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História Promessa entre irmãos: uma lenda medieval! - Quadragesimo primo


Escrita por: LeticiadAquario

Capítulo 41 - Quadragesimo primo


Passaram-se três dias desde que os viajantes começaram a navegar pelo extenso oceano, e a essas alturas todos já estavam cansados de olhar em volta e avistar apenas água. No início da viagem marítima, Chris e seus amigos estavam achando tudo muito interessante e divertido, principalmente ele, Penny, Clare e Nique; porém todos deixaram de ter este sentimento ao longo do tempo. Viajar pelo mar era muito mais difícil do que viajar pela terra, pois os viajantes tiveram de encarar as mudanças bruscas no oceano e na temperatura, que ali variava muito. Eiden começou a dormir mais durante as manhãs, pois ele precisava permanecer acordado durante as noites para se guiar pelas estrelas; ao longo desses dias, Chris e seus companheiros fizeram de tudo para economizar a comida e água que ainda tinham, mas já estavam ficando com pouco, eles temiam ficar sem nada até avistar terra novamente.

- Tem certeza de que estamos no caminho certo? Não vejo nada diferente... – Resmungou Chris, se debruçando na beira do barco.

- Tenho sim, as estrelas não estão erradas. Logo mais vamos nos aproximar de uma ilha, depois só mais um pouco até voltarmos ao continente. – Disse Eiden, deitado e usando sua capa para cobrir o rosto. – Me deixe dormir agora, por favor...

- Então nós estamos com sérios problemas! Logo não teremos mantimentos suficientes e, além disso, o Nique já cresceu tanto que é capaz dele afundar o barco! – Disse Penny, receosa.

Nique, que estava deitado em um dos cantos do barco, soltou um grunhido e bicou de leve a cabeça de Penny.

- Não diga isso, Nique não gostou nenhum pouco. – Disse Clare.

- Percebi... Perdoe-me amigo, não quis ofender. – Disse Penny, passando as mãos na cabeça.

O grifo agora não era mais pequeno, ele já havia ultrapassado o tamanho de Penny, e ninguém mais aguentava segura-lo no colo ou nas costas. Inclusive, por causa de seu crescimento, era o ser místico que mais se alimentava ali.

- Chris, poderia parar de lamentar e me ajudar a remar? Dessa maneira não chegaremos nunca! – Disse Feanor, cansado de remar o barco sozinho.

E dessa maneira, mais um dia se passou. Apesar da temperatura verdadeira ser de frio, o sol constante, o grande mar e o esforço que os viajantes faziam, culminava em muito calor para eles.

- Caramba... Estamos quase sem nossa preciosa água, meu cantil já secou. – Disse Penny, sacudindo seu cantil vazio.

- O meu também... – Disse Eiden, tristemente.

- E o meu também, agora o cantil do Chris também acabará por minha culpa... – Disse Clare, preocupada.

- Não fique assim, eu não gosto de ver você sofrendo. Pode beber o quanto quiser, e isso vale para Nique também! – Disse Chris, acariciando as costas do grande amigo.

- Eu ainda tenho alguma coisa, mas agora temos de beber somente quando for necessário, do contrário ficaremos mesmo sem nada. – Disse Feanor, pensativo. – E vocês não vão querer agir igual ao Chris e beber a água do mar.

- Feanor! Só queria saber o gosto! Além disso, o Eiden nos disse que poderíamos beber! – Disse Chris, envergonhado.

- Eu disse que poderíamos beber apenas se fosse muito necessário! Óbvio que não queremos chegar neste ponto! – Retrucou Eiden, nervoso.

- E com esse seu “teste” você bebeu muita água boa dos nossos cantis! Se estamos assim, é culpa sua! – Disse Penny, irritada.

- Eu não fazia ideia de que essa água aqui era puro sal! E por que a culpa sempre é minha!? – Retrucou Chris, apontando para o mar.

- Pessoal, não briguem! Só ficaremos com mais fome e sede... – Disse Clare, preocupada.

Enquanto os viajantes exibiam todo o estresse acumulado brigando entre si, Nique de repente se levantou e se posicionou em uma das beiras do barco. O animal colocou suas duas patas dianteiras em cima da barra do barco, ergueu sua coluna, como se estivesse em pé, e ficou encarando a água sem parar, aparentemente atento. Graças a atitude curiosa do grifo, os viajantes pararam de discutir entre si.

