Dois dias se passaram desde os acontecimentos no Reino de Vernance, os viajantes se aproximavam cada vez mais das montanhas congelantes. Eles agora andavam mais em direção ao leste, com a intenção de andar pelas extremidades das montanhas e chegar ao mar em segurança. O tempo ficou ainda mais frio do que antes, e os ventos estavam muito mais violentos; os dias ficaram mais curtos e as noites duravam mais, os viajantes foram obrigados a seguir parte do caminho de noite também. Porém, Chris e seus amigos progrediram muito desde a batalha contra os vampiros: As magias de Clare, Penny e Eiden ficaram mais poderosas e exigiam menos de seus conjuradores; da mesma maneira todos se fortaleceram bastante fisicamente, principalmente Chris, com todas as batalhas difíceis que já participou. Então, em certo dia frio...
- Ei, Feanor, não quero parecer muito preocupada, mas quanto de comida e ervas temos ainda? – Perguntou Penny.
- Não muita, principalmente ervas. Gastamos muito graças a luta contra os vampiros. Mas se racionarmos bem, devemos conseguir chegar até o mar com isso, o problema mesmo é depois... – Disse Feanor.
- Água não é um problema tão grande, nas montanhas existem fontes e podemos beber a do mar também em último caso. Em relação a comida e ervas...acho que podemos conseguir em alguma ilha, sei que vamos passar perto de uma ou duas... – Disse Eiden, pensativo.
- Precisamos tomar cuidado para economizar ervas, caso não encontremos mais. – Disse Clare, preocupada.
- Certo, vamos tomar cuidado e racionar o máximo que der! Atravessaremos o mar custe o que custar, dará tudo certo pessoal! – Disse Chris, determinado.
- Gostaria de encontrar árvores saudáveis também, estou com poucas flechas... – Disse Feanor, olhando para seu escasso estoque de flechas. – Consegui recuperar algumas das que usei em Vernance, mas perdi muitas também.
- Falando nisso, seria bom se todos nós conseguíssemos armas novas... A situação de Chris, por exemplo, é terrível! Suas proteções já eram praticamente, e logo sua espada vai partir também... – Disse Penny, pensativa.
- Vira essa boca para lá! Essa espada é muito importante para mim, eu cuido bem dela e nunca vai quebrar! – Retrucou Chris, emburrado.
No mesmo instante, flocos brancos começaram a cair do céu, devagar, como chuva. Os viajantes pararam e olharam surpresos para o céu. Chris estendeu a mão, para que um dos flocos o tocasse; quando aconteceu, o floco derreteu no mesmo instante.
- É neve! – Disse Chris, contente.
- Que lindo! – Disse Clare, erguendo as mãos para o céu.
- Há há há! Que legal! – Disse Penny, voando e observando a neve de perto.
- Isso é bem nostálgico... – Disse Feanor, sorrindo.
- É sinal de que estamos perto das montanhas. Preparem-se amigos, ficará ainda mais frio agora. – Disse Eiden.
E realmente ficou. A neve não parou de cair em nenhum momento, durante os dias seguintes. Em certa noite, Chris ficou responsável pela vigia e estava amolando sua espada de prata, enquanto fazia isso, ele, sem querer, cortou a mão. Ao parar e ver seu sangue escorrer, o rapaz se lembrou subitamente das palavras de Malkon e da última conversa que tivera com seus amigos sobre o plano de Deysmon.
- “Sangue sagrado”.... O que ele quis dizer com isso? Teresa...será que nós, realmente, não somos humanos normais? – Disse Chris, vendo seu ferimento se fechar sozinho. – Mas...então, o que nós somos?
No Reino de Inflayster, a harpia espiã de Deysmon informou a seu rei o que aconteceu com o Reino de Vernance, disse que Chris e seus companheiros expulsaram os vampiros, matando Malkon, o líder. Pela primeira vez, Deysmon ficou certo tempo em silêncio depois da notícia, não sorriu nenhuma vez. Quando ficou sozinho na sala do trono, o demônio se levantou, começou a caminhar e então, finalmente falou.
