Chris estava em um ambiente estranho. Era totalmente escuro, mas não como o local por onde ele e seus amigos estavam viajando, e estava sozinho. O rapaz olhou para todos os lados, procurando alguém ou qualquer coisa. Ao olha para si, Chris se viu com seis anos de idade outra vez, ele voltou a ser um garotinho pobre novamente, sem sua arma e seus itens. O pequeno Chris começou a andar pela escuridão devagar, esperando encontrar um rosto amigo.
- Olá? Tem...alguém por aí? – Perguntou o garoto, com medo.
De repente, bem na frente do rapaz, uma luz vermelha intensa se acendeu. Chris teve de cobrir seus olhos um pouco, pois a luz era muito forte. Ao olhar melhor para frente, Chris pôde ver duas grandes sombras adiante, de um homem e de uma mulher, lado a lado. O rapaz sentiu muita nostalgia e paz ao encarar aquelas duas sombras, Chris começou a chorar de felicidade e a correr em direção a elas.
- MAMÃE! PAPAI! – Gritou o garoto, chorando e correndo sem parar.
Porém, antes que pudesse chegar mais perto, uma sombra maior apareceu por trás das sombras de seus pais. A terceira sombra tinha chifres na cabeça, asas grandes e garras...Era a sombra de Deysmon. A sombra do demônio surgiu e pegou as sombras dos pais de Chris, e, usando suas garras, as despedaçou bem na frente do garoto. Chris pôde ouvir as sombras de seus pais gritarem, e a sombra do demônio rindo. O rapaz estava apavorado, tremendo; Deysmon começou a olhar para o garoto, e começou a esticar seu braço, de sombra, na direção do garoto. Chris começou a correr na direção oposta sem parar.
- ME DEIXA EM PAZ! – Gritou o garoto, apavorado.
No momento em que a grande sombra da mão de Deysmon o atingiu, Chris abriu seus olhos, ofegante e bem assustado. O rapaz se sentou e começou a olhar para si mesmo, vendo que estava normal e que havia tido apenas um sonho; ao seu lado estavam seus amigos, ainda dormindo, e Eiden, ainda como dragão, os protegia com suas asas. Chris se levantou com cuidado, e saiu de baixo da asa do amigo; ao fazer isso, viu que o céu ainda estava escuro, mas a chuva já havia parado. Chris, de pé, respirou e inspirou várias vezes, segurando seu colar com força, tentando se acalmar.
- “O que houve Chris?”.
- Ah...Não foi nada! Desculpa se o acordei... – Disse Chris, se virando para o dragão. – Com o céu assim, fica difícil saber quando é dia ou noite...Eu perdi o sono, é por isso.
- “É verdade...Se é assim, está na hora de partirmos. Já estou mais descansado.”
Eiden se levantou e contraiu suas asas, ele bateu sua cauda no chão de leve, para acordar os companheiros que ainda dormiam.
- Bom dia, boa tarde ou boa noite meus amigos! – Disse Chris, rindo dos amigos.
- Bom dia...eu acho... – Disseram Feanor, Penny e Clare, bocejando.
Então, Eiden se deitou novamente e voltou para sua forma humana. Ele parecia exausto, e dava para se ver alguns hematomas aparentes em seu corpo. O rapaz se virou no chão, para ficar de barriga para o alto, e suspirou aliviado.
- Não dói fazer isso? Mudar seu corpo tão drasticamente assim... – Perguntou Chris, curioso.
- Dói sim, mas já me acostumei com isso. Fazer isso exige muito da minha energia, quanto mais tempo passo em uma forma, mas difícil é para eu me manter em outra. Por isso que não me transformei antes. – Explicou Eiden, ainda deitado. – Se eu fortalecer meu corpo mais ainda, porém, essa limitação deixará de existir.
- Estou vendo que seus machucados são mais internos... – Disse Feanor, olhando para seu amigo. – Vou preparar um remédio para você tomar. Clare, ajude-me aqui com um pouco de luz.
- Claro! – Disse Clare, indo até o elfo.
- Vou pegar nossa comida então! – Disse Penny, mexendo em sua bolsa.
Feanor preparou um coquetel de ervas medicinais para Eiden, não era um remédio saboroso, mas ajudou a aliviar as dores do dragão e curaria seus ferimentos com o tempo. Todos beberam e comeram um pouco e, enquanto isso, Chris não parava de olhar para Eiden.
- Hum...Tem algo que queira falar? – Disse Eiden, incomodado.
- Estou surpreso em ver que, realmente, suas roupas estão intactas! Nossa! – Disse Chris, rindo.
- Tantas coisas para dizer, e foi logo isso!? – Disse Feanor, suspirando.
