"Caminhei até a saída, então peguei o caminho para casa, mas sinto meu corpo sendo puxado para trás."
Viro-me rapidamente, assustada.
Rosalya: — Aonde pensa que está indo? — perguntou. Alexy estava ao seu lado.
— Pra casa, Rosa.
Rosalya: — Errado. Vamos para o hospital. Alexy vai junto, já que eu contei o que houve para ele. Ele vai nos ajudar a fazer Lysandre se lembrar de você. — sorriu.
— Rosa, não quero força-lo a digerir nossas lembranças, quero que se lembre involuntariamente.
Alexy: — Não temos tempo para isso. Não sabemos quanto tempo vai demorar para que essas lembranças voltem.
— Mas, e-eu não quero ir... — abracei meu corpo, sentindo um arrepio percorrer minha coluna.
Alexy: — Skyller...
— Não vai fazer diferença nenhuma se eu for. E de certo modo, sinto que minha presença é desnecessária...
Rosalya: — Não me diz que você está desistindo.
Suspirei: — Eu acho, às vezes, que seria mais produtivo perseguir pombos em praça pública. — ri sem humor. — Melhor irmos logo, antes que o horário de visita acabe.
Caminhei até o ponto de ônibus, sentando no pequeno banco que lá havia. Alexy e Rosalya cochichavam ao meu lado, provavelmente tramando algo.
Visitar o Lys era pra ser bom, era... Sei que ele é meu namorado, e que eu deveria me preocupar com seu bem estar, mas naquelas circunstâncias, o que mais queria, era evitar todo mundo, inclusive ele. Quando vejo seu rosto, a única coisa que vem a minha mente foi seu abraço com Rosalya, posso estar sendo egoísta, mas aquilo não me agradou.
Depois de alguns minutos, chegamos em frente ao hospital. Caminhei lentamente, respirando fundo a cada passo. Entramos no elevador, e foi quando Rosalya se pronunciou:
Rosalya: — Skyller, sei que o médico disse que não podemos dizer algo que possa desestabilizá-lo... Mas contar sobre vocês é a melhor opção, para os dois...
— Talvez isso só piore... — murmurei.
Minhas mãos suavam, tremiam. Meu pé direito batia num ritmo frenético no chão, transparecendo meu nervosismo.
Parei em frente a sua porta, mordendo meu lábio inferior.
Abro ou não abro? Abro ou não abro? Abro ou não abro...
Rosalya, sem paciência, girou a maçaneta, dando a perfeita visão do quarto. Lysandre descansava tranquilamente, seus olhos estavam fechado, dando uma expressão relaxada ao seu rosto. Deduzo que o mesmo esteja dormindo, pois não moveu um músculo desde que entramos.
Alexy: — Acho que ele está dormindo... — sussurrou.
— Melhor irmos embora, ele precisa descansar.
Rosalya: — Nós vamos embora, você... — a albina apontou para mim — fica. Você vai conversar com ele quando acordar. Vai por as cartas na mesa, pois, se tu não fizer isso, eu farei.
Bufei.
Rosalya: — Entenda, isto é para seu bem. Não quero te ver triste mais, isso me machuca. Não só a mim, mas também Alexy e o próprio Lysandre.
— O quê? — perguntei confusa.
Rosalya: — Ontem, quando você foi embora de repente, Lysandre me disse que se sente culpado por te deixar triste, que faria de tudo pra se lembrar de você.
Alexy: — Então, por favor, ajude ele a se lembrar de você. — sorriu. — Não precisa contar tudo, apenas... Diga sobre os momentos que vocês passaram juntos. Isso ajuda, e muito.
Abri a boca várias vezes, tentando proferir algo, mas não consegui. Os dois então foram embora, me deixando ali, estática.
Caminhei até a pequena poltrona perto da maca, sentando na mesma. Encostei minhas costas no encosto da poltrona, relaxando meu corpo.
XXX: — Olá.
Abro os olhos, assustada. Olho para Lysandre, que se encontrava sentado na maca. Um sorriso simples dançava em seus lábios. Olhei para o garoto indignada pelo susto.
— Não faça isso, você quase me matou de susto.
O platinado ri, achando graça da situação.
Lysandre: — Hum... — sibilou baixo. — Está tudo bem? Ontem você não parecia estar bem, saiu um pouco apressada, parecia que estava prestes a chorar.
— Estou bem. — sorri singela — Apesar de não conseguir comer, nem dormir, muito menos prestar atenção em algo por mais de 5 minutos, estou bem. Quer dizer, as aulas se tornaram mais chatas, tudo o que eu gostava se tornou sem graça... — suspirei.
Lys se manteve calado por alguns segundos, antes de proferir as seguintes palavras:
Lysandre: — Desculpe-me por ser o motivo de suas noites mal dormidas, da sua falta de apetite, e dos seus sorrisos tristes... É tão difícil pra mim do que pra você. — sorriu triste.
Jura que tu foi falar isso justo com ele Skyller? Jura mesmo?
— Não fique triste, a culpa não é sua. Você não pediu para que te atropelasse, e te fizessem perder parte da memória. — sorri. — Bom, só espero que encontre quem fez isso. E rápido.
Então um silêncio dominou o lugar. Era tão estranho ficar nesse clima com ele, como se não nos conhecêssemos.
Lysandre: — Desculpe, mas... Eu acabei ouvindo sua conversa com Rosalya e um outro garoto. Qual é o nome dele mesmo? — disse, colocando uma mão no queixo.
— Alexy. — sorri. — Ele estuda com nós dois.
Lysandre: — Oh, e-eu não me lembro dele.
— Não se preocupe, você irá se lembrar. — sorri encorajadora.
Como posso dizer isso, se nem ao menos acredito que isto aconteça?
Lysandre: — Não entendi a expressão 'colocar as cartas na mesa'. Você está me escondendo algo? — perguntou.
— C-Claro que não... — droga! Não consigo mentir pra ele. — Bom... Talvez eu esteja escondendo alguns fatos, mas é para seu bem.
Lysandre: — Como o que?
— O fato de que nós namoramos... — murmurei, na esperança dele não ouvir.
Um silêncio dominou o quarto, até Lys o quebrar:
Lysandre: — Skyller... — sussurrou. — E-Eu sinto muito...
— Eu também sinto muito. Mas nada pode mudar o que aconteceu. — sorri entristecida.
Lysandre: — Por que não me disse nada?
— Quando você comentou sobre se sentir atraído por Rosalya, eu... — minha voz embargou, senti meus olhos marejarem, mas me recusei a chorar em sua frente. — Eu só não quis contar...
Encarei a pequena janela ao meu lado, respirando fundo. O céu estava nublado, uma leve garoa caia sobre a cidade, e a neblina cobria tudo e todos. Eu simplesmente amava dias assim, muitas pessoas se sentem tristes com este clima, mas eu me sentia viva, ao contrário de hoje... Meu estado emocional e interior não estava muito diferente do clima.
Lysandre: — Skyller...
— Acho melhor eu ir embora.
Lysandre: — Por favor, fique. Me conte sobre nós, conte os momentos que passamos juntos... Eu quero saber.
— V-Você tem certeza? — lhe encarei. — Não quero te forçar a se lembrar...
Lysandre: — Por favor, me conte. — disse firme.
Suspirei: — Por onde começo...
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