- Qual é o problema? – Disse Eiden, curioso.

- Nique, o que foi? Viu algo aí? – Perguntou Chris, se aproximando do grifo.

Nique não moveu um músculo, continuou encarando atentamente a água. E então, depois de mais alguns segundos, o grifo enfiou sua cabeça subitamente dentro d’água e a tirou quase que imediatamente; foi tão veloz que Chris e seus amigos não tiveram tempo de se assustar. Quando a cabeça de Nique voltou, os viajantes ficaram espantados ao ver que ele estava segurando um grande peixe pelo bico; antes que Chris e seus amigos pudessem fazer qualquer coisa, o grifo engoliu o peixe inteiro e soltou um leve grito de satisfação.

- NIQUE! – Gritaram todos os viajantes, nervosos.

- Por que não disse antes que sabia pescar!? – Disse Chris, olhando nos olhos do grifo, que parecia confuso com a reação dos amigos.

- O fator predador do nosso amigo grifo passou completamente despercebido por mim.... – Disse Feanor, surpreso.

- Tem peixe por aqui! E ele sabe pescar... Podemos comer então! – Disse Penny, contente.

- Ainda bem, ao menos de uma coisa não vamos morrer aqui.... – Disse Eiden, aliviado.

- Nique, por favor, consegue pegar mais peixes? Nós também queremos comer... – Pediu Clare, acariciando Nique.

- Isso aí! Mostre quem é o maior grifo de todos! – Disse Chris, encorajando o amigo.

Nique pareceu bem animado e contente, e começou a pescaria. O grifo passou a manhã deste dia e do outro pegando o máximo de peixes que achou para ele e para seus amigos; os viajantes comiam alguns e guardavam o restante. Porém, na tarde do dia seguinte, o barco dos viajantes ficou completamente cercado por uma neblina muito espessa.

- Isso é muito estranho... – Disse Eiden, desconfiado.

- Não gosto disso, é mau sinal com certeza! – Disse Penny, apavorada.

- Fiquem todos atentos, com essa baixa visibilidade estamos bem vulneráveis... – Disse Feanor, sério.

- Certo... – Disse Clare, nervosa.

- Seja lá o que for... Pode vir! – Disse Chris, corajosamente.

Todos pararam de navegar, e se espalharam dentro do pequeno barco, olhando para todas as direções, esperando algum tipo de ataque; até mesmo Nique estava completamente atento e pronto para agir. Uma música estranhamente bonita começou a ecoar por toda parte de repente, eram várias vozes que a cantavam e todas pareciam ser femininas. Chris, Feanor e Eiden estavam muito intrigados com esta música e, o mais entranho era que, as garotas e Nique não podiam ouvi-la. De repente, os três homens pareciam ter relaxado e não estavam mais tão atentos, os olhos dos três ficaram completamente brancos e não demonstravam nenhuma expressão.

- Chris! Ei! O que aconteceu com você!? – Disse Clare, preocupada.

- Feanor! Eiden! – Disse Penny, passando na frente dos amigos para lhes chamar atenção, sem sucesso. – Isso é terrível... Se só eles estão assim, significa que nosso inimigo é-

No mesmo instante, um tipo de “corrente” viscosa surgiu do mar e se enrolou no corpo de Nique e em seu bico também. Várias outras dessas começaram a surgir rapidamente e, com o susto, Clare e Penny não conseguiram escapar de todas. As duas garotas também ficaram com os corpos presos e não conseguiam se soltar mesmo se debatendo várias vezes. Então, do mar emergiram criaturas horríveis com semelhanças femininas, elas estavam com suas bocas, cheias de dentes, abertas e com as línguas compridas e fortes esticadas, foi só aí que as garotas entenderam que a coisa que as prendia era a língua dessas criaturas.

- São mesmo... sereias e melusinas! Droga! – Disse Penny, usando de toda sua força para se soltar. – Não tenho nada para usar aqui de magia!

 - Meus braços... Elas estão... apertando muito! – Disse Clare, tentando se libertar.

