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História Promessa entre irmãos: uma lenda medieval! - Tertium


Escrita por: LeticiadAquario

Capítulo 3 - Tertium


Desde que Christopher começou seu treino para se tornar um cavaleiro do Rei Leonardo, um ano havia se passado. Era o ano de 1004, o garoto tinha sete anos e passou a viver no castelo do rei. O tutor escolhido para ensinar e treinar Christopher se chamava Isak, ele era um dos cavaleiros pessoais do rei. Isak tinha seus quarenta anos, mas não aparentava ter essa idade: ele tinha cabelos castanhos loiros, e uma barba rasa de mesma cor; era um homem alto e muito gentil. E, por incrível que pareça, ele era o único que Christopher não implicava. Porém, em um certo dia, Isak foi a uma audiência com o Rei Leonardo, o garoto não sabia dessa conversa.

- Majestade, eu sei que já passou muito tempo do ocorrido...mas não consigo deixar de me sentir culpado pela morte de tantas crianças em nosso reino. – Disse Isak, tristemente. – Eu não sei quais são vossas razões para não fazer nada, e não perguntarei sobre. Mas...Vossa Majestade não acha que devemos agir? Soldados de Inflayster vem toda semana, raptam as pessoas do reino e matam quando querem!

- O que sugere que façamos Isak!? Você sabe bem por quanto tempo estivemos em guerra contra o Reino daquele maldito demônio...sabe quantas vidas perdemos! Com muita dor e custo eu consegui poupar meu reino de mais sofrimento. – Disse Leonardo, nervoso. – Você acha...acha que eu não me sinto culpado!? Todas às vezes...todas as vezes que isso acontece...meu coração dói!

- Majestade...

- Infelizmente...não há mais nenhum ser neste mundo que possa vencer aquele demônio. Acredite, o que eu mais queria era que isso tudo tivesse um fim! – Prosseguiu o Rei, com pesar. – Nós não podemos mais lutar, mas usarei outros meios para proteger meu povo.

- Quais são suas ordens, meu Senhor? – Perguntou Isak, determinado.

- Avise aos soldados para que tragam todos os cidadãos da área campestre para dentro dos muros principais, deixem todos o mais perto possível deste castelo. – Ordenou Leonardo, sério. – Mesmo que se recusem...tragam-nos a força! Dentro desses muros aqueles seres malignos não podem extrapolar nosso acordo.

- Sim, Majestade! – Disse Isak, começando a sair do salão.

O rei já estava muito cansado com tudo, sempre vivia triste. Mas havia um único assunto que ele ainda gostava de saber e que, às vezes, tirava um sorriso de sua face.

- Isak, como está indo o treino de Christopher? – Perguntou o Rei, respirando fundo.

- Difícil, como sempre. Ele tem talento, mas é muito teimoso e de personalidade forte; não gosta muito das partes de estudar os livros. – Respondeu Isak, sorrindo. – Mas ele tem um grande coração e uma determinação inabalável, ele ficará bem.

- Isso é ótimo, é bom saber que ele não mudou depois de tudo que aconteceu. – Disse o Rei, sorrindo.

- Sim...ele me lembra muito o Clay. – Comentou o cavaleiro, pensativo.

- É verdade, Clay tinha essas qualidades quando começou a treinar aqui. É como diz o ditado: “tal pai, tal filho”. – Disse Leonardo, rindo baixinho.

- Bom, vou me retirar. Com sua licença, Majestade. – Disse Isak, saindo do salão.

Seguindo a ordem do Rei Leonardo, todos os soldados do reino trouxeram os camponeses à força para os muros principais do castelo. É logico que ouve muitos protestos e revoltas quanto a essa decisão, muitos chamavam o rei de “vilão” ou de “fraude”. Mas o rei aguentava tudo isso, e pensava apenas no bem de seus cidadãos. Depois dessa providência, a mortalidade de cidadãos do Reino de Floriyan para os soldados do Rei Demônio caiu muito.