- Ainda bem! Com a falta de matérias que estou, não conseguiria fazer mais roupas. – Disse Penny, aliviada.
- Eiden, agora que pode cuspir fogo, sua habilidade com o gelo se foi? – Perguntou Clare, curiosa.
O rapaz dragão olhou para a grama no chão, ele soprou levemente e um pouco da vegetação terrestre congelou, como se tivesse ocorrido uma geada.
- Não, ainda posso fazer isso. Como faço isso há muito tempo, é mais fácil. Terei que me acostumar com o fogo apenas. – Disse Eiden.
- Que incrível, agora pode atacar com dois tipos de elemento! – Disse Chris, sorridente.
- Como sei usar magias de fogo um pouco, eu posso te ajudar a fortalecer a sua. O seu poder é magia também, afinal. – Disse Clare, gentilmente.
- Sim, muito obrigado. – Agradeceu Eiden, contente.
- Mesmo assim, nossos treinos ficam para depois de sairmos deste lugar escuro. – Disse Feanor, sério. – Mas Eiden, eu gostaria de saber uma coisa: por que conseguimos ouvir sua voz ontem?
- Ah! É verdade! Na grande floresta, só eu pude ouvi-lo! – Disse Chris.
- Dessa vez foi diferente, eu tive a intenção de me comunicar com vocês. Esse tipo de comunicação é feito pelo laço que o dragão tem com os outros, quanto mais forte, mais fácil e poderosa é a comunicação. – Explicou Eiden. – Agora que somos todos amigos, temos um laço forte para que possam me ouvir enquanto fera.
- Vamos continuar então? Dessa vez sem pisar em nenhum gigante de pedra eu espero... – Disse Chris, se levantando.
Os viajantes seguiram o caminho juntos, novamente com Eiden na liderança. Depois de horas, e horas andando sem nenhuma grande mudança de clima ou de cenário, Chris começou a andar na frente.
- Chris, espera! É perigoso ir andando na frente assim! – Disse Feanor.
- Não se preocupem, nada aconteceu até agora! Vai ficar tudo-
Chris sumiu da vista dos seus amigos de repente e, em seguida, eles começaram a escutar uma risada bem alta e esganiçada, acompanhada de pequenos tremores.
- Onde está o Chris!? – Disse Clare, preocupada.
- Que barulho horrível é esse!? E esse tremor...É um gigante de novo!? – Disse Penny, preocupada.
- COMIDA! COMIDA! COMIDA FINALMENTE! – Cantarolava a voz misteriosa, rindo e se aproximando dos viajantes.
Feanor preparou seu arco e Clare usou sua magia de fogo para dar luz ao local, com isso, eles puderam ver a criatura parada bem na frente deles.
- Um troll... – Disseram Feanor, Eiden e Penny, nervosos.
O troll era grande, mas não tanto quanto um gigante de pedra; a criatura era muito feia e toda deformada, ela levava uma grande foice presa por uma corda em sua cintura e usava um colar feito de vários crânios em volta do pescoço. A criatura olhava como uma criança para os quatro viajantes.
- Elfo...Fada...Maga...e...hum...Ah! Dragão! – Disse o Troll, apontando para cada um dos viajantes. – Ué? Mon sentiu cheiro de humano...Cadê humano?
- Saia daqui! – Disse Penny, usando sua magia para atacar o troll com uma raiz.
O ataque de Penny atingiu o rosto do monstro, que só sofreu um leve arranhão, mas ficou bem furioso.
- FADA MÁ! – Gritou o Troll, usando sua mão para pegar Penny.
Penny escapou de primeira, mas não esperava que o monstro usasse a outra mão logo em seguida. O troll conseguiu pegar a fada com violência, ele apertou bastante as mãos, para fazer com que Penny desmaiasse.
- PENNY! – Gritaram os amigos, preocupados.
Clare usou suas chamas nas pernas do troll, que começou a pular para trás por causa da dor; logo em seguida Feanor usou uma de suas flechas e acertou bem no olho direito da fera, que berrou de dor e retirou a flecha logo em seguida. Antes que os viajantes pudessem fazer mais alguma coisa, o troll levou Penny, que estava desmaiada, até perto de sua boca aberta.
- NÃO FAÇA ISSO! – Gritaram os viajantes, parando de agir.
- Mon come fada! Se vocês machucar Mon de novo! – Disse o Troll. – Vocês vir comigo! JÁ!
Os viajantes se renderam, o Troll os pegou com sua outra mão e também usou a força para que desmaiassem. O monstro começou a andar de volta pelo caminho que veio, enquanto Chris estava desmaiado no fundo de um buraco.
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