua palma gordinha. Depois de tentar desinfetar a pele, já que o metal era extremamente antigo e as bactérias podiam provocar alguma infecção, o amendoado borrifou um antisséptico na palma do ruivo que resmungou, aquilo ardia. Todos os outros paparicavam Jimin como um bebê. Ele era fofinho demais quando fazia aquelas caretinhas de dor, suas bochechas inflavam e lhe davam um aspecto infantil, fazendo os outros se segurarem para não apertar aquela carne macia em seu rosto.

— Pronto, já vai passar. — Kihyun, sempre muito cuidadoso, disse ao enfaixar a parte machucada com uma gaze macia, amarrando bem a ponta para que ela funcionasse como um torniquete improvisado, impedindo o vazamento de ainda mais sangue.

— Não é melhor levar ele pra um hospital? — o platinado sugeriu, preocupado.

— Não, Hyuk. Foi só um corte, não vamos importunar os médicos com isso. Agora, se você sentir mais dor que o normal pra um corte desses ao longo dos dias, tem que ir, viu? — avisou ao ruivo, como uma mãe faria. Ele assentiu meio constrangido por toda a atenção e sorriu. — Acho bom a gente fazer uma pausa pra comer antes de voltar pra lá.

— Concordo! — Taehyung respondeu animado, levantando os braços. — Não tem mais a governanta aqui hoje pra fazer o almoço, porque é o dia de folga dela, mas a gente pode se virar com alguma coisa. — deu de ombros antes de abrir a porta do espaçoso banheiro, sentindo sua pele se arrepiar com o ventinho gelado que o abateu.

— Tae, você ligou o ar condicionado da casa também? — Shownu perguntou. — Porque não tava frio assim antes.

— Sei lá, eu só apertei o botão do controle. Mas não é nada horrível, tá o maior calor lá fora, e aqui tá fresquinho, então não reclama. — disse ao entrar na cozinha, sendo acompanhado por seus amigos, que começavam a fuçar na geladeira e dispensa da casa a procura de algo que pudesse servir como almoço, exceto Jimin, que ficou sentadinho na mesa, já que não podia ficar abrindo e fechando a mão toda hora pro corte não se abrir mais.

— Meu Deus, tem um estoque de rámen aqui! Seu pai tava prevendo alguma guerra, com escassez de comida? Olha isso aqui! — Minhyuk exclamou alto, apontando para a dispensa da cozinha, onde quase todas as prateleiras estavam recheadas de pacotes do macarrão instantâneo, em diversos sabores diferentes.

Daebak! — Jimin disse, correndo para ver também. Sem querer fechou a palma da mão e sentiu uma pontada aguda no corte, grunhindo pela dor, que era potencializada pelo friozinho que estava fazendo no cômodo. — Taehyung, desliga essa merda de ar! Tá fazendo minha mão doer mais!

— Ai, tá bom! Que saco! — ralhou ao sair da cozinha, ouvindo os resmungos dos amigos que concordavam com Jimin, estava ficando cada vez mais frio ali, fazendo as pontas de seus dedos ficarem geladas. Mas que inferno, será que o ar condicionado estava desregulado?

Percorreu os olhos pela sala, tentando lembrar onde diabos ele pôs o controle do aparelho. Arregalou os olhos e sorriu ao achá-lo bem onde deixara, do seu ladinho no sofá. Olhou pelo indicador de temperatura e viu que ele exibia 20 graus Celsius. Ora, não estava fazendo só 20 graus nem ali nem na Sibéria! O frio parecia aumentar cada vez mais, já fazendo com que a pele de Taehyung se mantivesse arrepiada por todo o tempo, já que ele apenas trajava uma camiseta e suas calças jeans. Desligou o ar pelo controle e o depositou na mesa de centro, voltando para a cozinha e encontrando cinco potes de rámen na mesa, todos cheios de água fervente, que fazia com que o macarrão amolecesse com o passar dos minutos.

— Pronto, desliguei.

— Graças a Deus! — Shownu exclamou.

— Qual desses é o meu? — Tae apontou para os recipientes de rámen sobre a mesa.