Ao mesmo tempo, o treinamento de Christopher andava devagar. Isak era gentil com ele, mas também muito rigoroso. A maioria dos cavaleiros no castelo ignorava a presença do menino ou zombavam dele, mas Isak sempre o defendia. Talvez fosse por isso que Christopher não o detestava. O treinamento para cavaleiro era complexo: tinha treino com espadas.

- Vamos lá! O que esta fazendo? Dançando? Pare de pular de um lado para o outro e ataque! – Disse Isak, observando a luta de Chris contra um boneco de palha.

- Eu...estou...atacando! – Disse o garoto, cansado e desferindo golpes sem parar. – Isso pesa muito!

- E olha que isso é uma espada de escudeiro, uma espada real de cavaleiro pesa mais que isso! Vamos lá! Mais força! – Insiste Isak, firmemente.

Treino de combates corpo a corpo. Nessa parte, até que o Christopher se saía bem desde o começo.

- Aha! Viu só? Eu disse que tinha bons reflexos! – Disse Christopher, esquivando dos golpes de Isak.

Logo em seguida, Isak deu uma rasteira nos pés do garoto, derrubando-o no chão e aproximando seu punho do rosto de Christopher, simbolizando a vitória do instrutor.

- É, percebi. – Disse Isak, rindo. – Autoconfiança em excesso atrapalha sua concentração, aprenda isso.

Arco e flecha e arremesso de lanças também.

- Hum...cheguei mais perto que da última vez! – Disse Christopher, logo depois de atirar sua flecha.

- Bom, o alvo era o meio do feno...e você acertou na árvore atrás dele. Considerando que da última vez você quase acertou meu rosto...sim, esta mais perto! – Disse Isak, retirando a flecha do tronco da árvore.

- Droga! Sou ruim de mira mesmo, e daí? Me entregue uma espada que eu me saio melhor! – Disse Christopher, jogando seu arco no chão.

- Realmente, em lanças e flechas você é uma desonra. Mas não é tão bom assim nas espadas. – Disse Isak, passando a mão na cabeça do garoto. – Não se preocupe menino, seu pai também era melhor lutando de perto.

- Conheceu meu pai!? – Disse o garoto, surpreso.

- Sim, mas é história para outro dia. Agora vamos treinar! – Disse Isak, andando na direção de outra área de treinamento.

Treinos comuns de preparação corporal também, e, é claro, cavalgada.

- Christopher, conheça seu cavalo a partir de agora. – Disse Isak, trazendo um grande cavalo malhado para o garoto.

Era um cavalo branco com várias manchas grandes e pretas, era bem alto para Christopher, apesar de ser um cavalo jovem. O garoto se apegava fácil aos animais, e vice e versa, graças a ter trabalhado no campo com seu pai.

- Que bonito! Parece uma vaca! – Disse o garoto, acariciando o animal.

- No treinamento, os aspirantes a cavaleiro têm que criar laços de confiança com sua montaria desde cedo. Além disso, a habilidade de lutar enquanto monta só se ganha com muito treino. – Disse Isak, sorrindo. – Já montou antes, Christopher?

- Hum... na verdade não, só cuidava dos animais na fazenda. – Respondeu o menino, sem graça.

- Há há há! Não faz mal, vai aprender. Agora, apresente-se ao seu cavalo! Serão amigos afinal. – Disse Isak, rindo. – Você tem o direito de dar um nome a ele.

- Vai se chamar Bull! – Disse Christopher, contente. – Prazer em conhecer, meu nome é Christopher!

E, por fim, havia também os estudos. Era obrigatório aprender a ler, aprender a história do mundo e do seu próprio reino. Além da conduta dos cavaleiros e de boas maneiras também.

- Vamos lá garoto! Não durma! – Disse Isak, batendo na cabeça do garoto com um livro.

- Ai! Isso dói! – Disse Christopher, nervoso. – Isso é tão chato! É muita perda de tempo para mim!

- Nada disso, conhecimento é poder. – Disse Isak, sério. – Além disso, já esta mais que na hora de você me contar a razão de sua pressa.

