História Prontas para Amar - Epílogo

Um ano e uns meses se passaram desde que todos eles se conheceram. Estava uma bela tarde de outono e Lily e Alice tinham combinado fazer um piquenique junto ao rio com seus respetivos namorados, James e Frank, para desanuviarem um pouco da pressão de seus empregos e porque tinham realizado uma pequena surpresa para os homens.

O relacionamento deles, depois de todos aqueles altos e baixos estava sendo maravilhoso.

Umas semanas depois daquela aventura amorosa, James e Lily tinham ficado cada vez mais apaixonados um pelo outro. Eles continuaram o curso de pintura, mas aproveitavam, de vez em quando, para namorarem. Uma noite, ele a convidara para um jantar romântico em um restaurante e a pedira em namoro, mostrando um delicado anel de prata. Lily ficara em choque durante uns momentos, mas aceitara, feliz. Eles comemoraram com um delicioso jantar e champanhe a acompanhar. Naquela noite, ela dormira em casa de James, que a amara do jeito carinhoso e sensual de sempre.

Frank decidira pedir Alice em namoro um pouco mais tarde, através de um poema escrito por ele mesmo, onde falara o que realmente sentia por ela. Tinha ido a casa dela de propósito à noite e o recitara mentalmente, ajoelhado o chão, com uma caixa de veludo na mão, enquanto Alice se deambulava em lágrimas, incapaz de acreditar que tinha encontrado um homem tão carinhoso como ele. Por fim, ela se atirara em seus braços e o beijara com paixão, aceitando o compromisso.

Um mês depois de estarem namorando, James apresentou Sirius e Marlene a Lily, que achou que eles eram pessoas fantásticas, embora Sirius ainda estivesse de luto devido à morte do irmão. Tinham saído os quatro e, às vezes, Frank e Alice os tinham acompanhado e se tinham divertido imenso. James tinha comentado que ele e Sirius eram amigos de infância e que sempre tinham tido muitas aventuras.

Naquela tarde, usavam roupas quentes, embora não estivesse muito frio. As folhas, com as típicas cores do outono, caíam aos seus pés, tornando aquele cenário ainda mais belo, que Lily desejou pintar, para relembrar para o resto de sua vida. Caminhavam pela grama verde, salpicada de folhas coloridas, conversando animadamente, em direção ao rio. Grande parte das árvores estavam despidas de folhas, e um vento suave despenteava os cabelos deles, alguns fios de cabelo caindo por seus rostos. 

As duas mulheres sorriam, cúmplices, se entreolhando de vez em quando. Estavam ansiosas para contarem a notícia que tinham descoberto há umas semanas atrás. Elas andavam se sentindo doentes, com enjoos e, muitas vezes, vomitavam. James e Frank tinham estado muito preocupados, mas elas diziam que estava tudo bem, para que eles não se assustassem. E, realmente, estavam.

James levava na mão um enorme cesto de palha com coxinhas, empadinhas, e outros salgadinhos. Também traziam bebidas, e outros utensílios que poderiam precisar. Alice tinha um enorme sorriso no rosto, enquanto sua mão direita, que tinha um belo anel de prata, oferecido por Frank, acariciava seu ventre. Estava duplamente feliz, Rudolphus estava preso e não tinha forma de a contatar novamente, para seu alívio, e seu namoro com Frank tinha dado frutos.

Chegaram ao rio, aquele local mágico onde     Lily e Alice tinham passado grande parte de suas infâncias, sonhando e partilhando projetos e planos. Chegaram à margem e Alice falou, enquanto tirava os sapatos e molhava os pés na água fria:

– Esse é um dia solene, garotos.

– Esse é o dia, – Continuou Lily, sorrindo para a amiga – em que Alice perdeu comigo uma aposta com quase vinte anos.

– Perdão… – Completou Alice, sorridente – é o dia em que perdi e ganhei a aposta.

James e Frank se entreolharam não entendendo o que elas estavam dizendo. Ele colocou o cesto no gramado, observando as mulheres com curiosidade.

– Se expliquem, por favor. – Pediu. Lily abriu o cesto e começou retirando a toalha xadrez, a estendendo a seus pés. Alice tirou os pés da água e explicou:

– A gente apostou, há quase vinte anos, nesse mesmo sítio, que iríamos viver a mais bela história de amor do mundo.