— O mais apimentado, pra aprender a não deixar a gente com frio. — Minhyuk disse, fingindo chateação. Seus pelos ainda estavam eriçados, e estava prestes a tremer de frio. — Você desligou mesmo o ar?

— Sim.

— Então por que parece que tá mais frio que antes? — Kihyun indagou, externando o que se passava na cabeça de todos ali.

— Ah não, não acredito que aquela porcaria quebrou! — Taehyung grunhiu de raiva, a voz saindo meio falhada por conta do frio, podia dizer que a temperatura da casa não passava de 9 ou 10 graus no momento, estava realmente frio pra uma tarde de verão com o ar condicionado desligado, muito frio. — Já volto, vou tirar aquela merda da tomada de uma vez. — disse, se levantando da mesa, bravo.

— Hyung, me ajuda aqui... — Jimin choramingou, sua mão doía na hora de segurar o recipiente quente do macarrão instantâneo, e ele não conseguia de jeito nenhum segurar os jeotgarak com a mão esquerda.

— Jimin, solta isso! Vai se machucar mais! — o amendoado exclamou, largando sua comida e indo até o ruivo. — Abre a boca. — ordenou após usar os jeotgarak para misturar o tempero meio apimentado e pescar um pouco do macarrão, assoprando para não queimar a boca de Jimin. Kihyun sempre foi assim com seus dois melhores amigos. Desde quando se conheceram, ainda crianças, ele adorava cuidar de TaeTae e Jiminnie, logo depois dos dois quase destruírem qualquer lugar que estivessem de tanta bagunça. Era gratificante ver aqueles rostinhos sorrindo para si depois dele ajudar a passar remédio em seus joelhos ralados pela enésima vez, ou ir lá no parquinho defender seus amigos dos valentões que não queriam dividir a gangorra. Protegeria Taehyung e Jimin acima de tudo.

— Gente... Venham aqui. — o castanho disse meio baixo, ainda na sala, mas seu tom sério, que quase nunca aparecia, chamou a atenção dos outros quatro na cozinha, que foram ao seu encontro o mais rápido possível.

— Que foi, Tae? — Shownu perguntou ao ver o amigo vidrado na tela de um dos notebooks, prestando atenção no que o fez ficar boquiaberto. — Jesus Cristo... — sussurrou ao se dar conta do que via.

— Vocês estão me assustando, o que é? — Hyuk perguntou, indo meio vacilante até o notebook e virando a tela para si e, por consequência, para Kihyun e Jimin que estavam ao seu lado. O frio naquela sala estava vezes pior que na cozinha, e todos ali tremilicavam seus músculos inconscientemente, na tentativa instintiva de aquecer os corpos. Todos ali ficariam doentes, aquilo era um fato. Mas nada parecia pior do que eles viam pela tela do eletrônico.

Um dos corpos deitados no caixão de prata não estava mais ressecado, com aquela aparência horrível dos outros seis. Ele estava completamente regenerado. A qualidade da imagem da câmera de segurança não era lá aquelas coisas, mas aquilo não tinha como ser qualquer erro de transmissão. Havia um corpo pálido ali deitado, totalmente nu e com fios negros caindo em seus olhos. Taehyung, sempre muito curioso, foi o primeiro a sair do transe e se levantar do sofá onde sentou para analisar melhor as imagens, indo em direção à garagem da mansão, mas foi impedido por um Jimin quase tão pálido quanto o cadáver que vira.

— Tae... Não... — não precisava ser um gênio para entender que aquilo podia ser extremamente perigoso, mas o ruivo sentia algo pior, como se já tivesse uma ideia do real perigo que Taehyung corria ao entrar ali com... Aquilo.

— Vocês dois, voltem pra cá agora! — Kihyun mandou, ainda com o corpo paralisado, pelo frio ou pelo pânico, não sabia dizer.

— Gente, vem ver isso... — Minhyuk falou meio baixinho. — Ele... Ele tá se mexendo. Hyung, é sério! Ah meu Deus! — exclamou, com uma tremenda vontade de chorar.

Todos foram correndo ver o que o platinado disse, e as próximas cenas não sairiam das suas mentes nem com lobotomia.