Sereias e melusinas são monstros muito famosos e extremamente comuns no mar, as duas são bem similares com apenas algumas diferenças: as sereias tem cauda única e possuem um poder mágico muito poderoso para enganar qualquer homem; já as melusinas possuem duas caudas e não tem habilidades mágicas para enganar, elas são mais agressivas e costumam usar a força de suas línguas para matar. Três sereias surgiram e se encostaram no barco dos viajantes, bem abaixo de cada um dos rapazes enfeitiçados. Com certeza Chris, Feanor e Eiden estavam enxergando moças bem bonitas, cada uma ao gosto deles, mas Clare, Penny e Nique podiam ver a verdade: elas eram monstros terrivelmente feios e se aproximavam mais e mais dos rapazes. A intenção delas era levar os três para o fundo do mar e acabar com eles ali; as criaturas do mal estavam puxando os rapazes suavemente enquanto os prendiam ainda mais no feitiço. As garotas tentaram de tudo para se libertar, mas sempre que tentavam, os monstros apertavam ainda mais suas línguas. Nique estava na mesma situação de suas amigas, ele balançava a cabeça freneticamente para tentar libertar seu bico, mas era ainda mais preso.

- CHRIS! ACORDA! POR FAVOR! – Gritou Clare, nervosa.

- EIDEN! FEANOR! ACORDEM! – Gritou Penny, usando seus pequenos braços para puxar os cabelos dos dois rapazes.

Não importava o que elas faziam, seus amigos não conseguiam sair do transe. Chris, Eiden e Feanor já estavam quase dentro da água e então Clare resolveu agir drasticamente: a garota usou uma magia de fogo com os braços ainda presos, queimando um pouco a si mesma e a língua da criatura, se libertando. Clare abraçou as costas de Chris e começou a gritar mais seu nome e a tentar puxá-lo. As sereias ficaram furiosas e começaram a puxar o rapaz mais ainda, enquanto as melusinas usavam suas línguas para chicotear o corpo de Clare, tentando faze-la desistir.

- NÃO VOU SOLTA-LO! DE MANEIRA ALGUMA! – Gritou Clare, segurando Chris firmemente. – O Chris... Vocês não vão leva-lo!

- CLARE! – Gritou Penny, preocupada. – DROGA! EU TAMBÉM NÃO VOU DEIXAR ISTO ACONTECER!

Penny começou a olhar para todos os lados do barco e avistou um dos remos, assim ela teve uma ideia.

- Feanor... Eiden... Me perdoem por isso! – Disse Penny, se esforçando para usar sua magia e pegar o remo.

De tanto se debater, Nique conseguiu libertar sua cauda da língua do monstro. Então, ao mesmo tempo, Penny usou toda sua força para bater o remo nas cabeças de Eiden e Feanor, e Nique usou sua cauda para chicotear o rosto de Chris. Os três rapazes, por causa da dor, voltaram a si no mesmo momento e levaram um grande susto ao verem as verdadeiras formas das sereias.

- QUE HORROR! ME SOLTA! – Gritou Chris, socando o rosto da sereia, a mandando de volta para o mar. – Clare! Você está muito machucada!

- Não faz mal... Fico feliz de ter voltado a si! – Disse Clare, sorrindo aliviada.

- Saiam daqui! – Disse Feanor, ferindo e mandando para o mar as duas sereias.

- Penny! Tudo bem!? – Disse Eiden, libertando a fada.

- Bem melhor agora... – Disse Penny, suspirando.

- Larguem o meu amigo! – Disse Chris, usando sua espada para cortar a língua do monstro que prendia Nique. – Tudo bem com você?

Nique ficou feliz e encostou a cabeça no corpo de Chris, bem aliviado. Mesmo que os rapazes estivessem fora do feitiço, os viajantes ainda estavam completamente cercados pelas sereias e melusinas.

- Estamos cercados! – Disse Eiden, irritado.

- Não podemos fugir!? – Disse Penny, nervosa.

- Neste nevoeiro não dá, teremos de espantar estas criaturas! – Disse Feanor, pegando suas flechas e começando a atacar os monstros.

- Vamos lutar então! Vão se arrepender muito de terem nos enganado e machucado nossos amigos! – Disse Chris, furioso.