Christopher não quis contar para ninguém a razão de ter decidido ser cavaleiro, mas Isak era o único que sempre perguntava e que sabia que algo estava errado.

- Não é da sua conta. – Respondeu o garoto, saindo da sala.

Christopher passou todos os dias fazendo essa rotina de treino, incansavelmente, sem parar. E, é claro, em nenhum momento ele deixou de pensar em sua irmã Teresa. Certa noite, Christopher saiu de seu quarto e foi para o pátio de treinamento do castelo, lá ele ficou olhando para o céu, segurando seu colar e cantarolava uma música. Então, Isak foi ao seu encontro.

- Olha só, não sabia que cantava. – Disse Isak, surpreso.

O garoto virou o rosto, ignorando o comentário do cavaleiro. Isak sentou ao lado de Christopher na mesma hora e, assim como ele, ficou olhando para o céu estrelado.

- Seu pai era dois anos mais velho que você...quando eu o conheci. – Começou Isak, sem tirar os olhos do céu. – Ele era teimoso como uma mula, mas tinha mais coragem do que todo o exército do reino. Desde pequeno ele falava: “Um dia, eu vou acabar com essas guerras! Vou trazer paz para meu reino, definitivamente!”.

Christopher ficou olhando para o cavaleiro com muita atenção, e se sentiu muito triste ao lembrar de seu pai.

- Todo o reino ria dele por causa disso. Menos eu e o rei. Eu sempre vi o Clay brilhar, nunca desacreditei em suas palavras...e ele nunca me abandonou. – Disse Isak, contente.

- Mas o rei o abandonou...abandonou meu pai e minha mãe. – Disse Christopher, tristemente.

- Não foi assim. Também não sei as razões do rei para deixar essas coisas acontecerem, mas ele é um bom homem. – Disse Isak, tristemente.

- Hunf...para que ter mais cavaleiros, se ninguém mais luta? – Perguntou o garoto.

- Para proteger o rei...e as pessoas, ser cavaleiro não significa ser soldado de guerra. – Respondeu o homem.

- Então por que as pessoas morrem aqui? Por que deixam gente ser levada embora? – Insistiu Christopher, irritado.

- Então por que decidiu ser cavaleiro de uma hora para outra? – Retrucou Isak. – Eu já te conheço há um tempo, você não é do tipo que abaixa a cabeça para o rei e segue ordens. Qual sua razão Chris? Pode me contar, sou seu tutor...e seu amigo. Se eu não souber sua motivação de luta, não conseguirei treina-lo adequadamente.

Christopher ficou muito surpreso com as palavras do cavaleiro, então ele decidiu revelar sua intenção, apenas para ele.

- Depois que me tornar cavaleiro...eu vou resgatar minha irmã. Vou até o Reino de Inflayster salvar a Teresa! – Disse Christopher, determinado.

- O que!? – Disse o cavaleiro, chocado. – Mas é suicídio...ela já pode estar morta Chris!

- Não, ela esta viva! Eu sei! Ela esta me esperando...e eu prometi que iria salva-la! É o que farei! – Disse Christopher, nervoso. – Não me importa se tiver de lutar contra vários monstros ou contra o próprio demônio!

Isak ficou sem palavras ao ver a determinação de Christopher.

- Você fala assim...por que não conhece o verdadeiro terror do exército de Inflayster. Christopher, você pode morrer de verdade fazendo isso. – Disse Isak, sério.

- Eu...já estive bem perto da morte, e diante de um deles eu fiquei com medo...é por causa desse medo que a Teresa foi levada! Por causa da minha fraqueza... – Disse o garoto, colocando sua mão em seu peito. – Por isso eu quero me tornar mais forte! Para lutar! É verdade que não sei o que vou encontrar lá fora...mas uma coisa é certa: vou salvar a Teresa de qualquer jeito!

- E o Rei? Como pretende sair daqui? – Insistiu o cavaleiro.