O corpo pálido rolava preguiçosamente no pequeno espaço onde estava, como se estivesse dormindo. Esticou seus braços e pernas, finalmente despertando. Ah, o seu frio acolhedor, seu dom maldito, sempre ali com ele. Respirou fundo e sentiu cheiros deliciosos e familiares. Farejou sangue, medo, e sentiu um aroma adocicado, que se fosse possível, faria seu coração palpitar.

— Meu amor está aqui... — murmurou com sua voz extremamente grossa ao se levantar, tocando seus pés suavemente no chão, como a mais leve pluma. Todos os garotos ouviam perfeitamente o que o moreno dizia. — Eu consigo sentir-te, meu amor. Me deste a vida, lhe sinto vibrar em meu âmago... Ah, teu cheiro... Appa...


Notas Finais


Ilha de Tokashiki: https://www.google.com.br/maps/place/Tokashiki+Island/@26.4529939,127.8997858,9z/data=!4m5!3m4!1s0x34e553c97d8ab723:0xd1a7755bd3e780c4!8m2!3d26.1902453!4d127.3560098 ela é mais afastadinha do distrito de Okinawa, e é cheio de hotéis e mansões particulares, é realmente MALAVILOSO
https://cdn.audleytravel.com/-/-/79/149170019225017139104070057200203173218062203037.jpg viram? O mar tem muita rocha submersa perto da costa, então eles foram lá pro meião mesmo, mas pra esquerda daquela outra ilha ali, dá pra ver aqui http://www.vill.tokashiki.okinawa.jp/wp-content/uploads/2014/03/kokuritu-2.jpg

O iate da família Kim não é daqueles imensos não, tá? Hsuehushe n é nenhuma casa flutuante, é mais um barquinho mesmo, só que mais daora hsueuheuhs http://2.bp.blogspot.com/-4viFFYh6-0A/VgxAd6rt8zI/AAAAAAAAAA8/iFYNnCpHwFQ/s1600/Bellmondo%2BSeguro%2BBarco%2B2.jpg

O Navio-Tartaruga: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/86/Korea-Seoul-War_Memorial_2618-06_Turtle_Ship.JPG é uma réplica que tá exposta num museu coreano, e aqui dá pra ver o tamanho dele comparado ao de um humano, então podemos deduzir na história que ele está mais ou menos pela metade na questão da altura, sobrando bem pouco da parte da madeira, o casco de metal e a cabeça do dragão :3
MAIS PRA FRENTE EU EXPLICO NA HISTÓRIA MAIS COISAS SOBRE ELE TÁ BEM? TENHAM PACIÊNCIA *-*

E eu queria dizer que a cena deles achando o barco foi MT DIFÍCIL DE FAZER pq tipo
Eu o d e i o o mar
Sério
Morro de medo
E vcs viram a foto do navio ali? Cacete de cabeça de dragão feia da porra, imagina aquilo ali, olhando pra você NO FUNDO DA CARALHA DO OCEANO
Eu ficava arrepiada toda maldita hora, foi orrible ;-;

MAS ENFIM
E AÍ
FOI DAORA????
N ME DEIXEM NO VÁCUO PFV
QUEM SERÁ QUE ACORDOU HEIN??????? TCHAN TCHAN TCHAN TCHAAAAAAAAAN (nem sei fazer suspense ;-;)

Seguinte, sobre essa fic
Ela é mto boa de fazer, mas me toma bastaaaaante tempo, pq eu tenho que ficar pesquisando e encaixando os fatos td certinho pra ficar um negócio de qualidade pra vcs 💕 e como eu sou bem troxa, comecei essa enquanto tenho outra em andamento hsuehsuej então n sei como vai ser a frequência de atualizações, se eu tento postar um cap por semana nessa e na outra, se eu intercalo, se eu mantenho o ritmo da outra e faço essa no meu tempinho ENFIM
Mas assim
Pretendo deixar os caps grandes assim mesmo ok? HSUEHSUEHSUSHEHEUSH n desistam de mim 💜💜

E ME DIGAM O QUE ACHARAM
E LEIAM MINHAS OUTRAS FICS
E EU AMO VCS
💕


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