- O Malkon caiu perante ele também... Estou desapontado, muito mesmo... – Disse Deysmon, usando sua magia para criar uma projeção e ver Chris e seus amigos viajando. – Como pode essa praga estar me irritando tanto!? Me desafiando, matando meus lacaios...e tomando os meus domínios! Fui condescendente até agora..., mas já chega!
Deysmon ergueu sua mão direita e apontou para a projeção de Chris, ele tinha a intenção de fazer alguma magia negra, mas, para sua surpresa, nada aconteceu com o rapaz.
- O que está havendo? Por que não consigo mata-lo?! Eu deveria conseguir! Tive domínio sobre seu inconsciente antes! – Disse Deysmon, furioso e tentando mais vezes.
Depois de tentar várias vezes, sem sucesso algum, o demônio sentiu uma dor muito forte em seu braço direito de repente. Deysmon se afastou da projeção, e ficou de joelhos, segurando seu braço.
- Há há há... Acho que já entendi... Sophia, você, mesmo morta, ainda insiste em me vigiar! Você protege eles de mim... Não posso mata-lo com minha magia negra, mas existem outros meios para dar fim a vida de seu precioso filho! – Disse Deysmon, rindo. – Ah...Graças a isso você me fez recordar o ódio que sinto por você, mas pode ter certeza Sophia...eu farei seus filhos pagarem caro pelo que você e sua raça fizeram! Quando minha raça retornar, pode ter certeza de que eles serão os primeiros a sofrer!
No mesmo instante, Chris e Teresa sentiram uma sensação muito ruim ao mesmo tempo. Chris parou de andar e, instintivamente, segurou seu colar contra seu peito.
- O que houve Chris? – Perguntou Clare, segurando a mão do rapaz.
- Algum problema? – Perguntou Feanor.
- Não sei... Senti algo ruim, mas não deve ser nada demais! Estou bem! – Disse Chris, passando sua mão delicadamente no cabelo de Clare. – Não se preocupem, vamos andando.
E ao mesmo tempo, no calabouço do Reino de Inflayster...
- Que sensação terrível... – Disse Teresa, segurando seu colar. – Espero que nada de mal tenha acontecido com o Chris... Imagino que ele deve estar mais perto, já se passaram meses desde que ouvi notícias sobre ele. Bem, preciso continuar a me fortalecer! Caso contrário, não poderei cumprir a promessa que fiz com ele!
Teresa voltou a meditar, ela começou a fazer isso a um mês. Toda vez que Deysmon saia de perto, ou quando terminava suas sessões de treino absurdas, a garota se concentrava para treinar seu espirito e sua magia. Graças a isso, Teresa ficou mais forte e mais resistente, porém, ela ainda sofria muito fisicamente com os treinos que Deysmon a obrigava a fazer.
Com o passar do tempo, o caminho dos viajantes começou a ser repleto de neve. Todo o chão estava coberto de branco, a neve caia cada vez mais forte e, é claro, o frio aumentava mais. No começo, Chris achou muito divertido tudo aquilo: ele, Clare e Penny brincaram boa parte do caminho com a neve. Porém, as noites se tornaram absurdas demais para dormir com uma simples fogueira, começou a ser constante ter nevascas durante a noite.
- Então como fazemos? Mesmo que fiquemos juntos, não vai ser suficiente, já que não acham que uma fogueira funciona... – Disse Eiden, suspirando. – Hum... O que é? Por que estão me olhando assim?
Chris, Feanor, Penny e Clare só conseguiram pensar em uma solução para suportar as noites frias: Eiden teria de virar dragão toda noite, e o restante dormiria em baixo de suas asas, perto de seu corpo quente como fogo.
- Ah! Que gostoso! – Disse Chris, se debruçando na barriga do dragão.
- É tão quentinho! – Disse Clare, contente.
- Você é o melhor Eiden! – Disse Penny, rindo.
- “Sinceramente, a que ponto eu cheguei!?”
- Não diga isso, é só até passarmos do frio das montanhas. Depois nunca mais precisa fazer isso. Vamos dormir agora, “grande dragão”. – Disse Feanor, segurando a risada.
E assim a viagem seguiu, até os viajantes chegarem, finalmente, no pé das montanhas congelantes.
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