As sereias começaram a atacar o barco, elas empurravam em baixo da água e chacoalhavam tudo, enquanto as melusinas usavam suas línguas para atingir e machucar os viajantes, elas também davam rasantes e tentavam atacar de perto. Penny usava o remo do próprio barco para bater nos monstros, Feanor atacava com suas flechas e abatia as melusinas que ficavam afastadas; Clare resolveu usar seu poder para proteger o barco em que estavam e, com isto, acabar com os monstros que tentavam pular para dentro também. Chris e Eiden estavam com mais dificuldade para lutar, pois eles não podiam entrar na água, caso contrário seriam pegos e mortos. Nique também lutou como pôde, usando seu bico para cortar as línguas das melusinas e suas garras para machuca-las; mas a luta estava bem desfavorável para os viajantes.

- Espera! Tive uma ideia! – Disse Chris, enquanto desviava dos ataques das melusinas. – Clare, você pode proteger o barco da magia do Eiden!?

- Por que pergunta isso agora!? – Disse Clare, confusa e tentando manter seu escudo. – Eu posso sim, por algum tempo já que a magia dele é muito forte...

- Certo! Então é isso que vamos fazer! Eiden vai congelar o mar aqui e elas não poderão subir! A Clare vai nos proteger e ficaremos bem! – Disse Chris, determinado.

No mesmo momento, Chris foi pego de surpresa por um ataque das melusinas, que puxaram o rapaz para dentro d’água pelo pé.

- CHRIS! – Gritaram os viajantes, preocupados.

De baixo da água, as sereias, que eram mais rápidas, ficavam atacando Chris sem parar, usando suas garras para machuca-lo. Chris tentava contra-atacar, mas sem sucesso pela falta de mobilidade que tinha. Seu fôlego estava no fim e os monstros não permitiam que ele voltasse para a superfície. Uma das sereias o agarrou e começou a puxa-lo cada vez mais para baixo, Chris usou sua espada e conseguiu machucar a mão do monstro que o segurava, então ele começou a nadar o mais rápido que podia até a superfície, mas os monstros voltaram para ataca-lo e o rapaz fez o máximo que pôde para se defender com sua espada. De repente, Chris foi puxado para cima rapidamente e colocado de volta no barco.

- Obrigado... Nique... – Disse Chris, tossindo sem parar. – Você me pescou...

- Comece o plano já! – Disse Feanor, nervoso. – Não vamos conseguir aguentar mais!

- Estou pronta Eiden! – Disse Clare, séria.

- Certo! – Disse Eiden, respirando fundo e usando sua magia de gelo na água.

Eiden usou toda sua força e fez o possível para criar um gelo muito forte em boa parte do mar. O barco dos viajantes ficou protegido do gelo por uma bolha mágica, porém todo o redor estava congelado. As criaturas traiçoeiras batiam no gelo por dentro, tentando atravessar, mas sem sucesso algum. Depois de um tempo, elas pereciam ter desistido e tudo ficou em silêncio, em meio a neblina e o mar congelado.

- É melhor manter essa barreira mais um pouco, aquelas coisas podem voltar... – Disse Penny, receosa.

- Consegue fazer isso? Você está bem machucada... – Disse Chris, preocupado.

- Eu consigo, não se preocupem. – Disse Clare.

- Vamos cuidar de nossos machucados, e descansar um pouco. – Disse Feanor, suspirando. – Estou bem envergonhado de ter caído no feitiço das sereias... Eu sabia que algo estava errado, mas não pude fazer nada.

- O mesmo comigo... – Disse Eiden, envergonhado.

- É, eu devia ter notado que as coisas estavam bem estranhas ali... – Disse Chris, estranhando só de lembrar do feitiço. – Mas vocês nos ajudaram! Obrigado! Principalmente você Nique, você foi incrível.

Nique deitou no barco, cansado e encostou a cabeça nas pernas de Chris.

- Apesar da dor de cabeça, eu lhe agradeço Penny. – Disse Feanor, coçando a cabeça.

- Tinha mesmo que bater tão forte? Meus chifres estão doloridos até... – Disse Eiden.

- Era isso, ou morte por afogamento! – Disse Penny, emburrada.

- Bem, ao menos tudo acabou. Teremos de esperar a névoa sumir... – Disse Clare, olhando em volta.

- Verdade, só depois poderemos continuar. – Disse Chris, suspirando. – Tenho que admitir: o mar é bem mais desafiador do que nosso continente! 



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