História Promise - O amigo da minha amiga.

Quando eu sei que as coisas vão acontecer, eu me preparo mentalmente, e procuro achar uma base para me sustentar. Mas gostar do amigo do namorado da minha amiga, não estava nos meus planos.

— Eu sei que você gostou dele. — Me assustei levemente por ter Melissa aparecendo do nada em meu lado.

— Você pode dizer um "Oi", primeiramente. — Eu disse a ela fazendo uma careta.

— Não tente mudar de assunto, Yuju. Nós duas sabemas o quanto você babou, e sonhou com Sehun. — Ela me falou virando a cabeça e dando um sorriso safado. Eu suspirei. Por vezes eu tento esconder das pessoas meus sentimentos. Mas naquela hora, eu não podia negar isso a ela.

— É você tem razão... eu posso mesmo estar gostando dele. — Ela gritou chamando a atenção de todos no corredor da escola. — Seja discreta, por favor. — Ela balançou a cabeça que sim.

— Eu sabia! — Ela comemorou. — Que bom que seus santos bateram, afinal, eu dei seu número de celular pra ele, e é bem provável que ele vá te ligar...— Ela disse sorrindo e eu parei de andar. Como assim ela deu pra ele meu número de celular? E agora?

— MELISSA FALA AGORA QUE VOCÊ NÃO FEZ ISSO! — Eu gritei.

— É. Eu fiz.  — Ela disse dando ênfase no "fiz".

— E agora, o que eu vou fazer?  — Ela me olhou e levantou a sobrancelha.

— Primeiramente você vai desativar o modo virgem, e depois a gente vê o que faz. — Eu abri a boca pra falar, diversas vezes, mas nada saiu. Talvez porque minha mente ainda estivesse filtrando o que ela disse.

Depois dessa conversa patética sobre eu estar gostando de Sehun, nós fomos pra aula, e eu comecei refletir sobre diversas coisas. Inclusive, eu comecei pensar em como seria se eu fizesse o que Melissa falou. Bem, na verdade, eu não sei o que ela quis dizer com "desativar o modo virgem", mas espero que não seja nada parecido com "abrir as pernas" para minha paixão.

Desliguei-me dos pensamentos quando senti uma bolinha de papel em meu rosto, o mais estranho, era que essa bolinha de papel não vinha de ninguém que estava dentro da sala, e sim, de alguém que estava fora dela. Olhei para a janela, e vi Chanyeol parado fazendo sinais pedindo para que eu fosse até lá fora. Igualmente, eu comecei a emitir falas sem sons dizendo que estava no meio da aula de sociologia.

— Senhorita Kunioshi, o que tanto vê do lado de fora da sala, que seja mais importante que a aula? — Disse  minha professora e toda a atenção dos meus colegas de classe, foi direcionada a mim.

— Apenas um pássaro, professora. — Eu disse e a primeira pessoa que ficou com a expressão confusa me encarando, foi Melissa.

— Espero que esse pássaro, traga-lhe ensinamentos. — Falou novamente minha professora se dispersando para outro assuntos com outros alunos. E enquanto isso, Melissa ainda me encarava querendo saber os acontecimentos. Mas ela não precisava saber do que se tratava, não agora. Afinal, nem eu sabia.

Eu pensei em várias desculpas para sair da sala de aula e me encontrar com Chany, mas resolvi apelar pela mais esfarrapada das histórias: "Preciso ir ao banheiro, não estou me sentindo bem." O fato dessa desculpa ser tão velha, talvez fazia com que as pessoas acreditassem de verdade, que elas eram verídicas. Pelo menos com os professores essa historinha resolvia.

— Eu já havia percebido que você não está tão bem hoje, Yuju. Pode ir, só não demore. Temos matérias novas. — Disse calmamente a senhora pálida com olhos esbugalhados me olhando. Essa senhora, eu conheço  como professora de sociologia, a matéria que eu abobino.

Enquanto eu movia meus pés lentamente pelos corredores vazios da escola, eu comecei a pensar nos assuntos que Chanyeol queria tratar comigo. Não era procedente e nem lícito eu sair da sala de aula para me encontrar com um garoto, ou melhor, um homem, e que pior, não era da escola. Mas ultimamente eu não estava me importando se eram ou não certas, as minhas ações. Eu só agia, e por instinto, eu sabia que isso iria me levar a maus caminhos.

— Consegui fugir da águia. — Eu disse me sentando próxima a ele debaixo da árvore dos meus pensamentos constantes antes de Melissa chegar.

— E como estava a aula? — Ele perguntou. Ele sabia que eu não gostava de sociologia.

— Chata como sempre. Mas o que você está fazendo aqui? — Eu perguntei querendo saber de fato, o que ele fazia ali.

— Nada. — Ele respondeu simplismente.

— Como assim, nada? — Eu indaguei franzindo o cenho.

— A verdade é que eu vi aqui na escola por conta do trabalho, e acabei por te ver na janela e pensei "por que não chamar Yuju para distraí-la. — Ele disse me mostrando as pequenas bolinhas de papel que havia feito para tacar em mim.

— É. Eu tive que usar a velha desculpa do "Não estou me sentido bem." — Eu disse fazendo aspas com as mãos.

— E eu te fiz ficar melhor? — Ele perguntou sorrindo de lado.

— É. Acho que sim. — Eu disse sorrindo e deitando a cabeça em seu ombro, logo depois, senti sua mão acariciando meus longos fios de cabelo.

— Yuju? — Ele chamou.

— Eu? — O olhei.

— Sehun tem alguma chance com  você? — Ele perguntou do nada me assustando.

— Por que você está me perguntando isso? — Não eram fatos provados,  Mas algo me dizia que ele sabia sobre minha queda por Sehun.

— Só quero saber. — Ele disse calmamente.

— Você o conhece? — Ele afirmou com a cabeça. E eu suspirei. — Bem... eu não sei. Eu o conheci na casa de Melissa ontem. Digamos que ele tenha me chamado bastante a atenção. Mas como você sabe que eu o conheci? — Eu finalizei com a pergunta.

— Eu trabalho com ele. E ele não parava de falar de você. Achei até que já tinha acontecido algo entre vocês dois. — Eu neguei freneticamente com a cabeça.

— Não aconteceu nada! Eu só o conheci, mas nem nos falamos direito, não há como ter acontecido algo entre nós. — Eu disse afirmando com todas as certezas.

Apesar de Chany ser meu melhor amigo, aquele não era o momento apropriado para se revelar meus sentimentos confusos. Eu só iria revelá-los com certeza, na hora em que minha bagunça mental fosse esclarecida. Talvez demore, talvez não. Vai ser tudo uma questão de tempo até que tudo se encaixe e eu decida contar para Chanyeol o que se sucedeu em meu coração.

— Yuju...— Eu emiti qualquer som que confirmasse que eu estava o ouvindo. — Só tenha cuidado. — Ele disse e eu fiquei o encarando antes de deixar um beijo em sua bochecha e voltar a minha cabeça para seu ombro recebendo como agradecimento, seu lindo sorriso.