– A verdade é que cada uma de nós a está vivendo. – Adicionou Lily, olhando apaixonadamente para James, que retribuiu o olhar. – Por isso, a gente ganhou…e perdeu.

– Muito mais importante que isso, – Continuou Alice, se colocando ao lado de Frank e colocando sua cabeça no ombro dele – a gente percebeu o sentido do amor. E fomos salvas pelo amor. Isso é o mais importante da vida.

Os dois homens não sabiam o que dizer. Elas riram, enigmáticas, e retiraram as garrafas e a comida de dentro do cesto e pousaram em cima da toalha, começando a comer.

De regresso ao lugar de suas juventudes, sentiam que o sonho de suas vidas e seus segredos mais secretos se tinham realizado. Elas tinham tudo o que sempre desejaram, na realidade, muito mais.

Conversaram sobre temas banais, enquanto se deliciavam com aquela agradável comida. Batatas fritas, coca-cola, água fresca, salgadinhos, copos e guardanapos estavam espalhados ao longo da tolha. De vez em quando, os homens elogiavam a comida, que tinham ajudado a preparar, e elas sorriam, apaixonadas. O som da água do rio correndo, juntamente com o cantar dos pássaros, lhes transmitiam uma paz que há muito não sentiam.  Estavam sempre trabalhando, sufocados pelas rotinas, quase não tinham tempo para descansar. Acabaram de lanchar e James perguntou:

– Vocês querem dar um passeio?

– Não. – Respondeu Lily, se sentindo ansiosa e Alice continuou, rapidamente:

– Precisamos de contar uma notícia para vocês. – James e Frank se entreolharam, se sentindo assustados. Milhões de possibilidades terríveis passavam pela mente de ambos: Elas estariam doentes? Por isso os enjoos, os vómitos, as dores de barriga? O súbito apetite voraz? Eles não sabiam o que pensar.

– Que aconteceu? – Perguntou Frank, se endireitado e olhando assustado para sua namorada. Não saberia o que fazer se ela lhe contasse uma notícia ruim. James se aproximou de Lily, agarrando sua mão com força, a cor esvaindo de seu rosto. Elas, percebendo o receio no rosto de ambos, falaram de imediato:

– Estamos grávidas. – O choque percorreu o rosto dos dois homens. Elas ficaram alertas, vendo os rostos brancos como papel. Eles ficaram quietos, pensativos durante alguns minutos. Não tinham pensado na opção mais óbvia, a da gravidez. E nunca tinham conversado com suas companheiras sobre filhos. Eles não sabiam se elas desejavam ter um tão cedo, com a carreira delas em expansão. Frank se aproximou de Alice e se ajoelhou à sua frente. Com cuidado, a abraçou, escondendo seu rosto nos ombros dela, chorando, e sussurrando palavras em seu ouvido. Alice sorriu, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto, se sentindo aliviada.

– James? – Perguntou Lily, alheia à sua amiga e ao namorado, interrompendo os pensamentos de seu namorado – Você não gostou da notícia?

Ele olhou para o rosto pálido de sua namorada, que o observava atentamente, com receio de sua resposta.

– Eu…eu não sei… - Balbuciava – Eu….Lily… - Ela o fitou seriamente e perguntou:

– Você não quer esse bebê, é isso?

– NÃO! – Gritou ele, assustando os três. Frank e Alice se separaram e observaram James, que tentava se exprimir:

– Não é isso, Lily. Nada disso. Filhos…. Eu, nem sei o que dizer. – Confessou ele – Eu…eu sempre quis ser pai, mas você, seu emprego, como…?

Lily sorriu, aliviada, percebendo o medo de seu namorado. Ele pensava que ela poderia não querer ter uma criança, devido à sua carreira. Tocou no rosto dele e disse:

– Eu te amo, James. A você e nosso filho que irá nascer. Eu tenho uma carreira promissora, que não será afetada por esse bebê, pelo contrário, a alegria que você me deu fará com que eu possa imaginar quadros cada vez mais belos e originais, tal como seu amor, que mudou minha vida para melhor.

James sorriu, emocionado, e a puxou contra si, a beijando com paixão. Alice olhou para Frank e sorriu, antes de ser beijada com todo o amor e carinho que ele sentia por ela.

O sentido da vida se tinha desenhado, completamente, porque tinham olhado em frente e lutado. Por isso, eram felizes.

FIM