- Eu não vou servi-lo, estou me tornando cavaleiro para proteger a pessoa mais importante para mim! Não vou lutar por um reino, um continente...muito menos por um monarca! – Respondeu o garoto, sério. – E a fuga...bom...eu cuido disso na hora!

- Há há há! Incrível isso...o mesmo brilho que eu via em seu pai...eu vejo em você agora, neste exato momento. – Disse Isak, rindo. – Isso é loucura, e posso não concordar com tudo o que diz, mas eu sinto que você é o que temos esperado por todos esses anos.

- Como é? – Perguntou o menino, confuso. – Enfim, não conte para ninguém! Ouviu?

- Vai entender um dia. Ah sim, pode deixar. Agora que sei suas razões, posso treina-lo melhor! Prepare-se garoto, seu treinamento será infernal a partir de agora! – Disse Isak, se levantando. – Só prometa que terá paciência!

- Sim senhor! – Disse Christopher, contente.

E então o verdadeiro treinamento de Christopher começou. A intensidade dos treinos aumentou muito, agora Isak treinava o garoto para lutar contra os soldados de Inflayster especificamente: no treino de espadas.

- Mexa os pés! Não pode ficar parado em um lugar só! Será cortado ao meio! – Disse Isak, observando a luta do garoto contra um boneco de palha.

- SIM SENHOR! – Disse Christopher, seguindo os conselhos do tutor.

No combate corpo a corpo.

- Seus socos estão fracos! Aprenda a explorar as fraquezas de seu oponente, não importa o quão grande ele seja ou sua força, se descobrir seu ponto fraco... – Disse Isak, atacando o peito do menino com muita força, o derrubando no chão na mesma hora. - ...você vence!

- S-sim...SIM SENHOR! – Disse Christopher, voltando a se levantar.

Mesmo na questão de ataques de longa distância, Christopher estava melhorando. Seu corpo foi ficando mais forte, mais resistente e mais veloz.

- Corra mais! O exército de Inflayster tem criaturas muito velozes, se deixar que te peguem...será seu fim! – Disse Isak, montado em seu cavalo e correndo atrás de Christopher.

Christopher estava passando por um treino de velocidade absurdo, cujo objetivo era fugir a pé de Isak montado em seu cavalo mais veloz.

- SIM SENHOR! – Gritou Christopher, correndo o mais rápido que podia.

No treino de montaria ele se saia cada vez melhor também.

- Você e sua montaria são um só, tem que aprender a sentir isso até em outros animais que for montar! Mas...não pode passar meses nisso, tem que criar um laço com sua montaria em questão de segundos! Há! – Disse Isak, montado em seu cavalo e lutando contra Christopher no meio do pátio.

- SIM SENHOR! – Disse Christopher, montado em Bull. – Vamos lá, Bull! Vamos vencer!

E até nos estudos ele começou a melhorar.

- Eu compreendo a razão de estudar essas criaturas malignas, mas por que eu preciso ler sobre as boas? Todas já eram depois do dia do Massacre das Raças... – Disse Christopher, enquanto lia um livro muito grosso.

- É obrigação do ofício, além disso...nunca se sabe, talvez ache algum sobrevivente por lá... – Comentou Isak, comendo algumas frutas enquanto o garoto estudava.

- Duvido muito... – Disse o garoto, cansado. – Ei, deixe-me comer também! Estou faminto.

- Não seja tão pessimista...ah, lembra da aula de boas maneiras? – Disse Isak. – “Só depois de estudar”!

- Que droga...isso nunca acaba!? – Disse Christopher, se debruçando sobre o grande livro.

- Falta muito para você virar um escudeiro...e mais ainda para virar um cavaleiro de verdade. Mas vai desistir só por isso? – Disse o homem, sério.

- Nem pensar! – Disse Christopher, recuperando sua energia e voltando a ler seu livro.

- Foi o que pensei. – Disse Isak, sorrindo.

E assim, passaram-se dezoito anos...e chegou o ano de 1022. O ano em que Christopher, com vinte e cinco anos, iria se tornar cavaleiro.



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